Autor Tópico: A música pop como ideologia e instrumento de mudança social  (Lida 4110 vezes)

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Offline AleYsatis

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A música pop como ideologia e instrumento de mudança social
« Online: 13 de Dezembro de 2012, 16:32:30 »
A música pop é discriminada injustamente por alguns meios, principalmente os ditos meios intelectuais, como aquilo que portaria um discurso vazio e fútil. Sendo que, se realmente analisado, todo o discurso da música pop suscita as mesmas questões contemporâneas a que esses ditos intelectualoides se debruçam. Estão presentes ideologias e bandeiras de importantes seguimentos progressistas da sociedade como o feminismo, questões de sexualidade, uma critica as religiões e a muitos outros padrões normativos da sociedade.

Veja um fenômeno recente, como esse das “marchas das vadias”. Eles vêm somente agora reivindicando o que as grandes “Divas” do pop já gritam desde os anos 80, com Madonna e companhia. Vendo os clipes dessas cantoras, estão lá desde sempre as mesmas reivindicações por liberdade e igualdade feminina, os mesmos questionamentos dos padrões da sociedade, da sexualidade, dos gêneros e afins...

Quando uma Lady Gaga coloca homens de salto alto se beijando em seus clipes, ou quando se mostra envolvida em situações sexuais com muitos homens ou mulheres, onde se apresenta como objeto sexual e objeto de desejo que também objetifica o outro, tornando-se dona de sua própria imagem enquanto objeto que se vende apenas se, a quem e a quantos quiser, ela está fazendo exatamente o que uma multidão faz numa marcha “das vadias” ou numa “parada gay”; ela está mostrando a diferença, e fazendo todo o questionamento e um desmonte dos padrões normativos de nossa sociedade machista e patriarcal... A diferença é que seus clipes chegam a MILHÕES de pessoas que os ouvem ávidos e assimilam aquilo mesmo que não saibam bem o que estão assimilando. Enquanto uma marcha chega a poucos milhares, se muito, que mal bola dão, ou criticam porque não entendem o que ali se passa...

É preciso muito preconceito ou pouca crítica para não querer ver a importância destas manifestações artísticas da música pop. Desde os anos 80 e 90 os jovens vem sendo moldados por toda essa cultura que passa inevitavelmente pelos vídeos clipes, suas músicas, mas principalmente pela figura mesma, pela vida pessoal e os discursos de seus interpretes. Qualquer pessoa que se debruce um pouco com um olhar semiótico a esses vídeos verá a riqueza de sua simbologia para construção de todo um novo paradigma social. Como, por exemplo, em Lady Gaga e sua abordagem do tema da mulher morta e do pós-feminismo.

O Crime de Lady Gaga (Marcia Tiburi): http://revistacult.uol.com.br/home/2010/05/o-crime-de-lady-gaga/

Tudo isso com o devido paradoxo de que estes vídeos enquanto mercadoria da “sociedade do espetáculo” também aprisionam por aquilo que vendem junto, sejam os padrões normativos de beleza e estética, sejam as ideologias da fama a qualquer custo, ou outras tranqueiras que acabam por disseminar.

Então, acho triste que haja tanto preconceito daqueles que não percebem que as grandes manifestações populares, sejam na música, sejam no cinema, ou em outras áreas, são justamente o que vem ajudando nossa sociedade a mudar padrões, para o bem a para o mal. Não querem ver que nada neste mundo é puro acaso e nada está separado de uma ideologia que prega e dissemina algo em nome do poder. Estas, positivas ou negativas tem uma importância inegável que precisam ser mais discutidas e estudas.

Afinal música pop é arte? Lixo? Mercadoria? Ideologia? Ou uma mistura interessante de tudo isso?

