Autor Tópico: Devoteísmo  (Lida 4438 vezes)

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Offline Enio

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Devoteísmo
« Online: 16 de Agosto de 2013, 02:11:57 »
Decidi abordar sobre um assunto tão polêmico, incomum e desconhecido.

Obs: Acredito que aqui existam pessoas suficientemente inteligentes para discutir um assunto como esse...


Definição:

Não tem relação com religião.

Trata-se de uma atração especial por pessoas com deficiência. Uma parafilia (que é atração por coisas incomuns). Há divergências de opiniões sobre isso ser patologia, outros acham isso normal, há os que acham pecado, interessante, etc. Existem tanto devotees heterossexuais como homossexuais. O devoteísmo começa normalmente na infância como uma fase de encanto, na adolescência como fase de repressão e na fase adulta como fase de reconhecimento dessa identidade, aspiração ou atração.

Conceituo diversas causas para isso e o devoteísmo depende muito de pessoa para pessoa. Não há uma só definição certa de comportamento. Por exemplo, existem os cuidadores, tarados, românticos, idealistas, etc. Há aqueles que tratam o deficiente como se fosse somente a deficiência (isto é, sente somente atração pela deficiência em si), outros já se interessam tanto pela deficiência como pela pessoa, outros mais pela pessoa do que pela deficiência em si, vai depender. Existe um tipo que considero patológico, que é chamado de Wannable, que é a pessoa que deseja ser deficiente, e costuma tentar isso na prática mesmo, já vi um vídeo de um homem que congelou as próprias pernas porque queria amputá-las...

Algumas causas seriam contato com colegas deficientes na infância, experiências incomuns, sensibilidade social, a própria aparência e biotipo do devotee, entre outras possíveis causas, talvez até como uma psicopatia (neste caso quando o devotee trata o deficiente apenas como objeto de satisfação sexual, e não como gente). Ou até mesmo o próprio devotee ser deficiente também. Conheci pela internet uma mulher que é devotee antes e depois de perder sua perna... Antes de perder ela sentia atração por homens amputados, agora sente por homens com pólio (membros atrofiados), porque agora para ela, por causa do acidente, o coto se tornou algo comum, não mais encantador. Já conheci umas poucas devotees homossexuais também.

Enfim, no universo dos desejos tortos, existe todo tipo de gente.

Há os que procuram mais amizade, romance e até mesmo sexo. Acha que todas as deficientes são coitadinhas? Se engana quem acha isso. Já vi fotos de muitas por aí mostrando suas genitálias na internet em sites específicos, e ao mesmo tempo mostrando seus cotos de forma sensual. Isso já mostra que de coitadinhas e inocentes, estas aí não tem nada. E acho que existe um público perfeito pra essas (os devotees que se focam mais no aspecto sexual).

Geralmente homens devotees sentem mais atração por mulheres amputadas e mulheres devotees sentem mais atração por homens cadeirantes. Essa forma de atração por esses tipos específicos poderia estar na própria natureza masculina e feminina. Feminino em relação ao instinto materno mais acentuado e masculino em relação a homens devotees entenderem cotos como se fossem algo como seios balançando. A idéia é que um instinto materno mais acentuado faria certas mulheres sentirem vontade de querer cuidar de alguém, neste caso, homens que teriam dificuldades de locomoção (cadeirantes) e com outros tipos de problemas debilitantes.

No caso do homem é um pouco mais complicado. É como se o coto fosse algo como um órgão de atração sexual. Isto é, acredito que para muitos, uma mulher com coto pra fora seria como ela estar nua. E então, a sensação de tesão sexual. Normalmente o devotee mais imaturo costuma ficar reparando bastante essas coisas nas ruas do que um que aprendeu a disfarçar melhor o olhar. Isso é importante porque é feio ficar reparando essas coisas, apesar de parecer atraente para nós devotees. Isso mesmo, nós, porque sou um deles! E digo isso aqui porque sou do tipo que cansou de esconder isso a vida toda, 20 anos escondendo isso.

Agora vou abordar o meu caso.


