Autor Tópico: Brasil: campeão mundial na violência contra professores  (Lida 1235 vezes)

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Skorpios

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Brasil: campeão mundial na violência contra professores
« Online: 01 de Setembro de 2014, 15:06:56 »
Achei pertinente a análise do professor Luiz Flávio Gomes. Tenho acompanhado uma série de reportagens da BBC Brasil sobre o tema e são estarrecedoras.

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Brasil: campeão mundial na violência contra professores

O Brasil que pegou o caminho errado (estamos falando do Brasil fundado na “filosofia” de Valesca Popuzuda: “tiro, porrada e bomba”) está levando os brasileiros a conhecerem as profundezas do inferno descrito por Dante, na Divina Comédia. Que falta nos faz um estadista com sentido moral, absolutamente comprometido com sua não reeleição, que promova mudanças estruturais radicais!

Pesquisa divulgada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econônico (OCDE) apontou o Brasil como o país com o maior número de casos de violência contra professores. O estudo, chamado Talis (Teaching and Learning International Survey), foi baseado em um questionário internacional de larga escala que focava as condições de trabalho dos professores e da aprendizagem nas escolas, com o objetivo de formular políticas públicas a respeito do tema. Foram entrevistados mais de 100 mil professores e diretores de escolas do segundo ciclo do ensino fundamental e do ensino médio em 34 países.

A pesquisa revelou que 12,5% dos professores entrevistados no Brasil disseram ser vítimas de agressões verbais ou de intimidação de alunos pelo menos uma vez por semana, ocupando a pior posição nessa área dentre todos os países pesquisados, que apresentam a média de 3,4%. Colados no Brasil estão a Estônia (11%) e a Austrália (9,7%). Coréia do Sul, Malásia e Romênia aprensentaram índice zero de violência contra os professores. O Brasil, com sua cultura de tolerância zero, se transformou no campeão mundial em violência contra professores; a Coreia do Sul tem violência zero. Por que somos tão diferentes?

Em 1964 o Brasil, por meio de um golpe de estado, tomava a decisão de mergulhar no inferno da política do “tiro, porrada e bomba”. Resultado: milhares de desaparecidos, centenas de mortos, estupros, tortura, exílios, 21 anos de regime militar, perda do poder aquisitivo do salário mínimo, aumento na concentração de renda e da desigualdade, freio nas liberdades, escolaridade baixíssima etc. Com a redemocratização do país (1985), os novos donos do poder se livraram da vida militarizada, mas a filosofia da violência não saiu de dentro deles. Resultado: não conseguimos sair do atraso socioeconômico e educacional: 95º lugar no IDH (computando a desigualdade), campeão mundial em homicídios (em números absolutos: 57 mil por ano), ¾ da população são de analfabetos funcionais, taxa de 29 assassinatos para cada 100 mil pessoas, aqui estão 16 das 50 cidades mais violentas do planeta, aqui acontecem 11% de todos os assassainatos do mundo etc.

No mesmo ano (1964) a Coreia do Sul (que tinha renda per capita muito inferior ao Brasil) tomava a decisão de colocar todo mundo nas escolas (desde o jardim da infância até às universidades). Aqui, “tiro, porrada e bomba”; lá, “civilização, conhecimento, tecnologia e cidadania”. Resultado: lá não existe violência contra os professores, 2/3 da população têm formação superior, renda per capita 3 vezes maior que a brasileira, 2 assassinatos para cada 100 mil pessoas, 15º no IDH etc.

Cada país tem sua história, é verdade, mas essa história não brota da terra como produto da natureza. Ela é construída pelas decisões de suas lideranças. Algumas são competentes e têm visão de futuro, outras não. Os resultados entre os vários países mostram as diferenças (os erros e acertos).

