Autor Tópico: Por que as mulheres não gostam de computação?  (Lida 1314 vezes)

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Offline Eu

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Por que as mulheres não gostam de computação?
« Online: 26 de Março de 2013, 07:35:31 »
'Mulheres são minoria em segmento que muda o mundo: a computação', diz professora
 
BETH GARDINER
DO "NEW YORK TIMES", EM LONDRES

Isabelle Aleksander, 16, passa horas escrevendo códigos de computador e pretende se tornar engenheira. Sua paixão mais recente é o Raspberry Pi, um computador de baixo custo, do tamanho de um cartão de crédito, desenvolvido para ajudar a ensinar programação.

Quando ela contou sobre isso ao seu melhor amigo, a reação dele a surpreendeu. "Ele falou: 'Ei, como você sabe sobre isso? Você é menina, não deveria fazer isso'", contou a estudante.

Ela e sua amiga Honey Ross, 15, estão entre as poucas meninas do colégio particular King Alfred School, na zona norte de Londres, que se interessam muito por tecnologia. As duas dizem que entendem a razão disso: vista por quem está de fora, a computação pode parecer algo desinteressante que é praticado principalmente por garotos nerds.

'UM MUNDO INCRÍVEL'

"É uma pena", disse Ross, falando entre uma aula e outra no laboratório de computação. "É um mundo tão incrível. Parece que está apenas esperando a chegada de um monte de meninas."

Belinda Parmar adoraria ver isso acontecer, especialmente porque as estatísticas indicam que as mulheres no mundo da tecnologia, que já constituem uma relativa raridade, estão prestes a se tornar mais raras.

Há três anos, Parmar fundou a consultoria Lady Geek, que ajuda empresas de tecnologia a fazerem contato com a clientela feminina e a aumentar o número de mulheres em sua força de trabalho. Convencida de que a escassez de mulheres no setor da tecnologia tem suas raízes na infância, Parmar criou a entidade sem fins lucrativos Little Miss Geek, cuja finalidade é convencer meninas que a programação não é uma atividade solitária e chata, mas um trabalho criativo e que pode dar dinheiro.

NÃO SÓ COMPRAR, MAS CRIAR

Parmar diz que tantos meninas quanto meninos adoram gadgets --mas que, por mais que as meninas possam gostar de ter as últimas novidades tecnológicas, seus pais e professores geralmente não lhes dizem que elas têm capacidade para construí-las. "Elas sonham em usar o iPad mini e o smartphone mais recente, mas não sonham em criá-los."

Por essa razão, diz ela, as mulheres estão ficando de fora de um setor que está transformando o mundo, paga muito bem e está em crescimento.

De acordo com a agência de estatísticas Eurostat, 20% das pessoas que trabalham no setor tecnológico britânico são mulheres. Parmar cita a cifra de 17%. Não é muito diferente da média da União Europeia, 21,8%, ou dos Estados Unidos, 24% --neste último caso, uma queda em relação aos 36% de 1991, segundo o Centro Nacional para Mulheres e Tecnologia da Informação, da Universidade do Colorado em Boulder.

A Little Miss Geek informa que as meninas compõem apenas 8% dos estudantes que fazem a prova de ciência da computação dos exames de ingresso na universidade. Nos Estados Unidos, segundo o centro do Colorado, 19% são meninas.

Parmar acha que o problema é em parte de imagem. Quando sua equipe pediu a crianças que desenhassem uma pessoa que trabalha com tecnologia, todas fizeram desenhos de homens, em muitos casos nerds e de cabelos desgrenhados.

Ela crê que algumas empresas tratam as consumidoras com condescendência quando lhes oferecem artigos cor-de-rosa e as ofendem quando colocam modelos de biquíni em feiras de tecnologia. "O setor da tecnologia está 30 anos atrasado em relação ao automotivo na interação com as mulheres", diz a empresária.

DESLOCADAS

Quando meninas adolescentes ou pré-adolescentes vão a aulas de computação, muitas vezes são as únicas meninas na sala.

"Mesmo meninas que se saem bem em matemática acabam desistindo. Não querem se sentir deslocadas", diz Marina Larios, presidente da Associação Europeia para Mulheres na Ciência, na Engenharia e na Tecnologia.

A Little Miss Geek promove workshops em escolas e leva mulheres do setor tecnológico para dar palestras aos alunos. Parmar espera conseguir patrocínio de empresas para ampliar o projeto.

Alguns países do Leste Europeu e do Báltico têm resultados melhores que o Ocidente. A Letônia tem a maior taxa europeia de mulheres que trabalham com programação, 33%, e a Romênia tem 30,6%.