Meu devoteísmo, minha obstinação:

Ele é assim... Do tipo heterossexual, atração especial por cotos e membros finos atrofiados de mulheres somente. Especialmente por amputação ou má formação de perna ou antebraço. Às vezes sinto atração por moças mancando. O meu tipo demanda mais um relacionamento romântico e inspiração através do esforço alheio.

Primeira causa com origem na infância, através de ter antes estudado num ambiente de crianças especiais (não que eu tinha retardo, é porque apenas não tinha interesse em me concentrar no estudo e talvez em função disso um atraso na fala) e provavelmente outras causas desconhecidas. Digo isso porque naquela época, até os 7 anos, já me encantava com esse tipo de coisa. Uma vez cheguei a me aproximar de um garoto e perguntei o que ele tinha no braço... depois disso meus pais me esculacharam e comecei a esconder isso ainda mais na adolescência, apesar de nessa época esse desejo só ter aumentado (tensão na panela de pressão). Antes de estar nesse ambiente, cheguei a ver meu avô com uma só perna... por causa de diabetes. Sei lá, vai ver que aquilo me impressionou de uma forma que depois me interessei por isso... Só tinha uns 4 para 5 anos, época em que os primeiros sinais devoteístas surgiram.

Também depois que fui para uma escola normal, comecei a sentir saudade daquele ambiente, porque lá nunca fui prejudicado como fora desde o primário até o segundo grau em função de eu ser mais velho, gordo e inocente. Foi só depois que saí daquele ambiente que comecei a me sentir mais diminuído. Naquele ambiente, eu mesmo liderava grupinhos, mandava e desmandava (talvez porque eu era o único que não tinha retardo como os outros, era o mais esperto de todos, só tinha um pouco de hiperatividade). Na época tinha de 6 a 7 anos, e tinha lá um de 11 e outro de 13 anos, ainda no terceiro período... No ambiente convencional, queria brincar, mas em função de eu ter sido diferente dos demais, comecei a sofrer de isolamento. Ficava mais com as meninas mesmo no recreio, enquanto meus colegas ficavam jogando futebol (nunca tive aptidão a isso). Sempre me sentira diminuído nas aulas de educação física.

Uma segunda causa importante e que desconfio é minha própria aparência, meu biotipo. Não que eu tenha deficiência, mas sempre tive algumas limitaçõeszinhas, principalmente em relação à atividade esportiva... minha própria miopia, o fato de que sempre fui gordinho e prejudicado socialmente por isso, etc. Meu biotipo não é bom e acho que não é do tipo que, fisicamente falando, contribua com a evolução da espécie humana (às vezes penso em fazer vasectomia). Tendo eu essas impressões, estaria de certa forma próximo à condição destas moças com as quais sinto atração especial. Seleção natural. Meu biotipo não me dá muitas vantagens físicas e por isso na hora de procurar relacionamento, acabo nunca sendo suficientemente atraente. Onde a seleção natural vem, acabo prejudicado, outro toma meu lugar. E isso é fato para muitas pessoas que têm alguma deficiência mais grave. A verdade é que meu próprio organismo ou DNA deve ter muitos genes ruins, e daí acabo socialmente prejudicado. Isso é algo que observei ao longo da vida.

O meu biotipo não se aplica aos ideais construídos por nosso molde social, assim como o de moças com deficiência.

Uma terceira causa foram experiências incomuns, premonições, sonhos/pesadelos, relacionados a amputações... e que isso também teria contribuído a esse meu comportamento, tenha consolidado isso em mim. Imagine você ficar muitas vezes sonhando que partes do seu corpo caem... assim como estar acordado e ter visões de que um dia vai usar prótese de perna. Perceba a gravidade da situação. E eu ainda era pré-adolescente, não tinha a quem recorrer e não podia falar do assunto porque não entendia direito e porque tinha vergonha em função das broncas que recebi no passado por ter algumas vezes ter ficado reparando na deficiência alheia.

