Autor Tópico: Autismo no Fantástico  (Lida 974 vezes)

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Autismo no Fantástico
« Online: 25 de Setembro de 2013, 17:48:41 »
Não vi a matéria,  mas ela gerou uma repercussão negativa no meio. A seguir uma nota do MPASP.
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Autismo no Fantástico: um desserviço à população

Enviado ter, 24/09/2013 - 14:18 por Patricia Villas-Bôas

Movimento Psicanálise Autismo e Saúde Pública
O OIA apóia a manifestação pública do MPASP contra a série do fantástico Autismo: Universo Particular,  e sente-se representado por suas colocações.

São Paulo, 21 de setembro de 2013.

Movimento Psicanálise, Autismo e Saúde Pública

Carta aberta ao Fantástico e ao Dr. Dráuzio Varella sobre a série Autismo: Universo Particular

Nós, integrantes do Movimento Psicanálise, Autismo e Saúde Pública (MPASP), que reúne profissionais (psiquiatras, psicólogos,  pediatras, neurologistas, psicanalistas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, acompanhantes terapêuticos, psicopedagogos) que trabalham no campo da saúde mental inseridos em diversas instituições clínicas e acadêmicas disseminadas pelo Brasil, na rede pública e privada, assistimos à série “Autismo: Universo Particular”, apresentada pelo dr. Dráuzio Varella no Fantástico, e vimos, por meio desta, apontar o que consideramos como faltas éticas e desconhecimentos científicos cometidos pelo programa.

Buscamos assim contribuir para com o esclarecimento à população, favorecendo que  programas jornalísticos e de divulgação científica possam trazer informações sérias e efetivas sobre o autismo e seu tratamento, uma vez que se trata de um tema da maior relevância para a saúde pública atual.

Seguem alguns pontos a destacar:

Da forma como foi conduzida, a série praticamente posiciona-se contra o SUS; ao dizer que “nada funciona”, resulta em difamação e em umademonstração de total desconhecimento das inúmeras experiências de sucesso no tratamento de pessoas com autismo nos Centros de Atenção Psicossocial(CAPS) e outros órgãos da rede pública de saúde e nas instituições a ele conveniadas que têm produzido relevantes trabalhos nas terapias de autismo no Brasil.
Isso acontece em um momento crucial para o tratamento das pessoas com autismo e seus familiares, já que estão sendo definidas políticas públicas fundamentais destinadas a nortear o tratamento e o diagnóstico nos equipamentos do SUS (como as lançadas no documento Linha de Cuidado para a Atenção das Pessoas com Transtorno do Espectro Autista e suas famílias na Rede de Atenção Psicossocial do Sistema Único de Saúde/SUS - Ministério da Saúde, abril, 2013),

A série apresentou uma visão reducionista do autismo, especialmente quanto ao seu diagnóstico e tratamento, ignorando as  contribuições clínicasexistentes, entre elas, as advindas da concepção psicanalítica em equipe interdisciplinar desenvolvidas há mais de 70 anos.
A série  demonstrou desconhecimento acerca dos relevantes efeitos clínicos da detecção e intervenção precoce ao apresentar o autismo como “incurável”. Os progressos científicos produzidos interdisciplinarmente no campo da primeira infância no diálogo entre psicanálise e neurociência têm revelado que os primeiros meses de vida se caracterizam por uma extrema plasticidade neuronal, configurando possibilidades de recuperação orgânica. Os progressos científicos demonstram também que não nascemos com nosso organismo pronto, já que tanto a formação da interconexão neuronal quanto a manifestação de nossa carga genética dependem de fatores ambientais (epigenéticos), entre eles a relação com as outras pessoas como fator fundamental para os humanos.
A série é questionável no que se refere à exposição das crianças. Para um autista, esse nível de invasão recrudesce sua posição de exclusão, e nada justifica tal atitude.
É lamentável que um programa tão assistido e com um tema que exige tanto esclarecimento público não tenha sido capaz de apresentar os aspectos básicos para a abordagem de um problema de saúde premente e complexo como o autismo. Ao privar o telespectador de informações valiosas e necessárias – e conduzi-lo a uma visão comprometida e empobrecedora –, o programa produz ainda mais sofrimento nas famílias.

