Autor Tópico: Mudaram as estações, nada mudou  (Lida 394 vezes)

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Rhyan

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Mudaram as estações, nada mudou
« Online: 27 de Novembro de 2014, 18:29:18 »
Mudaram as estações, nada mudou

por
Ivanildo Terceiro



Após ser reeleita usando uma retórica diretamente importada do Ministério da Propaganda soviético com direito a associação entre banqueiros e crianças passando fome e tudo, Dilma Rousseff vem tentando sinalizar que, bem, aquilo era só campanha, e quem votou nela acreditando em uma guinada à esquerda não entende nada de política. A trinca de ministros que foi revelada diz muito: Armando Monteiro para o Ministério do Desenvolvimento e Comércio Exterior, Kátia Abreu para o Ministério da Agricultura, e a maior surpresa – Joaquim Levy no Ministério da Fazenda. Novo governo, novas ideias? Nem tanto.

Apesar da intelectualidade de esquerda se sentir ultrajada com nomeações tão “conservadoras”, nada tangível parece indicar que algo mudou no Planalto. Há quatro anos Dilma vem entregando juros artificialmente baixos (mesmo ao custo de uma inflação em alta), protecionismo, crédito subsidiado a pedido dos lobbies mais poderosos deste país. A única nova ideia que seus ministros trazem é que precisamos de mais do que claramente não vem dando certo.



Apesar de muitos conservadores nutrirem simpatias pela presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA) e senadora pela estado de Tocantis Kátia Abreu (PMDB, mas ex-DEM e ex-PSD) por seu suposto respeito a propriedade privada e aos princípios liberais, a estória não resiste a um exame mais motivado. Kátia é uma notória defensora de políticas de subsídios para produtores rurrais e preços mínimos para produtos agrícolas. Isso quando não defende enfaticamente que o povo americano subsidiar a alimentação do brasileiro é um problema para os… brasileiros. Não há motivos para esperar um cachorro diferente saindo desse mato, Abreu é presidente de um sindicato patronal e como qualquer outro vai fazer o possível junto ao estado para garantir que os seus poderão trabalhar menos e ter mais lucro.

Armando Monteiro, senador e candidato derrotado de forma fragorosa ao governo do estado de Pernambuco, apesar de estar em uma agremiação que apoiou Aécio, não esperou nem as eleições acabarem para pular de barco e é considerado um dos principais culpados pela incrível marca 70% dos votos que a presidente registrou em seu estado. Mas mais importante que a ilustração cristalina de como funciona o loteamento de cargos em nosso país que a indicação do senador pernambucano a um ministério nos deu, é o seu passado.

Monteiro é ex-presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), uma entidade que mais de uma vez se manifestou por políticas que impeçam a concorrência de produtos fabricados no exterior com os dos membros do seu sindicato, exige a criação de quotas de conteúdo local e faz birra quando o seu crédito subsidiado é cortado. Sem contar a famosa “Lei de Sauer-Setubal”, apoiada entusiasticamente por organizações como a CNI, que declara que câmbio brasileiro (independentemente do seu valor) sempre está 30% valorizado, e precisa com urgência sofrer uma desvalorização para que o setor exportador volte a ser competitivo. Se isso vai fazer com que todos os brasileiros passem a pagar mais caro pelos mesmos produtos parece ser irrelevante.

Colocar Kátia Abreu e Armando Monteiro, isto é, convidar os dois maiores grupos de pressão do país (o industrial e o agropecuário) diretamente para o seu gabinete está mais para uma lavada de mãos dos possíveis resultados do aprofundamento dessas políticas que ambos devem capitanear do que um novo rumo em seu governo.

A esquerda deveria relaxar até mesmo com a indicação de Joaquim Levy. Apesar de ser um ortodoxo, formado em Chicago, aluno de Armínio Fraga ele terá que enfrentar o que há de pior em nosso país. Não podemos esquecer que Gustavo Franco começou a cavar sua saída do Banco Central quando não fez a mínima questão de mudar a política monetária para beneficiar a FIESP. Até a própria Dilma quando tentou brincar de ser “faxineira ética” em pouco tempo estava novamente vendendo ministérios em troca de mais tempo no guia eleitoral.

Levy, se for um ótimo político, pode conseguir passar quatro anos brincando de ser escorregadio e cumprir sua função, mas a grande verdade é que, ao final de tudo, o máximo que ele fez foi adiar o inevitável. Desde sua fundação o Brasil enfrenta ciclos de “criacionismo econômico” e voltas desesperadas para que o que chamam de ortodoxia recupere a economia o suficiente até que seja possível embarcar em outra aventura e o estado novamente passar a ser saqueado e usado como ferramenta de saque para grupos econômicos poderosos e bem conectados.

O problema do Brasil não é de conjuntura, não se resolve com uma pessoa, ou com o partido correto, nós precisamos de uma mudança estrutural. Uma mudança de paradigma! Enquanto os dois principais atores políticos do país se digladiarem tentando provar que o seu adversário não conseguirá aumentar o estado tanto quanto ele, nós nunca sairemos desses ciclos de fuga e aproximação do primeiro mundo.

Precisamos romper com que comprovadamente há décadas vem nos agarrando a pobreza, nos levando a menos prosperidade, e a dinamitação das instituições que salvaguardam a liberdade em nosso país. Romper com “o que está aí”. Os que desejam mudanças devem olhar para o horizonte, o futuro que o liberalismo prega não é politicamente possível no curto prazo, mas cabe aqueles que amam a liberdade, o progresso, a voluntariedade, pararmos com a adulação de quem sempre viveu em função do estado e passarmos a construir uma alternativa.

Fonte: http://epl.org.br/2014/11/26/mudaram-as-estacoes-nada-mudou/

Offline NandoR

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Re:Mudaram as estações, nada mudou
« Resposta #1 Online: 09 de Dezembro de 2014, 13:32:54 »
É tudo da mesma especie e é sempre tudo a mesma coisa: prometem tudo e nada fazem/mudam!   
Sou jovem! Sou cetico! E adoro jogar nas slots!

Offline Jurubeba

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Re:Mudaram as estações, nada mudou
« Resposta #2 Online: 10 de Dezembro de 2014, 15:13:17 »
Replicando o que já escrevi noutros tópicos: defendo o liberalismo possível ante a impossibilidade da implementação do liberalismo clássico.

Qualquer redução no tamanho do Estado e no intervencionismo será muito bem vindo e será um passo a mais na direção da liberdade econômica.

Mas ver o supra-sumo da esquerda (PT) ter que recorrer a um liberal para salvar a pele, não tem preço.

Saudações

 

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