Autor Tópico: Profissionalização do cientista  (Lida 1739 vezes)

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Offline SnowRaptor

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Profissionalização do cientista
« Online: 19 de Maio de 2013, 23:20:18 »
Um colóquio da Suzana Herculano-Houzel, neurocientista da Universidade Federal do Rio de Janeiro, a respeito da proposta de profissionalização da profissão de cientista:

<a href="http://www.youtube.com/v/SzgxxLCRo-E" target="_blank" class="new_win">http://www.youtube.com/v/SzgxxLCRo-E</a>

Um resumo:

Hoje em dia, a rota de alguém que se forma (graduação: bacharelado) em cursos mais acadêmicos (física, química, matemática, biologia, letras, história etc., em oposição a engenharia, administração, arquitetura) é essencialmente a mesma: assim que termina a graduação, a pessoa pleiteia uma bolsa de mestrado ou doutorado e arranja algum grupo de pesquisa com quem trabalhar (geralmente, já está trabalhando com eles desde a IC).

Bolsas de pós-graduação são bolsas: não-tributáveis, sem direito a férias, sem previdência, FGTS etc. O bolsista tem um prazo (2 anos para mestrado, quatro para o doutorado, seis para o doutorado-direto) e findo esse prazo, não recebe mais nada. O bolsista não pode acumular outras fontes de renda: não pode arranjar um emprego de meio-período, tem um número limitado de atividades remuneradas (como monitorias) que pode exercer e se descumprir as normas e for desligado do programa, tem que devolver todas as bolsas que já recebeu.

O resultado é que se você quer mesmo ser cientista, vai ficar na universidade até os 30 anos, produzindo 90% do conhecimento científico do país, sem ser reconhecido como um trabalhador, sem direitos trabalhistas, recebendo uma bolsa (quando recebe, tem gente que faz pós sem bolsa) que mais aprece uma esmola pelo jeito que você é tratado pelas agências de fomento. Terminando o doutorado, lá pelos 28-30 anos, é chutado tem que praticametne mendigar uma bolsa de pós doutorado, que também não tem nenhum direito trabalhista e é por tempo determinado, com regras para renovação e "repetição" (pedir muitas renovações no mesmo grupo de pesquisa é visto como fator negativo na avaliação), até conseguir passar em um concurso público para professor de universidade pública. Só no cargo de professor e não cientista, você consegue trabalhar como pesquisador e ser reconhecido com todos os direitos e deveres de um trabalhador.

A proposta da Profa. Suzana é regulamentar a profissão de pesquisador. Acabar com esse paradigma de bolsas de estudo de pós-graduação. No cenário proposto, os grupos de pesquisa contratariam, por prazo indeterminado (assim como é nas outras áreas do setor privado), um pesquisador graduado: com carteira assinada, direitos (férias, 13⁰, carteira assinada, previdência etc.) e deveres (jornada de trabalho de 40h, possibildiade de ser demitido por justa causa se não  cumprir o contrato etc.).

Esse pesquisador profissional pode fazer um doutorado na universidade. Concorreria às vagas e talvez até bolsas de produtividade atreladas a essa matrícula, faria seu trabalho, defenderia sua tese e obteria seu título. Mas com um emprego de pesquisador em paralelo. Ou pode optar por manter-se na posição atual, realizando sua pesquisa como graduado, recebendo seu salário de graduado e, se for disso que seu grupo de pesquisa precisa, mantendo-se nessa posição. Da mesmíssima forma que um administrador/economista pode fazer um MBA ou não, com as consequências dessa escolha.

Mas o mais importante: o cientista teria um emprego "de verdade" assim que formado, com seus direitos e obrigações, além da possibilidade de fazer pós e sem ter que sair depois de poucos anos porque a bolsa acabou.

O que os colegas pensam a respeito?

Para elucidar algumas dúvidas, a parte de perguntas e respostas do colóquio acima está aqui: feature=youtu.be
Elton Carvalho

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Offline Gigaview

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Re:Profissionalização do cientista
« Resposta #1 Online: 19 de Maio de 2013, 23:59:44 »
Penso que a Dilma vai criar um ministério dos pesquisadores e que para ser pesquisador profissional não será necessário ser cientista, o que englobará todos os que fazem pesquisa para o Ibope de demais institutos de pesquisa.

