Desculpe o atraso, eu queria dar uma resposta mais bem pensada.
Então porque não existe um único país sequer na história que deixou de usar o sistema de reservas fracionárias? Porém concordo com o governo sair da grande maioria do mercado bancário, concordo com algumas regulamentações mas acho que elas são de fato excessivas e ultrapassadas.
Porque nenhum governo gostaria de abrir mão desse poder que o permite ter déficits.
Como assim? Mesmo sem reservas fracionárias e num padrão metálico qualquer governo pode ter déficit. Só arranjar alguém disposto a emprestar dinheiro para o governo.
Você realmente acredita que os governos só passaram a ter déficits a partir do surgimento dos bancos?

Não, não é. Você está caindo na falácia da soma zero. Se um banco tem como servir um mercado e os juros são atrativos dado o custo de capital, o mercado será atendido. Se falta dinheiro o banco busca mais, seja tomando mais empréstimos ou aumentando o rendimento de quem deposita lá para atrair mais depósitos. Simples lei da oferta e procura, os preços (no caso, juros), servem para sinalizar e levar o mercado ao equilíbrio no longo prazo.
Bom, num sistema inflacionário, isso é possível sim, mas com um custo, o aumento dos preços. Num sistema com oferta monetária estável, não.
Inflação tem nada a ver com isso. Mesmo num sistema vinculado a um padrão metálico, a oferta e procura de capital que regula a quantidade disponível e preço (juros) do mesmo. Se mais gente quer dinheiro emprestado, seja para investir ou não, o preço (juros) do dinheiro sobe. Se menos gente quer, o preço (juros) cai. Oferta e procura.
Acho muito estranho essa demonização da inflação. Inflação demais é ruim, mas só tem uma coisa pior que isso: deflação. Na deflação ninguém que pode faria alguma compra no dia de hoje; é mais vantajoso esperar para comprar amanhã. Isso só faz com que as empresas tenham menos receitas, tendo que diminuir a produção e gerando recessão, o que joga os preços mais para baixo ainda, gerando mais incentivos para as pessoas adiarem as compras e mais recessão. Por isso todos os economistas
sérios recomendam um pouco de inflação (bem menos que a que existe no Brasil, a propósito), para previnir cenários como esse.
Então na sua visão, os bancos deveriam ser tão somente uma caixa forte?
Para depósito à vista, sim. Para investimentos óbvio que não. O crédito teria lastro em poupança sempre.
Você não acha isso contraditório? Eu acho isso uma das maiores contradições dos "libertários": exigir 100% de reservas para os bancos é uma das maiores interferências que um governo pode fazer em qualquer setor, não muito diferente das "quotas de produção" que vemos em sistemas socialistas. Por que não deixar o mercado regular a oferta e o preço de dinheiro?
Vou recomendar alguns artigos para você entender melhor minha posição:
Eu sinceramente preferiria que você explicasse com as suas próprias palavras, assim como não gosto de ficar lendo texto de sites tendenciosos criacionistas ou cheios de teorias da conspiração. Mas vou ser bonzinho, só dessa vez:
A esquisitice do sistema bancário de reservas fracionárias
http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=705
Absurdo este artigo. O segundo cenário que ele cita simplesmente não acontece. Se um banco fica com caixa negativo no final do dia ele quebra, simples assim. Por isso que existe o mercado interbancário, pra cobrir os bancos que emprestaram mais do que receberam. Este dinheiro é de longe um dos dinheiros mais caros que um banco pode coletar, por isso eles evitam isto o máximo possível, sem contar no risco de reputação que um banco que vive caindo no interbancário sofre.
Foi isso que quebrou o Lehman Brothers e tantos outros na crise, eles ficaram com caixa negativo e ninguém quis emprestar dinheiro para eles. Se fosse fácil criar dinheiro bastaria um banco em dificuldades criar dinheiro do nada e fechar a conta.
Propostas para uma reforma bancária completa e estabilizadora
http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1553
Sério, eu acho que essa demonização de dívidas e juros é algum ranço contra a "usura", ou com os bancos gnhando dinheiro "do nada". Basta entender um pouco de gestão de riscos para acabar com essa noção. Continuo a recomendar um estágio de uns 6 meses numa tesouraria qualquer para essa galera desses artigos, vai fazer bem.
Um coisa que acho bastante estranha em todas essas "propostas": ninguém considera que uma contração da disponibilidade de capital no mercado terá algum efeito nocivo. Pela simples lei da oferta e procura, isso jogaria os juros para a lua, restringiria e em muito a liquidez dos mercados, tornaria investimentos bem menos atrativos e geraria uma recessão brutal.
Como funcionaria o padrão-ouro puro (parte 1)
http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=687
Como funcionaria o padrão-ouro puro (parte 2)
http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=710
E aqui vamos ao tão famoso padrão-ouro. Eu acho muito conveniente que nestes artigos os problemas todos que ocorreram no padrão ouro, entre eles a maior recessão da história da humanidade, mas não esquecendo das recessões que ocorriam a cada 10 anos antes disso, são culpa das "reservas fracionárias"...

Também acho muito estranho que "libertários" sejam tão adeptos de tamanha restrição brutal à oferta e circulação de capitais, indo contra a livre oferta e demanda de capitais. Cade a liberdade disso?
O que o padrão ouro relamente traz é uma estabilização de preços (à custa de recessões), um limite à inflações e em teoria uma cotação de diferentes moedas estável. Ele é ótimo para quem tem dinheiro para emprestar e péssimo para quem precisa de capital para investir e/ou empreender. Sem contar que ele é ineerentemente instável, dado que todos os países teriam que combinar para respeitar as regras, o que nunca deu muito certo por motivos obvios...

Além disso, a oferta de dinheiro não seria vinculada à demanda, mais sim tão somente à produção de ouro, o que não tem necessariamente nenhuma correlação com a demanda por capital.
Mas mesmo assim, apesar de extremamente anacrônico, recessivo e não-ortodoxo, um retorno ao padrão ouro tem alguma correspondência com a realidade. Já exigir 100% de reservas é algo sem igual na história da humanidade, talvez lá na idade média ou antes disso tenha tido algo parecido, mas não acho que esses sejam bons exemplos de prosperidade humana...

A propósito, você sabe qual é a taxa de compulsório no Brasil? Ela é 45%. Seria então o mercado bancário brasileiro um exemplo de prosperidade para o mundo, estimuldador de crescimento de longo prazo ou algo do tipo?

(Nos EUA ela é menos de 10%)