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Um argumento comum dos cristãos é afirmar que niguém morreria por uma mentira, sendo assim a ressurreição de Jesus foi um fato, não uma invenção, pois muitos morreram por isso. Apesar de soar convincente tal proposição pode ser derrubada sem problemas. Farei isso em três pontos:
1- Não morreriam por uma mentira? Então os homens-bombas estão morrendo por uma verdade bem maior? Claro que nenhum cristão concordaria com isso, pois o islamismo nega a divindade de Jesus, bem como sua morte e ressurreição. Porém, um cristão provavelmente irá dizer que os atuais mártires de Alá não foram testemunhas oculares de coisa alguma, como supostamente foram os apóstolos, e que os próprios criadores da mentira não teriam coragem de morrer por ela. E isso nos leva ao segundo ponto:
2- Sim, pessoas morrem por suas próprias mentiras! ou algum cristão irá concordar que os membros das seitas Heaven's Gate e do Ramo Davidiano, que cometeram suicídio coletivo e morreram em um incêndio ao enfrentarem a polícia do Texas, respectivamente, estavam com a verdade ao seu lado? Se isso foi possível há menos de dez anos, com pessoas bem educadas (os membros da Heaven's Gate eram programadores), por que não seria possível há 2000 anos, com pessoas humildes, incultas e imersas numa cultura de crendices e superstições?
3- Nesse nosso último ponto temos uma surpresa: a alegação de que supostas testemunhas oculares morreram pela ressurreição dificilmente pode ser comprovada. Isso não se baseia em nada dito na bíblia. A única suposta testemunha ocular da suposta ressurreição física de Jesus morta na bíblia foi Tiago, mas lá diz simplesmente que ele foi morto por Herodes sem esclarecer o motivo. Depois temos a morte de Estêvão , mas ele não foi testemunha de nada, apenas tive uma visão. Bom, duvido que algum juíz aceitaria visões como prova, mesmo porque os hospitais psiquiátricos estão cheios de gente tendo visões. Seja como for não seria apropriado tomar a própria bíblia como prova disso, afinal papel aceita tudo.
Mas, e fora da bíblia, temos alguma prova de que supostas testemunhas oculares da suposta ressurreição de Jesus de fato preferiram morrer do que desmentir a história? De fato, temos somente um registro independente na História Judaica de Josefo a cerca de um apedrejamento de um certo “Tiago irmão de Jesus” em 62 d.C., possivelmente, porém não necessariamente o mesmo Tiago, e neste registro ele foi apedrejado por ter quebrado as leis judaicas, pelo qual ele não escaparia da morte mesmo mediante uma retratação. E, em um escrito do hagiógrafo Cristão Hegesippus no final do 2ª século, como nos informa Eusébios, Tiago não morre pela sua fé na ressurreição, mas assim como Estevão, somente por proclamar Jesus como o Messias.
Estes são os únicos registros de qualquer martírio que temos até o 2º século. Então ficamos sabendo de alguns Cristãos anônimos queimados por um incêndio proposital por Nero, em 64 d.C., mas não sabemos se testemunhas oculares estavam entre eles – mesmo que soubéssemos não seria relevante, pois eles foram mortos por uma falsa acusação de incêndio, não por se recusarem a negar sua fé na ressurreição. Assim, mesmo que eles tivessem se retratados de suas crenças, isto não os salvaria e, desse modo, suas mortes também não provam nada.
Temos somente uma notável exceção: o martírio de Pedro. Não temos notícia disto até cerca de duas ou três gerações após o evento, e é contado em apenas um lugar: no Evangelho Gnóstico de Pedro, o qual foi rejeitado como um falso documento por muitos Cristãos da época. Mas mesmo se este registro for verdade, ele diz que Pedro foi morto por problemas políticos e não por suas crenças e, ainda mais importante, ele diz que Pedro acreditava que Jesus ressuscitou em espírito, não em carne e osso.
Então, com tudo isso exposto, os cristãos vão precisar de outro argumento para sustentar a ressurreição de Jesus como um fato, e não apenas como mais uma das muitas lendas criadas pela inventiva mente humana
P.S.: baseado nos textos de
Richard Carrier e
Joseph Francis Alward
Tópico: Refutando o Mito do "Morro Mas Não Nego!" (Lida 691 vezes)