Autor Tópico: IBGE: analfabetismo cresce pela primeira vez desde 1998  (Lida 1412 vezes)

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IBGE: analfabetismo cresce pela primeira vez desde 1998
« Online: 28 de Setembro de 2013, 20:47:46 »
http://noticias.terra.com.br/educacao/ibge-analfabetismo-cresce-pela-primeira-vez-desde-1998,e5e1e55448c51410VgnVCM3000009acceb0aRCRD.html



O analfabetismo no País, que vinha em queda constante desde 1998, voltou a crescer no ano passado, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foram identificadas 13,2 milhões de pessoas que não sabiam ler nem escrever, o equivalente a 8,7% da população total com 15 anos ou mais de idade. Em 2011, eram 12,9 milhões de analfabetos, o equivalente a 8,6% do total. Em 2004, a taxa de analfabetismo brasileira chegava a 11,5%. Os dados estão na Pesquisa Nacional Por Amostra de Domicílios (Pnad 2012), divulgada nesta sexta-feira. O levantamento consultou 147 mil domicílios em todo o Brasil.

“Ainda não dá para considerar essa variação como definitiva. É algo que precisa ser avaliado num maior espaço de tempo, pode ser uma mudança pontual, e não uma reversão de tendência”, afirmou a gerente de pesquisas do IBGE, Maria Lucia França Pontes Vieira.

Esse crescimento foi puxado pelos números observados nas regiões Nordeste e Centro-Oeste. Na região que abriga Estados como a Bahia e Pernambuco, a taxa de analfabetismo passou de 16,9% em 2011, para 17,4% no ano passado. O Nordeste concentra 54% do total de analfabetos do país. Antes, em 2004, 22,5% da população com 15 anos ou mais de idade não sabia ler e nem escrever.

No Centro-Oeste, a taxa de analfabetismo alcançou 6,7% em 2012, acima dos 6,3% observados no ano anterior. Em 2004, a mesma taxa chegava a 9,2%.

A menor taxa de analfabetismo foi constatada na região Sul, na qual 4,4% da população com 15 anos ou mais de idade não sabe ler e escrever. No Sudeste, a taxa de analfabetismo chega a 4,8%, e no Norte, é de 10%.

O analfabetismo é notado especialmente entre a população mais velha. Entre os que têm 60 anos ou mais, 24,4% não sabem ler ou escrever. Já na faixa etária dos 40 aos 59 anos, essa proporção é de 9,8% do total; dos 30 aos 39 anos, 5,1% são analfabetos; e entre as pessoas de 25 a 29 anos, 2,8% são analfabetas.

O IBGE verificou também a taxa de analfabetismo funcional, que representa a proporção de pessoas de 15 anos ou mais de idade com menos de 4 anos de estudo completo sobre o total da população da mesma faixa etária. Ela foi estimada em 18,3%, o que significa retração frente aos 20,4% constatados em 2011. O total de analfabetos funcionais observados em 2012 totalizou 27,8 milhões de pessoas.

Cresce nível de escolarização no País
O nível de escolarização no Brasil cresceu em 2012, ainda segundo informações do IBGE. O número de estudantes com nível superior completo chegou a 14,2 milhões, aumento de 6,5% frente aos dados de 2011. Entre as pessoas com 25 anos ou mais de idade, 12% tinham tal nível de escolaridade. Antes, em 2011, essa proporção era de 11,4%.

Os dados da Pnad 2012 mostram ainda que 11,9% da população com 25 anos ou mais de idade não têm qualquer instrução, ou têm menos de um ano de estudo. Um ano antes, tal proporção era de 15,1%. Com ensino fundamental incompleto ou equivalente, estavam 33,5% do total da população desta faixa etária. Isso indica um acréscimo em relação a 2011, quando 31,5% tinham nível de instrução semelhante.

O aumento da proporção de pessoas com ensino fundamental incompleto pode estar ligado diretamente à redução do volume de pessoas com pouca, ou mesmo nenhuma instrução, admite a gerente de pesquisas do IBGE, Maria Lucia França Pontes Vieira. Outro grande contingente da população com 25 anos ou mais de idade tem o Ensino Médio completo. Eles representam 25,2% do total desta faixa etária, segundo a pesquisa feita em 2012.
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Offline Buckaroo Banzai

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Re:IBGE: analfabetismo cresce pela primeira vez desde 1998
« Resposta #1 Online: 29 de Setembro de 2013, 17:52:39 »
Eu acho que essa coisa de reforma ortográfica é um golpe para reduzir a desigualdade de analfabetismo entre as classes sociais. Apesar de ter aumentado o nível em absoluto, provavelmente as pessoas que cometiam menos erros ortográficos antes (correlacionado com menor pobreza), agora cometem mais, se aproximando dos mais pobres, que talvez calhem de cometer menos, já que talvez algumas das novas ortografias já fossem meio comumente usadas incorretamente -- como "lin-gui-ça", para "lin-gu-i-ça".