Cheguei ao ponto de escolher um dia namorar uma moça def do que eu ter que vivenciar tal drama pressentido muitas vezes. Como se estivesse negociando com deus ou com meu próprio destino, acreditando nisso. Mas pra mim não era problema, porque de qualquer forma sempre tive esse interesse incomum. E mais, a cartomante que fui alguns dias me disse que tenho tendência a acidente com veículos, principalmente motos... E isso bate direitinho com essa paranóia que sempre tive ao longo da vida em relação a trânsito, e em função destas visões, como que um sinal de alerta. Pra mim, a qualquer momento, deus virá com uma serra elétrica e cortar parte de meu corpo fora... Para terem uma idéia de como é essa sensação, ouçam:


E entenderão como é esse meu sentimento, essa expectativa ruim. Uma tendência de fato que te persegue.

Prefiro vivenciar essas premonições na prática através de alguém do que isso ocorrer comigo mesmo (entendam agora porque critico os wannables). E para mim estar me relacionando com uma moça assim de certa forma irá me preparar psicologicamente se caso tiver o azar de uma tragédia do tipo ocorrer (como as situações que pressenti). Para mostrar como trato isso com seriedade, sempre que atravesso uma rua, costumo dar uma corridinha, mesmo com o carro longe. Como se isso fosse um instinto meu de evitar esse tipo de tragédia. Não preciso de vidente ou cartomante para perceber que, se uma tragédia desse tipo ocorrer comigo, segundo essas percepções que tive ao longo da vida, já posso ver de imediato eu sendo tratado como coitadinho e inferiorizado pela sociedade, e isso é algo que sinto que tenho que evitar a todo custo.

Uma quarta causa seria uma espécie de empatia com esse tipo de pessoas que desenvolvi em função daquele ambiente que frequentei no passado. Uma colega minha do primário reclamou dizendo que eu era o único que não ficava implicando com ela (ela tinha atraso de aprendizagem, falta de oxigenação cerebral). Sempre ao longo da vida tinha uma simpatia maior com pessoas assim, e não só a atração sexual. Certamente porque viviam situações similares as que vivi no meu passado, em relação às interações sociais. Em relação às dificuldades de socialização, então eu teria muita coisa a ver com pessoas assim, aumentando ainda mais a minha noção do que elas vivenciariam diariamente e daí então por causa disso essa minha afinidade maior. Conta nisso também que tenho tendência a gostar de ajudar os outros. Em relação a moças com deficiência, não eu fazer as coisas no lugar delas, mas sim dar um apoio moral.

Um quinto motivo adicional seria uma forma minha de me rebelar contra as imposições de gosto na sociedade, contra a indústria da moda. Como se eu estivesse fazendo questão de estar seguindo um caminho inverso das tendências sociais, como se eu quisesse viver ao contrário, para trás, ao contrário da mente coletiva que vive em seu único sentido. Tem portanto questão social envolvida no meu devoteísmo também.

Percebam então que tenho 4 grandes motivos para admitir meu devoteísmo e me obstinar nisso até de fato conseguir me relacionar com alguém desse tipo que sinto mais atração. Pois que moças com corpo perfeito não iriam querer namorar alguém como eu, então, a estratégia é optar por moças com deficiência (sobretudo amputadas). Moças obesas não dariam certo, pois vejo que o relacionamento tenderá a esfriar ao longo prazo. A solução seria achar uma gostosa e bonitona amputada. Como tenho limitações notórias e várias desvantagens, o jeito é fazer uma seleção mais exigente de quem devo me relacionar.

Porém a questão da personalidade conta, mais ainda que a aparência. Personalidade peso 2. Aparência peso 1 na seleção.

Depois pretendo postar mais características do devoteísmo. Por enquanto, fiquem com o principal.


Obs: Atualmente estou afim de uma moça loira que não tem o antebraço esquerdo, aqui mesmo em Niterói. Ela é dentucinha e magrinha, já a vi umas poucas vezes pelas ruas. Dizem que ela é bem simpática. Seria ela a minha solução?