A pesquisa da OCDE ainda indicou que, apesar dos problemas, a grande maioria dos professores no mundo se diz satisfeita com o trabalho; eles são apoiados e reconhecidos pela institutição escolar assim como pela sociedade em geral. Com relação à satisfação dos professores brasileiros na carreira, apenas 12,6% acreditam que exista uma valorização da profissão pela sociedade. Nesse item estamos entre os dez últimos no ranking. A média global de satisfação dos professores é de 31%. A Eslováquia é a última: apenas 3,9% dos entrevistados acreditam serem respeitados pela sociedade, seguida de França e Suécia com 4,9%. Os professores brasileiros recebem 1,9 mil reais por mês, três vezes menos que a média total dos países da OCDE, de 5,7 mil reais. Entra governo e sai governo e os professores continuam mal pagos, maltratados, desestimulados e desesperançados.

Os donos do Brasil, invertendo a máxima de Pitágoras (grego, filósofo), preferem punir os adultos (sempre seletivamente) a educar as suas crianças. O que é isso? Falta de educação dos donos do país. Eles não sabem que “Educação é uma descoberta progressiva de nossa própria ignorância” (Voltaire, francês, filósofo).

Offline Gaúcho

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Re:Brasil: campeão mundial na violência contra professores
« Resposta #1 Online: 01 de Setembro de 2014, 15:15:00 »
:brasil:
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Offline Eu

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Re:Brasil: campeão mundial na violência contra professores
« Resposta #2 Online: 01 de Setembro de 2014, 15:58:15 »
Mas tem o outro lado também. Eu estudei em escola pública e já presenciei professor humilhar, xingar aluno.

Offline Mr. Mustard

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Re:Brasil: campeão mundial na violência contra professores
« Resposta #3 Online: 01 de Setembro de 2014, 16:03:27 »
Mas tem o outro lado também. Eu estudei em escola pública e já presenciei professor humilhar, xingar aluno.

Mesmo assim, creio que você não tenha visto professor ser morto na sua frente, surrado... Então, pode haver vários lados, mas nenhum deles justifica a violência velada a esta classe trabalhadora,

Da mesma forma que nada justificaria tal violência ao aluno.

Offline Barata Tenno

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Re:Brasil: campeão mundial na violência contra professores
« Resposta #4 Online: 01 de Setembro de 2014, 17:35:14 »
Mas tem o outro lado também. Eu estudei em escola pública e já presenciei professor humilhar, xingar aluno.

Isso não é o outro lado, maus professores sempre existiram, desde o primórdio da humanidade, pra isso existem secretarias de educação, imprensa, etc. Ainda mais com a facilidade de se gravar vídeos de hoje em dia, é bem fácil fazer um mau professor  perder o emprego. Não é isso que causa a violência.
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Offline Derfel

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Re:Brasil: campeão mundial na violência contra professores
« Resposta #5 Online: 01 de Setembro de 2014, 18:34:32 »
O problema é bem mais complexo do que apenas escola. Existe um problema de estrutura familiar, onde a família se apresenta disfuncional e não valoriza a educação, levando a escola a se tornar um depósito de alunos. Os pais também não estão interessados se o filho aprende ou não, mas se ele passou de ano. Outro problema é a falta de disciplina. Esta falta de disciplina começa em casa e apenas se reflete nas escolas, onde reproduz um comportamento a que os alunos já estão acostumados. A punição inexiste: o aluno não pode ser punido para não focar traumatizado e entre o professor e o aluno, para a secretaria e conselho tutelar, o aluno sempre tem razão. Resultado: indisciplina generalizada. Por fim, a comunidade onde estão inseridos muitas vezes é uma comunidade violenta e a violência acompanha os alunos na escola - tráfico na escola é uma constante. Existem outros problemas também como a adoção dos ciclos, a falta de repetência e a falta de expulsão de alunos.

