Autor Tópico: DI X Evolução Parte III  (Lida 617 vezes)

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DI X Evolução Parte III
« Online: 29 de Agosto de 2005, 01:14:58 »
Detectando Design nas Ciencias Naturais

A inteligência deixa para trás um sinal ou evidencia característica.

Por William A. Dembski


Na vida cotidiana, as explicações que invocam ao acaso, à necessidade ou ao design cobrem todas as eventualidades. Entretanto, nas ciências naturais, uma destas modalidades é considerada supérflua. O design. Da perspectiva das ciências naturais, o design, como ação de um agente inteligente, não é uma força criativa fundamental na natureza. Ao contrário, as causas naturais cegas, caracterizadas pelo acaso e a necessidade e reguladas por leis invioláveis, são consideradas suficientes para levar a cabo toda a criação da natureza. A teoria de Darwin é um caso particular.

Mas como sabemos que a natureza não precisa da ajuda de uma inteligência projetista? Com certeza, nas ciências especiais, desde a forense a arqueologia e a Busca de Inteligência Extraterrestre (SETI em inglês), apelar a uma inteligência projetista é indispensável. E mais, dentro destas ciências existem técnicas bem desenvolvidas para identificar a inteligência. Essencial para estas técnicas é a habilidade de eliminar o acaso e a necessidade.

Por exemplo, como pode a radioastrônoma no filme Contato (protagonizada por Jodie Foster e baseada no livro de mesmo nome de Carl Sagan) inferir a presença de inteligência extraterrestre nos pulsos e pausas provenientes do espaço que eles monitoravam? Os pesquisadores  analisam os sinais por meio de computadores que estão programados para reconhecer muitos padrões predeterminados. Os sinais que não se encaixam nestes padrões passam por uma “peneira’ e são classificados como acaso. Depois de anos recebendo sinais “aleatórios” que aparentemente não significam nada, os pesquisadores descobrem um padrão de pulsos e pausas que corresponde a de todos os números primos entre 2 e 101. Entretanto, os números primos são aqueles divisíveis somente por si mesmos e por um. Quando uma seqüência começa com dois pulsos, logo uma pausa, 3 pulsos, logo uma pausa, ... até 101, os pesquisadores devem inferir a presença de inteligência extraterrestre.

Eis aqui o porquê. Não existe nada nas leis da física que requeiram que os sinais de rádio tomem uma ou outra forma. A seqüência é então contingente ao invés de necessária.  Além do mais, é uma seqüência larga e, portanto, complexa. Note que se a seqüência carece de complexidade pode ser facilmente produzida por acaso. Finalmente, não só era complexa, mas exibia um padrão ou especificação dada independentemente (não era só uma seqüência qualquer de números, mas uma seqüência matematicamente significativa: os números primos).
A inteligência deixa para trás de si uma marca ou sinal característico, a qual chamo de “complexidade especificada”. Um evento exibe complexidade especificada se é contingente e, portanto, não necessário; se é complexo, por tanto, não facilmente reproduzível por acaso; e se é especificado no sentido de exibir uma padrão dado independentemente. Note que a complexidade no sentido de improbabilidade não é suficiente para eliminar o acaso. Atire uma moeda suficientes vezes e será testemunha de um evento altamente improvável. Ainda assim, você não terá razão alguma para não atribuir ao azar.

O ponto importante acerca das especificações é que elas devem ser dadas objetivamente e não impostas aos eventos depois dos fatos. Por exemplo, se um arqueiro dispara flechas contra uma parede e nós pintamos depois os alvos al redor delas, estamos impondo um padrão depois dos fatos. Ao contrário, se colocam-se alvos no princípio (“especificados”) e logo depois o arqueiro os pega com exatidão, sabemos que foi por design.

Em meu livro The Design Inference, eu argumento que a complexidade especificada detecta com certeza o design. Entretanto, nesse livro eu me foco principalmente em exemplos do ser humano ao invés das ciências naturais.  A crítica principal deste trabalho até o presente momento é se o mecanismo Darwiniano da seleção  natural e a variação ao acaso são, de fato, capazes de gerar complexidade especificada. Mais recentemente, em No Free Lunch, eu mostro que os processo naturais não dirigidos tais como o mecanismo Darwiniano, são incapazes de gerar a complexidade especificada que existe nos organismos biológicos. Disto se segue que acaso e a necessidade são insuficientes para as ciências naturais e que as ciências naturais devem deixar algum espaço para o design.
"Conhecer a verdade não é o mesmo que amá-la, e amar a verdade não equivale a deleitar-se com ela" Confúcio

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Re.: DI X Evolução Parte III
« Resposta #1 Online: 29 de Agosto de 2005, 01:20:24 »
RESPOSTA:

O Teatro da Ciência e o Mistério

O caso do agente secreto

Por Robert T. Pennock


William A. Dembski afirma detectar "complexidade especificada” nos entes viventes e argumenta que isto é prova de que as espécies foram projetadas por agente inteligente.