Falando sério, acho interessante mas é o tipo de coisa que vai ficar eternamente em discussão.
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Offline Moro

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Re:Profissionalização do cientista
« Resposta #2 Online: 20 de Maio de 2013, 10:18:46 »
mas pesquisa não tem uma finalidade? Existe pesquisador em tempo integral sem período pré-determinado?

Em princípio me parece que o governo deveria financiar projeto a projeto, cobrando o resultado no final. Sem isso, já vejo pesquisadores funcionários públicos coçando o saco, esperando recursos para equipamentos e insumos.

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Offline Dr. Manhattan

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Re:Profissionalização do cientista
« Resposta #3 Online: 20 de Maio de 2013, 11:49:05 »
mas pesquisa não tem uma finalidade? Existe pesquisador em tempo integral sem período pré-determinado?

Em princípio me parece que o governo deveria financiar projeto a projeto, cobrando o resultado no final. Sem isso, já vejo pesquisadores funcionários públicos coçando o saco, esperando recursos para equipamentos e insumos.



No sistema atual, se você é um pesquisador, pode pedir uma bolsa de produtividade em pesquisa do CNPq. Para poder aplicar, já tem que ter um certo número de publicações. A bolsa é renovada a cada 2 anos, mas para isso é preciso manter um nível de produção (média de dois artigos por ano em revistas bem conceituadas). Seria tudo lindo, maravilhoso, se os valores das bolsas não fossem ridículos: sou bolsista nível 2 [1] e isso me garante incríveis R$ 1100,00 por mês [2]. Seria tudo muito mais fácil se, além da pesquisa, os cientistas não tivessem também que dar aulas (deixando bem claro que existem pessoas que são muito felizes apenas ensinando - parabéns para elas), que são, digamos assim, o seu Verdadeiro trabalho. É como se a pesquisa fosse tratada quase como um hobby, do ponto de vista trabalhista.


[1] Existem duas classes: 1 e 2. O nível 1 é dividido em subclasses (1A, 1B, etc.) Os 1A são essencialmente a elite da elite. Os nível 1 recebem bem mais que os nível 2 (não lembro dos valores).

[2] Não estou reclamando de barriga cheia. Pesquisa demanda muito tempo e exige esforço (dependendo da área, até esforço físico, além de riscos pessoais - o Geo deve saber disso). Além disso, apenas para começar uma pesquisa exige conhecimento especializado, fruto de anos de estudo.
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Alan Watts

Offline SnowRaptor

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Re:Profissionalização do cientista
« Resposta #4 Online: 20 de Maio de 2013, 14:05:50 »
Em princípio, pelo que entendi, o efeito dessa profissionalização seria maior para o recém-formado que deixaria de ficar preso ao esquema mendigo-escravagista do mestrado e doutorado.

Manhattan, você não gostaria de ter a opção de manter um aluno que trabalha bem no seu lab? Não gostaria de ter a opção de contratar alguém com as características que você precisa? Não gostaria de poder mandar embora um cara que não faz nada, ou que quebra equipamento por mau uso em vez de ter que aguentá-lo até defender?

Mas, sim: poder ser contratado como pesquisador em vez de professor iria melhorar consideravelmente tanto a qualidade da pesquisa quanto do ensino nas universidades.
« Última modificação: 20 de Maio de 2013, 14:08:42 por SnowRaptor »
Elton Carvalho

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Offline Dr. Manhattan

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Re:Profissionalização do cientista
« Resposta #5 Online: 20 de Maio de 2013, 17:03:32 »
Em princípio, pelo que entendi, o efeito dessa profissionalização seria maior para o recém-formado que deixaria de ficar preso ao esquema mendigo-escravagista do mestrado e doutorado.

Pode ser, mas acho que o efeito seria maior para o recém-doutor.

Manhattan, você não gostaria de ter a opção de manter um aluno que trabalha bem no seu lab? Não gostaria de ter a opção de contratar alguém com as características que você precisa? Não gostaria de poder mandar embora um cara que não faz nada, ou que quebra equipamento por mau uso em vez de ter que aguentá-lo até defender?

Claro! Não sei se me expressei bem antes, mas sou a favor dessas mudanças. Só estava tentando explicar pro Agnóstico que no sistema atual
existe cobrança de resultados por parte do governo - o que não existe é uma contrapartida na forma de $$.
E acredite: sei bem o que é ter que lidar com alunos difíceis. Recentemente tive que levantar a voz e dar uma esculhambação num aluno relapso*. Veja que "aguentar o aluno até ele defender" não é só uma questão complicada para o orientador, mas para o próprio programa de pós-graduação, o qual é cobrado pela CAPES pelo número de defesas + tempo para defesa.