Estava pensando aqui a música pop, mas como esse pode não suscitar um debate, trago também algo relacionado. Como se constroi e se dissemina um ideologia nos dias de hoje. Quais são as ideologias dominates na contemporaneidade, suas qualidades e seus defeitos?
 
feature=relmfu (Madonna - Human Nature)
(Kylie Minogue - All The Lovers)
(Katy Perry – Firework)
(Lady Gaga - Judas )
(Christina Aguilera – Beautiful)
(P!nk - Raise Your Glass)
« Última modificação: 13 de Dezembro de 2012, 16:42:51 por AleYsatis »
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Offline JohnnyRivers

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Re:A música pop como ideologia e instrumento de mudança social
« Resposta #1 Online: 13 de Dezembro de 2012, 16:41:57 »
A Lady Gaga não é original. Ela imita o Glam Rock/Hair Metal da década de 80. Aliás, o visual dos caras era mais chamativo do que o dela.
Inclusive tinha a banda W.A.S.P, que contrariava toda a moralidade cristã americana. Ela se espelhou um pouco nisto.
E também o Twisted Sisters, que pareciam travecões.


E respondendo a sua pergunta: A música POP influencia sim. E o público propenso a ser infuenciado por estas músicas/aresentações/clipes, são os que tem menor senso critico.
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Offline AleYsatis

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Re:A música pop como ideologia e instrumento de mudança social
« Resposta #2 Online: 13 de Dezembro de 2012, 16:46:28 »
A Lady Gaga não é original. Ela imita o Glam Rock/Hair Metal da década de 80. Aliás, o visual dos caras era mais chamativo do que o dela.
Inclusive tinha a banda W.A.S.P, que contrariava toda a moralidade cristã americana. Ela se espelhou um pouco nisto.
E também o Twisted Sisters, que pareciam travecões.


E respondendo a sua pergunta: A música POP influencia sim. E o público propenso a ser infuenciado por estas músicas/aresentações/clipes, são os que tem menor senso critico.
Não falo muito da Lady Gaga em sua estética apenas, mas nas questões que trás a público. Mas enfim, a originalidade não é caso, citei essas como exemplo, e mesmo a música pop como exemplo. Esses rocks que você ouve não carregam uma ideologia que te influencia? Alguém não é influenciado pelas ideologias daquilo que consome culturalmente? Nestes casos da musica mais pop é importância é maior porque se são mais ouvidas vão influenciar mais gente. Mas estamos todos sendo coagidos e influenciados por alguma ideologia...

Quais são as principais ideologias de nosso tempo? Você compartilha delas ou não?
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Re:A música pop como ideologia e instrumento de mudança social
« Resposta #3 Online: 13 de Dezembro de 2012, 16:58:46 »
Não falo muito da Lady Gaga em sua estética apenas, mas nas questões que trás a público. Mas enfim, a originalidade não é caso, citei essas como exemplo, e mesmo a música pop como exemplo.
Esses rocks que você ouve não carregam uma ideologia que te influencia?
Sim. Meus carros sempre foram pretos, meus cabelos são compridos, Led são indiscutivelmente deuses do rock, etc.

Alguém não é influenciado pelas ideologias daquilo que consome culturalmente?
É possivel curtir um som, sem se deixar levar pela moda que ele carrega consigo. (Já ouvi planet hemp e nunca fumei maconha  :lol:)

Nestes casos da musica mais pop é importância é maior porque se são mais ouvidas vão influenciar mais gente. Mas estamos todos sendo coagidos e influenciados por alguma ideologia...

Quais são as principais ideologias de nosso tempo? Você compartilha delas ou não?

No cenário mundial atual? Dancinhas escrotas (michel teló, gangnam style, etc...). Não compartilho disto.
No caso da madonna, ela sugeriu alguém mais dono de si. Mais independente. Ela até propagou a moda "Bitch" entre as mulheres (não no sentido perjorativo).
As outras também focaram um pouco nisto. Mas levaram mais para o sentido comercial mesmo.


