Não deve ser chamada partícula de deus, mas partícula-deus, já que ninguém vê nem pode ser diretamente ou indiretamente (siiiim) detectada e é "provada" por meio de argumentos convincentes.
O título da notícia se contradiz com o texto: não é mais O boson, agora é UM (é, a família é grande e cresce... afinal, uma pode abonar a outra...)
O mais engraçado é que no dia da "grande divulgação" de nunca se soube exatamente o que, foi o que poderá ser alternativamente lembrado no futuro, se existir, de 'dia do grande espetáculo dramático-circense midiático patético dos 5 sigma com direito a chororô emocionalóide e tudo que não evidenciou nada', e, agora, é essa notinha para dizer que "está confirmado mesmo" que... o que mesmo? Ah, que está tudo na mesma.
Eu fico me perguntando... De quantas maneiras diferentes podem religiões se estabelecer?...
Mas essa descoberta não é importante ?
Não sei se entendi a relação... O "mas" liga sentido com meu post mas... ...Ah, acho que entendi. Você está se referindo à minha crítica ao festejo?: "Se é uma descoberta importante, deveriam mesmo festejar"? Se for isso, não é esse o sentido que a palavra importante tem para mim, nesse contexto. Uma descoberta científica tem que ser importante cientificamente, não emocionalmente.
Nesse caso, de quantas maneiras eu poderia responder?... Vamos linha a linha:
Não.
Que descoberta?!
É importante perguntar se é importante? Acho que não...
Claro que não!
...
Estou brincando (digamos assim). Até considero a possibilidade de que algo novo tenha sido descoberto ali. Essa pergunta, feita dessa forma, não tem sentido. A resposta mais simples seria não, o que deveria ser óbvio, portanto, quando se pergunta algo assim, é porque é demandada uma resposta não muito fácil. Veja que o Dr. Manhattan concorda que não é importante, não como uma importância mais que aquela que se dá ao resultado da prova que se faz e em que se tira boa nota, pulando-se de alegria. Cientistas não devem ser aluninhos contentinhos porque "passaram de ano". Há seriedade extrema aí.
Eu não direi para você desconsiderar o post do Dr. Manhattan porque, além de, frequentemente quando possível, ser profícuo considerar o máximo de objetos, há detalhes nele que podem ser usados aqui para mostrar como uma religião se forma.
Considere e atente bem para o post do Dr. Manhattan, porque há coisas nele para desconsiderar, entre elas a afirmação de que havia uma "massa esperada para a partícula", sugerindo uma precisão preditiva que, simplesmente, nunca houve. O fato é que a vasculha foi de ampla varredura e a assinatura da partícula foi escrita pelas mãos dos próprios caçadores. Também, uma vez existente a partícula, dentro da hipótese ad hoc, a existência do respectivo campo não é apenas provável pois a postulação do campo é que é fundamental. E nisso (nele) está o foco do problema.
...
A problemática criada por todos os ajustamentos forçados desse modelo é tão complexa que sua abordagem exige funcionamento cerebral de altíssimo nível. Vamos tentar leveza aqui, pois ir a fundo nisso é exigente e exaustivo.
Vou, então, tentar responder de algumas formas.
A resposta para essa pergunta é bastante clara. Nada mudou no panorama científico; "encontrou-se" o que se esperava encontrar. Validar o que já se sabe nunca é importante, não altera nossas possibilidades de execução prática, e o que passa disso é filosofia. Se fosse possível desenvolver algum projeto útil baseando-se na existência do tal boson, o resultado seria funcional sem que fosse necessário confirmá-lo primeiro. Os custos de investigação são normalmente altos e descobrir o que se procura os justifica (isso pode ser mesmo um problema adicional). Se alguém acha que isso define importância em descobrir algo que se postula, é questão pessoal, mas não é importância científica. Entre muitas ocorrências um tanto paralelas ao grande experimento que engloba tantas diretrizes está uma que me interessaria muito mais saber que investigação foi feita a respeito e a que resultados se chegou: uma falha nos magnetos supercondutores que, pelo relato, não podia ser atribuída a nenhuma falha reconhecível pelo conhecimento atual. Ali pode(ria) ter havido uma descoberta importante.
A resposta acima é uma resposta clara, óbvia, penso eu.
Mas vou dar uma resposta como se ela (a resposta) não fosse clara:
Ainda não vejo como possa ser possível saber. Algo pode ter sido mesmo descoberto. Pelo que entendo, deve ter sido. Ocorre que, como diz aquela máxima cética, quando se acredita que deus é que manda a chuva, toda vez que chove vê-se uma evidência de deus. Pode-se refinar tal teoria, observar como a chuva chove diferente a cada vez, classificando as diversas formas de chover como caracterizadoras de um estado de espírito divino. Pode-se matematizar isso bem, estabelecendo-se estatísticas de quando deus estaria furioso num temporal ou calmo numa garoa. Apenas quando se pode acessar as núvens, as transições da água, as correntes convectivas, os processos de acúmulo e liberação de carga elétrica... é que deus desaparece do contexto (deveria desaparecer ao menos assim...). Observar só a chuva/temporal, o resultado de todas aquelas coisas, não é suficiente para conhecer a origem da chuva e o que é a chuva. Não basta supor, a partir de expectativa de como um certo boson deveria decair, que o que se "observaria desse decaimento" são produtos inequívocos do tal boson. É necessário perceber o quão mais que precariamente quantitativa é a hipótese de que tal partícula existiria. Uma detecção ainda que só indireta de tal partícula teria que envolver algo como, no mínimo, a supressão do suposto efeito de seu campo, fazendo suspender o efeito da acoplabilidade que produziria o efeito massivo. Isto deve estar além de todas as possibilidades experimentais do momento. Repetir divulgações é fácil. Entender o que realmente se passa é bem mais difícil.
Como já foi comentado que há tópico mais adequado para o assunto (e até, se lembro bem, há um específico para o Higgs), talvez eu comente mais a respeito do que vejo em e entendo de tudo isso por lá. Não posso pensar mais sobre isso nem me dedicar mais a isso agora.