Sobre o diagnóstico precoce

A importância do diagnóstico precoce foi colocada de maneira distorcida pelo programa. Não há dúvidas em relação à diferença que o diagnóstico precoce pode produzir no tratamento, favorecendo-o, e toda a comunidade científica está de acordo em relação a isso. Mas considerar, como foi feito no programa, que nos Estados Unidos o estado da arte está mais evoluído porque o diagnóstico de autismo é realizado antes dos três anos é um desserviço. Documento produzido pelo Ministério da Saúde em abril deste ano – Linha de Cuidado para a Atenção das Pessoas com Transtorno do Espectro Autista e suas famílias na Rede de Atenção Psicossocial do Sistema Único de Saúde/SUS – e que segue recomendação da Organização Mundial de Saúde, afirma (pág. 50): “Por apresentarem mais sensibilidade do que especificidade é oficialmente indicado que o diagnóstico definitivo de Transtorno do Espectro Autista (TEA) seja fechado a partir dos três anos, o que não desfaz o interesse da avaliação e da intervenção o mais precoce possível, para minimizar o comprometimento global da criança (Bursztejn et al, 2007, 2009; Shanti, 2008, Braten, 1988, Lotter, 1996)”. Antes dessa idade não se deve fechar o diagnóstico, pois ainda se trata de um bebê em pleno processo de constituição.

Na página 54, o mesmo documento afirma: “Embora os primeiros sinais de Transtornos do Espectro do Autismo se manifestem antes dos três anos, é a partir dessa idade que um diagnóstico seguro e preciso pode ser feito, pois os riscos de uma identificação equivocada (o chamado falso-positivo) são menores.” Até lá, trabalha-se com critérios cientificamente comprovados (por pesquisas referendadas e validadas no circuito acadêmico) de Risco Psíquico para o Desenvolvimento e Sofrimento.

Promover e propagandear em um programa televisivo de cunho jornalístico o diagnóstico fechado de uma patologia antes do tempo recomendado pode ter o efeito de que se deixe de investir em uma possibilidade de mudança. Essa é uma postura irresponsável por produzir efeitos iatrogênicos, para bebês e crianças que ainda estão em pleno processo de constituição e que, portanto, não têm um destino definido, levando ao risco de produzir uma epidemia de autismo

Trabalho clínico interdisciplinar de referencial psicanalítico

Outro aspecto que ficou muito aquém do desejável foi a necessidade de uma discussão interdisciplinar dos casos e a consideração da multiplicidade de fatores correlacionados ao autismo que não se limitam a aspectos orgânicos (de genética, lesões ou deficiências), levando o telespectador  a uma visão reducionista dando a entender  que no autismo haveria uma única causa em jogo e uma única forma de tratamento: a terapia comportamental, como caminho autossuficiente.

Para tratar de crianças e adultos com autismo, não basta descrever que observam o mundo de forma fragmentada; é preciso dizer como é possível ajudá-los a encontrar saídas para esse estado. Tentar “ensinar” sentimentos, como observamos na série, também não resolve. É preciso ajudar o paciente a fazer uso das palavras a fim de representar seus afetos para poder compartilhá-los com as outras pessoas.

O trabalho clínico interdisciplinar de referencial psicanalítico abre inúmeras possibilidades para que cada pessoa com autismo possa construir laços sociais, partilhar a celebração de viver e contribuir para a sociedade. Também permite que os pais, muitas vezes desalentados pelo isolamento de seus filhos, possam ampliar a partir das intervençoes terapêuticas os momentos de troca, contato e reconhecimento mútuo. Favorece o processo de crescimento, desenvolvimento e constituição psíquica do filho e possibilita que as aquisições de linguagem, aprendizagem e psicomotricidade sejam efetivas apropriações do filho com as quais ele possa circular socialmente (na familia ampliada, na escola, na cidade), não de um modo simplesmente adaptativo, mas guiado fundamentalmente pelos seus interesses singulares. Quando realizado com bebês, , permite intervir a tempo, reduzindo enormemente e, em alguns casos, possibilitando a  remissão de traços de evitação na relação com o outro.