EDIT: As questões que Lady Gaga traz não fogem das que o David Bowie e outros glams trouxeram em suas épocas.
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Re:A música pop como ideologia e instrumento de mudança social
« Resposta #5 Online: 13 de Dezembro de 2012, 17:29:25 »
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Re:A música pop como ideologia e instrumento de mudança social
« Resposta #7 Online: 13 de Dezembro de 2012, 18:48:26 »
[...]
Afinal música pop é arte? Lixo? Mercadoria? Ideologia? Ou uma mistura interessante de tudo isso?
[...]

Como arte é limitadíssima, sendo que, na minha opinião a maior parte do pop é descartável (e não somente agora, mas desde que surgiu como tal). Mercadoria certamente é e se ideologia for, é muito fugaz e efêmera.
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Re:A música pop como ideologia e instrumento de mudança social
« Resposta #8 Online: 13 de Dezembro de 2012, 18:49:34 »
Eu ainda estou esperando uma definição definitiva do que é POP e do que é MPB.
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Re:A música pop como ideologia e instrumento de mudança social
« Resposta #9 Online: 13 de Dezembro de 2012, 18:53:21 »
Eu ainda estou esperando uma definição definitiva do que é POP e do que é MPB.

[modo 'purista nacionalista' ligado]
MPB representa o movimento cultural de vanguarda do povo brasileiro. É um escudo contra a infestação imperialista representada pelo POP.
[/modo 'purista nacionalista ' desligado]

(TRADUZINDO: MPB é a música que eu gosto enquanto que o POP...)  :P
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Re:A música pop como ideologia e instrumento de mudança social
« Resposta #10 Online: 13 de Dezembro de 2012, 19:11:39 »
Não falo muito da Lady Gaga em sua estética apenas, mas nas questões que trás a público. Mas enfim, a originalidade não é caso, citei essas como exemplo, e mesmo a música pop como exemplo.
Esses rocks que você ouve não carregam uma ideologia que te influencia?
Sim. Meus carros sempre foram pretos, meus cabelos são compridos, Led são indiscutivelmente deuses do rock, etc.

Alguém não é influenciado pelas ideologias daquilo que consome culturalmente?
É possivel curtir um som, sem se deixar levar pela moda que ele carrega consigo. (Já ouvi planet hemp e nunca fumei maconha  :lol:)

Nestes casos da musica mais pop é importância é maior porque se são mais ouvidas vão influenciar mais gente. Mas estamos todos sendo coagidos e influenciados por alguma ideologia...

Quais são as principais ideologias de nosso tempo? Você compartilha delas ou não?

No cenário mundial atual? Dancinhas escrotas (michel teló, gangnam style, etc...). Não compartilho disto.
No caso da madonna, ela sugeriu alguém mais dono de si. Mais independente. Ela até propagou a moda "Bitch" entre as mulheres (não no sentido perjorativo).
As outras também focaram um pouco nisto. Mas levaram mais para o sentido comercial mesmo.


EDIT: As questões que Lady Gaga traz não fogem das que o David Bowie e outros glams trouxeram em suas épocas.
Bem, dos cantores mais toscos de funk à bandas ou cantores mais consagrados e interessantes como David Bowie (Que eu gosto bem), ninguém deixa de ser mercadoria. Todos são meros produtos de uma industria cultural que estão vendendo mercadorias e ideologias que servem a esse mercado. 

Todas as bandas são "comerciais", alias, tudo nesse mundo é mercadoria, inclusive nós e nossos gostos e afetos.

O que você colocou sobre os glams é interessante, eles são mesmo os precursores das ideologias que hoje uma Lady Gaga continua a propagar, isso quer dizer que nós como sociedade "compramos" as ideologias desses caras e estamos passando pra frente, hoje tendo outros artistas como meio, mas estão cada vez mais consolidadas.

Pensar essa ideologias é o que me interessa, em todos os níveis. Na verdade eu queria trazer uma discussão que pelo visto não vai rolar muito, então já entrego os pontos, eu queria com a discussão mostrar que as ideologias dominantes, ao menos nas áreas de costumes e de estética, que estão vigorando em nosso tempo, e sendo muito bem assimiladas, são ideologias que podemos chamar de pós-modernas, que aqui no fórum já ouvi várias criticas mas de quem não expõe o porque das críticas.

