Como que o universo "processa" informações?
Acho que é uma confusão apenas pelo fato do universo "ter" "informações" e reagir "de acordo" com elas (ainda que essa forma de colocar as coisas talvez seja meio teleológica, acho que provavelmente é mais apropriado pensar em "propriedades", sendo que "informação" é só uma forma de humanos lidarem com essas propriedades), de forma que pode ser bem complexa, mas deixando de lado o fato crucial dessa ocorrência ser, fora de cérebros e outros outros mecanismos de resposta adaptativa, desorganizada, desprovida de função, por mais complexa que possa ser.
Da forma que eu entendo o conceito, o universo simplesmente não "processa informações". Cérebros sim, recebem estímulos e reagem de forma "trabalhada", enquanto que no universo em geral, as coisas apenas "acontecem", sem qualquer "fisiologia".
Eu acho que o "argumento" seria melhor vindo da outra direção, o que na verdade acaba não resultando bem em argumento algum, mas só na questão, do que é a consciência (se não se supõe que os constituintes das atividades cerebrais/nervosas, ocorrendo isoladamente, tenham consciência ou "parte" dela, e nem necessariamente substratos fazendo um processamento análogo -- ambas coisas que não podem ainda ser respondidas). O mais próximo do que colocou seria a proposta do Chalmers, mas que não daria "uma consciência" ao universo, só supõe que ele teria "átomos" da consciência, na maior parte do tempo não organizados de forma a produzir aquilo que experienciamos. E talvez não exatamente alternativamente, a idéia do Searle, de que a consciência seria constituída de algum fenômeno físico cooptado por essa adaptação específica dos organismos vivos, em vez de algo que decorreria meramente dos níveis mais "altos" dos "fluxos de informação" inferidos, e que fosse ser então reproduzido com os mesmos "fluxos" em outro substrato qualquer (quer por sua vez, acho que é a noção de Marvin Minsky e outros, que argumentam que várias máquinas podem já ser conscientes, até mais que os humanos).
Até talvez por haver mais ocorrendo do que aquilo que se supõe estar ocorrendo, e esse algo a mais ser justamente o fundamento físico da consciência, seja qual for. Numa analogia, pode-se ter uma esquematização/"simulação" de um sistema de uma rede elétrica num cprograma de computador (ou no papel), mas essa representação não sofrerá um aquecimento pela resistência dos fios, por obviamente não ser o mesmo sistema físico. No máximo isso é considerado no programa (ou no papel), de forma mais ou menos próxima ao que ocorre no sistema de fato. Mas nunca sendo uma "reprodução" do fenômeno, só um modelo.