Questão educacional

No que tange à educação e escolarização, os integrantes do MPASP, a partir de inúmeras experiências clínicas de inclusão bem-sucedidas, ressaltam a importância de propiciar, sempre que for possível e benéfico para a criança, sua inclusão nas escolas regulares, ou seja, o diagnóstico de autismo não deve configurar per se indicação de escola especial, sob o risco de incorrer numa visão segregacionista.

Uma chance perdida

Pelo exposto acima, o Movimento Psicanálise Autismo e Saúde Pública (MPASP), do qual fazem parte cerca de 500 profissionais que atuam em mais de 100 instituições nacionais (públicas, privadas e não governamentais), considera que a série Autismo: Universo Particular foi um desserviço, uma chance perdida de alcançar maciçamente o público leigo com informação de qualidade.

Mais lamentavel ainda é que a produção desse programa tenha ignorado essas informações enviadas pelo MPASP, enquanto o programa ia ao ar, dispostos que estávamos e estamos a colaborar com a informação nesse âmbito e ampliar a visão reducionista exposta pelo programa.

O MPASP se coloca à disposição dos meios de comunicação para apresentar caminhos possíveis de tratamento que não se restringem a treinamentos e possibilitam ampliar e viabilizar os modos singulares de ser das pessoas com autismo.