Levando em conta essas minhas causas, no meu caso, vocês acham que é patologia ou se trata somente de questão de formação da personalidade, ou melhor, uma parafilia saudável de alguém que acha certo que moças com deficiência têm direito a um relacionamento e que procura ter um relacionamento saudável com tais?
« Última modificação: 16 de Agosto de 2013, 02:18:26 por Enio »

Offline _Juca_

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Re:Devoteísmo
« Resposta #1 Online: 16 de Agosto de 2013, 09:42:14 »
Não vi nada de muito especial nos seus relatos. Se você sente atração por mulheres com deficiência, isso lhe faz bem e você não prejudica ninguém, foda-se. Arranja uma e casa com ela, tem tudo pra viver bem e ela também.
« Última modificação: 16 de Agosto de 2013, 09:45:16 por _Juca_ »

Offline Enio

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Re:Devoteísmo
« Resposta #2 Online: 16 de Agosto de 2013, 10:25:04 »
Tudo bem, eu apenas queria uma discussão sobre o assunto. Sobre até que ponto isso poderia ou não ser saudável. Assim como poder trazer à tona esse assunto, querer saber o que as pessoas acham disso.

Offline Enio

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Re:Devoteísmo
« Resposta #3 Online: 16 de Agosto de 2013, 19:24:39 »
Porque vejam bem, uma coisa é você gostar de uma pessoa que tem uma deficiência. Outra é você gostar de uma pessoa assim e assumir que sente atração seja pelo membro atrofiado, seja amputado ou até mesmo pela cadeira de rodas... Estou perguntando se isso seria saudável pois se trata de um comportamento bastante incomum (ou talvez nem tanto assim apenas porque muitos preferem esconder isso). E porque isso estaria contra o dito ideal perfeccionista de nossa sociedade. Depois irei abordar aqui um outro assunto relacionado ao devoteísmo, um termo que criei, imperfeccionismo. O imperfeccionismo seria, basicamente, você tentar achar uma perfeição na imperfeição (para o senso comum). Eu seria um imperfeccionista de um tipo que sente atração por moças mutiladas. Mas depois vou me aprofundar nisso.

Ah, e por falar nisso estou criando uma ficção, guerreiras amazonas com partes mecanizadas em seus corpos (mecamazonas). A história conceitual já está pronta, falta terminar as representações artísticas das guerreiras e criar uma história. Uma junção de Cavaleiros do Zodíaco, Predador, Jedi, Deus Ex, Nova Ordem Mundial, etc. Mas haveria um sentido subliminar por detrás desta ficção, induzir ou incentivar o comportamento devoteísta nas pessoas. Claro, para os suscetíveis ao subliminar.
« Última modificação: 16 de Agosto de 2013, 19:28:33 por Enio »

Offline Gigaview

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Re:Devoteísmo
« Resposta #4 Online: 16 de Agosto de 2013, 22:47:26 »
Brandolini's Bullshit Asymmetry Principle: "The amount of effort necessary to refute bullshit is an order of magnitude bigger than to produce it".

Pavlov probably thought about feeding his dogs every time someone rang a bell.

Offline EuSouOqueSou

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Re:Devoteísmo
« Resposta #5 Online: 16 de Agosto de 2013, 23:22:54 »
Tudo bem, eu apenas queria uma discussão sobre o assunto. Sobre até que ponto isso poderia ou não ser saudável. Assim como poder trazer à tona esse assunto, querer saber o que as pessoas acham disso.

Cara, o seu problema eh esse: se preocupar demais com que os outros pensam. Vc eh capaz de levar uma vida nromal, casar, trabalhar, pagar suas contas e ser feliz com isso? Sim, entao foda-se o resto. Va ser feliz.

P.S.: gostaria de me desculpar pelas piadas de mal gosto que ja fiz com a sua pessoa. Vivendo e aprendendo.
Qualquer sistema de pensamento pode ser racional, pois basta que as suas conclusões não contrariem as suas premissas.

Mas isto não significa que este sistema de pensamento tenha correspondência com a realidade objetiva, sendo este o motivo pelo qual o conhecimento científico ser reconhecido como a única forma do homem estudar, explicar e compreender a Natureza.

Offline Enio

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Re:Devoteísmo
« Resposta #6 Online: 17 de Agosto de 2013, 01:20:52 »
Bem, fica aí então o relato de meu caso. Esqueci de dizer que não sou pretender. E muito menos wannable. Também já cheguei a ler artigos assim sobre o assunto e acho que, de certa forma, há muito exagero quando se critica devotees. Como disse, depende de pessoa pra pessoa, não se pode dizer que todo devotee é igual em caráter. Tem gente que fica fazendo indagações filosóficas inúteis que só servem para causar isolamento tanto a si (no caso do deficiente) quanto ao devotee. Indagações que só mais polemizam do que esclarecem o assunto.

