Programa Roda Viva - Domenico De Masi
http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&list=PL6zZkMrBoEjwwyiFyuMZqaehOHoxVk1_5&v=mfc67MO9NpI"O mundo deu grandes passos graças aos criativos"
O sociólogo italiano Domenico De Masi fala sobre a teoria do ócio criativo.
O sociólogo italiano Domenico De Masi, propagador da polêmica teoria do ócio criativo, ocupou o centro do Roda Viva no dia 21 de janeiro. Domenico De Masi é professor de Sociologia das Profissões na Universidade La Sapienza, de Roma, e diretor científico da S3.Studium, uma escola de especialização em ciências organizacionais. Nascido em Rotello, na província italiana de Campobasso, graduou-se em direito na Universidade de Perugia e se especializou em Sociologia do Trabalho, em Paris.
Autor de livros como ‘Desenvolvimento sem trabalho’, ‘A emoção e a regra’ e ‘O futuro do trabalho’, De Masi é um dos pensadores mais contemporâneos da era pós-industrial.
É dele a máxima de que quanto mais o homem trabalha, mais tempo precioso ele perde. Ele acredita que horários flexíveis e pausas para lazer no horário de trabalho aumentam a criatividade e tornam as empresas ainda mais eficientes. Esse ressalta que ócio criativo não significa tempo livre, preguiça ou não fazer nada, mas aliar trabalho, criação e bem estar. “Ócio criativo é o trabalho desenvolvido por um intelectual e que consegue simultaneamente criar riqueza, conhecimento e bem estar. O ócio criativo não tem nada a ver com tempo livre, nem tampouco com desemprego. O desemprego é um problema gravíssimo, não apenas por si só, mas porque os governos, os economistas não querem absolutamente analisar o trabalho na sua essência”.
O sociólogo ressalta o surgimento das novas tecnologias nas empresas e indústrias obrigam um novo modelo de trabalho para estimular a criatividade. “Eu estudo há 30 anos a criatividade e o mundo deu grandes passos à frente graças aos criativos”. Segundo ele, atualmente 70% dos trabalhadores na Itália, nos Estados Unidos e no Brasil, desempenham um trabalho intelectual. As máquinas mecânicas substituíram os operários e as máquinas eletrônicas substituíram os operários quanto os intelectuais
Hoje, De Masi desenvolve junto a uma associação um trabalho de economia criativa em São Paulo. Fã do Brasil, defende que o país tem todas as condições para desenvolver um capitalismo moderno e mais humano.
“Trezentos milhões de chineses em 10 anos passaram do subproletariado ao proletariado, mas Índia é uma democracia, em crescimento, mas em parte uma falsa democracia, pois desde 1947 é sempre a mesma família que indica o Presidente da República. Os Estados Unidos é uma democracia, mas cresce pouco. Qual é a característica do Brasil? É extraordinário, no Brasil também há grande distância entre ricos e pobres, há um escândalo da pobreza que ainda é grande e tem como epifenômeno o escândalo da violência. Mas o Brasil é uma democracia completa, aonde há crescimento da receita e, a distância entre o pobre e o rico decresce, é uma democracia que vive em paz com os 10 países limítrofes, não está em guerra com nenhum deles”. Por esse motivo, De Masi acredita que talvez o Brasil possa candidatar-se como elaborador de um novo modelo, um modelo como aquele que foi criado pelos iluministas na França.
“Por outro lado o Brasil copiou por 450 anos modelo europeu que agora está em crise e que, portanto, não mais possível de ser copiado. Depois copiou por 50 anos o modelo americano que também está em crise. Qual modelo terá o Brasil?”, questiona.
Para esta edição, o programa contou com os seguintes entrevistadores: Ivan Marsiglia (editor-assistente do caderno Aliás, do jornal O Estado de S. Paulo), Antonio Carlos Franchini (presidente da Associação Paulista Viva), Ricardo Antunes (professor titular de sociologia do trabalho da Unicamp), Cláudia Collucci (repórter especial do jornal Folha de S. Paulo) e Paulo Saldiva (professor titular da Faculdade de Medicina da USP e especialista em poluição atmosférica). O Roda Viva também teve a participação do cartunista Paulo Caruso.