Movimento Psicanálise, Autismo e Saúde Pública/MPASP

Informações: http://psicanaliseautismoesaudepublica.wordpress.com/about/

Instituições participantes

Universidades:FEUSP,FMUSP, Grupo de estudo sobre a criança (e sua linguagem) na clínica psicanalítica – GECLIPS/UFUMG, IPUSP, PUC /RJ, Psicologia PUC /SP, Fono PUC/SP, UERJ, UFBA – ambulatório infanto-juvenil da Residência em Psicologia Clínica e Saúde Mental do Hospital Juliano Moreira/UFBA-SESAB, UFMG Laboratório de Estudos Clínicos da PUC Minas, UFPE, UFRJ, UFSM, UnB, Unesp Bauru, UNICAMP, Univ. Católica de Brasília, Setor de Saúde Mental do Departamento de Pediatria da UNIFESP, Centro de Referência da Infância e da Adolescência – CRIA/UNIFESP, DERDIC/PUCSP, Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais (FCMMG), UNIFOR. Instituições de Psicanálise: ALEPH – Escola de Psicanálise, Associação Psicanalítica de Curitiba- APC, Circulo Psicanalítico MG – CPMG, Círculo Psicanalítico de Pernambuco – CPP, EBP/SP ( escola brasileira de psicanálise), EBP/MG ( escola brasileira de psicanálise),  EBP/RJ  (escola brasileira de psicanálise), Escola Letra Freudiana, Espaço Moebius/BA, Laço Analítico, Escola de Psicanálise dos Fóruns do Campo Lacaniano – Brasil (EPFCL-Brasil), Fórum do Campo Lacaniano – São Paulo (FCL-SP), Rede de Pesquisa sobre as Psicoses do FCL-São Paulo, Rede Brasil Psicanálise Infância/ FCL, IEPSI, Associação Psicanalítica de Porto Alegre -APPOA, Instituto APPOA, IPB ( instituto de psicanálise brasileiro), Intersecção Psicanalítica do Brasil/NEPP, Grupo que estuda a clinica com bebês e as intervenções precoces da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo, Grupo de Estudos e Investigação dos TGD da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo, Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae (SEDES), Departamento de Formação em Psicanálise do Instituto SEDES, Departamento de Psicanálise de Crianças do Instituto SEDES, Departamento de Psicossomática Psicanalítica do Instituto SEDES, Núcleo de Investigação Clínica Hans da Escola Letra Freudiana, Sigmund Freud Associação Psicanalítica/RS, GEP/Campinas, NEPPC/SP, Instituto da Família –IFA/SP, Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo, Invenção Freudiana – Transmissão da Psicanálise. Centros de atendimentos não governamentais: Ateliê Espaço Terapêutico/RJ, Attenda/SP, Centro de Atendimento e Inclusão Social, CAIS/MG, Carretel – Clínica Interdisciplinar do Laço/SP, Carrossel/BA, Centro da Infância e Adolescência Maud Mannoni CIAMM, CERSAMI de Betim, Centro de Estudos, Pesquisa e Atendimento Global da Infância e Adolescência – CEPAGIA/Brasília/DF, Clínica Mauro Spinelli/SP, Clube/SP, CPPL – Centro de Pesquisa em Psicanálise e Linguagem, Centro de Pesquisa em Psicanálise e Linguagem de Recife – CPPL, Escola Trilha, ENFF, Espaço Escuta de Londrina, Espaço Palavra/SP, GEP-Campinas, Grupo Laço/SP, Grupo de Pesquisa CURUMIM do Instituto de Clínica Psicanalítica/RJ, Incere, Instituto de Estudo da Familia INEF, Insituto Langage, Instituto Viva Infância, LEPH/MG, Lugar de Vida, Centro Lydia Coriat de Porto Alegre, NIIPI/BA, NINAR – Núcleo de Estudos Psicanalíticos, NÓS – Equipe de Acompanhamento Terapêutico, Projetos Terapêuticos/SP, Trapézio/SP, Associação Espaço Vivo/RJ. Clínica Psicológica do Instituto Sedes Sapientiae/SP. Centros de atendimentos do governo: Caps Pequeno Hans/RJ, Capsi Guarulhos/SP, Capsi-Ipiranga/SP, Capsi-Lapa/SP, Capsi Mauricio de Sousa/Pinel-RJ, Capsi Mooca/SP, CAPSI-Taboão/SP, CAPSI de Vitória, CARM/UFRJ, NASF Brasilandia/SP, NASF Guarani/SP, UBS Humberto Pasquale/SP, Centro de Orientação Médico-Psicopedagógica – COMPP/SES-DF, Capsi COMPP/SES-DF, Capsi Campina Brande/PB.Associações:ABEBÊ – Associação Brasileira de Estudos sobre o Bebê, ABENEPI/Maceió, ABENEPI/RJ, ABENEPI/BSB, Associação Metroviária do Excepcional AME, Associação Universitária de Pesquisa em Psicopatologia Fundamental, CRP/SP (conselho regional de psicologia). Hospitais: Centro Psíquico da Adolescência e Infância da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (CePAI/FHEMIG), CISAM/UPE – Centro Integrado de Saúde Amauri de Medeiros – Universidade de Pernambuco, HCB (Hospital da Criança de Brasília), Serviço de psicossomática e saúde mental do Hospital Barão de Lucena -HBL/ Recife, Hospital Einstein, IEP/HSC Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital de Santa Catarina, Hospital Pinel, Hospital das Clínicas – Universidade de Pernambuco.Revista: Revista Mente e Cérebro. Grupo de pesquisa: PREAUT BRASIL, Grupo de pesquisa IRDI nas creches.
http://jornalggn.com.br/blog/patricia-villas-boas/autismo-no-fantastico-um-desservico-a-populacao

Alguém viu a matéria?

EDIT: uma arrumada na formatação.
« Última modificação: 26 de Setembro de 2013, 15:50:54 por Derfel »

Offline Dr. Manhattan

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Re:Autismo no Fantástico
« Resposta #1 Online: 25 de Setembro de 2013, 17:53:54 »
Não cheguei a ver, mas tenho amigos que têm filhos autistas e eles adoraram o programa.