Mas, sim: poder ser contratado como pesquisador em vez de professor iria melhorar consideravelmente tanto a qualidade da pesquisa quanto do ensino nas universidades.

Aliás, talvez o impacto maior seja até sobre o ensino! Atualmente muitos cursos contratam pesquisadores-que-conseguem-dar-aula-se-tiverem-disposição. Talvez com essa mudança fosse possível separar as contratações: professores de um lado, pesquisadores do outro.


*Em geral, meu temperamento é uma mistura de The Dude + Dalai Lama + Prozac, para você ter uma ideia.
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Alan Watts

Offline Gigaview

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Re:Profissionalização do cientista
« Resposta #6 Online: 20 de Maio de 2013, 19:13:22 »
Como funciona nos EUA ou na Inglaterra?
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Offline _tiago

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Re:Profissionalização do cientista
« Resposta #7 Online: 20 de Maio de 2013, 20:25:01 »
A proposta da Profa. Suzana é regulamentar a profissão de pesquisador. Acabar com esse paradigma de bolsas de estudo de pós-graduação. No cenário proposto, os grupos de pesquisa contratariam, por prazo indeterminado (assim como é nas outras áreas do setor privado), um pesquisador graduado: com carteira assinada, direitos (férias, 13⁰, carteira assinada, previdência etc.) e deveres (jornada de trabalho de 40h, possibildiade de ser demitido por justa causa se não  cumprir o contrato etc.).

Meu pai era pesquisador do INPE, minha tia é do Embrapa. Eu penso é que faltam institutos de pesquisa no Brasil que contratem apenas pesquisadores. Daí não precisa regulamentar nada, nem criar uma profissão que, talvez, já existe. É um problema econômico deste país, ou então estrutural. Não vejo por que seria um problema legal.

Offline _Juca_

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Re:Profissionalização do cientista
« Resposta #8 Online: 20 de Maio de 2013, 21:43:07 »
A proposta da Profa. Suzana é regulamentar a profissão de pesquisador. Acabar com esse paradigma de bolsas de estudo de pós-graduação. No cenário proposto, os grupos de pesquisa contratariam, por prazo indeterminado (assim como é nas outras áreas do setor privado), um pesquisador graduado: com carteira assinada, direitos (férias, 13⁰, carteira assinada, previdência etc.) e deveres (jornada de trabalho de 40h, possibildiade de ser demitido por justa causa se não  cumprir o contrato etc.).

Meu pai era pesquisador do INPE, minha tia é do Embrapa. Eu penso é que faltam institutos de pesquisa no Brasil que contratem apenas pesquisadores. Daí não precisa regulamentar nada, nem criar uma profissão que, talvez, já existe. É um problema econômico deste país, ou então estrutural. Não vejo por que seria um problema legal.

Faltam centros de pesquisas privados, como farmacêuticos ou de energia por exemplo, ou estão agregados às suas respectivas industrias?

Offline Mr."A"

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Re:Profissionalização do cientista
« Resposta #9 Online: 12 de Junho de 2013, 01:59:58 »
A questão é puramente monetária: é mais fácil investir verba em profissionais da pesquisa ou em bolsistas? Em bolsistas, obviamente. E, diga-se de passagem, o número de bolsas de pesquisa só vem decaindo nos últimos anos e o valor das bolsas se arrasta muito para sofrer algum reajuste.

A ideia é legal, mas não vejo futuro nenhum nela. Se isso proceder, provavelmente vai ser meramente uma autorização às universidades a fazeres às suas próprias expensas, sem financiamento de nenhum órgão de fomento.
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Offline Mr."A"

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Re:Profissionalização do cientista
« Resposta #10 Online: 12 de Junho de 2013, 02:05:27 »
Faltam centros de pesquisas privados, como farmacêuticos ou de energia por exemplo, ou estão agregados às suas respectivas industrias?
A maioria está agregado às indústrias. Não sei se existem centros ou núcleos de pesquisa extra-universitários além de governamentais como o IBGE.

