Autor Tópico: Ciência natural x humanas: compartilhando experiências.  (Lida 370 vezes)

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Offline Sparke

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Ciência natural x humanas: compartilhando experiências.
« Online: 28 de Outubro de 2013, 17:27:07 »
Tentei imaginar uma seção melhor, mas talvez esta seja a mais dedicada.

A proposta do tópico é compartilhar experiências dos foritas nas duas áreas, quais sejam a ciência natural e humana (ou cultural, social, etc.), a fim de explorar a SATISFAÇÃO PESSOAL da área escolhida.

Bom, o que me motivou a essa reflexão é uma certa desilusão com o Direito. Meu campo, portanto, é na ciência cultural.

Sou formado, atuo na área há um tempo (não muito, mas o suficiente para ter uma visão objetiva e realista).

Pois bem, o que eu verifico? Sim, óbvio até, o Direito é imprescindível para a coexistência humana. Protege valores essenciais da comunidade (o homem é um animal político), garantindo, diante do outro (alteridade), expectativas e comportamentos; mas não só, à vista de uma desigualdade natural da existência, a vida, a saúde, etc dos menos afortunados.

E na prática? Processo. O processo é o instrumento de trabalho do jurista. É o locus onde se desenrolam os conflitos entre as pessoas, seja no âmbito civil, penal, administrativo, eleitoral, trabalhista e militar. O que isso significa? Páginas e mais páginas de discussões, com elucubrações, interpretações, justificativas e, infelizmente, chicanas. O trabalho, portanto, dependendo da posição que se está, e aqui eu tomo a do magistrado, é VALORAR, PONDERAR entre as pretensões, a fim de verificar e decidir qual é a constitucional e legalmente mais consentânea. A do advogado (e do Ministério Público) é defender a sua posição. A lógica da coisa é mais ou menos essa.

Mas cansa. E meu ponto é esse. É muito gratificante você saber que está fazendo a coisa certa. Todavia, todo santo dia, apreciar sempre a mesma, apesar da diversidade entre os fatos, sem dúvida, leva a uma monotonia. Todo trabalho deve ser assim, mas cada um com sua especificidade. Há o lado acadêmico do direito, por exemplo, menos prático, logo mais afastado da realidade, onde se sabe que as "coisas" não funcionam tal como abstratamente pensado, exigindo-se uma perspicácia própria.

Eu fico curioso com as outras profissões da outra área. Há os professores, mas, fundamentalmente, acredito eu, têm os pesquisadores. Acho que a tônica seja esta última, aliada à primeira, dado que o cientista, digamos, tem como propósito "ler" a natureza e extrair suas leis próprias, entender o funcionamento do universo, etc. É um estudo infindável, tal como no direito, claro, mas neste, para deixar clara minha visão, você não lida exatamente com o problema, você enfrenta o conflito no papel, é um estudo indireto, coloquemos assim. Já o cientista, por outro lado, estuda a própria coisa. Pode-se, sim, estudar a lei em si (campo acadêmico ou no legislativo mesmo), mas veja que, mesmo assim, você não lida com o fato a ser objeto de sua aplicação.

O que eu quero dizer com isso tudo: parece mais gratificante você estudar o universo (e eu sou apaixonado por astrofísica, por exemplo) do que lidar com os problemas dos outros — grosso modo, claro. Deve ser um fascínio conhecer as inúmeras teorias que expliquem o universo, das mais variadas formas, sempre com um contato direto com ela. Ao contrário do jurista, que deve afeiçoar-se, aproximar-ser, das leis humanas, o cientista concentra sua atenção na natureza, nas leis naturais, aquilo que há de mais concreto.

Um não é mais certo ou necessário que o outro. Sabemos que ambos são imprescindíveis.

Bom, essa é minha visão — reconheço que foi praticamente um desabafo. E a de vocês? Como você vê sua profissão?






Offline Mussain!

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Re:Ciência natural x humanas: compartilhando experiências.
« Resposta #1 Online: 28 de Outubro de 2013, 18:33:19 »
Primeiramente, acho que vc está passando por uma fase onde não está gostando do que faz, direito, devido a se desiludir com as atitudes humanas. Também acho que isso é normal, e talvez até passe.

Mas respondendo este tópico, gosto com o que eu trabalho, hoje. Como vc, também me desiludi bastante quanto aos humanos, é por isso que eu gosto de computadores. Apesar de atuar na área fiscal contábil, meu trabalho é uma mistura de entendimento de legislações, execuções e muito sistema, ou seja, sou eu e meu computador, meu computador e eu.

Como trabalho na assessoria, lógico que vou resolver problemas de fulano, sicrano de forma direta ou indireta, porém, na maioria das vezes, é pura análise de apurações fiscais ou de erros sistêmicos, ao contrário de quando trabalhava na área do setor pessoal, onde até demitir colegas a gente tem que fazer ou ter que conversar com fulano ou sicrano.
Eu, diferente do seu trabalho, mas como vc gostaria de trabalhar, não trabalho com pessoas, trabalho resolvendo problemas exatos e totalmente lógicos. Defendo apenas lógicas, leis e sistema. Por isso gosto do meu trampo, porque não trabalho com pessoas.

 

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