Pessoalmente, desconfio de gente como os signatários, que defende terapias psicanalíticas para esse tipo de condição, mas não tenho conhecimento suficiente para julgar.
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Alan Watts

Offline Gaúcho

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Re:Autismo no Fantástico
« Resposta #2 Online: 25 de Setembro de 2013, 18:01:25 »
Eu até quero ler, mas esses textos gigantes sem formatação e parágrafo me dão dor de cabeça.
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Offline Dr. Manhattan

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Re:Autismo no Fantástico
« Resposta #3 Online: 25 de Setembro de 2013, 18:09:07 »
Lendo "por cima", parece que em resumo o texto diz: "É errado fechar um diagnóstico precocemente (antes dos 3 anos) o que pode levar a falsos positivos" - concordo. Fora isso, tem também uma boa dose de "blá blá blá estão difamando as terapias com referencial psicanalítico blá blá blá" *

Não tenho uma boa imagem da psicanálise, por isso desconfio dessa segunda parte. Mas como disse antes, sou apenas um leigo.



*O blá blá blá não é sarcasmo, mas é só que o texto é mal escrito e redundante.
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Alan Watts

Offline Derfel

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Re:Autismo no Fantástico
« Resposta #4 Online: 25 de Setembro de 2013, 19:51:09 »
Meu crtl c ctrl v não copia formatação.

Offline Digão

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Re:Autismo no Fantástico
« Resposta #5 Online: 25 de Setembro de 2013, 19:54:31 »
Embaixo do texto postado tem o link para a notícia, que está formatada.

Offline Südenbauer

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Re:Autismo no Fantástico
« Resposta #6 Online: 26 de Setembro de 2013, 00:34:33 »
Achei a série muito boa. Essas séries do Dráuzio Varella podem não agradar aos especialistas nos assuntos que ele aborda, mas não dá para negar que iluminam o espectador comum com informações muito úteis e didáticas.

Mas haters always gonna hate.

Offline Fabrício

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Re:Autismo no Fantástico
« Resposta #7 Online: 26 de Setembro de 2013, 06:12:26 »
Achei a série muito boa. Essas séries do Dráuzio Varella podem não agradar aos especialistas nos assuntos que ele aborda, mas não dá para negar que iluminam o espectador comum com informações muito úteis e didáticas.

Mas haters always gonna hate.

2

Claro que não é um tratado científico sobre o autismo, foi uma série para leigos mesmo (como eu). Achei bem útil, pode alertar os pais que tem algum filho problemático de que o problema pode ser autismo. O Dráuzio Varela é bem didático e, conhecendo a programação da TV aberta, mesmo sendo básicas as séries de reportagens dele geralmente tem um padrão acima da média.

Não vejo razão para mimimi.
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Offline Pasteur

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Re:Autismo no Fantástico
« Resposta #8 Online: 26 de Setembro de 2013, 08:23:24 »
Parece que o autismo não responde muito bem à psicanálise e o MPASP sentiu o dedo na ferida com a matéria do Fantástico.

Offline Derfel

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Re:Autismo no Fantástico
« Resposta #9 Online: 26 de Setembro de 2013, 09:05:29 »
Pelo o que entendi, seria justamente o contrário.

Offline Pasteur

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Re:Autismo no Fantástico
« Resposta #10 Online: 26 de Setembro de 2013, 09:45:15 »
O MPASP não aprovou o programa pois não foi dado a importância que a psicanálise supostamente mereceria. Pelos comentários abaixo do artigo dá pra ver muita gente criticando a psicanálise no tratamento a autistas, inclusive comentário de um psicanalista com um filho autista, criticando esse tratamento. Acho que o Drauzio Varella nem deu bola pra eles, pois foi tentado um diálogo durante a série de programas.

