Docdeoz,
Seus textos estão um bocado confusos, com pouco encadeamento lógico. É especialmente obscuro o ponto que você tenta fazer citando Mayr. Parece sugerir algo análogo a se dizer que, o conhecimento ou a investigação sobre o funcionamento do mecanismo de algo como o carro, do avião, do motor, nos leva a "rejeitar" a história dessas invenções, como elas geralmente não surgiram prontas em seu último estágio, mas foram sendo desenvolvidas a partir de modificações, combinações e avanços. Ou, ainda, algo como, conceber mecanismos sobre economia, fórmulas que modelem como demanda, oferta, etc, resultam em preços, nos força a "rejeitar" a história econômica em si; "desemprego = população em idade ativa - empregados, logo a crise da bolsa de 1929 não existe". Não é nem um pouco claro como isso poderia fazer qualquer sentido.
Você certamente sabe que Ernst Mayr não era um criacionista/fixista. Você leu mais de seus textos, algo que talvez indicassse que ele não concluisse isso? Não que isso tenha importância fundamental, de qualquer forma. Mesmo que de fato seja essa a interpretação pessoal dele, ou de quem quer que seja, não é por isso que ela seria aceita. Ela precisaria fazer sentido.
Quanto a refurtação de "projeto inteligente," na realidade isso não pode ser refutado por "gradualismo," como quer que se entenda -- pois não pode ser refutado de maneira alguma, uma vez que não é uma hipótese científica. Mesmo que fosse observado algo que satisfizesse os critérios de "gradualismo", simpesmente não temos como dizer que o que observou não foi de fato a atuação do projetista inteligente mágico, dirigindo as coisas em sua dimensão oculta.
É também irrelevante a questão de gradualismo filético e equilíbrio pontuado, dentro do tema "projeto inteligente". As transições não-documentadas no registro fóssil não são coincidentemente aparições de estruturas que os criacionistas consideram "irredutivelmente complexas", mas mudanças mais triviais, como diferentes espécies de um mesmo gênero. Os criacionistas defensores do ID geralmente aceitam toda a "genealogia" da evolução, a "árvore evolutiva", onde temos ancestrais em comum com chimpanzés e gorilas.
Os "projetos inteligentes" seriam inserções mágicas de algumas adaptações aqui e ali, que eles crêem não poder ser explicadas pelo acúmulo de variações hereditárias, mas que são. Mesmo os criacionistas mais "clássicos" comumente aceitam uma boa quantidade de especiação desse tipo como algo trivial, artifício usado arbitrariamente e nunca precisamente definido para "salvar" a narrativa literal da arca de Noé ao mesmo tempo que reconhecem que existem mais espécies do que aquelas mantidas em um zoológico.
Você me pareceu sugerir que espécies ou variações especializadas não são originárias de espécies mais basais ou generalistas. Eu não entendi a lógica disso, você certamente não tem qualquer modelo que lhe indicasse isso, e, mesmo que tivesse, ele estaria errado por contrariar a realidade observada. (E, diga-se de passagem, apesar de não cientificamente relevante, aceito pelos criacionistas tradicionais também para fazer funcionar a narrativa da arca de Noé: imaginam que tipos "genéricos"/generalistas foram levados na arca e então se especializaram ao coloniazar o mundo; e não que levou-se um número exorbitante de espécies, maior que o conhecido, mas que se extinguiram, se amalgamando ou sendo substituídas por novas variedades mais generalistas).
Sugiro que você, ao pensar/estudar sobre o assunto, quando concluir algo que seja contrário ou muito diferente do que é afirmado pelos cientistas, se pergunte como poderia ser que, apesar daquilo que você viu até o momento, sua conclusão poderia estar errada, e a realidade tal como afirmada pelos cientistas, correta. Teria deixado de considerar alguma coisa? Ou feito alguma consideração errada? Tentar refutar a si próprio. Talvez não consiga, talvez tudo que você encontre lhe pareça contradizer o que é afirmado pelos cientistas. Mas mesmo assim, seria legal se colocasse aqui também um resumo desse tipo de questionamento que você tenha feito ou venha a fazer. É essencial que faça, pois qualquer um pode ficar inventando coisas que destoam do conhecimento científico se não se importar em entender o bastante.