Autor Tópico: Nobel considera revistas Nature, Science e Cell prejudiciais à ciência  (Lida 550 vezes)

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Nobel considera revistas Nature, Science e Cell prejudiciais à ciência

Randy Schekman propôs a criação de novas revistas de acesso livre que publiquem temas de qualidade

Texto de Anastasia Gubin, Epoch Times 17.12 às 16:34

Última atualização: 17.12 às 16:34

Publicado em:





Randy Schekman, Prêmio Nobel de Medicina (Wikipedia)

O Prêmio Nobel de Medicina de 2013, Randy Schekman, declarou abertamente ser contrário às revistas Nature, Science e Cell, argumentando que as exigências dessas revistas para que os trabalhos sejam publicados estão distorcendo a ciência.

“As exigências prejudicam a ciência assim como grandes prêmios quebram a banca”, escreveu Schekman em uma carta ao jornal The Guardian e publicada na revista Elife em 9 de Dezembro.

“Eu sou um cientista. O meu mundo é um mundo profissional que realiza grandes coisas para a humanidade. Mas ele está distorcido por incentivos inadequados”.

Os cientistas são alvo de diversas exigências por parte das revistas para que se publiquem seus trabalhos. Conforme ele descreve na carta, apesar da divulgação significar maior reputação pessoal e promoção profissional, as revistas, em vez de se preocuparem com a qualidade, “muitas vezes publicam as obras mais chamativas, e não necessariamente as melhores”, disse o acadêmico, que é biólogo celular da Universidade Berkeley, na Califórnia, diretor da revista médica Elife e ex-editor da revista Proceedings of the National Academy of Sciences.

O prestigiado cientista queixa-se de que estas revistas não publicam só temas de qualidade, de modo que sua reputação “é apenas parcialmente justificada” por causa dos financiamentos.

“Assim como os estilistas de moda que criam roupas de edição limitada, sabendo que a escassez aumenta a demanda, reduzem artificialmente o número de trabalhos que aceitam. Estas marcas, em seguida, as comercializam com um truque chamado “fator de impacto” – uma pontuação para cada revista, que mede o número de vezes que as suas obras são citadas por pesquisas posteriores. Melhores trabalhos, de acordo com a teoria, são citados com mais frequência, por isso têm melhores revistas com altas pontuações. No entanto, é uma medida profundamente falha”, disse ele.

Neste sentido, Schekman vê que “um estudo pode ser altamente citado porque é uma boa ciência, ou porque é chamativo, provocativo ou ruim.” “Os editores das revistas de luxo sabem disso, aceitando trabalhos que terão grande impacto, já que exploram temas sexuais ou fazem declarações desafiadoras. Isso influencia nas pesquisas que os cientistas realizam. ”

O perigo que ele vê é que, desta forma, revistas como Nature, Science e Cell contribuam para que “os pesquisadores façam as afirmações ousadas que essas revistas querem e, assim, desencorajem outros trabalhos importantes, tais como estudos de replicação”. Através das réplicas, os pesquisadores podem validar e confirmar outros estudos.

Schekman também citou casos extremos em que a qualidade das publicações está decaindo e reafirmou que há um número crescente de trabalhos que são considerados defeituosos e fraudulentos.

Sobre este assunto citou que recentemente a revista Science retratou-se oficialmente por causa de dois artigos sobre células-tronco, que haviam sido apontadas como uma inovação, mas que se descobriu ser uma fraude, reconhecida pelo autor.

Por outro lado, o biólogo recomendou as novas revistas científicas que são de acesso livre e gratuito, já que não buscam compensações onerosas para a publicação dos artigos. Por isso, ele propôs que os financiadores e as universidades não julguem as pesquisas pela revista em que foram publicadas.

“Nascidas na WEB, (essas revistas) podem aceitar todos os documentos que atendam aos padrões de qualidade, sem bloqueios artificiais”, disse Schekman. “É a qualidade da ciência, e não o nome da revista, o que realmente importa. Mais importante de tudo, os cientistas têm de agir”, disse ele.

