Autor Tópico: Enem: tempo de prova é insuficiente?  (Lida 1242 vezes)

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Offline JVitorNP

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Enem: tempo de prova é insuficiente?
« Online: 10 de Novembro de 2014, 17:42:14 »
Galera, todo ano tenho percebido alunos que fazem a prova do Enem saírem reclamando que o tempo de prova é insuficiente, especialmente no segundo dia, onde o aluno tem de resolver a prova de matemática e fazer a redação. Tem diversas matérias que também abordam esta questão, algumas das quais estão neste tópico. Os candidatos a uma vaga tem de resolver 90 questões extensas e que exigem muita interpretação em apenas 4,5 horas, o que corresponde a apenas 3 minutos para cada questão, um tempo apertado que fica pior ainda quando a questão envolve cálculos. No segundo dia apenas uma hora a mais de prova é adicionada para que se faça a redação.

O problema disso: uma prova com prazos tão apertados não pode avaliar corretamente o conhecimento do candidato. Aqueles que se dedicaram acabam, muitas vezes, tendo que "chutar" respostas para conseguir responder tudo a tempo, não se diferenciando, portanto, do candidato mal preparado. A prova, que deveria ser ferramenta para avaliar se o candidato possui conhecimentos necessários para o nível superior acaba por se transformar numa espécie de "loteria", onde quem "chuta" melhor passa e quem não tem tanta sorte não.

E não me venham dizer que isto é desabafo de quem não conseguiu boa pontuação e agora vem chorar por aqui. Eu não fiz Enem este ano, nem ano passado, estou quase terminando o nível superior, mas todo ano vejo esta mesma questão vindo a tona: candidatos dedicados - que eu sei que são - reclamando da falta de tempo para fazer a referida prova, e isto me revolta. Gostaria de saber as opiniões dos foristas a respeito.


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Especialista diz que tempo de responder prova foi insuficiente

O tempo de cinco horas e meia para que o candidato resolvesse as questões e escrevesse a redação no segundo dia do Enem foi insuficiente, de acordo com o especialista e presidente de honra do Cursinho Henfil de São Paulo, Mateus Prado. Segundo ele, a prova continha 180 questões e a maioria exigia muita leitura: “Não dá tempo do aluno bem preparado fazer tudo. Se fez a redação, teve que chutar alguma”, declarou.

As questões eram de linguagem, códigos, matemática e suas tecnologias. O Enem abordou temas como “Tropicalismo e novas tecnologias”. Entre os itens foram citados artistas da música como Rita Lee, Noel Rosa, João de Barro, Dolores Duran, Ary Barroso, Lamartine Babo, Tom Jobim e Vinicius de Moraes. A questão, que trata do movimento musical da década de 1960, o Tropicalismo, exigia conhecimentos além dos oferecidos em sala de aula.

Prado afirmou que a prova de ontem, diferentemente da de sábado, manteve o padrão que vem sendo usado nos exames dos anos anteriores, com questões que exigem muita interpretação de texto. Ele reforçou que o teste de sábado foi mais difícil que o dos anos anteriores.

Após denúncias de redações de candidatos do Enem de 2012 com boas notas que traziam receita de miojo e hino do Palmeiras, o MEC tomou algumas medidas para melhorar a correção dos textos. Por exemplo, aumentou para dois o número de corretores de cada redação. (das agências)
http://www.opovo.com.br/app/opovo/brasil/2013/10/28/noticiasjornalbrasil,3153926/especialista-diz-que-tempo-de-responder-prova-foi-insuficiente.shtml

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ENEM, uma prova de resistência

Quer garantir o acerto de algumas questões a mais no Exame Nacional do Ensino Médio? Então, além do estudo dos conteúdos mínimos e do desenvolvimento das competências e habilidades propostas pela prova, faça exercícios físicos nos dias anteriores ao exame.

Quem já fez o ENEM sabe muito bem ele, além de uma prova que avalia capacidades e conhecimento de alguns conteúdos, é um teste de resistência, quase uma maratona. Em geral, a cada dia, a maioria dos alunos se sente cansada ao chegar entre as questões 65 e 70 (são 90 por dia). Exauridos, não conseguem manter o desempenho no resto da prova, mesmo quando sabem responder as últimas questões.

Se fosse possível analisar dois alunos com exatamente o mesmo acúmulo de conteúdos e o mesmo desenvolvimento das competências e habilidades cobradas pelo Enem e um deles fizesse um pouco mais que uma hora de caminhada por dia, enquanto o outro se mantivesse sedentário, o número de questões acertadas pelos dois seria diferente. Certamente, o candidato que se prepara fisicamente consegue chegar a um resultado mais condizente com a preparação que fez em toda a vida, dentro da escola e fora dela.

Mesmo que mais fáceis que as dos vestibulares convencionais, as 90 questões do primeiro dia do Enem exigem grande resistência e capacidade de concentração. Elas apresentam textos longos e cobram a utilização de capacidades cognitivas para interpretação, interpolação e extrapolação de suas propostas. Já no segundo dia, quando o candidato chega mais cansado, sem saber o que significa o resultado que teve no dia anterior, é exposto a uma situação pior.