Offline _Juca_

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Re:Brasil: campeão mundial na violência contra professores
« Resposta #6 Online: 01 de Setembro de 2014, 19:21:47 »
O problema é bem mais complexo do que apenas escola. Existe um problema de estrutura familiar, onde a família se apresenta disfuncional e não valoriza a educação, levando a escola a se tornar um depósito de alunos. Os pais também não estão interessados se o filho aprende ou não, mas se ele passou de ano. Outro problema é a falta de disciplina. Esta falta de disciplina começa em casa e apenas se reflete nas escolas, onde reproduz um comportamento a que os alunos já estão acostumados. A punição inexiste: o aluno não pode ser punido para não focar traumatizado e entre o professor e o aluno, para a secretaria e conselho tutelar, o aluno sempre tem razão. Resultado: indisciplina generalizada. Por fim, a comunidade onde estão inseridos muitas vezes é uma comunidade violenta e a violência acompanha os alunos na escola - tráfico na escola é uma constante. Existem outros problemas também como a adoção dos ciclos, a falta de repetência e a falta de expulsão de alunos.

Caramba Derfel, exatamente isso. Quem vive a realidade das escolas públicas, principalmente as de periferias afastadas sabe que é isso mesmo.

Offline Geotecton

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Re:Brasil: campeão mundial na violência contra professores
« Resposta #7 Online: 01 de Setembro de 2014, 19:35:14 »
O problema é bem mais complexo do que apenas escola. Existe um problema de estrutura familiar, onde a família se apresenta disfuncional e não valoriza a educação, levando a escola a se tornar um depósito de alunos. Os pais também não estão interessados se o filho aprende ou não, mas se ele passou de ano. Outro problema é a falta de disciplina. Esta falta de disciplina começa em casa e apenas se reflete nas escolas, onde reproduz um comportamento a que os alunos já estão acostumados. A punição inexiste: o aluno não pode ser punido para não focar traumatizado e entre o professor e o aluno, para a secretaria e conselho tutelar, o aluno sempre tem razão. Resultado: indisciplina generalizada. Por fim, a comunidade onde estão inseridos muitas vezes é uma comunidade violenta e a violência acompanha os alunos na escola - tráfico na escola é uma constante. Existem outros problemas também como a adoção dos ciclos, a falta de repetência e a falta de expulsão de alunos.

E você sabe de onde vem este comportamento de secretarias e conselhos, não é mesmo?
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Offline Barata Tenno

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Re:Brasil: campeão mundial na violência contra professores
« Resposta #8 Online: 01 de Setembro de 2014, 19:37:20 »
O problema é bem mais complexo do que apenas escola. Existe um problema de estrutura familiar, onde a família se apresenta disfuncional e não valoriza a educação, levando a escola a se tornar um depósito de alunos. Os pais também não estão interessados se o filho aprende ou não, mas se ele passou de ano. Outro problema é a falta de disciplina. Esta falta de disciplina começa em casa e apenas se reflete nas escolas, onde reproduz um comportamento a que os alunos já estão acostumados. A punição inexiste: o aluno não pode ser punido para não focar traumatizado e entre o professor e o aluno, para a secretaria e conselho tutelar, o aluno sempre tem razão. Resultado: indisciplina generalizada. Por fim, a comunidade onde estão inseridos muitas vezes é uma comunidade violenta e a violência acompanha os alunos na escola - tráfico na escola é uma constante. Existem outros problemas também como a adoção dos ciclos, a falta de repetência e a falta de expulsão de alunos.

E você sabe de onde vem este comportamento de secretarias e conselhos, não é mesmo?

