Vi uma entrevista com os autores do livro "death from a distance - and he birth of a humane universe", que é mais ou menos como se fosse um "prólogo" de "armas, germes e aço", se focando em "armas." O ponto de partida é que Homo sapiens tem uma anatomia diferenciada nos ombros que permite arremessar objetos com destreza não equiparada por outros primatas, ou outros hominídeos. Inicialmente essa habilidade teria sido usada numa forma mais ativa de ser "carniceiro", roubar a caça de predadores, sem se expor ao risco de enfrentá-los de perto. Isso seria feito coletivamente, não individualmente, o que aumentaria muito a eficácia do método. Esse método no entanto viria a ser "exaptado" para "imposição da lei" dentro dos grupos humanos, por permitir que um grupo puna um ou mais indivíduos ao mesmo tempo em que essencialmente elimina os riscos de combate corpo-a-corpo. Isso teria sido o que nos permitiu ter um "altruísmo" para além do altruísmo por parentesco próximo, e as fundações de grupos/tribos maiores. Os autores prosseguem a análise com a invenção de novas armas, e supõem que seja essencialmente a mesma lógica por trás da origem do estado e da democracia.
Eu não tenho certeza quanto a generalização por toda a história, mas achei bem interessante a fase pré-histórica da idéia. Acho que talvez ajude a explicar bastante o padrão de extinção dos neandertais e outros hominídeos contemporâneos. Homo sapiens não seria necessariamente muito mais inteligente, apenas teria uma artilharia como vantagem, e grupos mais numerosos, competindo pelos mesmos recursos, quando seus habitats se aproximavam. Isso deve conduzir a massacres esporádicos e miscigenação limitada, em comparação com uma situação mais de "igual para igual". Eu costumava supor algo mais "aleatório" para a tomada de lugar pelos sapiens, como estarem trazendo novas doenças, e achava um tanto fantasiosa/arrogante a noção de superioridade bélica sem esse dado específico. Mas essa versão não só mostra uma superioridade bélica crível, como também desfaz um pouco das noções "glamurosas" dos homens pré-históricos como caçadores implacáveis. Embora eventualmente caçassem, inicialmente estariam apenas roubando caça de predadores propriamente ditos. (O que incidentalmente acho que é um ótimo modelo para domesticação dos lobos/cães).
Só estou achando meio estranhos uns aspectos de "marketing" da coisa. Já estão falando em vender "cursos". E também eles se mostram bem claramente a favor de intervenções militares em outros países. Fica parecendo uma mistura de modismos de "paleo dietas" e "paleo exercícios", com um "o segredo", só que cooptado como uma espécie de roupagem cientificóide para ideais dos NRA da vida. Não que não existam bons pontos em se argumentar contra desarmamento da população, de qualquer forma.
Tem um mp3 da entrevista aqui:
http://newbooksinhistory.com/2010/04/30/p-bingham-and-j-souza-death-from-a-distance-and-the-birth-of-a-humane-universe/Ainda não vi:
https://www.youtube.com/v/L-puuzZpGBEFico curioso sobre as possíveis críticas que isso poderia ter, não conheço o quanto isso (especialmente as generalizações do "princípio") poderia ser compatível com o conhecimento antropológico e histórico.