Autor Tópico: DI X Evolução Parte II  (Lida 643 vezes)

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DI X Evolução Parte II
« Online: 29 de Agosto de 2005, 01:07:11 »
O Desafio da Complexidade Irredutível

Cada célula vivente contém muitas máquinas moleculares ultra-sofisticadas

Por Michael J. Behe


Os cientistas usam o termo “caixa preta” para se referir a um sistema que se desconhecesse seu funcionamento. Para Charles Darwin e seus contemporâneos, a célula viva era uma caixa preta pois sua mecânica fundamental era totalmente desconhecida. Agora sabemos que, muito longe de ser formada por um tipo simples de protoplasma uniforme (como acreditavam muitos cientistas do século XIX) cada célula viva contém muitas máquinas moleculares ultra-sofisticadas.

Como podemos decidir se a seleção natural Darwiniana pode dar conta da incrível complexidade que existe em nível molecular? O próprio Darwin fez referência ao argumento quando assertou: "Se se pudesse demonstrar que existiu, algum organismo complexo que não foi formado por numerosas e sucessivas pequenas modificações, minha teoria desmoronaria por completo”.

Alguns sistemas parecem muito difíceis de formarem-se por modificações sucessivas. Eu chamo estes sistemas de irredutivelmente complexos. Um exemplo cotidiano de um sistema irredutivelmente complexo é a humilde ratoeira. Ela consiste de (1) uma plataforma com base de madeira; (2) um martelo de metal, que esmaga o rato; (3) uma mola com os extremos estendidos, a qual propulsiona o martelo; (4) um gatilho que solta a mola; e (5) uma barra de metal que conecta o gatilho e que sustenta armado o martelo. Ninguém pode pegar um rato somente com uma plataforma, acrescentar uma mola e pegar mais uns ratos, depois acrescentar a barra de metal e pegar outros tantos mais. Todas as peças devem estar em seus lugares antes de pegar um rato.

Os sistemas irredutivelmente complexos não parecem ser bons candidatos a serem produzidos por numerosas e sucessivas pequenas mudanças de sistemas predecessores, porque qualquer precursor ao qual faltara uma peça crucial não poderia funcionar. A seleção natural só pode escolher entre sistemas que já estão funcionando, então a existência na natureza de sistemas biológicos irredutivelmente complexos representa um poderoso desafio a teoria Darwiniana. Podemos observar com freqüência estes sistemas nas organelas das células, nos quais a remoção de um elemento resultaria que o sistema completo deixaria de funcionar. O flagelo das bactérias é um bom exemplo. Eles são como motores fora da borda que as células bacterianas usam para sua autopropulsão. Têm uma hélice larga, como um chicote, que é girada por um motor molecular. A hélice está unida ao motor por uma junta universal. O motor é sustentado por proteínas que atuam como uma base de estabilização. Outras proteínas atuam como material de bucha para permitir que o eixo motor penetre a membrana bacteriana. Fazem falta dezenas de proteínas para obter um flagelo operativo. Na ausência de qualquer uma delas, o flagelo não funciona ou não pode ser construído pela célula.

Outro exemplo de complexidade irredutível é o sistema que permite que as proteínas cheguem aos compartimentos celulares apropriados. Na célula eucariótica existe um certo número de lugares onde ocorrem tarefas especializadas, tais como a digestão de nutrientes e a excreção de dejetos. As proteínas são sintetizadas fora destes compartimentos e podem chegar a seus destinos apropriados somente com a ajuda de químicos “sinalizadores” que prendem e apagam outras reações nos momentos apropriados.  Este fluxo constante e regular dentro da célula corresponde a outro assombroso sistema complexo e irredutível. Todas as partes devem funcionar sincronizadamente ou o sistema colapsa. Mais um exemplo desses sistemas é o esquisitamente coordenado mecanismo que causa a coagulação do sangue.

Os livros texto e artigos científicos em bioquímica descrevem os mecanismos de algumas das máquinas moleculares vivas que existem dentro de nossas células, mas oferecem muito pouca informação sobre como evoluíram estes sistemas por seleção natural. Muitos cientistas admitem francamente seu desconcerto acerca de como poderiam ter se originado, mas recusam considerar a hipótese óbvia: que talvez as máquinas moleculares parecem ser desenhadas porque na realidade são desenhadas.

