Tópico: Caso do professor que manifestou preferência de atendimento por médicos brancos.

[Gigaview]

Professor diz que entre escolher um médico negro e um médico branco escolheria um médico branco e justifica seu ponto de vista. O professor cometeu um crime de injuria racial?

http://g1.globo.com/espirito-santo/noticia/2014/11/desembargador-diz-que-declaracao-de-professor-da-ufes-e-criminosa.html

[Diegojaf]

Pelo visto botaram algum tipo de vírus no site do G1. Automaticamente sai da página da notícia e vai pra um blog.

[Buckaroo Banzai]

Não entendo dessas leis para poder dizer se é ou não, não me surpreenderia nada se for.


E com essa os defensores das políticas de cotas ganham uma bomba nuclear para insinuar/dizer com todas as palavras que os opositores são simplesmente racistas, e encerrar assim a discussão.

Ele realmente praticou crime. Infelizmente, não se trata de racismo, que teria punições mais severas. Mas a declaração dele se encaixa perfeitamente no artigo 140 do Código Penal, que é injúria racial”, afirmou.

Curioso isso, "infelizmente". Então o legal é ver o circo pegar fogo, vale a pena alguém ser vítima de um crime mais grave, para saciar a vontade de uma punição também mais severa? Bizarro.

Pelo visto botaram algum tipo de vírus no site do G1. Automaticamente sai da página da notícia e vai pra um blog.

Aqui está normal.

[Georg Hagedorn]

Caso eu prefira loiras do que ruivas eu não estou sendo racista. Isso é apenas uma preferência, um gosto.

Uma pergunta, caso o chefe de uma empresa dê preferência por um certo tipo de pessoas para contratar, ele está sendo preconceituoso e deve ser punido ou ele tem o direito de escolher quem quiser?

[Diegojaf]

Injuria racial qualificada...

[Diegojaf]

Uma pergunta, caso o chefe de uma empresa dê preferência por um certo tipo de pessoas para contratar, ele está sendo preconceituoso e deve ser punido ou ele tem o direito de escolher quem quiser?

Aí já é crime de racismo...

[Buckaroo Banzai]

Bem, "tipo de pessoas" aí não explicitou raça, poderia ser preferência a não-cotistas de qualquer critério, por exemplo. Mas deve ser algum tipo de discriminação assim mesmo.

E mesmo se é explicitado raça nessa preferência, obviamente não é crime de racismo se isso faz justamente parte da legislação de cotas, é a "preferência obrigatória". Se bem que parece que alguém conseguiu um processo contra isso há algum tempo.

[Diegojaf]

Bem, "tipo de pessoas" aí não explicitou raça, poderia ser preferência a não-cotistas de qualquer critério, por exemplo. Mas deve ser algum tipo de discriminação assim mesmo.

E mesmo se é explicitado raça nessa preferência, obviamente não é crime de racismo se isso faz justamente parte da legislação de cotas, é a "preferência obrigatória". Se bem que parece que alguém conseguiu um processo contra isso há algum tempo.

A lei até engloba bastante situações.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7716.htm

Mas mesmo que você obste o acesso (ao emprego) de uma pessoa por outro motivo, vai incorrer no mínimo em situação que vai gerar constrangimento, sendo passível de indenização por dano moral. No caso de feios ou gordos para empregos, há também já jurisprudência protegendo essas pessoas em caso de perda de emprego por essa razão.

[Gigaview]

Sempre achei que a universidade é um território livre para discutir qualquer idéia, principalmente numa sala de aula, talvez por que tenha estudado na PUC-RJ, onde tinha de tudo. Pelo visto as coisas mudaram.

[Buckaroo Banzai]

Bem, "tipo de pessoas" aí não explicitou raça, poderia ser preferência a não-cotistas de qualquer critério, por exemplo. Mas deve ser algum tipo de discriminação assim mesmo.