Para Larios, é um legado do comunismo, que defendia a igualdade de gêneros e formava mulheres em cursos técnicos e de engenharia. Hoje, "o número de mulheres nesse setor está diminuindo, e os países estão encarando os mesmos desafios que nós".

O problema é mais grave nos países em desenvolvimento, disse Nigel Chapman, executivo-chefe do grupo Plan International. "Sem habilidades de computação, as meninas desses países não têm acesso a uma das armas no combate à pobreza".

Offline EuSouOqueSou

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Re:Por que as mulheres não gostam de computação?
« Resposta #1 Online: 26 de Março de 2013, 11:17:47 »
O motivo das mulheres não gostarem das áreas exatas é meramente cultural.
Qualquer sistema de pensamento pode ser racional, pois basta que as suas conclusões não contrariem as suas premissas.

Mas isto não significa que este sistema de pensamento tenha correspondência com a realidade objetiva, sendo este o motivo pelo qual o conhecimento científico ser reconhecido como a única forma do homem estudar, explicar e compreender a Natureza.

Offline Gabarito

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Re:Por que as mulheres não gostam de computação?
« Resposta #2 Online: 26 de Março de 2013, 22:26:56 »
Achei esse texto. Parece bem interessante:

Citar
A mulher e a máquina
14/03/2013 09h00 - Atualizado em 14/03/2013 10h28

Esta é uma coluna sobre computadores e sexta-feira da semana passada, 8 de março, foi o dia internacional da mulher.

E daí? O que tem uma coisa a ver com a outra?

Quase nada.

Você não acha isso estranho?

Bem, talvez você esteja achando estranho é este início de coluna. Mas se pensar um pouco verá que, embora pareça, ele nada tem de estranho.

Vamos ver: cite a lista de nomes femininos que de alguma forma contribuíram para o desenvolvimento das ciências da computação. Ilustre, com algumas figuras de mulher, a história da informática. Diga-me quantas você conhece que participaram ativamente desta luta.

Qual o tamanho da sua lista?

A minha, por mais que eu me esforce, se reduz a dois nomes: Ada Lovelace e Grace Hopper.

Por que tão poucas?

Por que nas salas em que dou aula nos cursos ligados à informática a grande maioria dos alunos é formada por rapazes?

Por que mais de 90% das cartas que recebo de leitores com perguntas sobre computadores provêm de usuários do sexo masculino?

Por que nesta época em que mulheres integram as forças armadas, assumem delegacias de polícia, disputam campeonatos de futebol (nada contra; estou apenas listando atividades que até bem pouco tempo eram consideradas essencialmente masculinas) há tão poucas trabalhando na área de informática?

O que afasta as mulheres dos computadores?

Vamos lá: não querendo ser machista e muito menos preconceituoso, há que se admitir que a natureza do homem é diferente daquela da mulher (e, como bem dizem os franceses, “vive la difference”). Isto não é uma característica de nossa espécie, é um aspecto comum a todas as espécies: machos e fêmeas apresentam diferenças fisiológicas e comportamentais.

Então, deixemos de lado as demais espécies e nos restrinjamos à nossa. Faça aí uma lista das características tipicamente masculinas e das tipicamente femininas (e deixe de lado aquela bobagem que afirma serem as damas menos inteligentes que os cavalheiros porque têm alguns neurônios a menos porque estou farto de conhecer exemplos que provam justamente o contrário). Faça a sua aí que eu preparo a minha aqui.

Lista pronta? Muito bem. A minha também.

Mas como macaco velho não mete a mão em cumbuca, não me atreverei a divulgar minha lista sobre um tema tão controverso. Mas há alguns pontos em relação aos quais parece haver consenso. Por exemplo: a força física tem mais a ver com o homem do que com a mulher. Já a intuição é uma qualidade tão tipicamente feminina que os dois vocábulos costumam andar juntos na expressão “intuição feminina”. O homem costuma ser mais inflexível enquanto a mulher é mais adaptável às circunstâncias. O homem é mais agressivo enquanto a mulher tende a ser mais cordata. A mulher normalmente é mais obstinada enquanto o homem é menos perseverante. E, finalmente, consta ainda que o homem é mais racional e a mulher mais emocional.

Não pretendo discutir a lista de qualidades acima, ela foi baseada no senso comum e nada tem de científica, portanto sequer tenho argumentos para sustentá-la. Mas é uma lista baseada na observação e em minha (longa) experiência de vida. A sua poderá ser diferente e você certamente terá razões para justificar as diferenças, mas não importa: tanto a minha como a sua são absolutamente empíricas sem qualquer tese estruturada que as sustente. Mas é inegável que as diferenças existem e que as qualidades tipicamente masculinas são distintas daquelas tipicamente femininas.