A merda começou no regime militar, afinal, em 1984 a educação ja estava decadente e a de antes todo mundo elogia.
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Re:Brasil: campeão mundial na violência contra professores
« Resposta #9 Online: 01 de Setembro de 2014, 19:42:20 »
O problema é bem mais complexo do que apenas escola. Existe um problema de estrutura familiar, onde a família se apresenta disfuncional e não valoriza a educação, levando a escola a se tornar um depósito de alunos. Os pais também não estão interessados se o filho aprende ou não, mas se ele passou de ano. Outro problema é a falta de disciplina. Esta falta de disciplina começa em casa e apenas se reflete nas escolas, onde reproduz um comportamento a que os alunos já estão acostumados. A punição inexiste: o aluno não pode ser punido para não focar traumatizado e entre o professor e o aluno, para a secretaria e conselho tutelar, o aluno sempre tem razão. Resultado: indisciplina generalizada. Por fim, a comunidade onde estão inseridos muitas vezes é uma comunidade violenta e a violência acompanha os alunos na escola - tráfico na escola é uma constante. Existem outros problemas também como a adoção dos ciclos, a falta de repetência e a falta de expulsão de alunos.
E você sabe de onde vem este comportamento de secretarias e conselhos, não é mesmo?
A merda começou no regime militar, afinal, em 1984 a educação ja estava decadente e a de antes todo mundo elogia.

Não, Barata.

Eu fiz todo o meu curso básico e intermediário em escola pública (estadual) durante a ditadura e o nível de exigência e de ensino era muito superior ao que se observa hoje.

Este comportamento começou com a adoção das ideias pedagógicas de esquerda, que considera o aluno como uma 'vítima do sistema opressor' representado pela hierarquia escolar.

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Offline Barata Tenno

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Re:Brasil: campeão mundial na violência contra professores
« Resposta #10 Online: 01 de Setembro de 2014, 19:50:38 »
O problema é bem mais complexo do que apenas escola. Existe um problema de estrutura familiar, onde a família se apresenta disfuncional e não valoriza a educação, levando a escola a se tornar um depósito de alunos. Os pais também não estão interessados se o filho aprende ou não, mas se ele passou de ano. Outro problema é a falta de disciplina. Esta falta de disciplina começa em casa e apenas se reflete nas escolas, onde reproduz um comportamento a que os alunos já estão acostumados. A punição inexiste: o aluno não pode ser punido para não focar traumatizado e entre o professor e o aluno, para a secretaria e conselho tutelar, o aluno sempre tem razão. Resultado: indisciplina generalizada. Por fim, a comunidade onde estão inseridos muitas vezes é uma comunidade violenta e a violência acompanha os alunos na escola - tráfico na escola é uma constante. Existem outros problemas também como a adoção dos ciclos, a falta de repetência e a falta de expulsão de alunos.
E você sabe de onde vem este comportamento de secretarias e conselhos, não é mesmo?
A merda começou no regime militar, afinal, em 1984 a educação ja estava decadente e a de antes todo mundo elogia.

Não, Barata.

Eu fiz todo o meu curso básico e intermediário em escola pública (estadual) durante a ditadura e o nível de exigência e de ensino era muito superior ao que se observa hoje.

Este comportamento começou com a adoção das ideias pedagógicas de esquerda, que considera o aluno como uma 'vítima do sistema opressor' representado pela hierarquia escolar.



Como disse, em 1984 a escola pública já era um lixo. E ai?
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Offline Rocky Joe

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Re:Brasil: campeão mundial na violência contra professores
« Resposta #11 Online: 01 de Setembro de 2014, 20:12:57 »
O problema é bem mais complexo do que apenas escola. Existe um problema de estrutura familiar, onde a família se apresenta disfuncional e não valoriza a educação, levando a escola a se tornar um depósito de alunos. Os pais também não estão interessados se o filho aprende ou não, mas se ele passou de ano. Outro problema é a falta de disciplina. Esta falta de disciplina começa em casa e apenas se reflete nas escolas, onde reproduz um comportamento a que os alunos já estão acostumados. A punição inexiste: o aluno não pode ser punido para não focar traumatizado e entre o professor e o aluno, para a secretaria e conselho tutelar, o aluno sempre tem razão. Resultado: indisciplina generalizada. Por fim, a comunidade onde estão inseridos muitas vezes é uma comunidade violenta e a violência acompanha os alunos na escola - tráfico na escola é uma constante. Existem outros problemas também como a adoção dos ciclos, a falta de repetência e a falta de expulsão de alunos.
E você sabe de onde vem este comportamento de secretarias e conselhos, não é mesmo?
A merda começou no regime militar, afinal, em 1984 a educação ja estava decadente e a de antes todo mundo elogia.