E mesmo se é explicitado raça nessa preferência, obviamente não é crime de racismo se isso faz justamente parte da legislação de cotas, é a "preferência obrigatória". Se bem que parece que alguém conseguiu um processo contra isso há algum tempo.

A lei até engloba bastante situações.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7716.htm

Mas mesmo que você obste o acesso (ao emprego) de uma pessoa por outro motivo, vai incorrer no mínimo em situação que vai gerar constrangimento, sendo passível de indenização por dano moral. No caso de feios ou gordos para empregos, há também já jurisprudência protegendo essas pessoas em caso de perda de emprego por essa razão.

Sim, e talvez até havendo risco de exagero (não que seja algo ruim por isso, ou que seja a regra). Acho que foi na Inglaterra, uma ou duas mulheres que acabavam de se tornar policiais, processaram a polícia ou o estado por discriminação por eles não terem uniformes ou equipamentos na medida delas, abaixo da média.

[Geotecton]

Sempre achei que a universidade é um território livre para discutir qualquer idéia, principalmente numa sala de aula, talvez por que tenha estudado na PUC-RJ, onde tinha de tudo. Pelo visto as coisas mudaram.

Sim, mudou completamente.

Agora o que impera é o 'politicamente correto'.

Como faz falta, por aqui, a não-existência de uma Primeira Emenda e uma cultura jurídica e de liberdades individuais como a do EUA.

[Buckaroo Banzai]

Sempre achei que a universidade é um território livre para discutir qualquer idéia, principalmente numa sala de aula, talvez por que tenha estudado na PUC-RJ, onde tinha de tudo. Pelo visto as coisas mudaram.

Não me pareceu uma maneira particularmente sensível de discutir uma idéia*, dando o benefício da dúvida e supondo que haja por trás das declarações uma idéia que merece mais discussões do que "não gostaria de ser atendido por médicos judeus".

Aliás, vetar esse tipo de "discussão", ou processar quem fizesse tal declaração também seria simplesmente "politicamente correto" no sentido pejorativo do termo, ou de alguma forma, só conta se forem os negros em questão?



* supondo que a coisa não tenha sido desonestamente elipsada, sendo sempre no contexto total algo como "eu preferiria ser atendido por um médico branco do que por um negro [, por suspeitar que tenha o último entrado na faculdade pelo sistema de cotas]".

[Geotecton]

Sempre achei que a universidade é um território livre para discutir qualquer idéia, principalmente numa sala de aula, talvez por que tenha estudado na PUC-RJ, onde tinha de tudo. Pelo visto as coisas mudaram.

Não me pareceu uma maneira particularmente sensível de discutir uma idéia, dando o benefício da dúvida e supondo que haja por trás das declarações uma idéia que merece mais discussões do que "não gostaria de ser atendido por médicos judeus".

Aliás, vetar esse tipo de "discussão", ou processar quem fizesse tal declaração também seria simplesmente "politicamente correto" no sentido pejorativo do termo, ou de alguma forma, só conta se forem os negros em questão?

Deve valer para qualquer 'grupo'.
 

[Donatello]

Você vai terminar tipo o outro mano lá
Que era um preto tipo A... ninguém entrava numa
Mó estilo de calça Calvin Klein, tênis Puma
Um jeito humilde de ser no trampo e no rolê
Curtia um funk, jogava uma bola
Buscava a preta dele no portão da escola
Exemplo pra nóis... mó moral, mó ibope
Mas começou a colar com os branquinho do shopping
Ai já era...

Ih, mano, outra vida, outro pique
Só mina de elite, balada, vários drinques
Puta de butique, toda aquela porra
Sexo sem limite, Sodoma e Gomorra
Hãn, faz uns nove anos
Tem uns quinze dias atrás eu vi o mano
Cê tem que ver... pedindo cigarro pros tiozinho no ponto
Dente tudo zuado, bolso sem nenhum conto
O cara cheira mal, as tias sente medo
Muito louco de sei lá o que logo cedo
Agora não oferece mais perigo
Viciado, doente, fudido... inofensivo

[Donatello]

O Mano Brown cometeu injúria racial?