Em princípio me parece que o governo deveria financiar projeto a projeto, cobrando o resultado no final.
Mas isso já existe. Os projetos podem ser aprovados ou negados e existem relatórios que o pesquisador tem que fazer tanto para a instituição quanto para o órgão de fomento. Isso sem contar que ele tem que publicar artigo, promover evento, apresentar trabalho, fazer extensão.
« Última modificação: 12 de Junho de 2013, 02:14:07 por Mr."A" »
8-)

Offline Gabarito

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Re:Profissionalização do cientista
« Resposta #11 Online: 12 de Junho de 2013, 12:17:25 »
Como funciona nos EUA ou na Inglaterra?

Copiei a fala do segundo comentário dessa página, também citada no primeiro comentário desse tópico:


Citar
Já que já falaram da Alemanha, não vejo nenhum lugar onde aluno de pós-graduação tenha uma vida boa e ganhe bem. Nos EUA poucos tem bolsa, a maioria paga a tuition e recebe ajuda de custo trabalhando como TA ou RA, e ainda ganha mal. Ou seja, ganha mal como aqui, mas tem mais trabalho (além da carga de trabalho da pesquisa em si). Os alunos de pós nos EUA fazem o grosso do trabalho que gera publicações e prestígio, mas recebem muito pouco por isso.

Antigamente, isso era visto como um investimento para uma carreira de grande prestígio e bons ou ótimos salários. Mas com o aumento no número de doutores lá, é bem difícil arranjar vaga de Professor nos EUA. É comum um egresso fazer vários post-docs enquanto espera uma vaga. Pior ainda é entrar em uma vaga de tenure-track e, depois de 5-6 anos de muito trabalho, não conseguir tenure, você tem que basicamente começar de novo em outro lugar. A diferença, realmente, são as vagas para trabalhar como pesquisador na indústria, que existem bem mais que aqui para várias áreas.

Por outro lado, aqui sobram vagas de prof. Adjunto em algumas universidades. Aqui no NE pelo menos já vi vários concursos que não preencheram as vagas e tiveram que reabrir o concurso para mestres. Doutores recém-formados dificilmente ficam sem emprego muito tempo.

Resumindo, concordo que a situação não está muito boa na academia, mas não é só no Brasil. Talvez aqui esteja até melhor, em alguns aspectos, que em outros lugares.

Não conheço a realidade de campo e não sei se a citação acima procede, mas é mais um dado.

Offline Gigaview

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Re:Profissionalização do cientista
« Resposta #12 Online: 12 de Junho de 2013, 13:48:15 »
 :ok:
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Offline caerus

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Re:Profissionalização do cientista
« Resposta #13 Online: 13 de Junho de 2013, 22:50:58 »
A proposta da Profa. Suzana é regulamentar a profissão de pesquisador. Acabar com esse paradigma de bolsas de estudo de pós-graduação. No cenário proposto, os grupos de pesquisa contratariam, por prazo indeterminado (assim como é nas outras áreas do setor privado), um pesquisador graduado: com carteira assinada, direitos (férias, 13⁰, carteira assinada, previdência etc.) e deveres (jornada de trabalho de 40h, possibildiade de ser demitido por justa causa se não  cumprir o contrato etc.).

Meu pai era pesquisador do INPE, minha tia é do Embrapa. Eu penso é que faltam institutos de pesquisa no Brasil que contratem apenas pesquisadores. Daí não precisa regulamentar nada, nem criar uma profissão que, talvez, já existe. É um problema econômico deste país, ou então estrutural. Não vejo por que seria um problema legal.

Concordo, mas não existe o cargo de pesquisador/cientista em órgãos públicos como universidades, então o profissional fica condenado a ser professor ou um eterno pós-doutorando, já que ir para o setor privado, na maioria das vezes, não é uma opção...

Offline Bolsonaro neles

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Re:Profissionalização do cientista
« Resposta #14 Online: 22 de Junho de 2013, 19:11:23 »
...
A proposta da Profa. Suzana é regulamentar a profissão de pesquisador. Acabar com esse paradigma de bolsas de estudo de pós-graduação. No cenário proposto, os grupos de pesquisa contratariam, por prazo indeterminado (assim como é nas outras áreas do setor privado), um pesquisador graduado: com carteira assinada, direitos (férias, 13⁰, carteira assinada, previdência etc.) e deveres (jornada de trabalho de 40h, possibildiade de ser demitido por justa causa se não  cumprir o contrato etc.).