Pois bem, agora baseado na minha lista, na sua ou na de qualquer outra pessoa sensata, não preconceituosa nem sexista, faça uma avaliação que considere a seguinte questão: dentre as qualidades exigidas para trabalhar com computadores, seja operando a máquina, seja programando ou exercendo qualquer outra atividade correlata, quais são as tipicamente masculinas, quais as tipicamente femininas?

Vamos começar pela força física: exceto para mover um pesado gabinete de lugar, ela definitivamente não está entre as exigidas. Já pertinácia, insistência, obstinação que leva a focar em um problema e persistir até resolvê-lo, sim. Intuição é uma qualidade essencial a um bom programador, assim como adaptabilidade a novas condições do problema. E assim por diante.

Pode ser que eu me engane, mas se você examinar o assunto com seriedade, muito provavelmente chegará à mesma conclusão que eu cheguei já há muito tempo: as qualidades exigidas para se trabalhar com computadores são justamente aquelas atribuídas mais frequentemente às mulheres: não exige força física, necessita de pertinácia diante dos problemas, usa muito a intuição, requer flexibilidade…

Em suma: parece que estas máquinas foram concebidas para serem utilizadas por mulheres.

Então como se explica o fato de tão poucas fazerem parte de sua história?

Para mim isto sempre foi um grande mistério.

Incidentalmente:  as duas damas mencionadas acima foram duas figuras extraordinárias.


Figura 1: Ada Lovelace
(Foto: Reprodução)

Ada Lovelace (Figura 1; todas as figuras desta coluna foram obtidas da Wikipedia), ou mais propriamente Augusta Ada King, Condessa de Lovelace, filha do poeta Lord Byron, nascida em 1815, viveu apenas 36 anos. Desde criança, estimulada pela mãe, dedicou-se ao estudo da lógica e da matemática. Teve uma vida particular bastante tumultuada. Relacionou-se socialmente com diversos homens, o que deu lugar a boatos sobre relações ilícitas.

Conheceu Charles Babbage através de uma amiga comum, sua tutora Mary Sommerville. O (reconhecidamente) velho rabugento Babbage desenvolveu uma enorme admiração por Ada, a quem chamava de “a maga dos números”. Nesta época Babbage estava profundamente envolvido com o projeto de seu “Analytical Engine”, máquina considerada como o primeiro computador, e discutiu diversos pontos com Ada, o que a pôs a par de detalhes do projeto só conhecidos por ela e Babbage.

O Analytical Engine jamais foi fabricado. Sua concepção – um computador analógico baseado em engrenagens – era demasiadamente arrojada para a época e sua fabricação exigia uma precisão que os materiais e artefatos industriais de então não eram capazes de fornecer.

Mas entre os correspondentes de Babbage havia o renomado matemático italiano Luigi Menabrea. Eles se comunicavam através de Ada, que vertia para o italiano as ideias de Babbage. E foi assim que Ada entrou para a história da ciência da computação.

Em 1943 Charles Babbage solicitou a Ada que vertesse um longo memorial descritivo do projeto da máquina analítica. Explicar o funcionamento do dispositivo era uma tarefa difícil e a forma sucinta pela qual Babbage o fazia em nada facilitava o entendimento. Ada, então, mostrando um notável conhecimento do assunto, anexou ao longo do texto diversas notas pessoais esclarecendo os pontos obscuros. Tantas, que o conjunto de notas explicativas ficou mais extenso que o trabalho original de Babbage. E incluía um anexo que descrevia detalhadamente um método de usar a máquina para calcular a sequência dos números de Bernouilli – o que, em última análise, consistia na resolução de uma equação recursiva. Esta seção das notas de Ada é considerada o primeiro programa conhecido de computador.

Por esta razão a linguagem de programação desenvolvida pelo Departamento de Defesa dos EUA em 1980 recebeu o nome de ADA (sim, eu sei, você também pensava que era um acrônimo) e seu manual de referência, “MIL-STD-1815” recebeu o número do ano de seu nascimento. Em 1998 a British Computer Society instituiu uma medalha com seu nome para premiar estudantes da ciência da computação do sexo feminino.

Ada Lovelace é, portanto, considerada a primeira programadora de computadores – mesmo antes da existência da primeira dessas máquinas.