Offline Enio

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Re:Devoteísmo
« Resposta #7 Online: 25 de Abril de 2014, 20:13:49 »
Aí, decidi publicar o meu blog sobre devoteísmo. Lá falo tudo sobre o assunto, de forma mais atualizada, tudo muito detalhado, vários assuntos relacionados, incluindo assuntos envolvendo questões éticas voltados a esse comportamento. Sobre minhas experiências até agora envolvendo isso, inclusive muitas artes que fiz e que gostaria que o pessoal desse uma olhada. Inventei um conceito alternativo para a estética, de forma a beneficiar pessoas que tenham certas diferenças (de certa forma incluindo eu que sempre fui muito gordo mesmo), as próprias artes que fiz seriam uma representação prática dessa minha iniciativa. O blog tem como principal objetivo tentar divulgar melhor o assunto, não sob a ótica de um bando de psiquiatras hipocondríacos ou mal intencionados que inventam doença pra lucrar com remédio, mas sob minha ótica e segundo o que pesquisei mesmo...

Assim como através disso tentar legitimizar esse tipo de atração.

Ah, também lá apresento um outro site relacionado, em que estou criando uma ficção que envolve batalha e devoteísmo. Um grupo de atraentes guerreiras silvestres que usam membros artificiais e armas para combater um sistema opressor mundial em expansão, num mundo paralelo mas que tem muita relação com nosso mundo (lá a amazônia é um grande mar de algas e corais com um pouco de floresta, o relevo é diferente e há terras que aqui estão submersas). Lá também apresento algumas artes que fiz e que pretendo fazer ainda mais, inclusive estou pensando em escrever um livro e ainda pretendo ver se consigo algum lucro, e se a história fizer sucesso, quem sabe até vire jogo, filme ou desenho animado... Mecamazonas! Na verdade é outro projeto meu de tentar popularizar o devoteísmo de forma mais disfarçada e claro, conteúdos que envolvem idéias que já tinha há muito tempo, entre outras coisas.

Eis o link: http://devoteismolivre.blogspot.com.br/ (praticamente terminado)
E o site mecamazonas: http://mecamazonas.blogspot.com.br/ (em construção e sujeito a mudança de conteúdo)

Offline Skeptikós

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Re:Devoteísmo
« Resposta #8 Online: 28 de Abril de 2014, 20:07:16 »
"A Parafilia, pela própria etimologia da palavra, diz respeito à "para" de paralelo, ao lado de, "filia" de amor à, apego à. Portanto, para estabelecer-se uma Parafilia, está implícito o reconhecimento daquilo que é convencional (estatisticamente normal) para, em seguida, detectar-se o que estaria "ao lado" desse convencional." (Cf. Psiqeb, Delitos sexuais e parafilias, Vistado em 28/04/2014)

"As considerações com respeito ao comportamento considerado parafílico dependem em um grau muito elevado das convenções sociais reinantes em um momento e lugar determinados; certas práticas, como a homossexualidade ou até mesmo o sexo oral, o sexo anal e a masturbação foram consideradas parafílicas em seu momento, embora agora sejam consideradas variações normais e aceitáveis do comportamento sexual." (Cf. Wikipédia, Parafilia, Vistado em 28/08/2014)

"O DSM-IV fala das Parafilias como uma sexualidade caracterizada por impulsos sexuais muito intensos e recorrentes, por fantasias e/ou comportamentos não convencionais, capazes de criar alterações desfavoráveis na vida familiar, ocupacional e social da pessoa por seu caráter compulsivo. Trata-se de uma perturbação sexual qualitativa e, na CID.10, estão referidas como Transtornos da Preferência Sexual, o que não deixa de ser absolutamente verdadeiro, já que essa denominação reflete o principal sintoma da Parafilia."  (Cf. Psiqeb, Delitos sexuais e parafilias, Vistado em 28/04/2014)