Offline Barata Tenno

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Re:Autismo no Fantástico
« Resposta #11 Online: 26 de Setembro de 2013, 12:40:52 »
Fora a defesa do SUS, todos os comentários, sem exceção, de pessoas com filhos autistas dizem que não conseguiram atendimento decente na rede pública.
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Offline Gaúcho

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Re:Autismo no Fantástico
« Resposta #12 Online: 26 de Setembro de 2013, 12:47:29 »
Capaz, o SUS beira a perfeição.
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Offline Dr. Manhattan

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Re:Autismo no Fantástico
« Resposta #13 Online: 26 de Setembro de 2013, 12:49:49 »
O MPASP não aprovou o programa pois não foi dado a importância que a psicanálise supostamente mereceria. Pelos comentários abaixo do artigo dá pra ver muita gente criticando a psicanálise no tratamento a autistas, inclusive comentário de um psicanalista com um filho autista, criticando esse tratamento. Acho que o Drauzio Varella nem deu bola pra eles, pois foi tentado um diálogo durante a série de programas.

Acho que o comentário que você mencionou foi este:

Citação de: Cyntia Mesquita Beltrão
Psicanálise e mimimi

qua, 25/09/2013 - 17:36

Eu era psicanalista até ter um filho autista. Foi aí que eu conheci a face anacrônica, retrógrada, proselitista e principalmente mercantilista da Psicanálise.

É uma pena, porque eu duvido que meu querido Sigmund concordasse com o que virou seu construto teórico. Lá no Projeto para uma Psicologia Científica, nos Três Ensaios e em Análise Terminável e Interminável ele já dizia que esperava que muito de sua proposta fosse rechaçada pelo progresso científico. Novas descobertas no campo na neurologia provavelmente iriam de encontro ao que ele postulava e para ele isso era natural. Ora, Freud era neurologista de formação! Ele dizia que a teoria era similar a um andaime que deveria ser retirado quando a construção já tivesse bases mais sólidas. Infelizmente os psicanalistas pararam com o progresso, arvoraram-se na teoria já pronta (Lacan, que o diga, com seu retorno a Freud) e hoje vivem uma ridícula situação de estudar os andaimes como se fossem obras primas de arquitetura!

A lógica que rege a produção intelectual atual da Psicanálise é circular. Psicanalistas escrevem e falam para psicanalistas, formam e analisam novos psicanalistas e depois basicamente vivem de orientar e analisar esses asseclas que os defenderão com unhas e dentes porque simplesmente não conhecem qualquer outra forma de produção de saber. Sob a supervisão dos seus ídolos continuarão a repetir que a Psicanálise “não é testável” e portanto não tem que prestar contas de seus resultados, mesmo sendo a orientação teórica mais utilizada dentro dos serviços públicos de saúde no Brasil. Também se recusarão a estudar e conhecer outras práticas e teorias com a desculpa de que estas são reducionistas, biologicistas e mecanicistas. E essa lenga lenga será reproduzida sem questionamento em jornadas, seminários e periódicos psicanalíticos por todo o Brasil, Argentina e França, que são basicamente os países que ainda dão algum subsídio para a Psicanálise.

Mas na França a batata da Psicanálise já começou a assar. Depois da censura contra o documentário O Muro (censura criticada pelos próprios Repórteres sem Fronteiras)

http://www.supportthewall.org/2012/02/reporters-without-borders-documentary-filmmaking-threatened-by-court-ruling-on-autism-documentary/

que denunciou o tratamento deficitário dado aos autistas franceses por instituições e profissionais de orientação psicanalítica, temos agora a resolução do HAS (que seria traduzido como Autoridade Máxima em Saúde francesa) que recomenda técnicas comportamentais e educacionais para o tratamento do autismo, em detrimento da Psicanálise:

http://www.supportthewall.org/2012/03/the-connexion-victory-against-psychoanalysis-for-children-with-autism-in-france-and-our-analysis/

http://connexionfrance.com/victory-success-autism-psychoanalysis-methods-13524-view-article.html