Eu tenho esperança que a comunidade científica eventualmente admita a possibilidade do design inteligente, ainda que esta aceitação seja discreta e silenciosa. Minha razão para ser otimista é o próprio avanço da ciência, que descobre a cada dia novas complexidades na natureza, as quais são razões frescas para reconhecer o design inerente na vida no universo.
"Conhecer a verdade não é o mesmo que amá-la, e amar a verdade não equivale a deleitar-se com ela" Confúcio

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Re.: DI X Evolução Parte II
« Resposta #1 Online: 29 de Agosto de 2005, 01:17:07 »
RESPOSTA:

O Defeito da Ratoreira

O design inteligente falha no exame da bioquímica.

Por Kenneth R. Miller


Para poder entender porque a comunidade científica não está muito impressionada pelos intentos de ressuscitar o chamado argumento do desenho, ninguém precisa ver mais além que o próprio ensaio de Michael J Behe. Ele afirma que os sistemas bioquímicos complexos não podem ter sido produzidos pela evolução porque possuem uma qualidade que ele chama de complexidade irredutível. Igualmente às ratoeiras, estes sistemas não podem funcionar a menos que cada uma de suas partes se encontre em um lugar apropriado. Dado que "a seleção natural só pode escolher entre sistemas que já estão funcionando" não existe nenhuma forma pela qual os mecanismos Darwinianos podem ter produzido os sistemas complexos que se encontram nas células vivas. E se estes sistemas não podem ter evoluído, eles devem ter sido desenhados. Essa é a totalidade da “evidência” bioquímica para o design inteligente.

Ironicamente, o exemplo do próprio Behe, a ratoeira, mostra porque a idéia está equivocada. Elimine duas das partes (o gatilho e a barra de metal) e pode ser que não se tenha uma ratoeira mas tem-se uma máquina de três partes que faz um clipe de gravata ou um clipe de papel totalmente funcional. Tirando a mola, tem-se um chaveiro de duas partes. O gatilho de algumas ratoeiras pode ser usado um anzol e a base de madeira como um peso de papel, aplicações úteis das demais partes incluem uma grande variedade de coisas como palitos de dente a quebra-nozes e clipes de papel. O ponto, entendido desde muito tempo pela ciência, é que pedaços e peças das máquinas supostamente irredutivelmente complexas podem ter tido diferentes (mas ainda úteis) funções.

A contestação de Behe de que todas e cada uma das peças de uma máquina, mecânicas ou bioquímicas, devem estar montadas em sua forma final antes que algo de útil possa emergir, é simplesmente falsa. A evolução produz máquinas bioquímicas complexas por meios de copiar, modificar e combinar proteínas previamente usadas para outras funções. Quer exemplos? Os sistemas do ensaio de Behe nos servem muito bem.
Ele escreve que a ausência de "praticamente qualquer uma" de suas partes faz com que o flagelo bacteriano “não funcione”. Mas, adivinhe só. Um pequeno grupo de proteínas do flagelo funciona sem o resto da máquina. É usado por muitas bactérias como um dispositivo para injetar veneno em outras células. Apesar de que a função levada a cabo por esta pequena parte é diferente quando trabalha sozinha, ainda assim pode ser influenciada pela seleção natural.

As proteínas chave que aglutinam o sangue seguem este padrão também. Elas são, na realidade, versões modificadas de proteínas que são usadas pelo sistema digestivo. O elegante trabalho de Russell Doolittle tem mostrado como a evolução duplicou, redefiniu e modificou estas proteínas para produzir o sistema de coagulação do sangue nos vertebrados.

E Behe pode levantar as mãos e dizer que ele não pode imaginar como os componentes que movem as proteínas entre os compartimentos intracelulares podem ter evoluído, mas os cientistas que trabalham com estes sistemas estão completamente em desacordo. Em um artigo da revista científica Cell em 1998, um grupo de cientistas do Instituto Sloan-Kettering liderado por James Rothman, descreveu a extraordinária simplicidade e uniformidade destes mecanismos. Eles também notaram que estes mecanismos “sugeriam de uma forma natural como os muitos e variados compartimentos das células eucarióticas poderiam ter evoluído”. Parece então que os pesquisadores ativos vêem algo muito diferente do que Behe vê nestes sistemas. Eles vêem a evolução.
Se Behe sugerir que as complexidades da natureza, a vida e o universo revelam um mundo de significado e propósito consistente com uma inteligência divina, seu ponto de vista é filosófico, não científico. Incidentalmente, é um ponto de vista filosófico que eu compartilho. Entretanto, para apoiar este ponto de vista, não devemos achar necessário fingir que sabemos menos do que realmente sabemos sobre a evolução dos sistemas vivos. Numa análise final, a hipótese bioquímica do design inteligente fracassa, não porque a comunidade científica de feche a ela, senão pela razão mais básica de todas: porque está irresistivelmente contradita pela evidência científica.
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