Figura 2: Grace Hopper no teclado do UNIVAC
(Foto: Reprodução)

Já Grace Murray Hopper (Figura 2), nascida em 1906, esteve envolvida no desenvolvimento dos primeiros computadores efetivamente fabricados. Em 1943, durante a segunda guerra mundial, Grace Hopper entrou como voluntária para a Marinha dos EUA e no ano seguinte passou a fazer parte da legendária equipe pioneira de Howard Aiken no desenvolvimento do Mark I, na Universidade de Harvard, o primeiro computador eletromecânico baseado em relés (anos mais tarde ela trabalhou na equipe de desenvolvimento do UNIVAC, o primeiro computador comercial usando válvulas a vácuo).


Figura 3: o primeiro bug
(Foto: Reprodução)

Grace Hopper é mais conhecida por haver cunhado o termo “bug” para designar um erro de programação. Isto porque, certa feita, o Mark II – sucessor do Mark I, também um computador eletromecânico baseado em relés pelo qual Hopper era responsável pela operação – passou a apresentar o mais temido tipo de erro de operação: um erro intermitente que, mantidas as mesmas condições, ora ocorria, ora não. Grace resolveu então investigar as centenas de milhares de contatos dos relés usados no Mark II e encontrou, entre dois deles, o corpo carbonizado de uma mariposa (“bug”, inseto, em inglês) que às vezes interrompia a passagem da corrente, às vezes fechava o contato, causando assim o erro. Ela removeu o inseto do intervalo entre os contatos e o prendeu com fita adesiva no livro de ocorrências do Mark II, escrevendo ao lado “first actual case of bug being fixed” (primeiro caso real de “bug” corrigido”), como mostrado na Figura 3.

Mas este “causo”, como diria meu colega Xandó, embora verdadeiro, faz mais parte do folclore que da ciência da computação e, evidentemente, haver cunhado o termo “bug” para designar erro de programação não foi a maior contribuição de Grace Hopper para a informática.

Sua verdadeira contribuição foi a concepção das linguagens de programação de alto nível.

Sendo o Mark I – assim como seus sucessores imediatos, operados por Hopper – computadores baseados em relés, usavam internamente o sistema binário de numeração. E eram programados em “linguagem de máquina”, em que cada comando da linguagem era expresso por um número binário.

Ora, saber de cor que o comando que efetuava uma operação de soma era, digamos, 01111011, enquanto o que comandava uma multiplicação seria, por exemplo, 11011000, era uma tarefa hercúlea. Muito mais fácil seria atribuir ao comando da soma o “nome” ADD e batizar o da multiplicação de MUL, por exemplo, termos muito mais fáceis de lembrar que números binários abstratos.

Aquilo que ajuda a lembrar alguma coisa é um “mnemônico” (do Houaiss: “mnemônico (adjetivo): 4 – fácil de ser lembrado; de fácil memorização”). Por isto os novos comandos receberam o nome de mnemônicos. O problema agora consistia em associar cada mnemônico ao número binário correspondente ao comando em linguagem de máquina. O que poderia ser feito pelo próprio computador, consultando uma tabela interna. Ele leria o “código fonte” (uma lista de programação usando mnemônicos) e, com base nele, “montaria” o programa em linguagem de máquina. Para isto todo o necessário seria um simples programa montador (“assembler”, em inglês) que faria a montagem (“assembly”, em inglês) do programa em linguagem de máquina a partir do código fonte.

A ideia parece óbvia, mas o fato é que ninguém a teve antes. Assim, coube a Grace Hopper a façanha de haver concebido a linguagem Assembly, que facilitou extraordinariamente o trabalho dos programadores. Mais tarde ela aperfeiçoou sua linguagem, desenvolvendo outra, já em desuso, denominada “Flow-Matic” que serviu de base para o desenvolvimento do COBOL, a principal linguagem de programação dos computadores de grande porte usada durante muitos anos até o aparecimento das linguagens modernas.

Grace Hopper morreu em 1992 aos 85 anos de idade ocupando a patente de Almirante da Marinha Americana.

Sua contribuição para a ciência da computação foi inestimável.

Então, volto à pergunta que vem me encasquetando há anos: se é possível que as mulheres contribuam de forma tão proeminente para o desenvolvimento da ciência da computação, se os computadores parecem máquinas desenvolvidas para serem usadas por mulheres pelo tipo de qualidades que requerem para sua operação e programação, então por que há tão poucas mulheres envolvidas com eles?

Fica a pergunta como tema de meditação logo após o Dia Internacional da Mulher.

B. Piropo

http://www.techtudo.com.br/artigos/noticia/2013/03/a-mulher-e-a-maquina.html

 

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