"As parafilias podem ser consideradas inofensivas e, de acordo com algumas teorias psicológicas, são parte integral da psiquê normal — salvo quando estão dirigidas a um objeto potencialmente perigoso, danoso para o sujeito ou para outros (trazendo prejuízos para a saúde ou segurança, por exemplo), ou quando impedem o funcionamento sexual normal, sendo classificadas como distorções da preferência sexual na CID-10 na classe F65.2" (Cf. Wikipédia, Parafilia, Vistado em 28/08/2014)

Como visto acima amigo, a aceitação social é parte constituinte como critério para classificar como parafílico ou como uma parafilia um desejo sexual específico, além também deste critério estão os de o desejo ser predominante, compulsivo e especificamente direcionado a um objeto/ação de desejo não-convencional. No entanto o quadro de parafilia só passa a ser considerado como nocivo ao paciente quando este quadro trás prejuízos psicológicos ao mesmo, ou quando coloca em risco a segurança dele ou de outros, ou dificulta de mais a sua convivência com os demais membros da sociedade em que ele esta inserido.

Abraços!

"Che non men che saper dubbiar m'aggrada."
"E, não menos que saber, duvidar me agrada."

Dante, Inferno, XI, 93; cit. p/ Montaigne, Os ensaios, Uma seleção, I, XXV, p. 93; org. de M. A. Screech, trad. de Rosa Freire D'aguiar

Offline Skeptikós

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Re:Devoteísmo
« Resposta #9 Online: 28 de Abril de 2014, 20:32:20 »
Uma relato interessante sobre a influência cultural na aceitação e até mesmo na motivação/apreciação de um desejo/comportamento sexual não-convencional pode ser encontrada nos Ensaios de Montaigne, do século XVI:

"Dizem na Itália, num provérbio corrente, que não conhece Vênus em sua perfeita doçura quem não se deitou com uma mulher coxa. A fortuna ou algum fato particular puseram, a muito tempo, essas palavras na boca do povo; e isso se diz tanto dos machos quanto das fêmeas. Pois a rainha das amazonas respondeu ao cita que a convidava para o amor, "o coxo é quem faz isso melhor". [...] Pois só pela autoridade do uso antigo e corrente deste provérbio, acreditei outrora ter recebido mais prazer de uma mulher pelo fato de ser ela deformada, o que pus na conta de suas graças." (Cf. Montaigne, Os Ensaios, Uma Seleção, São Paulo: Companhia das Letras, 2010, liv. III, cap. XI, pp. 505,6)

« Última modificação: 28 de Abril de 2014, 20:36:15 por Skeptikós »
"Che non men che saper dubbiar m'aggrada."
"E, não menos que saber, duvidar me agrada."

Dante, Inferno, XI, 93; cit. p/ Montaigne, Os ensaios, Uma seleção, I, XXV, p. 93; org. de M. A. Screech, trad. de Rosa Freire D'aguiar

Offline Enio

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Re:Devoteísmo
« Resposta #10 Online: 01 de Maio de 2014, 10:35:16 »
Hmmm... Interessante... É verdade que a parafilia tem relação com um intenso impulso sexual, mas acredito que há uma razão por detrás disso, isso é, uma espécie de identidade da pessoa com a característica incomum que a atrai. No meu caso, como tenho atração pelas diferenças estéticas, isso tem relação com ambientes que frequentei na infância, contato com pessoas com tais diferenças (não gosto muito de chamar de deficiência por ser um termo pejorativo), entre outras vivências que determinaram essa atração em mim. E isso tem relação com o fato de que, de certa forma, acho tenho uma maior facilidade para me envolver com pessoas que passam por dificuldades sociais similares as que vivenciei e vivencio, sendo neste caso, a diferença alheia como uma das causas.

Eu acho sim, que o devotee deve não só ver a diferença na pessoa, mas a pessoa como um todo. Eu mesmo, se tivesse uma deficiência, e se uma devotee só visse em mim a deficiência, iria me sentir mais afastado dela do que se ela realmente gostasse de mim como um todo, não só por isso. E se tivesse, preferiria me relacionar com uma devotee de qualquer jeito, por que assim também iria me sentir mais incluído, isso é, ela não gostaria de mim apesar disso, mas também por isso.