Uma falha neste argumento é que ele quer definir o design inteligente por uma negativa, é dizer, como algo que não é ao acaso nem por necessidade. Mas a definição é improvisada: a necessidade, o azar e o design nem são categorias mutuamente exclusivas, nem tão pouco esgotam as possibilidades. Desta forma, não se pode detectar um agente inteligente por este processo de eliminação que ele sugere. A ciência requer evidência positiva. Este é o caso quando tratamos de detectar a marca da inteligência humana, mas é particularmente certo quando se analisa a extraordinária declaração de que a complexidade biológica é desenhada intencionalmente.

Sobre este tema, as analogias do arqueiro e do SETI de Dembski são pistas falsas, pois elas dependem tacitamente de um entendimento a priori do intelecto humano e da motivação, assim como de processos causais relevantes. Uma inferência de design como aquela do filme Contato, por exemplo, dependeria do conhecimento prévio sobre a natureza dos sinais de rádio e de outros processos naturais, junto com assumi9r que uma seqüência de números primos é o tipo de padrão que outro cientista escolheria enviar como um sinal. Entretanto, as seqüências estranhas encontradas no DNA são muito diferentes das séries de números primos. Dembski não tem nenhuma forma de mostrar que os padrões genéticos foram “montados a priori” ou "dados independentemente."

Dembski tem sido anunciado como "o Isaac Newton da teoria da informação," e m seus escritos, os quais incluem os livros que ele cita neste ensaio, ele insiste que sua “lei da conservação da informação” prova que os processos naturais não podem aumentar a complexidade biológica. Ele não explica seu caso aqui e refuta-lo tomaria demasiado espaço. Seria suficiente dizer que existe uma conexão entrea noção técnica de informação e a entropia, de tal maneira que o argumento de Dembski se destila a uma reformulação da velha declaração dos criacionistas de que a evolução viola a segunda lei da termodinâmica. Simplesmente, esta lei diz que no universo existe uma tendência a diminuição da complexidade. Os criacionistas se perguntam então como podem os processos evolutivos produzir formas de vida mais complexas a partir de umas mais primitivas. Mas sabemos desde muito tempo porque este tipo de argumento falha: a segunda lei da termodinâmica se aplica a sistemas fechados e os sistemas biológicos não são sistemas fechados.

No processo evolutivo, um aumento na complexidade biológica não representa um “almoço grátis” Este aumento foi comprado e pago, devido a variação genética ao acaso estar sujeita a seleção natural pelo ambiente, o qual já está estruturado. De fato, os pesquisadores estão começando a usar os processos darwinianos, implementados em computadores ou in vitro, para evoluir sistemas complexos e para prover soluções aos problemas de design em formas tais que estão fora do poder de meros agentes inteligentes.

Se verdadeiramente pensássemos que a informação genética é similar aos sinais no filme Contato, não deveríamos inferir que foram projetados por extraterrestres? Os teóricos do design inteligente às vezes mencionam os extraterrestres como possíveis suspeitos, mas a maioria parece ter seus olhos voltados a um projetista colocado um pouco mais acima nos céus. O problema é que a ciência requer um modelo específico que possa ser provado ou examinado. O que foi exatamente o que fez o designer e quando o fez? As hipóteses nebulosas de design de Dembski, ainda se as restringirmos aos processos naturais, provem pouquíssimo material que possa ser examinado, e uma vez que os processos sobrenaturais servem de calço ao processo, este perde qualquer chance de testabilidade.

Newton esteve perplexo pelas órbitas complexas dos planetas. Eles não podem pensar em uma forma natural para dar razão a sua ordem e concluiu que Deus deve estar empurrando suavemente os planetas para que o sistema continuasse funcionando. (Quem sabe é neste sentido que Dembski é o Newton da teoria da informação). A origem das espécies parecera em outrora igualmente misteriosa, mas Darwin seguiu as pistas encontradas na natureza para resolver o mistério. Pode-se, é claro, reter a fé religiosa em um design capaz de transcender os processos naturais, mas não há maneira de reconhecer as suas impressões digitais.
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