Bem eu sou mais novinho. Me formei no ensino médio em 2001 (colégio estadual). Na minha época ainda existia bastante reprovação. A escola era razoável, tinha seus pontos altos e baixos. Infraestrutura que se resumia a salas de aula e auditório. Laboratórios nunca eram usados (mas existiam). Mas o prédio tinha boas condições. Alguns professores eram bons. A maioria era de razoável para bom e alguns poucos eram medíocres.
Sei que de lá para (pouco tempo isso) a coisa desandou totalmente. E eu concordo com a análise de que parte da culpa decorre da ideologia implementada de proteção integral ao aluno que é sujeito de direito, mas sem deveres, na prática. Mas não é só isso também, coisas como respeito, civismo, cidadania, ordem, compromisso, solidariedade, valores morais e familiares e até mesmo valores religiosos (no sentido moral e de conduta reta) estão em absoluta decadência em toda sociedade brasileira. Isso se reflete em tudo e, obviamente, nos alunos e na educação em geral.
Se a educação de casa caiu, a culpa é dos pais, e os pais foram para a escola no período militar.
Em parte creio que sim. Mas estes pais foram também influenciados por outras coisas que aconteceram na sociedade. A verdade é que antes não se podia nada e agora se pode tudo. Falta um meio termo.
Ao mesmo tempo, acredito que era mais comum que os alunos fossem expulsos por má-conduta. Com o passar do tempo o estado foi tentando se "responsabilizar" (ou, responsabilizar a escola) mais disso, sem no entanto ter condições ou método eficaz de fazê-lo. Isso faz com que a situação não piore apenas porque deixam de ser expulsos os alunos que não forem realmente caso de cadeia ou qualquer que seja o análogo atual da "FEBEM", como por "contágio" do mau comportamento destes em algum grau.
Também acredito que deve haver bases para defender que
em parte isso se deve/agrava por visões mais progressistas da cultura, de "questionar as autoridades e os valores", de se ter tudo mais "flexível" e "tentar abordagens ousadas" para as coisas, em vez seguir posturas mais tradicionais e cautelosas.
No meu tempo, escolas públicas não tinham nada de luxo, mesmo em bairros não-tão-pobres, e os pais contribuiam até "ilegalmente" com arrecadações pequenas para manter algumas coisas. Hoje em dia escolas de periferia são comparativamente spas. Se tem laboratórios, computadores para alunos, uma alimentação de qualidade que era para mim inconcebível -- com cuidados invidualizados para alunos com problemas como diabetes e outras condições que os impedem de ingerir alguns alimentos, o que costumava ficar apenas por conta dos pais e esclarecimento dos filhos em si, talvez com alguma comunicação à escola de forma algo mais informal, e sem haver bem uma estrutura para cuidar disso, nada além de um "puxão de orelha" (não literal) se uma criança diabética era vista com algo com açúcar, e coisas nessa linha. Agora têm alimentação apropriada.
No entanto, apesar de todo esse luxo, a impressão que passa é que o comportamento só despencou; as próximas melhorias estruturais provavelmente precisarão ser toda uma série de corredores paralelos em toda a escola, com a área do professor na sala acessível somente por estes, e protegida por um vidro anti-balas, para os professores poderem andar a salvo, em isolamento dos alunos. E não imagino que tenha havido uma melhora significativa/"proporcional" no rendimento escolar.