Offline Liddell Heart

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Re:IBGE: analfabetismo cresce pela primeira vez desde 1998
« Resposta #2 Online: 29 de Setembro de 2013, 18:43:17 »
Eu acho que essa coisa de reforma ortográfica é um golpe para reduzir a desigualdade de analfabetismo entre as classes sociais. Apesar de ter aumentado o nível em absoluto, provavelmente as pessoas que cometiam menos erros ortográficos antes (correlacionado com menor pobreza), agora cometem mais, se aproximando dos mais pobres, que talvez calhem de cometer menos, já que talvez algumas das novas ortografias já fossem meio comumente usadas incorretamente -- como "lin-gui-ça", para "lin-gu-i-ça".

Não faz sentido a língua teórica estar mais certa que a ~prática~. Como um signo, a linguagem mais propagada e, por consequência, mais "entendível" é sempre a linguagem preferencial. Em outras palavras, para a linguística, não existe ~erro de português~ coletivo, por isso "Nós vai" está certo (mas "eu vamos" está errado).
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Offline Buckaroo Banzai

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Re:IBGE: analfabetismo cresce pela primeira vez desde 1998
« Resposta #3 Online: 29 de Setembro de 2013, 18:48:08 »
Em exames nacionais de educação o que conta é a conformidade com as assim chamadas "regras" ortodoxas eurocêntricas patriarcais de gramática e ortografia.

Offline Liddell Heart

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Re:IBGE: analfabetismo cresce pela primeira vez desde 1998
« Resposta #4 Online: 29 de Setembro de 2013, 18:56:08 »
Em exames nacionais de educação o que conta é a conformidade com as assim chamadas "regras" ortodoxas eurocêntricas patriarcais de gramática e ortografia.

 :histeria:
Sim, e nos artigos acadêmicos também. Xs esquedistas só falam assim na internet, na hora de escrever projeto do Cnpq todx mundo é normativo.
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Re:IBGE: analfabetismo cresce pela primeira vez desde 1998
« Resposta #5 Online: 29 de Setembro de 2013, 19:05:50 »
Se não fossem as regras gramaticais e léxicas, a cada 100 anos (ou 100 quilômetros) poderíamos estar falando uma língua diferente e ficaria mais complicado entender quem mora distante ou quem escreveu no passado.

Não acredite em quem lhe disser que a verdade não existe.

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Re:IBGE: analfabetismo cresce pela primeira vez desde 1998
« Resposta #6 Online: 29 de Setembro de 2013, 19:14:52 »
Se não fossem as regras gramaticais e léxicas, a cada 100 anos (ou 100 quilômetros) poderíamos estar falando uma língua diferente e ficaria mais complicado entender quem mora distante ou quem escreveu no passado.

Mas as normas linguísticas mudam, pois é mera combinações de signos culturais. E essa mudança tem de ser preferivelmente orientada pela maioria dos falantes, penso eu.

Tô pra ler o linguístico marxista, Mikhail Bakhtin, ele deve altos pontos polêmicos sobre isso.  :diabo:
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Offline Derfel

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Re:IBGE: analfabetismo cresce pela primeira vez desde 1998
« Resposta #7 Online: 29 de Setembro de 2013, 21:48:20 »
Se não fossem as regras gramaticais e léxicas, a cada 100 anos (ou 100 quilômetros) poderíamos estar falando uma língua diferente e ficaria mais complicado entender quem mora distante ou quem escreveu no passado.


As regras lexicais e gramaticais sagradas e imutáveis do português que, só no último século, foram reformadas em 1911, 1931, 1943, 1945, 1971, 1973 e 1990?

Offline Südenbauer

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Re:IBGE: analfabetismo cresce pela primeira vez desde 1998
« Resposta #8 Online: 30 de Setembro de 2013, 00:31:50 »
Se não fossem as regras gramaticais e léxicas, a cada 100 anos (ou 100 quilômetros) poderíamos estar falando uma língua diferente e ficaria mais complicado entender quem mora distante ou quem escreveu no passado.
Isso talvez seja válido na linguagem escrita. Porque a falada simplesmente não respeita nenhuma norma, e as pessoas transformam palavras, gírias e nuances de sotaque a todo o momento.

