Há 25 anos os alemães das duas Alemanhas de então (Ocidental e Oriental) 'derrubaram' a barreira física e ideológica que os separavam, o famigerado e emblemático 'Muro de Berlin'. Mais que uma reintegração de um mesmo povo, aquele ato mudou a história recente decretando o fim do socialismo real tanto como sistema político como econômico.
A partir daquele dia toda a esquerda teve que mudar completamente o seu discurso e a sua propaganda porque ali foi o início de uma derrocada maciça dos regimes baseados naquele padrão. Daquela época só sobraram poucos países, todos completamente anacrônicos e irrelevantes, como Cuba e Coréia do Norte.
A instalação de regimes políticos autoritários e economicamente falidos de matiz socialista em diversos países da América Latina é um fenômeno local ou é algo que pode ressurgir com vigor em várias partes do planeta?
Os regimes de esquerda na Am Lat são um contra-balanceamento a regimes de direita muito injustos principalmente em políticas sociais, e criaram uma necessidade, preenchida por regimes populistas que utilizam os votos da massa para se manter. Alguns estão em ditaduras de brandas a duras, por motivos diferentes.
No caso da Venezuela houve um nacionalismo exacerbado após desgovernos e isso se acentuou pelos programas populistas de Chávez. O problema é que não foi acompanhado das mudanças necessárias para colocar Venezuela no século XXI, e o dinheiro fácil do petróleo mascarou esse problema até a bancarrota.
No caso da Argentina: a bancarrota de 2001 provocou uma raiva ao plano de FMI e o que a ele está associado, com o qual Kirchner implantou projetos sociais porém sem muita sustentabilidade, e a inabilidade de governança da Cristina desandou a economia e fez o dólar disparar. Os impostos para a produção aumentar, para fazer caixa, que se diluiu com a corrupção e com projetos sociais de eficiência duvidosa. Como o controle passou a ser ilusório e não baseado em ações de equilibrio entre investimento, as importações aumentaram na mesma proporção que os mercados internos quebravam. No momento está numa estagnação social provocada pela inflação descontrolada, quanto tenta produzir gera inflação junto, e os órgãos estatais estão em descrédito.
No caso da Bolívia, estava muito mal e o Evo Morales conseguiu movimentar a economia após as primeiras quebras de contrato das empresas de gás, isso porque outras regiões antes improdutivas conseguiram se reenguer e as empresas reestatizadas conseguiram produzir e manter os projetos sociais, que criaram um ciclo até agora no azul. Claro que na verdade saiu do nada para o alguma coisa, então haverá novos desafios neste novo governo, mas a vantagem é que é um modelo que ainda pode trazer crescimento.
A situação mundial é completamente diferente ao fim da guerra fria: antes a CCCP queria influenciar os países do mundo para pender a balança para eles, o que não aconteceu porque a sua própria produção interna não permitiu se relacionar bem com outros comércios. Agora os EUA precisam do mercado chinês para se manter, e a Rússia se reergueu utilizando métodos espúrios de dominação de recursos que a Europa precisa, porém nõa é nem a sombra do que foi em termos de influencia política.
Imagino que a Am Lat não crescerá nada em comparação aos tigres asiáticos nos próximos anos e isso vai fazer com que os governos lentamente mudem, mas não para a direita, e quando passe a ilusão com os ganhos das classes baixas, haverá uma ida para o centro. Porém o importante é continuar investimento, e investir mais, em educação. Chamem de geração perdida, mas é o que sinto.