Não, Barata.

Eu fiz todo o meu curso básico e intermediário em escola pública (estadual) durante a ditadura e o nível de exigência e de ensino era muito superior ao que se observa hoje.

Este comportamento começou com a adoção das ideias pedagógicas de esquerda, que considera o aluno como uma 'vítima do sistema opressor' representado pela hierarquia escolar.



Imagino que o número de vagas para ensino médio era muito menor antigamente, tornando mais fácil manter a qualidade do ensino (nem que seja só por poder pagar melhor aos professores mesmo e "selecionar" um pouco), se esse for o caso. Mas sem dados aqui.

No mais, minha experiência é o que o Derfel escreveu. O próprio aluno desiste de estudar, também, sabe que não há muito a ganhar estudando - não tem chances de passar no vestibular e não tem apoio para tal e, caso tenha dinheiro para fazer uma faculdade privada, não se precisa estudar mesmo para entrar nestas faculdades. Não precisando estudar, o tempo gasto na escola vai pra outras coisas... ai ai.

Geo, conviver em uma escola pública é no mais das vezes conviver com pessoas oprimidas sim. Não pelo sistema escolar, no entanto.

Offline Geotecton

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Re:Brasil: campeão mundial na violência contra professores
« Resposta #12 Online: 01 de Setembro de 2014, 20:23:51 »
O problema é bem mais complexo do que apenas escola. Existe um problema de estrutura familiar, onde a família se apresenta disfuncional e não valoriza a educação, levando a escola a se tornar um depósito de alunos. Os pais também não estão interessados se o filho aprende ou não, mas se ele passou de ano. Outro problema é a falta de disciplina. Esta falta de disciplina começa em casa e apenas se reflete nas escolas, onde reproduz um comportamento a que os alunos já estão acostumados. A punição inexiste: o aluno não pode ser punido para não focar traumatizado e entre o professor e o aluno, para a secretaria e conselho tutelar, o aluno sempre tem razão. Resultado: indisciplina generalizada. Por fim, a comunidade onde estão inseridos muitas vezes é uma comunidade violenta e a violência acompanha os alunos na escola - tráfico na escola é uma constante. Existem outros problemas também como a adoção dos ciclos, a falta de repetência e a falta de expulsão de alunos.
E você sabe de onde vem este comportamento de secretarias e conselhos, não é mesmo?
A merda começou no regime militar, afinal, em 1984 a educação ja estava decadente e a de antes todo mundo elogia.
Não, Barata.

Eu fiz todo o meu curso básico e intermediário em escola pública (estadual) durante a ditadura e o nível de exigência e de ensino era muito superior ao que se observa hoje.

Este comportamento começou com a adoção das ideias pedagógicas de esquerda, que considera o aluno como uma 'vítima do sistema opressor' representado pela hierarquia escolar.
Como disse, em 1984 a escola pública já era um lixo. E ai?

Acho que perdi algo.

O que tem de especial o ano de 1984?
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Offline Geotecton

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Re:Brasil: campeão mundial na violência contra professores
« Resposta #13 Online: 01 de Setembro de 2014, 20:29:51 »
Imagino que o número de vagas para ensino médio era muito menor antigamente, tornando mais fácil manter a qualidade do ensino (nem que seja só por poder pagar melhor aos professores mesmo e "selecionar" um pouco), se esse for o caso. Mas sem dados aqui.

Possivelmente.

Mas certamente naquela época os alunos não afrontavam os professores, havia reprovação maciça de alunos, a hierarquia era rígida tanto na escola como em casa e os pais davam uma assistência mínima aos filhos.