No domingo, as questões de linguagens são as que possuem os textos mais extensos e as de matemática exigem que o candidato faça vários cálculos, mesmo sendo a maioria deles muito simples. São simples, mas, no seu conjunto, dão muito trabalho, levam muito tempo e exigem bastante concentração do aluno. Demora muito mais fazer a prova do segundo dia que a do primeiro. Além disso, é neste dia que está a redação, e o estudante só tem uma hora a mais de prova, tempo insuficiente para fazer tudo bem feito.

Para os candidatos sabatistas, como é o caso dos adventistas, a maratona fica ainda mais cansativa. Eles precisam chegar ao local de prova, no sábado, no mesmo horário dos demais, mas esperam até o começo da noite para iniciarem a prova e chegam em casa já na madrugada de domingo, dia em que terão de fazer uma nova prova.

Além de a prática de exercícios físicos ajudar o aluno no preparo para uma prova que também é de resistência, a caminhada, por exemplo, pode ajudar a manter a atenção, o que só melhora o desempenho.

Pesquisa
Um grupo de pesquisadores da Universidade de Illinois, entre eles Charles Hillman, desenvolveu um trabalho com alunos de nove anos de idade. As crianças eram submetidas, em alguns dias, a caminhadas de 20 minutos em esteiras motorizadas. Em outros, apenas descansavam. Testes aplicados nos alunos mostram que, quando faziam caminhada, ficavam mais atentos, compreendiam melhor os textos e imagens, apresentavam melhor desempenho nas atividades escolares e melhor resultado nos testes. O estudo foi publicado em 2009, na edição de número 159 da Neuroscience.
http://educacao.estadao.com.br/blogs/mateus-prado/enem-uma-prova-de-resistencia/
« Última modificação: 10 de Novembro de 2014, 23:42:15 por JVitorNP »

Offline Barata Tenno

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Re:Enem: tempo de prova é insuficiente?
« Resposta #1 Online: 10 de Novembro de 2014, 18:30:09 »
Concordo completamente, minha prima mais nova fez ano passado e la é uma excelente aluna, tanto que passou em medicina na USP e engenharia civil na UFMG no mesmo ano e não foi tão bem no ENEM porque disse que não tinha tempo de responder as questões com o cuidado necessário.
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Offline Cumpadi

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ENEM
« Resposta #2 Online: 10 de Novembro de 2014, 21:02:21 »
Passei em medicina na UnB (pas) e quase na ESCS, USP e UnB pelo vestibular tradicional (coisa de 2-5 questões a mais e eu passaria) e minha nota no ENEM não foi nem de perto boa. A prova de matemática respondi metade das questões na minha época e tirei uns 700. Na prova do primeiro dia de humanas fui pior ainda (mas nesse dia consegui responder bem mais questões). É um padrão bem diferente dos vestibulares tradicionais...

Agora quero só dizer que é por isso que acho o sistema de admissão para o ensino superior muito inferior ao dos EUA. A prova do ensino médio dos EUA também foi um pouco difícil em questão de tempo para mim (também não estudei muito), mas pelo menos outras coisas são consideradas na hora da admissão (e a prova é mais fácil que o Enem, do meu ponto de vista).
« Última modificação: 10 de Novembro de 2014, 21:16:24 por parcus »
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Offline Cumpadi

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Re:Enem: tempo de prova é insuficiente?
« Resposta #3 Online: 10 de Novembro de 2014, 21:14:46 »
Sobre isso de "a prova virou um sorteio de quem chuta melhor", eu tenho de discordar. Algumas pessoas leem essas coisas e processam informação mais rápido. O quanto isso é desejável em um aluno eu não sei (por questão de auto-confiança, eu discordo :p), mas o Enem filtra essas pessoas. Talvez de também para se treinar aprendendo leitura dinâmica (não sei até que ponto isso é possível).

Cada prova filtra um tipo de pessoa/um treinamento específico, lembro que fui muito mau na prova da UNICAMP e UNIFESP (talvez devido a minha letra ruim de ler, pelo fato de essas provas serem em grande parte escritas), mas fui bem na USP/ESCS. Acho que o Enem não é diferente.

Edit: lembro que na Australia acabei participando de um experimento em que tinha que somar 10 números de 0-10 o mais rápido possível. A maior parte eram alunos se preparando para entrar em medicina lá, eles faziam os cálculos em um tempo significativamente menor que o meu, com a mesma precisão.

Mas aí tem alguns fatores, a útima vez que eu tinha tocado em matemática tinha sido anos atrás quando fiz cálculo 1. E não exigia cálculos rápidos. Já eles aparentemente fizeram física, matemática, etc mais recentemente e tiveram que se preparar para um teste de admissão no curso de medicina que exigia cálculos rápidos nesse mesmo ano. Não sei até que ponto isso afetou os resultados.
« Última modificação: 10 de Novembro de 2014, 21:53:14 por parcus »
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Offline Luiz F.