O editor da revista Elife promove publicações gratuitas com o apoio do Instituto Médico Howard Hughes, da Sociedade Max Planck e da Wellcome Trust.

“Assim como muitos pesquisadores de sucesso, eu já publiquei minhas pesquisas em revistas de renome, como por exemplo a pesquisa que me rendeu o Prêmio Nobel de Medicina. Mas já não publico mais. Eu me comprometi em evitar as revistas de luxo, e incentivo outros a fazerem o mesmo “, concluiu Schekman.



Fonte:
"Che non men che saper dubbiar m'aggrada."
"E, não menos que saber, duvidar me agrada."

Dante, Inferno, XI, 93; cit. p/ Montaigne, Os ensaios, Uma seleção, I, XXV, p. 93; org. de M. A. Screech, trad. de Rosa Freire D'aguiar

Offline SnowRaptor

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Re:Nobel considera revistas Nature, Science e Cell prejudiciais à ciência
« Resposta #1 Online: 17 de Julho de 2014, 01:10:06 »
Esse assunto de Open Access (principalmente pay to pubish) é bem complicado.

Não estou encontrado o artigo em que os caras submeteram um paper bogus para parias revistas open access e a publicação foi "aceita pelos revisores" imediatamente após o pagamento da taxa de publicação.

Em compensação, o quanto essas editoras grandes ganham de dinheiro explorando trabalho de graça de um monte de gente (autores, revisores, editores) é obsceno.

Outro problema sério é o viés de publicação, que o Schekman destacou em uma de suas formas, mas cujo problema mais fundamental eu não sei como resolver. Há coisas como Journal of negative Results mas é comlicado esse tipod e ideia se enraizar na comunidade científica e, principalmente, não ser abusada pelos regurgitadores de artigos (estou olhando pra vocês, chineses :nao3:)
Elton Carvalho

Antes de me apresentar sua teoria científica revolucionária, clique AQUI

“Na fase inicial do processo [...] o cientista trabalha através da
imaginação, assim como o artista. Somente depois, quando testes
críticos e experimentação entram em jogo, é que a ciência diverge da
arte.”

-- François Jacob, 1997

Offline Skeptikós

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Re:Nobel considera revistas Nature, Science e Cell prejudiciais à ciência
« Resposta #2 Online: 19 de Julho de 2014, 13:24:08 »
Esse assunto de Open Access (principalmente pay to pubish) é bem complicado.

Não estou encontrado o artigo em que os caras submeteram um paper bogus para parias revistas open access e a publicação foi "aceita pelos revisores" imediatamente após o pagamento da taxa de publicação.
Interessante, se você encontrar o artigo faça o favor de posta-lo aqui mais tarde, ficaria feliz em lê-lo.

Mas existem revistas de acesso aberto que não necessitam de pagamento por pate dos autores para que o trabalho seja publicado. Sendo verídico a informação acima, ao menos este tipo de revista de acesso aberto estaria aparentemente livre deste problema, não é mesmo?

Outro problema sério é o viés de publicação, que o Schekman destacou em uma de suas formas, mas cujo problema mais fundamental eu não sei como resolver.
Acho que esta seria uma questão de educação moral e/ou de conscientização. Acho que dar vantagem para artigos com resultados positivos enquanto ignora ou rejeita artigos com resultados nulos ou negativos igualmente relevantes para a pesquisa em questão, é uma atitude imoral, pouco preocupada com a verdade e a analise crítica que resultados conflitantes podem trazer, mesmo quando boa parte deles sejam negativos e/ou nulos, e mais preocupada com o sucesso que um resultado positivo pode trazer (ignorando por tanto tudo aquilo que possa comprometer este sucesso, como os resultados nulos ou negativos por exemplo).

Há coisas como Journal of negative Results
Muito interessante, não conhecia, e gostei da iniciativa e do objetivo deles.

mas é comlicado esse tipod e ideia se enraizar na comunidade científica e, principalmente, não ser abusada pelos regurgitadores de artigos (estou olhando pra vocês, chineses :nao3:)
Isso é uma questão de conscientização, no final das contas a moral e a ética acaba por construirem valores e objetivos que dão sentido a pesquisa cientifica. Sendo ao meu ver fatores indispensáveis na educação destes profissionais.