No mais, minha experiência é o que o Derfel escreveu. O próprio aluno desiste de estudar, também, sabe que não há muito a ganhar estudando - não tem chances de passar no vestibular e não tem apoio para tal e, caso tenha dinheiro para fazer uma faculdade privada, não se precisa estudar mesmo para entrar nestas faculdades. Não precisando estudar, o tempo gasto na escola vai pra outras coisas... ai ai.

Aí o problema principal não é a escola e sim a família.


Geo, conviver em uma escola pública é no mais das vezes conviver com pessoas oprimidas sim. Não pelo sistema escolar, no entanto.

Oprimidas por quem? E porquê?
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Offline Derfel

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Re:Brasil: campeão mundial na violência contra professores
« Resposta #14 Online: 01 de Setembro de 2014, 21:06:02 »
O problema é bem mais complexo do que apenas escola. Existe um problema de estrutura familiar, onde a família se apresenta disfuncional e não valoriza a educação, levando a escola a se tornar um depósito de alunos. Os pais também não estão interessados se o filho aprende ou não, mas se ele passou de ano. Outro problema é a falta de disciplina. Esta falta de disciplina começa em casa e apenas se reflete nas escolas, onde reproduz um comportamento a que os alunos já estão acostumados. A punição inexiste: o aluno não pode ser punido para não focar traumatizado e entre o professor e o aluno, para a secretaria e conselho tutelar, o aluno sempre tem razão. Resultado: indisciplina generalizada. Por fim, a comunidade onde estão inseridos muitas vezes é uma comunidade violenta e a violência acompanha os alunos na escola - tráfico na escola é uma constante. Existem outros problemas também como a adoção dos ciclos, a falta de repetência e a falta de expulsão de alunos.

E você sabe de onde vem este comportamento de secretarias e conselhos, não é mesmo?
Começou com os governos do Paraná e Minas Gerais e depois se espalhou pelo país. De certa maneira acompanha o processo de universalização do ensino básico.

Offline Barata Tenno

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Re:Brasil: campeão mundial na violência contra professores
« Resposta #15 Online: 01 de Setembro de 2014, 21:52:16 »
O problema é bem mais complexo do que apenas escola. Existe um problema de estrutura familiar, onde a família se apresenta disfuncional e não valoriza a educação, levando a escola a se tornar um depósito de alunos. Os pais também não estão interessados se o filho aprende ou não, mas se ele passou de ano. Outro problema é a falta de disciplina. Esta falta de disciplina começa em casa e apenas se reflete nas escolas, onde reproduz um comportamento a que os alunos já estão acostumados. A punição inexiste: o aluno não pode ser punido para não focar traumatizado e entre o professor e o aluno, para a secretaria e conselho tutelar, o aluno sempre tem razão. Resultado: indisciplina generalizada. Por fim, a comunidade onde estão inseridos muitas vezes é uma comunidade violenta e a violência acompanha os alunos na escola - tráfico na escola é uma constante. Existem outros problemas também como a adoção dos ciclos, a falta de repetência e a falta de expulsão de alunos.
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Eu fiz todo o meu curso básico e intermediário em escola pública (estadual) durante a ditadura e o nível de exigência e de ensino era muito superior ao que se observa hoje.

Este comportamento começou com a adoção das ideias pedagógicas de esquerda, que considera o aluno como uma 'vítima do sistema opressor' representado pela hierarquia escolar.
Como disse, em 1984 a escola pública já era um lixo. E ai?

Acho que perdi algo.

O que tem de especial o ano de 1984?

Foi o ano em que eu comecei na escola e já se falava que colégios públicos eram um lixo.
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Re:Brasil: campeão mundial na violência contra professores
« Resposta #16 Online: 01 de Setembro de 2014, 22:24:14 »
Bem eu sou mais novinho. Me formei no ensino médio em 2001 (colégio estadual). Na minha época ainda existia bastante reprovação. A escola era razoável, tinha seus pontos altos e baixos. Infraestrutura que se resumia a salas de aula e auditório. Laboratórios nunca eram usados (mas existiam). Mas o prédio tinha boas condições. Alguns professores eram bons. A maioria era de razoável para bom e alguns poucos eram medíocres.