E vou ser sincero, eu não levo muito esse tal DSM muito a sério porque tem muitos "transtornos" aí que são inventados. Como no caso do TDAH que, pelo que vi numa matéria, não existe, só foi criado para quem idealizou isso faturar com a indústria farmacêutica. Em função de situações como essa acabei perdendo confiança nessas definições. Eu acho sim, que estas definições, algumas vezes, que os tais psiquiatras dão estão baseadas na ignorância e preconceito, não numa ciência verdadeira. E isso é ruim, porque às vezes você pode não ter nada demais e ainda assim ser diagnosticado com uma doença que não existe e inventada para fins lucrativos, e daí isso lhe trazer sofrimento e se prender num tratamento inútil.

Você não ter nada demais e ficar sofrendo porque acha que tá doente. Quase passei por isso.

Se bem que, na psiquiatria, a parafilia é o máximo que vi em termos de devoteísmo. Ainda bem que não é considerada psicose.

Já, por exemplo, sadomasoquismo é uma parafilia beeeeeeeeeeeem pior.

E me atrevo a dizer, acho que a maioria desses que "criam" ou catalogam desordens psíquicas são ou mal intencionados (fazem isso meramente para lucrar com remédios ou tratamento) ou são eles doentes hipocondríacos. Eu acho sim que os catálogos que eles criam nos fazem sentir doentes, hipocondríacos. Daqui a pouco vai ter DSM dizendo que toda criança nasce com um transtorno porque ela se sente mal com o novo ambiente que lhe propicia a vida. Ou então que toda manifestação emocional é uma desordem psicológica ou então que o simples fato de escolher desobedecer é um transtorno de desobediência. Ou então, veja essa, que todo crente tem transtorno de irrealidade convictiva. Ridículo, no mínimo.

Veja como é fácil criar uma doença, bastando para isso observar comportamentos que ainda não fora, catalogados como doença, assim como você ser um profissional de alto escalão para ter autoridade suficiente para tachar mais pessoas de doentes mentais.
« Última modificação: 01 de Maio de 2014, 11:19:11 por Enio »

Offline Skeptikós

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Re:Devoteísmo
« Resposta #11 Online: 01 de Maio de 2014, 12:15:49 »
Eu não vejo a catalogação psicopatológica de parafilia como algo negativo e que seja capaz de fazer os outros se sentirem mal. Como mostrado no artigo postado pelo Gigaview, muitas pessoas se sentiram incluídas,  acolhidas e mais naturais ao descobrirem que existiam outros com desejos e vontades sexuais iguais ao deles, e isso não se faria possível se não houvesse uma catalogação psicopatológica formal de parafilias, que incluísse por exemplo o desejo e vontade sexual não convencional dessas pessoas, capaz de formar formalmente um grupo de pessoas com este mesmo desejo sexual em comum, fazendo elas então se sentirem incluídas, e não mais a sós e estranhas por acreditarem serrem a únicas com tal tipo de desejo que se desvia do natural (converncional).

Vejo que você tem uma especie de neura com o fato de seu desejo não convencional ser considerado uma psicopatologia, o problema não esta em ele ser considerado uma psicopatologia ao meu ver, mas sim em você próprio julgar como pejorativo esta categorização, não a mal algum em apresentarmos comportamentos/estados mentais catalogados como psicopatológicos, na medida que isso é apenas um rótulo com o objetivo de explicar formalmente e explicitamente tal comportamento/vontade que supostamente se desvia do normal/convencional, e que em alguns casos pode ser tratado e amenizado caso esteja ser prejudicial para aquele que o porta.

E como alertado acima, tais desvios são até saudáveis na medida em que não limitam/prejudicam em algum nível a vida e vivência da pessoa que o porta.

Eu vejo como positivo o estudo psicopatológico, é graças a ele que podemos tratar por exemplo com maior eficiência psicoses e neuroses, esquizofrenias etc. e quem sabe, promover esta maior aceitação social de comportamentos/desejos sexuais desviantes do convencional como no caso das parafilias por exemplo.

Abraços!
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