Encontrei este artigo na internet e o achei pertinente, por apontar para o fato que o número de revistas cientificas de acesso aberto estarem aumentando de forma intensa no últimos anos, sem perder a qualidade, segundo o artigo abaixo:

VIA DOURADA: REVISTAS EM ACESSO ABERTO, REVISTAS DE QUALIDADE

Abraços!
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Dante, Inferno, XI, 93; cit. p/ Montaigne, Os ensaios, Uma seleção, I, XXV, p. 93; org. de M. A. Screech, trad. de Rosa Freire D'aguiar

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Re:Nobel considera revistas Nature, Science e Cell prejudiciais à ciência
« Resposta #3 Online: 19 de Julho de 2014, 13:56:35 »
"Nature" se defende das críticas do Nobel Randy Schekman

12 DEZ 2013



A revista britânica "Nature" se defendeu das críticas do prêmio Nobel de Medicina Randy Schekman ao assegurar que seleciona os estudos que publica "com base em sua relevância científica" e não em seu impacto.

O biólogo celular declarou um boicote a essa revista e às americanas "Cell" e "Science", às quais não voltará a enviar mais pesquisas de seu laboratório, por considerar que distorcem o processo científico e representam uma "tirania".


O prêmio Nobel de Medicina Randy Schekman. EFE/Arquivo

O americano, ganhador do prêmio Nobel de Medicina em 2013, considera que a pressão dos cientistas para publicar nessas revistas "de luxo" encorajam os pesquisadores a perseguir campos científicos "da moda" em vez de realizar trabalhos de mais relevância.

Em artigo publicado esta semana em "The Guardian", Schekman afirma que o problema se exacerba pelo fato de que os diretores dessas publicações não são cientistas, mas profissionais que buscam a publicação de estudos com mais impacto.

"Publiquei com os grandes nomes, incluindo publicações que me valeram para ganhar um prêmio Nobel. Mas já não mais", disse ao periódico, acrescentando que: "Da mesma forma que Wall Street tem que se desligar da cultura das gratificações, a ciência deve romper com a tirania das publicações famosas".

Em resposta a Schekman, o diretor da "Nature", Philip Campbell, disse que sua revista trabalha com a comunidade científica há mais de 140 anos e que o apoio recebido por parte dos autores de pesquisas e críticos valida seu trabalho.

"Selecionamos as pesquisas que vão ser publicadas na 'Nature' com base em sua importância científica", afirmou Campbell em comunicado enviado hoje à Agencia Efe.

"A comunidade científica tende a uma 'superdependência' ao avaliar as pesquisas pela publicação na qual aparecem ou pelo 'fator impacto' dessa revista", reconheceu.

Campbell lembrou que, em uma pesquisa realizada este ano pelo Grupo Editorial Nature entre mais de 20 mil cientistas, os três fatores mais importantes na hora de escolher uma publicação para divulgar um estudo foram: "A reputação da revista, a relevância do conteúdo da revista em sua disciplina e o fator impacto dessa publicação".

"Meus colegas e eu expressamos preocupação com a 'superdependência' nos fatores de impacto muitas vezes ao longo dos anos, tanto nas páginas da 'Nature' como na de outras revistas", disse.

Schekman recebeu este ano o Prêmio Nobel de Medicina junto com James E. Rothman e Thomas C. Südhof por seus trabalhos sobre o funcionamento da troca de substâncias na membrana celular.

Fonte:
"Che non men che saper dubbiar m'aggrada."
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Dante, Inferno, XI, 93; cit. p/ Montaigne, Os ensaios, Uma seleção, I, XXV, p. 93; org. de M. A. Screech, trad. de Rosa Freire D'aguiar

Rhyan

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Re:Nobel considera revistas Nature, Science e Cell prejudiciais à ciência
« Resposta #4 Online: 19 de Julho de 2014, 17:25:29 »
Por um lado é um modelo super-eficiente, por outro lado não é um modelo aberto e fortemente concorrencial.

 

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