Eu concordo quanto a tudo isso, mas tem outras observações interessantes nessa reportagem. Por exemplo, eu não sabia que a IURD tinha especialistas em micro-empresas que ajudam os fiéis com seus próprios negócios. Há uma rede de ajuda mútua atuando dentro das periferias, o que é algo bem interessante. A gente tem a ideia fixa de que Edir Macedo e cia só pensam em sugar o máximo possível dos fiéis... e provavelmente é verdade... mas eles também precisam que seus fiéis tenham uma certa estabilidade financeira para garantir o fluxo de caixa e para esse papo todo de bençãos divinas atingidas a curto prazo colar.
Eu também tenho certas dúvidas sobre até que ponto a fé ajuda com os problemas de abuso de álcool e outras drogas, violência doméstica, etc. Mas estamos falando de regiões muito carentes onde a presença do estado é muito pequena, então algo pouco efetivo é melhor do que nada. Creio que seja um pouco como a questão da abstinência versus educação sexual: a abstinência funciona pior do que uma conversa honesta e madura sobre o tema, mas ainda é melhor do nenhuma conversa. Os evangélicos eventualmente vão beber e usar drogas como qualquer pessoa, mas acho que eles vão usar menos do que se não recebessem conscientização nenhuma.
E mais importante do que o discurso moralista contra as drogas é o ambiente de socialização que ela oferece, com opções de lazer para a juventude, como música, teatro e, por mais que os pastores não gostem muito da ideia, até de paquera.
Então por mais que tenhamos restrições quanto a um país mais evangélico, acho que pode haver um lado positivo também.