Como eu compartilho desta visão de um mundo que está ruindo e precisa mesmo se auto-desmontar em todos os níveis, é sempre sobre esse viés que quero conversar. Como eu realmente acho que a Modernidade está morrendo e o que vivemos hoje é um agonizar que preconiza toda uma nova forma de sociedade, meu interesse é sempre discutir os modelos velhos e novos que vemos coexistindo hoje em todas as áreas. O problema é que quem discorda, geralmente só discorda, não expõe os problemas desses novos paradigmas que vem ganhando força; O que é um problema pra esses, porque se não começarem a mostrar os problemas dessa ideia das pós-modernidades, elas vão se consolidar cada vez mais... O que pra mim é ótimo...

Por isso já puxei assuntos mais voltados para a filosofia pós-moderna de uma critica da razão e de todo o modelo lógico-raciona-técnico; já coloquei assuntos sobre os desmontes das sexualidades e das identidades em nossos dias; e também tentei trazer questões sobre a arte contemporânea e as possíveis novas formas de se fazer política.

Enfim, mas ao que parece essas questões mais conceituais sobre a contemporaneidade não são bem o interesse aqui, de qualquer maneira...

PS: Ah não, o tópico do sexo anal rendeu, como não podia deixar de ser numa sociedade erigida principalmente sobre uma moral cristã, tabus de todas as ordens e repressões em todos os níveis...  :lol:

<a href="http://www.youtube.com/v/l5Il0h5scIY" target="_blank" class="new_win">http://www.youtube.com/v/l5Il0h5scIY</a>

Adorei!!!!!  :histeria:

Foi pro meu Face...
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Re:A música pop como ideologia e instrumento de mudança social
« Resposta #11 Online: 13 de Dezembro de 2012, 19:17:30 »
[...]
Afinal música pop é arte? Lixo? Mercadoria? Ideologia? Ou uma mistura interessante de tudo isso?
[...]

Como arte é limitadíssima, sendo que, na minha opinião a maior parte do pop é descartável (e não somente agora, mas desde que surgiu como tal). Mercadoria certamente é e se ideologia for, é muito fugaz e efêmera.
Um peido é ideológico, o silencio é ideológico. Um funk é ALTAMENTE ideológico, tem toda uma ideologia de auto-exaltação dos que se sentem excluídos, exaltação do crime e da putaria, mas e uma putaria completamente machista... Então, concordo arte pode não ser, música pode não ser, mas ideologia é com certeza e das piores...
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Re:A música pop como ideologia e instrumento de mudança social
« Resposta #12 Online: 13 de Dezembro de 2012, 19:20:23 »
[...]
Como eu compartilho desta visão de um mundo que está ruindo e precisa mesmo se auto-desmontar em todos os níveis, é sempre sobre esse viés que quero conversar. Como eu realmente acho que a Modernidade está morrendo e o que vivemos hoje é um agonizar que preconiza toda uma nova forma de sociedade, meu interesse é sempre discutir os modelos velhos e novos que vemos coexistindo hoje em todas as áreas. O problema é que quem discorda, geralmente só discorda, não expõe os problemas desses novos paradigmas que vem ganhando força; O que é um problema pra esses, porque se não começarem a mostrar os problemas dessa ideia das pós-modernidades, elas vão se consolidar cada vez mais... O que pra mim é ótimo...

Então se prepare, porque dialeticamente o seu "pós-modernismo" também ruirá.


Por isso já puxei assuntos mais voltados para a filosofia pós-moderna de uma critica da razão e de todo o modelo lógico-raciona-técnico;
[...]

Eu não sou profeta e nem futurólogo, mas o que você chama de  "modelo lógico-raciona-técnico" veio para ficar.


já coloquei assuntos sobre os desmontes das sexualidades e das identidades em nossos dias; e também tentei trazer questões sobre a arte contemporânea e as possíveis novas formas de se fazer política.