Mas isso já não existe? Se vc trabalhar em um centro de pesquisa não seria um pesquisador? Poderia citar os centros de pesquisa públicos e os privados. INT, CENPES, centros de pesquisa das companhias siderúrgicas... Tenho uma amiga que é pesquisadora na FIOCRUZ.
« Última modificação: 22 de Junho de 2013, 19:14:02 por famado »

Offline Bolsonaro neles

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Re:Profissionalização do cientista
« Resposta #15 Online: 22 de Junho de 2013, 19:13:41 »

Concordo, mas não existe o cargo de pesquisador/cientista em órgãos públicos como universidades, então o profissional fica condenado a ser professor ou um eterno pós-doutorando, já que ir para o setor privado, na maioria das vezes, não é uma opção...
Vendam-se as universidades e o problema acaba. Se não há leite pra todo mundo, mata logo a vaca.  Se bem que eu acho que ninguém seria louco de comprar as universidades. 

Offline _tiago

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Re:Profissionalização do cientista
« Resposta #16 Online: 22 de Junho de 2013, 22:43:04 »

Concordo, mas não existe o cargo de pesquisador/cientista em órgãos públicos como universidades, então o profissional fica condenado a ser professor ou um eterno pós-doutorando, já que ir para o setor privado, na maioria das vezes, não é uma opção...
Vendam-se as universidades e o problema acaba. Se não há leite pra todo mundo, mata logo a vaca.  Se bem que eu acho que ninguém seria louco de comprar as universidades. 
Hein?!

Offline huawei

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Re:Profissionalização do cientista
« Resposta #17 Online: 30 de Junho de 2013, 17:33:45 »
O cidadão vai ganhar um salário em regime de funcionário publico, para fazer pesquisa livre e ainda por cima não quer dar aula?
Não sei não...
Os professores vivem se queixando do quanto dão duro, mas a flexibilidade de horário, e ausência de cobranças que o pessoal tem faz da vida desse pessoal um mar de rosas perto de quem é sugado pelo setor privado.
Coragem para criar um grupo de pesquisa desvinculado de verbas publicas, remunerado por resultados aplicáveis ao mercado/sociedade ninguém tem.

Offline SnowRaptor

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Re:Profissionalização do cientista
« Resposta #18 Online: 25 de Julho de 2013, 15:45:10 »
Isso se ele se tornar professor. O problema é o estudante de mestrado, de doutorado e o posdoc que não são professores, não são funcionários, não recebem salário, não têm direito trabalhista, não têm dever trabalhista.
Elton Carvalho

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Offline bob

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Re:Profissionalização do cientista
« Resposta #19 Online: 30 de Julho de 2013, 06:23:56 »
Como funciona nos EUA ou na Inglaterra?

Não sei nos EUA, mas na Europa a situação não é das melhores, se não for igual ao Brasil. Talvez a única diferença é que o tempo gasto na universidade é contado como anos de trabalho. 

Skorpios

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Re:Profissionalização do cientista
« Resposta #20 Online: 30 de Julho de 2013, 07:19:19 »
Bem vindo, bob. Se quiser, dê uma passada no tópico de apresentações .

Offline caerus

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Re:Profissionalização do cientista
« Resposta #21 Online: 31 de Julho de 2013, 17:47:50 »
O cidadão vai ganhar um salário em regime de funcionário publico, para fazer pesquisa livre e ainda por cima não quer dar aula?
Não sei não...
Os professores vivem se queixando do quanto dão duro, mas a flexibilidade de horário, e ausência de cobranças que o pessoal tem faz da vida desse pessoal um mar de rosas perto de quem é sugado pelo setor privado.

O que tem a ver uma coisa com a outra? Pesquisa e aula são coisas totalmente diferentes, não há porque tais atividades estarem vinculadas.

E isso é um problema do setor público em geral, não são só professores que são sangue-sugas. Aliás, comparando os salários eles são bem menos que outros cargos por aí...

Coragem para criar um grupo de pesquisa desvinculado de verbas publicas, remunerado por resultados aplicáveis ao mercado/sociedade ninguém tem.

Por mais que eu concorde, o problema é que a pesquisa básica não traz resultados perceptíveis para quem investe nisso, só contribui para o avanço da ciência e tecnologia em geral, em qualquer lugar do mundo, então isso acaba se tornando papel do estado.
« Última modificação: 31 de Julho de 2013, 17:51:02 por caerus »

 

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