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Re:Enem: tempo de prova é insuficiente?
« Resposta #4 Online: 11 de Novembro de 2014, 09:30:52 »
Fiz o ENEM no fim de semana. No sábado foi sussa 2,5 horas e prova completada. No domingo as últimas 20 questões de matemática tiveram de ser feitas 'correndo' devido a falta de tempo.

Na minha concepção a prova deveria ter no máximo 75 questões para um mesmo tempo de realização.(principalmente no segundo dia)
"Você realmente não entende algo se não consegue explicá-lo para sua avó."
Albert Einstein

Offline Derfel

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Re:Enem: tempo de prova é insuficiente?
« Resposta #5 Online: 11 de Novembro de 2014, 19:50:33 »
Sobre isso de "a prova virou um sorteio de quem chuta melhor", eu tenho de discordar. Algumas pessoas leem essas coisas e processam informação mais rápido. O quanto isso é desejável em um aluno eu não sei (por questão de auto-confiança, eu discordo :p), mas o Enem filtra essas pessoas. Talvez de também para se treinar aprendendo leitura dinâmica (não sei até que ponto isso é possível).

Cada prova filtra um tipo de pessoa/um treinamento específico, lembro que fui muito mau na prova da UNICAMP e UNIFESP (talvez devido a minha letra ruim de ler, pelo fato de essas provas serem em grande parte escritas), mas fui bem na USP/ESCS. Acho que o Enem não é diferente.

Edit: lembro que na Australia acabei participando de um experimento em que tinha que somar 10 números de 0-10 o mais rápido possível. A maior parte eram alunos se preparando para entrar em medicina lá, eles faziam os cálculos em um tempo significativamente menor que o meu, com a mesma precisão.

Mas aí tem alguns fatores, a útima vez que eu tinha tocado em matemática tinha sido anos atrás quando fiz cálculo 1. E não exigia cálculos rápidos. Já eles aparentemente fizeram física, matemática, etc mais recentemente e tiveram que se preparar para um teste de admissão no curso de medicina que exigia cálculos rápidos nesse mesmo ano. Não sei até que ponto isso afetou os resultados.
Parece a replicação de uma história que ouvi sobre Gauss. Imagino se alguém teve o mesmo insight dele.

Offline Skeptikós

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Re:Enem: tempo de prova é insuficiente?
« Resposta #6 Online: 11 de Novembro de 2014, 21:11:12 »
Algumas pessoas podem ter esta habilidade excepcional de processar e resolver grande número de informações-questões em um curto tempo, mas temos de concordar que em geral são exceções. Concordo com o pessoal acima de que o tempo para se responder as questões do "enem" é curto e insuficiente (excluindo-se as exceções supracitadas).
"Che non men che saper dubbiar m'aggrada."
"E, não menos que saber, duvidar me agrada."

Dante, Inferno, XI, 93; cit. p/ Montaigne, Os ensaios, Uma seleção, I, XXV, p. 93; org. de M. A. Screech, trad. de Rosa Freire D'aguiar


Offline Skeptikós

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Re:Enem: tempo de prova é insuficiente?
« Resposta #8 Online: 11 de Novembro de 2014, 21:33:20 »
Não!
"Che non men che saper dubbiar m'aggrada."
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Dante, Inferno, XI, 93; cit. p/ Montaigne, Os ensaios, Uma seleção, I, XXV, p. 93; org. de M. A. Screech, trad. de Rosa Freire D'aguiar

Offline Donatello

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Re:Enem: tempo de prova é insuficiente?
« Resposta #9 Online: 17 de Novembro de 2014, 18:04:15 »
Com a experiência de quem fez mais de 10 vestibulares para instituições públicas e passou na maioria das vezes: o ENEM é a coisa mais ridícula do mundo em termos de exame de avaliação do Ensino Médio/acesso ao Ensino Superior.

Quanto ao tempo em si há um agravante: as "contextualizações" são desnecessárias porque as perguntas em si são de baixíssimo nível, digamos, acadêmico. Quer dizer, o enunciado pede ao candidato para ler um texto enorme da Folha, retirado do caderno de economia, para depois perguntar algo como "Tendo em mente os temas abordados por este articulista, responda quanto são 2X2"

Então sim, o ENEM é uma prova com exigência de conhecimento muito abaixo do nível mas com um número de questões tão grande e com enunciados tão gigantescos que não dá tempo de o aluno realmente apto e aplicado, que realmente terá interesse em esmiuçar cada questão, terminar a prova tendo dado atenção a todas as questões. Por outro lado aquele aluno que só der uma olhada por alto e sair chutando sem pensar muito (perfil mais clássico do aluno que sabe pouco) talvez vá bem porque o nível das questões em si é muito baixo, boa parte das questões exige de fato conhecimento de Ensino Fundamental e não Médio.

Para além disso tem os problemas de correção de redação... que já falei em outro tópico.

Um ANTI-ENEM: Vestibular Estadual do RJ (UERJ/UEZO/UENF/POLÍCIA MILITAR/BOMBEIROS): é muito lindo aquilo s2 s2 s2 (tirando o fato de ser um dos vestibulares onde o sistema de cotas nasceu, nada é perfeito :( )

 

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