Enfim, mas ao que parece essas questões mais conceituais sobre a contemporaneidade não são bem o interesse aqui, de qualquer maneira...

Pelo contrário. Eles são de interesse sim, principalmente porque muitas das "novas ideias" são pouco consistentes, para se dizer o mínimo.


PS: Ah não, o tópico do sexo anal rendeu, como não podia deixar de ser numa sociedade erigida principalmente sobre uma moral cristã, tabus de todas as ordens e repressões em todos os níveis...  :lol:

A maioria das postagens não-paródicas não discorria sobre moral e sim sobre aspectos de biologia e ou medicina.
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Re:A música pop como ideologia e instrumento de mudança social
« Resposta #13 Online: 13 de Dezembro de 2012, 19:21:31 »
[...]
Afinal música pop é arte? Lixo? Mercadoria? Ideologia? Ou uma mistura interessante de tudo isso?
[...]
Como arte é limitadíssima, sendo que, na minha opinião a maior parte do pop é descartável (e não somente agora, mas desde que surgiu como tal). Mercadoria certamente é e se ideologia for, é muito fugaz e efêmera.
Um peido é ideológico, o silencio é ideológico.

Esta assertiva também é "pós-moderna"?
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Re:A música pop como ideologia e instrumento de mudança social
« Resposta #14 Online: 14 de Dezembro de 2012, 00:21:56 »
Mesmo porque, moral cristã não é bem muito aceita por aqui.

Mas o tópico é interessante porque a música leva alguma ideologia sim. Principalmente na mente de quem é adolescente. Mas acho que não deva se restringir só ao POP. Porque houve uma época, que o RAP era popular aqui em São Paulo e ditou moda e modo de pensar na periferia. Hoje é o funk carioca.
Tivemos o Hard Rock como referencia nos anos 70 e 80, o Funk americano dos anos 60 e 70, o glam/hair metal dos anos 80 e inicio dos 90, o Gótico dos anos 80, os Indies dos 80 e 90, o Grunge dos meados dos anos 90, o Pagode nos anos 90, os Emos, etc...Todos estes carregaram/carregam ideologias, quase sempre fúteis, e que influenciam bastante nos adolescentes.

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Re:A música pop como ideologia e instrumento de mudança social
« Resposta #15 Online: 14 de Dezembro de 2012, 16:57:38 »
Mesmo porque, moral cristã não é bem muito aceita por aqui.
[...]

Eu não acho que toda a moral cristã seja homogeneamente rejeitada por aqui.
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Re:A música pop como ideologia e instrumento de mudança social
« Resposta #16 Online: 14 de Dezembro de 2012, 17:00:10 »
Mesmo porque, moral cristã não é bem muito aceita por aqui.
[...]

Eu não acho que toda a moral cristã seja homogeneamente rejeitada por aqui.

Ah sim, concordo... mas acho que nos referiamos aquelas fundamentalistas...suponho.
Mas se for de um modo geral, dificil dizer, porque estão um pouco embutidas na cultura brasileira...
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Re:A música pop como ideologia e instrumento de mudança social
« Resposta #17 Online: 14 de Dezembro de 2012, 17:17:27 »
[...]
Como eu compartilho desta visão de um mundo que está ruindo e precisa mesmo se auto-desmontar em todos os níveis, é sempre sobre esse viés que quero conversar. Como eu realmente acho que a Modernidade está morrendo e o que vivemos hoje é um agonizar que preconiza toda uma nova forma de sociedade, meu interesse é sempre discutir os modelos velhos e novos que vemos coexistindo hoje em todas as áreas. O problema é que quem discorda, geralmente só discorda, não expõe os problemas desses novos paradigmas que vem ganhando força; O que é um problema pra esses, porque se não começarem a mostrar os problemas dessa ideia das pós-modernidades, elas vão se consolidar cada vez mais... O que pra mim é ótimo...

Então se prepare, porque dialeticamente o seu "pós-modernismo" também ruirá.


Por isso já puxei assuntos mais voltados para a filosofia pós-moderna de uma critica da razão e de todo o modelo lógico-raciona-técnico;
[...]