Sei que de lá para cá (pouco tempo isso) a coisa desandou totalmente. E eu concordo com a análise de que parte da culpa decorre da ideologia implementada de proteção integral ao aluno que é sujeito de direito, mas sem deveres, na prática. Mas não é só isso também, coisas como respeito, civismo, cidadania, ordem, compromisso, solidariedade, valores morais e familiares e até mesmo valores religiosos (no sentido moral e de conduta reta) estão em absoluta decadência em toda sociedade brasileira. Isso se reflete em tudo e, obviamente, nos alunos e na educação em geral.

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Offline Barata Tenno

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Re:Brasil: campeão mundial na violência contra professores
« Resposta #17 Online: 01 de Setembro de 2014, 22:26:04 »
Bem eu sou mais novinho. Me formei no ensino médio em 2001 (colégio estadual). Na minha época ainda existia bastante reprovação. A escola era razoável, tinha seus pontos altos e baixos. Infraestrutura que se resumia a salas de aula e auditório. Laboratórios nunca eram usados (mas existiam). Mas o prédio tinha boas condições. Alguns professores eram bons. A maioria era de razoável para bom e alguns poucos eram medíocres.

Sei que de lá para (pouco tempo isso) a coisa desandou totalmente. E eu concordo com a análise de que parte da culpa decorre da ideologia implementada de proteção integral ao aluno que é sujeito de direito, mas sem deveres, na prática. Mas não é só isso também, coisas como respeito, civismo, cidadania, ordem, compromisso, solidariedade, valores morais e familiares e até mesmo valores religiosos (no sentido moral e de conduta reta) estão em absoluta decadência em toda sociedade brasileira. Isso se reflete em tudo e, obviamente, nos alunos e na educação em geral.



Se a educação de casa caiu, a culpa é dos pais, e os pais foram para a escola no período militar.
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Re:Brasil: campeão mundial na violência contra professores
« Resposta #18 Online: 01 de Setembro de 2014, 22:31:43 »
Bem eu sou mais novinho. Me formei no ensino médio em 2001 (colégio estadual). Na minha época ainda existia bastante reprovação. A escola era razoável, tinha seus pontos altos e baixos. Infraestrutura que se resumia a salas de aula e auditório. Laboratórios nunca eram usados (mas existiam). Mas o prédio tinha boas condições. Alguns professores eram bons. A maioria era de razoável para bom e alguns poucos eram medíocres.

Sei que de lá para (pouco tempo isso) a coisa desandou totalmente. E eu concordo com a análise de que parte da culpa decorre da ideologia implementada de proteção integral ao aluno que é sujeito de direito, mas sem deveres, na prática. Mas não é só isso também, coisas como respeito, civismo, cidadania, ordem, compromisso, solidariedade, valores morais e familiares e até mesmo valores religiosos (no sentido moral e de conduta reta) estão em absoluta decadência em toda sociedade brasileira. Isso se reflete em tudo e, obviamente, nos alunos e na educação em geral.



Se a educação de casa caiu, a culpa é dos pais, e os pais foram para a escola no período militar.

Em parte creio que sim. Mas estes pais foram também influenciados por outras coisas que aconteceram na sociedade. A verdade é que antes não se podia nada e agora se pode tudo. Falta um meio termo.
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Offline Rocky Joe

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Re:Brasil: campeão mundial na violência contra professores
« Resposta #19 Online: 01 de Setembro de 2014, 23:45:14 »
Oprimidas por quem? E porquê?