Os vários grupos de pais e amigos dos autistas comemoram, já que na França a taxa de inclusão de autistas na escola é de apenas 20% contra 60% na Suécia e outros países. Pais de autistas saem da França para buscar tratamento na Bélgica, por considerarem deficitário o sistema francês:

http://m.bbc.co.uk/news/magazine-17583123

No Brasil, como podemos ver pela carta acima, ainda temos uma influência enorme da Psicanálise nos serviços de saúde públicos e nos consultórios particulares, com consequências desastrosas para os nossos autistas. Psicanalistas dizem que trabalham visando a estimulação precoce mas a sua proposta de “deixar falar o sujeito do inconsciente” atrasa as intervenções em meses ou anos por vezes. Seu modelo de intervenção é baseado na interpretação do que esse “sujeito do inconsciente” tenta exprimir, ao seu próprio tempo e do seu próprio jeito. Seria uma bela proposta se não se traduzisse em atraso, desestímulo e finalmente em indivíduos pouco funcionais, dependentes e com problemas de comunicação. O pouco que se caminha com esses autistas se deve mais à equipe multidisciplinar (fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e pedagogos) que felizmente ocupa o vácuo deixado pelo trabalho psicanalítico.

Em Belo Horizonte essa dominância da Psicanálise ainda teve o efeito colateral de atrasar ano passado a aprovação de uma lei que beneficiaria o autista com o estatuto de deficiente, facilitando o acesso à inclusão social através de passe livre nos ônibus, tratamento diferenciado em postos de saúde e hospitais, além de prever a criação de centros de tratamento ambulatoriais específicos para os autistas, que hoje em dia perambulam pelos CERSAMs e Centros Psiquiátricos infantis que são totalmente despreparados para recebê-los. Foi a Psicanálise que orientou o veto do prefeito. Felizmente o trabalho de pais e profissionais incansáveis e que sabem o que é um autista grave no cotidiano de uma família conseguiram derrubar o veto. Trabalhamos agora pra ver a lei totalmente implementada.

Eu realmente tentei ficar longe dessa discussão mas não pude me abster depois de ver essa crítica à série do Fantástico, que, se não foi excelente, foi o melhor que pode ser feito no seu tempo reduzido de veiculação.

Fiquem atentos, leitores. A crítica dos psicanalistas tem muito, mas muito mesmo de defesa de mercado e pouco de critério verdadeiramente científico.

EDIT: Faltou o nome da autora do comentário. O comentário seguinte concorda com ela:

Citação de:  Rodrigo Nin

Enviei a matéria a um experiente neuro-pediatra especializado em autismo. Ele disse que assistiu a este Fantástico e que o que o Dráusio falou foi muito correto.

Ele tem trocentas críticas ao fantástico mas este ele assistiu pq falava de autismo, e gostou.

Ele disse que este grupo que está criticando é de psicanalistas e que eles sim, falam um monte de besteiras, tipo que só a partir dos 3 anos que um diagnóstico seguro e preciso pode ser feito.

Disse que é justamente um diagnostico antes dessa idade que pode dar a chance de dar à criança uma melhor sociabilidade.
« Última modificação: 26 de Setembro de 2013, 12:52:11 por Dr. Manhattan »
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Alan Watts

Offline Pasteur

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Re:Autismo no Fantástico
« Resposta #14 Online: 26 de Setembro de 2013, 14:05:45 »
Forte a explanação dessa ex psicanalista! Muito esclarecedora!


Offline Osler

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Re:Autismo no Fantástico
« Resposta #16 Online: 26 de Setembro de 2013, 20:06:53 »
Eu acho as reportagens do Drauzio no geral muito boas, considerando as limitações de um veículo de massa como a TV e a dificuldade em se explanar assuntos mais técnicos para leigos
“Como as massas são inconstantes, presas de desejos rebeldes, apaixonadas e sem temor pelas conseqüências, é preciso incutir-lhes medo para que se mantenham em ordem. Por isso, os antigos fizeram muito bem ao inventar os deuses e a crença no castigo depois da morte”. – Políbio

 

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