Offline DDV

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Re:IBGE: analfabetismo cresce pela primeira vez desde 1998
« Resposta #9 Online: 30 de Setembro de 2013, 00:36:41 »
Se não fossem as regras gramaticais e léxicas, a cada 100 anos (ou 100 quilômetros) poderíamos estar falando uma língua diferente e ficaria mais complicado entender quem mora distante ou quem escreveu no passado.


As regras lexicais e gramaticais sagradas e imutáveis do português que, só no último século, foram reformadas em 1911, 1931, 1943, 1945, 1971, 1973 e 1990?


Se não fossem as regras gramaticais e léxicas, a cada 100 anos (ou 100 quilômetros) poderíamos estar falando uma língua diferente e ficaria mais complicado entender quem mora distante ou quem escreveu no passado.
Isso talvez seja válido na linguagem escrita. Porque a falada simplesmente não respeita nenhuma norma, e as pessoas transformam palavras, gírias e nuances de sotaque a todo o momento.

O fato de existirem regras para a linguagem, de haver uma maneira "correta" de falar ensinada nas escolas, reforçada por textos oficiais, imprensa e pela pressão social pra se falar "correto" facilitam com que o idioma se mantenha mais ou menos uniforme ao longo do tempo e das distâncias, o que é bom (quanto mais as pessoas se entenderem, melhor).

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Re:IBGE: analfabetismo cresce pela primeira vez desde 1998
« Resposta #10 Online: 30 de Setembro de 2013, 00:41:31 »
Eu vi no facebook recentemente umas mensagens escritas por um cara semi-analfabeto, que escrevia do jeito que as palavras soavam pra ele (parecido com as falas do Chico Bento). Nossa... é muito difícil entender só passando rápido o olho, igual fazemos normalmente.
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Offline Derfel

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Re:IBGE: analfabetismo cresce pela primeira vez desde 1998
« Resposta #11 Online: 30 de Setembro de 2013, 18:50:59 »
Se não fossem as regras gramaticais e léxicas, a cada 100 anos (ou 100 quilômetros) poderíamos estar falando uma língua diferente e ficaria mais complicado entender quem mora distante ou quem escreveu no passado.


As regras lexicais e gramaticais sagradas e imutáveis do português que, só no último século, foram reformadas em 1911, 1931, 1943, 1945, 1971, 1973 e 1990?


Se não fossem as regras gramaticais e léxicas, a cada 100 anos (ou 100 quilômetros) poderíamos estar falando uma língua diferente e ficaria mais complicado entender quem mora distante ou quem escreveu no passado.
Isso talvez seja válido na linguagem escrita. Porque a falada simplesmente não respeita nenhuma norma, e as pessoas transformam palavras, gírias e nuances de sotaque a todo o momento.

O fato de existirem regras para a linguagem, de haver uma maneira "correta" de falar ensinada nas escolas, reforçada por textos oficiais, imprensa e pela pressão social pra se falar "correto" facilitam com que o idioma se mantenha mais ou menos uniforme ao longo do tempo e das distâncias, o que é bom (quanto mais as pessoas se entenderem, melhor).



Sei...

Trecho da Carta de Pero Vaz de Caminha:

Citar
Snõr
posto que o capitam moor desta vossa frota e asy os outros capitaães screpuam a vossa alteza a noua do acha mento desta vossa terra noua que se ora neesta naue gaçom achou, nom leixarey tambem de dar disso minha comta a vossa alteza asy como eu milhor poder ajmda que pera o bem contar e falar o saiba pior que todos fazer, pero tome vossa alteza minha jnoramçia por boa comtade, a qual bem çerto crea que por afremosentar nem afear aja aquy de poer ma is ca aquilo que vy e me pareçeo. / da marinha jem e simgraduras do caminho nõ darey aquy cõ ta a vossa alteza porque o nom saberey fazer e os pilotos deuem teer ese cuidado e por tamto Snõr do que ey de falar começo e diguo. /

http://pt.wikisource.org/wiki/Carta_a_El_Rei_D._Manuel_(ortografia_original)

Primeiros estrofes de Os Lusíadas:

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OS LVSIADAS
DE LVIS DE
CAMÕES

Canto primeiro
As armas, & os barões aßinalados,
Que da Occidental praya Luſitana,
Por mares nunca de antes nauegados,
Paſſaram, ainda alem da Taprobana,
Em perigos, & guerras esforçados,
Mais do que prometia a força humana.
E entre gente remota edificarão
Nouo Reino, que tanto ſublimarão.