Ah, a vida. :P

Offline Geotecton

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Re:Brasil: campeão mundial na violência contra professores
« Resposta #20 Online: 01 de Setembro de 2014, 23:47:22 »
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Offline Jovem Cético

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Re:Brasil: campeão mundial na violência contra professores
« Resposta #21 Online: 05 de Setembro de 2014, 20:22:27 »
Professora é esfaqueada por aluno. Mais uma para a estatística.

http://ceticismo.net/2014/09/05/professora-e-esfaqueada-por-aluno-mais-uma-para-a-estatistica/
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Offline Buckaroo Banzai

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Re:Brasil: campeão mundial na violência contra professores
« Resposta #22 Online: 05 de Setembro de 2014, 21:22:39 »
Bem eu sou mais novinho. Me formei no ensino médio em 2001 (colégio estadual). Na minha época ainda existia bastante reprovação. A escola era razoável, tinha seus pontos altos e baixos. Infraestrutura que se resumia a salas de aula e auditório. Laboratórios nunca eram usados (mas existiam). Mas o prédio tinha boas condições. Alguns professores eram bons. A maioria era de razoável para bom e alguns poucos eram medíocres.

Sei que de lá para (pouco tempo isso) a coisa desandou totalmente. E eu concordo com a análise de que parte da culpa decorre da ideologia implementada de proteção integral ao aluno que é sujeito de direito, mas sem deveres, na prática. Mas não é só isso também, coisas como respeito, civismo, cidadania, ordem, compromisso, solidariedade, valores morais e familiares e até mesmo valores religiosos (no sentido moral e de conduta reta) estão em absoluta decadência em toda sociedade brasileira. Isso se reflete em tudo e, obviamente, nos alunos e na educação em geral.



Se a educação de casa caiu, a culpa é dos pais, e os pais foram para a escola no período militar.

Em parte creio que sim. Mas estes pais foram também influenciados por outras coisas que aconteceram na sociedade. A verdade é que antes não se podia nada e agora se pode tudo. Falta um meio termo.

Ao mesmo tempo, acredito que era mais comum que os alunos fossem expulsos por má-conduta. Com o passar do tempo o estado foi tentando se "responsabilizar" (ou, responsabilizar a escola) mais disso, sem no entanto ter condições ou método eficaz de fazê-lo. Isso faz com que a situação não piore apenas porque deixam de ser expulsos os alunos que não forem realmente caso de cadeia ou qualquer que seja o análogo atual da "FEBEM", como por "contágio" do mau comportamento destes em algum grau.

Também acredito que deve haver bases para defender que em parte isso se deve/agrava por visões mais progressistas da cultura, de "questionar as autoridades e os valores", de se ter tudo mais "flexível" e "tentar abordagens ousadas" para as coisas, em vez seguir posturas mais tradicionais e cautelosas.

No meu tempo, escolas públicas não tinham nada de luxo, mesmo em bairros não-tão-pobres, e os pais contribuiam até "ilegalmente" com arrecadações pequenas para manter algumas coisas. Hoje em dia escolas de periferia são comparativamente spas. Se tem laboratórios, computadores para alunos, uma alimentação de qualidade que era para mim inconcebível -- com cuidados invidualizados para alunos com problemas como diabetes e outras condições que os impedem de ingerir alguns alimentos, o que costumava ficar apenas por conta dos pais e esclarecimento dos filhos em si, talvez com alguma comunicação à escola de forma algo mais informal, e sem haver bem uma estrutura para cuidar disso, nada além de um "puxão de orelha" (não literal) se uma criança diabética era vista com algo com açúcar, e coisas nessa linha. Agora têm alimentação apropriada.

No entanto, apesar de todo esse luxo, a impressão que passa é que o comportamento só despencou; as próximas melhorias estruturais provavelmente precisarão ser toda uma série de corredores paralelos em toda a escola, com a área do professor na sala acessível somente por estes, e protegida por um vidro anti-balas, para os professores poderem andar a salvo, em isolamento dos alunos. E não imagino que tenha havido uma melhora significativa/"proporcional" no rendimento escolar.

 

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