[Sergiomgbr]

Você vai terminar tipo o outro mano lá
Que era um preto tipo A... ninguém entrava numa
Mó estilo de calça Calvin Klein, tênis Puma
Um jeito humilde de ser no trampo e no rolê
Curtia um funk, jogava uma bola
Buscava a preta dele no portão da escola
Exemplo pra nóis... mó moral, mó ibope
Mas começou a colar com os branquinho do shopping
Ai já era...

Ih, mano, outra vida, outro pique
Só mina de elite, balada, vários drinques
Puta de butique, toda aquela porra
Sexo sem limite, Sodoma e Gomorra
Hãn, faz uns nove anos
Tem uns quinze dias atrás eu vi o mano
Cê tem que ver... pedindo cigarro pros tiozinho no ponto
Dente tudo zuado, bolso sem nenhum conto
O cara cheira mal, as tias sente medo
Muito louco de sei lá o que logo cedo
Agora não oferece mais perigo
Viciado, doente, fudido... inofensivo

Parece aquelas cantigas de Arcadismo com algumas pitadas do mito do bom selvagem.

[Donatello]

off-topic

Eu considero os Racionais MCs (principalmente o Mano Brown, é claro) portadores de uma poética incrível... mas o discurso é extremamente racista (como é típico do gênero, mas raramente com a mesma beleza retórica) e tem de fato este mito do bom favelado, que é também típico do gênero... Isso sem falar que desde o penúltimo álbum eles partiram prum claro discurso de apologia ao crime (assalto, tráfico...) quando antes eles só narravam sem tomar partido a favor dos criminosos (geralmente numa coisa mais: não seja criminoso, isto é mau, mas se você se tornar, eu entendo que o que te levou a isso foram aqueles brancos filhos da puta).

Outro exemplo da "poética" browniana

Crime, futebol, música, caraio
Eu também não consegui fugir disso aí
Eu sô mais um
Forrest Gump é mato
Eu prefiro conta uma história real

Vô conta a minha

Daria um filme
Uma negra
E uma criança nos braços
Solitária na floresta
De concreto e aço

Veja
Olha outra vez
O rosto na multidão
A multidão é um monstro

Sem rosto e coração

Ei,
São Paulo
Terra de arranha-céu
A garoa rasga a carne
É a torre de babel

Família brasileira
Dois contra o mundo
Mãe solteira
De um promissor
Vagabundo

Luz
Câmera e ação

Gravando a cena vai
Um bastardo
Mais um filho pardo
Sem pai


/off-topic

[Rocky Joe]

Eu considero os Racionais MCs (principalmente o Mano Brown, é claro) portadores de uma poética incrível... mas o discurso é extremamente racista (como é típico do gênero, mas raramente com a mesma beleza retórica) e tem de fato este mito do bom favelado, que é também típico do gênero... Isso sem falar que desde o penúltimo álbum eles partiram prum claro discurso de apologia ao crime (assalto, tráfico...) quando antes eles só narravam sem tomar partido a favor dos criminosos (geralmente numa coisa mais: não seja criminoso, isto é mau, mas se você se tornar, eu entendo que o que te levou a isso foram aqueles brancos filhos da puta).

Samba também tem a poética do "bom pobre", embora também cante seus dissabores (tipo, sei lá, Alvorada do Cartola; Chico Brito do Paulinho combina os dois). Country originalmente também tinha. (Embora pobre branco. )

É uma reação compreensível, eu acho, de retomada de orgulho, mas também de, sei lá, estabelecer dignidade humana. Como estas músicas são frutos de uma comunidade e não pessoas específicas, faz sentido. Provavelmente há muito para se dizer sobre isso.

E é, não conheço MC Racionais, mas a letra é muito boa.