E tambem as memorias glorioſas
Daquelles Reis, que forão dilatando
A Fee, o Imperio, & as terras vicioſas
De Affrica, & de Aſia, andarão deuaſtando,
E aquelles que por obras valeroſas
Se vão da ley da Morte libertando.
Cantando eſpalharey por toda parte,
Se a tanto me ajudar o engenho & arte.

Ceſſem do ſabio Grego, & do Troyano,
As nauegações grandes que fizerão:
Calleſe de Alexandro, & de Trajano,
A fama das victorias que tiuerão,
Que eu canto o peyto illuſtre Luſitano,
A quem Neptuno, & Marte obedeçerão:
Ceſſe tudo o que a Muſa antigua canta,
Que outro valor mais alto ſe aleuanta.
http://pt.wikisource.org/wiki/Os_Lvsiadas/I

Quinze Annos. Machado de Assis, 1864:

Citar
Era uma pobre criança...
— Pobre criança, se o eras! —
Entre as quinze primaveras
De sua vida cançada
Nem uma flor de esperança
Abria a medo. Eram rosas
Que a douda da esperdiçada
Tão festivas, tão formosas,
Desfolhava pelo chão.
— Pobre criança, se o eras! —
Os carinhos mal gozados
Eram por todos comprados,
Que os affectos de sua alma
Havia-os levado á feira,
Onde vendêra sem pena
Até a illusão primeira
Do seu doudo coração!

Pouco antes, a candura,
Co’as brancas asas abertas,
Em um berço de ventura
A criança acalentava
Na santa paz do Senhor;
Para accordal-a era cedo,
E a pobre ainda dormia
Naquelle mudo segredo
Que só abre o seio um dia
Para dar entrada a amor.

Mas, por teu mal, acordaste!
Junto do berço passou-te
A festiva melodia
Da seducção... e accordou-te!
Colhendo as limpidas asas,
O anjo que te velava
Nas mãos trêmulas e frias
Fechou o rosto... chorava!

Tu, na sede dos amores,
Colheste todas as flores
Que nas orlas do caminho
Foste encontrando ao passar;
Por elas, um só espinho
Não te feriu... vás andando...
Corre, criança, até quando
Fores forçada a parar!

Então, desflorada a alma
De tanta illusão, perdida
Aquella primeira calma
Do teu somno de pureza;
Esfolhadas, uma a uma,
Essas rosas de belleza
Que se esvaem como a escuma
Que a vaga cospe na praia
E que por si se desfaz;

Então, quando nos teus olhos
Uma lagrima buscares,
E secos, secos de febre,
Uma só não encontrares
Das que em meio das angustias
São um consolo e uma paz;

Então, quando o frio espectro
Do abandono e da penuria
Vier aos teus soffrimentos
Juntar a última injuria:
E que não vires ao lado
Um rosto, um olhar amigo
Daquelles que são agora
Os desvelados contigo;
Criança, verás o engano
E o erro dos sonhos teus;
E dirás, — então já tarde, —
Que por taes gozos não vale
Deixar os braços de Deus.

Víbora, Fernando Pessoa, 1920:

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Vibora:
Recebi a tua carta má, e, na verdade, não percebo como foi que nos não encontrámos nem hontem nem antes de hontem. Differença de relogios? Não creio, porque não notei, quer num dia quer noutro, ao chegar á Baixa, que o meu relogio estivesse tão errado.
Escrevo-te só estas linhas para te dizer que estarei amanhã ao meio-dia em ponto no fim da Av. das Cortes. Vães ao escriptorio da R. da Victoria á 1. Isto deve dar-te tempo. O peor é se vães acompanhada. Em todo o caso esperar-te-hei até ás 12 1/4.
Oxalá estejas melhor; mas isso não é desgosto, é viboridade, ou seja maldade.
Sempre e muito teu

Fernando

Estou escrevendo do Café Arcada ao meio dia e 3 quartos. Porisso escrevo pouco (contra o meu costume) para ver se passo na tua rua não muito longe da uma hora.

Offline Derfel

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Re:IBGE: analfabetismo cresce pela primeira vez desde 1998
« Resposta #12 Online: 30 de Setembro de 2013, 19:16:20 »
Reformas e acordos ortográficos servem para aproximar o português falado do português da norma padrão (que ninguém fala e é, até certo modo, artificial) de tempos em tempos. Caso contrário corre-se o risco de haver dois idiomas: um para os documentos oficiais (como o latim clássico, o grego clássico ou o Catarévussa) e outro para o uso das pessoas comuns (como o latim vulgar e o demótico).


 

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