Eu não sou profeta e nem futurólogo, mas o que você chama de  "modelo lógico-raciona-técnico" veio para ficar.


já coloquei assuntos sobre os desmontes das sexualidades e das identidades em nossos dias; e também tentei trazer questões sobre a arte contemporânea e as possíveis novas formas de se fazer política.

Enfim, mas ao que parece essas questões mais conceituais sobre a contemporaneidade não são bem o interesse aqui, de qualquer maneira...

Pelo contrário. Eles são de interesse sim, principalmente porque muitas das "novas ideias" são pouco consistentes, para se dizer o mínimo.


PS: Ah não, o tópico do sexo anal rendeu, como não podia deixar de ser numa sociedade erigida principalmente sobre uma moral cristã, tabus de todas as ordens e repressões em todos os níveis...  :lol:

A maioria das postagens não-paródicas não discorria sobre moral e sim sobre aspectos de biologia e ou medicina.

Para começar, querer desmontar uma ideia de um pós-moderno com dialética já algo que não vai funcionar, se filosoficamente falando uma das prováveis características do pós-moderno é a quebra com esses parâmetros racionais... Veja, eu vinha trazendo temas para serem discutidos sob essa ótica para irmos pensando essas novas ideias porque não se dá para fazer um debate do tipo Modernidade x Pós-Modernidade uma vez que a modernidade já possui uma definição e a pós-modernidade é um conceito de uma provável ruptura com a modernidade que estaríamos atravessando... A Pós-Modernidade sequer sabe se existe uma verdade, então eu já nem estou operando por essa ideia de que a pós-modernidade é uma verdade e eu preciso convencer vocês dela. Eu sei que, para mim, ela precisa ser pensada. E pensar a pós-modernidade só é possível através de temas e questões pontuais, como eu vim tentando trazer. E quando eu falei que me pareceu que vocês não tem muito interesse pelo assunto não foi uma crítica, pessoas têm interesses diferentes, eu quem faço filosofia não vocês...

Então não existem características e conceitos definidos do que seja o pós-moderno para que você queira destruir essas ideias. Mesmo os autores que defendem a ideia de que estamos num período diferente da modernidade clássica não podem afirmar como é este período em que estamos vivendo. Assim como as ideias de Idade Média ou de Modernidade só se tornaram “fechadas” após o fim destes períodos. Ninguém numa Idade Média podia dizer “olha que legal, estamos vivendo numa era chamada Idade Média que tem tais e tais características que a diferenciam da Idade Antiga da qual não fazemos mais parte” O podia acontecer, e realmente aconteceu é que muitos pensadores identificaram de dentro da era em que viviam que havia ali diferenças para com os períodos antigos e passaram a se dedicar a essas diferenças. Inclusive, pode-se dizer que aqueles que estão pensando um determinado período atual, estão justamente criando ele. Se não fossem os grandes filósofos da escolástica pensando no período medieval, a ideia posterior de Idade Média sequer poderia existir, porque eles estavam na verdade CRIANDO aquilo que seria chamado depois de idade Média...

Ninguém sabe, quem dera eu, o que é Pós-Modernidade ou Modernidade Tardia Ou Modernidade líquida, nem um consenso de nomenclatura há. Não quero convencer ninguém daquilo que nem eu sei o que seria ao certo, até porque convencer é crer numa verdade que eu já questiono. O que acho que é de extrema relevância é pensar esses autores e seus questionamentos para tentarmos descobrir o que afinal nosso tempo tem de diferente da Modernidade, se é que realmente possui alguma diferença. Isso eu penso que sim, mas só penso afinal não tenho medo que desmontem minhas ideias, alias é isso que procuro, ideias são para serem constantemente construídas e desmontadas, já que provavelmente uma verdade não existe, ou ao menos não a vejo no momento...

