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Enxergando no escuro (por Fernando de Melo*)Para enxergarmos um objeto temos que incidir luz nele e detectar a luz espalhada, certo? Em artigo publicado na prestigiosa revista Nature (edição de 28.08.2014), a pesquisadora brasileira Gabriela Barreto Lemos e seus colaboradores do Institute for Quantum Optics and Quantum Information, em Viena, usaram pares de fótons emaranhados, ditos gêmeos, para provar esse senso comum errado.Como Gabriela explica, “A grande novidade é que a imagem é obtida sem se detectar a luz usada para iluminar o objeto. Em geral, para se obter uma imagem, iluminamos um objeto e medimos a (mesma) luz depois que ela é espalhada pelo objeto ou que depois que ela passou através do objeto. No nosso experimento a luz usada para iluminar o objeto não é detectada. Por outro lado, a luz na qual a imagem aparece nunca interagiu com o objeto. A ideia é usar fótons gêmeos: um fóton interage com o objeto enquanto seu irmão gêmeo carrega essa informação até a câmera.”Experimentos desse tipo já tinham sido realizados anteriormente, mas os dois fótons tinham que ser detectados e a imagem era reconstruída através da medida das correlações entre os fótons. Segundo o professor do Instituto de Física da Universidade Federal do Rio de Janeiro Stephen Walborn, “o interessante nesse novo experimento é que as correlações entre os fótons são mapeadas na coerência de um só fóton”, e justamente daquele que não interagiu com o objeto.Stephen vai além e espera que esse tipo de experimento possa ter diversas aplicações, como por exemplo fazer imagens medindo fótons com comprimentos de onda para os quais o objeto seria invisível.A nós só resta esperar pela próxima surpresa da mecânica quântica e seus efeitos. E esteja certa de que ela virá!Leia o artigo aqui. * Pesquisador do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas e membro do Quantum Information Group (qig@CBPF).