Resumo: Segundo o amplamente discutido argumento do ocultamento divino, a existência de Deus é refutada pelo fato de nem todas as pessoas acreditarem em Deus. O argumento provocou uma variedade impressionante de réplicas teístas, mas nenhuma superou — ou, como sugiro, poderia superar — o desafio colocado pela distribuição irregular da crença teísta ao redor do mundo, um fenômeno para o qual explicações naturalistas parecem muito mais promissoras. A “demografia do teísmo” frustra qualquer explicação sobre as razões pelas quais a descrença sempre é condenável ou sobre os motivos pelos quais Deus permite a descrença inocente. Tais dados também lançam dúvidas sobre a existência de um sensus divinitatis: o conhecimento de Deus que os epistemólogos reformados afirmam ser inato em todos os seres humanos normais. Finalmente, a distribuição demográfica torna o argumento do ocultamento divino, sob certos aspectos, um argumento ateológico ainda mais poderoso do que o mais conhecido e popular argumento do mal.
Continuação: http://rebeldiametafisica.wordpress.com/2011/08/10/o-ocultamento-divino-e-a-distribuicao-demografica-da-crenca-teista/
nota: as tags "descrença" e "racional" são bem repetidas aqui no fórum. Por isso, peço desculpas adiantadas caso exista um tópico relacionado que não tenha visto.
Uma resposta bem simples para este argumento seria : Além de tudo mais (o mundo parar explorar, a inteligencia para faze-lo, as emoçoes, etc), Deus nos deu o livre-arbítrio.
Abs
Felipe
Essa objeção é a mais popular e eficaz ( na minha opinião) contra o argumento do mal. Mas no caso do Argumento da descrença racional (ADR), esse contra-argumento perder muuuuito a sua força, senão se torna obsoleto. O por quê disso já está explicito no resumo:
" A “demografia do teísmo” frustra qualquer explicação sobre as razões pelas quais a descrença sempre é condenável ou sobre os motivos pelos quais Deus permite a descrença inocente."Descrença inocente no caso e refere a descrença provida do livre-arbítrio. Por uma pessoa ter o poder de escolha de não aceitar a Deus, certas pessoas podem não acreditar na existência dEle. Seria a mesma mecânica da existência do mal: Por poder de escolha, alguns indivíduos se distanciam de Deus e acabam cometendo atrocidades. Mas por que isso falha no ADR ?
Como escrito anteriormente, a palavra mágica aqui é "Demografia do teísmo". Tal premissa é descrita nesse paragrafo:
Os dados demográficos contemporâneos esclarecem a distribuição desigual da crença teísta. A população da Arábia Saudita é pelo menos 95% muçulmana e portanto pelo menos 95% teísta, enquanto a população da Tailândia é 95% Budista e portanto no máximo 5% teísta. O total aproximado das populações é de 26 milhões de pessoas na Arábia Saudita e 65 milhões na Tailândia. Presumivelmente estas amostras são grandes o suficiente para tornar as diferenças estatisticamente significativas e não apenas anomalias que desapareceriam se assumíssemos um ponto de vista adequadamente abraangente. Se esses dados estiverem mesmo que grosseiramente precisos, a distribuição da crença teísta é pelo menos altamente irregular e heterogênea entre estes dois países, e dificilmente eles são os únicos a apresentar esta disparidade.Mas por que isso é relevante? Ora, simples: Ao contrario do mal, que é universal, a descrença está distribuída de forma irregular
(antes de prosseguir, é importante lembrar que o argumento ataca o Deus Onipotente, Benevolamente e onisciente do cristianismo, portanto tem um alcance limitado, mas paradoxalmente não menos devastador. Ou seja, ataca o deus do monoteísmo tradicional). Tal característica demográfica é incompatível com a premissa de que
um Deus pessoal descrito pelo monoteísmo tradicional é amor em grau insuperável. A partir desta premissa deduz-se a conclusão intermediária de que Deus procuraria um relacionamento pessoal amoroso com cada uma das criaturas humanas sempre que tal relacionamento fosse cognitiva e afetivamente possível. A partir desta conclusão intermediária, infere-se que Deus traria cada ser humano à crença em sua existência, dado que a formação de uma relação amorosa genuína entre duas pessoas exige que cada pessoa acredite na existência da outra. O argumento então afirma o que seus proponentes consideram indiscutível: alguns seres humanos que falham em acreditar em Deus são, no entanto, cognitiva e afetivamente capazes de desfrutar de uma relação amorosa com Deus. Conforme o ponto de vista de seus proponentes , algumas pessoas que em todos os sentidos relevantes poderiam acreditar em Deus não o fazem, uma situação que Deus não permitiria se existisse. O argumento conclui, nestas bases, que nenhum Deus nos moldes do monoteísmo tradicional existe.O livre-arbítrio falha ou se enfraquece astronomicamente no ADR pois apenas consegue explicar descrenças inocentes isoladas. Não consegue suprimir por que Deus apenas se manisfestou em uma certa cultura inserida em uma certa região em um certo momento histórico. Se Deus quer manter um relacionamento amoroso pessoal com casa pessoa do planeta, não faz sentido sua ausência em determinados povos de maneira tão injusta. Pessoas que viveram na polinésia a mil anos, por exemplo, nunca manifestaram nenhum relacionamento amoroso com Deus, mesmo tendo Deus as características já citadas. Pela lógica, a fé cristã deveria ter acontecido em algum grau explicito na polinésia graças ao amor dEle, o que não ocorreu.
Sugiro que leia o texto. Lá Stephen Maitzen rebate, com a "demografia do teísmo", os contra-argumentos teísta do ADR. Agora se são validos ou não, basta debater para saber. Por isso coloquei o texto dele na roda.