Sobre questões de moral, pra mim tudo é questão de moral, pra mim são vocês com um pensamento moderno científico que realiza uma “biologização”, uma “cientificização” de tudo porque estão operando sobre esses parâmetros que eu vejo que já não servem mais de todo hoje. Para mim tudo é discurso, é criação, invenção de verdades alcançada com ferramentas também inventadas. A ciência é uma ferramenta que inventa verdades utilizando dos seus métodos que são uma invenção também. Então se tudo é discurso tudo carrega uma moral e uma ética que devem ser analisadas.

[...]
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Como arte é limitadíssima, sendo que, na minha opinião a maior parte do pop é descartável (e não somente agora, mas desde que surgiu como tal). Mercadoria certamente é e se ideologia for, é muito fugaz e efêmera.
Um peido é ideológico, o silencio é ideológico.

Esta assertiva também é "pós-moderna"?
Eu vejo que sim. Uma das ideias que alguns autores colocam na pós-modernidade é o fim das ideologias, entendidas aqui como o fim das "grandes ideologias" o fim dos grandes discursos de verdade. Fim das utopias, comunismo, socialismo, inclusive o fim das ideologias da modernidade e do iluminismo onde acreditávamos que o homem recém criador do discurso científico e das técnicas iria ser senhor de si mesmo, iria dominar a natureza e construir uma mundo perfeito pela técnica. Após as grandes guerras e o fim dos comunismos caíram todas as ideias de utopia. É disso que se fala quando se fala em fim das ideologias.

Agora, o que é ideologia, é um conjunto de ideias, TODO discurso carrega um conjunto de ideias e é então ideológico. Como Foucault mostra todo discurso visa um poder de dominação. Agora como a suposta pós-modernidade seria fruto do nosso capitalismo, e algumas das características deste capitalismo é a alta individualidade então os discursos e as ideologias já não são mais universais, são sempre individuais, o que não as descaracteriza enquanto ideologias... Nós só estamos multiplicando as ideologias, a meu ver.
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Offline Sergiomgbr

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Re:A música pop como ideologia e instrumento de mudança social
« Resposta #18 Online: 13 de Março de 2019, 22:08:00 »
Quando falam em música pop sempre me vem à cabeça mantras esquerdopatas como a música tão propalada do Geraldo Vandré,

Pra não dizer que não falei das flores

Caminhando e cantando e seguindo a canção
Somos todos iguais braços dados ou não ...

pérola do comunismo
« Última modificação: 13 de Março de 2019, 22:10:02 por Sergiomgbr »
Até onde eu sei eu não sei.

Offline Fenrir

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Re:A música pop como ideologia e instrumento de mudança social
« Resposta #19 Online: 13 de Março de 2019, 23:42:43 »
Claro, todos iguais. Exceto aqueles que tomam conta da igualdade.
Esses, os das nomenklaturas**, são mais iguais que os outros.

Esse quote de Juvenal tem tudo a ver: "Quis custodiet ipsos custodes?" ("Quem vigia os vigias?")


** Wikipedia (grifos meus) ==>
Citar
The nomenklatura (Russian: номенклату́ра, IPA: [nəmʲɪnklɐˈturə]; Latin: nomenclatura) were a category of people within the Soviet Union and other Eastern Bloc countries who held various key administrative positions in the bureaucracy, running all spheres of those countries' activity: government, industry, agriculture, education, etc., whose positions were granted only with approval by the communist party of each country or region.

Virtually all members of the nomenklatura were members of the Communist Party.[1] Critics of Stalin, such as Milovan Đilas, critically defined them as a "new class".[2] Trotsky used the term caste rather than class, because he saw the Soviet Union as a degenerated workers' state, not a new class society. Later developments of Trotsky's theories, such as Tony Cliff's theory of state capitalism, did refer to the nomenklatura as a new class. Richard Pipes, an anti-communist writer, claimed that this system mainly reflected a continuation of the old Tsarist regime, as many former Tsarist officials or "careerists" joined the Bolshevik government during and after the Russian Civil War.[3]

