http://noticias.correioweb.com.br/materias.php?id=2648735&sub=Distrito%20FederalPatrões são mortos por ex-empregado no ParkWay Éderson Marques
Do CorreioWeb Atualizada às 20h30
22/08/2005
18h08-Um casal de idosos foi assassinado na tarde desta segunda-feira pelo ex-empregado da residência em que moravam no Setor de Chácaras Vargem Bonita, no Park Way. Altaíde da Silva, 23 anos, teria sido demitido na última quarta-feira e foi à casa dos ex-patrões para cobrar o último pagamento. Segundo o empregado, não houve acordo, o que teria motivado a agressão. As vítimas foram identificadas como Tatsumiro Iki, 65 anos, e Iria Ono Iki, 61.
A partir de uma denúncia de vizinhos, policiais militares iniciaram a busca pelo assassino nas chácaras próximas. O ex-caseiro foi encontrado em uma casa a quatro quadras da residência dos ex-patrões, onde morava de favor. O aspirante Jefferson de Menezes Ismail, do 14º Batalhão da Polícia Militar, contou que não houve resistência e que Silva confessou o crime. “Quando chegamos na casa, ele estava no sofá, todo ensangüentado, assistindo televisão”, disse.
O assassino confesso contou que foi à casa dos ex-patrões apenas para receber o dinheiro. Ao perceber que não entrariam em acordo, ele atacou a senhora com pedradas na cabeça. Tatsumiro Iki tentou proteger a esposa e atingiu o ex-caseiro com uma vassoura. Silva revidou e acertou a cabeça do ex-patrão com uma pequena enxada de jardim.
Em depoimento informal aos policiais, Altaíde contou que pretendia
“eliminar o espírito ruim que invadiu o corpo do casal”. “Ele disse que foi demitido porque a dona da casa não permitia que pessoas falassem de Deus trabalhando lá”, disse o aspirante.
O ex-caseiro foi encaminhado ao Hospital Regional da Asa Norte para ser medicado. Após ser atendido, foi levado à 11ª Delegacia de Polícia (Núcleo Bandeirante) para prestar depoimentos.
Revolta
Vizinhos e moradores de Vargem Bonita estão revoltados com o crime. O casal era bastante conhecido na região e tidos como pessoas boas e tranqüilas. A dona-de-casa Domingas Alves dos Santos, 61 anos, não se conforma. Ela conhecia as vítimas há 30 anos e chegou a trabalhar na casa por dois anos. A antiga empregada não acredita na motivação do ex-caseiro para o crime. “Eles sempre pagavam os funcionários em dia e garantiam os nossos direitos. Isso é coisa do diabo”, disse.
Socorro
Raimundo Nonato Carneiro Amorim, 30, que trabalhava junto com Altaíde na plantação de verduras do casal japonês, contou que ainda tentou socorrer as vítimas. “Quando vi o que estava acontecendo, cheguei a brigar com ele mas não consegui impedir o crime”, disse.
Segundo Amorim,
o comportamento do colega mudou há cerca de quatro meses, quando ele se converteu à Igreja Universal do Reino de Deus. “Ele orava alto em casa. E dizia que tinha que tirar o demônio do corpo dos patrões”, revelou.
Caçula de uma família de oito filhos, Altaíde chegou ao DF em 1999, vindo de Cristovam (Bahia). Antes de cometer o assassinato, ele estava na casa de um de seus irmãos, Lindauro Macedo, 35, no Riacho Fundo. “Nunca pensei que ele fosse capaz de fazer isso”, disse o parente do caseiro.
Sem arrependimento
À imprensa,
Altaíde disse que foi demitido porque não podia falar de Deus na casa dos ex-patrões. Ele contou que teve a revelação de que deveria tirar o demônio do corpo dos dois hoje, após ter ido à Catedral da Fé da Igreja Universal, no final da Asa Sul. “
Quando cheguei na casa deles, fui orar pela senhora Iria. Coloquei a mão na cabeça dela, mas ela me deu um tapa”, revelou o caseiro. Em seguida, aconteceram os dois assassinatos.
Altaíde disse que não se arrepende do ato que cometeu.
“Fiz a Justiça de Deus”, defendeu. O delegado da 11ª DP, Francisco Duarte Martins, informou que caberá ao Poder Judiciário decidir se o caseiro possui insanidade mental. Ele será julgado por duplo homicídio, por motivo fútil, e pode pegar de 12 a 30 anos de prisão.
O delegado adiantou que irá à Igreja Universal de Vargem Bonita nesta terça-feira para conversar com o pastor sobre o caso.