The nomenklatura forming a de facto elite of public powers in the previous Eastern Bloc, may be compared to the western establishment[4] holding or controlling both private and public powers (e.g., media, finance, trade, industry, state and institutions).
...
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Santo Marx!!! tem aquela palavra temida, ultra-do-mal, "elite" no quote aí encima.
Mas fica frio camarada, porque como diria o padre quemedo, "isso non ecziste":
é só mais uma intriga da oposição, algum revisionismo histórico jingoísta provavelmente
oriundo de uma classe média fascista

ista, ista, ista
« Última modificação: 14 de Março de 2019, 00:01:25 por Fenrir »
"Nobody exists on purpose. Nobody belongs anywhere. Everybody's gonna die. Come watch TV" (Morty Smith)

"The universe is basically an animal. It grazes on the ordinary. It creates infinite idiots just to eat them." (Rick Sanchez)

Offline Geotecton

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Re:A música pop como ideologia e instrumento de mudança social
« Resposta #20 Online: 13 de Março de 2019, 23:55:30 »
Quando falam em música pop sempre me vem à cabeça mantras esquerdopatas como a música tão propalada do Geraldo Vandré,

Pra não dizer que não falei das flores

Caminhando e cantando e seguindo a canção
Somos todos iguais braços dados ou não ...

pérola do comunismo

Ainda prefiro o Vandré do que o lixo 'musical' que boa parte dos bolsomínions ouve, como 'sertanojo'.

E Vandré não é considerado 'pop' e sim 'mpb'.
Foto USGS

Offline Sergiomgbr

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Re:A música pop como ideologia e instrumento de mudança social
« Resposta #21 Online: 14 de Março de 2019, 00:13:37 »
Tudo, pop, música popular brasileira, sertanojo, brega, funque, samba, forró, axé, blá blá ble ble... uma unica e nesma coisa.
Até onde eu sei eu não sei.

Offline Fenrir

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Re:A música pop como ideologia e instrumento de mudança social
« Resposta #22 Online: 14 de Março de 2019, 00:13:44 »
Quando falam em música pop sempre me vem à cabeça mantras esquerdopatas como a música tão propalada do Geraldo Vandré,

Pra não dizer que não falei das flores

Caminhando e cantando e seguindo a canção
Somos todos iguais braços dados ou não ...

pérola do comunismo

Ainda prefiro o Vandré do que o lixo 'musical' que boa parte dos bolsomínions ouve, como 'sertanojo'.

E Vandré não é considerado 'pop' e sim 'mpb'.

Sertanojo e sertanojo universitário são dose. Só mesmo pagode, daqueles bem pop, para igualar.

Prefiro ouvir porno-funk, harsh noise wall (sim, isso existe), barulho de giz no quadro e esfregamento de isopor.
E barulho de gente comendo de boca aberta e/ou mascando chicletes

Vamos homenagear o universo bolsocrentolavominion com uma nova versão da música do vandré

Pra não dizer que não falei das armas
Brigando e xingando e seguindo a facção
Somos todos desiguais braços erguidos** ou não

em rítimo sertanojo-universitário,
com aqueles guitarras utramelosas de Chitãozinho e Chororó e Zeze di Camargo e Luciano
e com o senhor acima de tudo e de todos, sempre

** mais ou menos a 45o, palma virada para baixo
« Última modificação: 14 de Março de 2019, 00:36:46 por Fenrir »
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Offline Sergiomgbr

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Re:A música pop como ideologia e instrumento de mudança social
« Resposta #23 Online: 14 de Março de 2019, 00:18:39 »
Aliás de certa forma, música em si, evoca os instintos de manada, coletivistas. Tenho percebido isso.
Até onde eu sei eu não sei.

Offline Fenrir

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Re:A música pop como ideologia e instrumento de mudança social
« Resposta #24 Online: 14 de Março de 2019, 00:55:07 »
Aliás de certa forma, música em si, evoca os instintos de manada, coletivistas. Tenho percebido isso.

Eu sou da manada daqueles que nao pertencem a manadas e da coletividade daqueles que nao pertencem a coletividades
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