Autor Tópico: Reforma Islâmica  (Lida 275 vezes)

0 Membros e 1 Visitante estão vendo este tópico.

Rhyan

  • Visitante
Reforma Islâmica
« Online: 16 de Janeiro de 2015, 19:16:10 »
Reforma Islâmica
Por João Luiz Mauad em 16/01/2015


Autor: Joaquim Neto*
          A rigor, religião é uma questão de interpretação dos chamados *livros sagrados*. Os judeus contemporâneos, por exemplo, já não apedrejam mulheres adúlteras, felizmente abandonaram a lei cerimonial (que proibia até tocar em mulher menstruada), e não praticam mais o preceito da lei mosaica que chamamos de “olho por olho”, que é recomendado pela Torá. Os católicos já não queimam hereges em praça pública. Os cristãos já não levam ao pé da letra as censuras do apóstolo Paulo aos judeus; católicos já não se deixam influenciar pelo antissemitismo de Eusébio, o *pai da História da Igreja*, que creditava os sofrimentos dos judeus sob o jugo de Calígula ao “crime que eles [judeus] ousaram cometer contra Cristo”; e os protestantes felizmente relegaram o deplorável livro “Sobre os Judeus e Suas Mentiras”, de Martinho Lutero, ao esquecimento. A Torá continua a mesma, e o Novo Testamento tampouco foi alterado. O que mudou foi a interpretação desses dois livros sagrados através do tempo.
          O grande problema do islamismo é que, grosso modo, a interpretação do Corão não evoluiu para acompanhar o desenvolvimento intelectual dos nossos tempos. A maioria dos atos chocantes e macabros perpetrados por fundamentalistas islâmicos (e.g., apedrejamentos, degolas, decepamentos, poligamia, etc.) foram praticados pelos israelitas também. A grande diferença é que os judeus evoluíram e os muçulmanos ficaram presos ao Século VII.
          Na condição de ateu e liberal não dou muita importância à letra, ou à intenção dos livros sagrados. Para mim o importante é a interpretação e a visão de mundo que se segue.  Acredito que os muçulmanos modernos, que interpretam o Corão de maneira mais condizente com os princípios liberais, devem ser apoiados. É pouco provável que um muçulmano ortodoxo se converta à nova verdade imediatamente, ou mesmo depois de algum tempo –  e eu não espero isso. O importante é que esses homens e mulheres – os reformadores do Islamismo – estão plantando para o futuro. E há vários desses reformistas espalhados pela Europa, Estados Unidos, e até na Ásia. Só lamento o fato de não receberem apoio da direita, que tende a não fazer distinção entre muçulmanos pacíficos e terroristas. Com esse tipo de atitude os direitistas empurram os reformadores para os braços da esquerda, como sói acontecer com praticamente todo grupo minoritário.
          O Sheik Hazam Yusuf, que considero o maior dos reformistas islâmicos dos Estados Unidos, se considera de esquerda apesar de ter uma visão intelectual que poderia passar como direitista. Assisti, recentemente, um dos seus sermões em que ele parece uma versão islâmica do Billy Graham. A única diferença é a simpatia pela causa palestina, ou melhor dizendo, a preocupação com o sofrimento dos palestinos comuns.
          Outra que merece atenção é Irshad Manji, uma feminista que de fato luta pelo direito das mulheres muçulmanas. Poucas vezes vi pessoas com tanta coragem. Mas há vários outros, alguns dos quais se arriscam a ser assassinados pelos islamofascistas. E todos eles buscam abrigo e apoio entre os esquerdistas que ainda trazem vestígios dos ideais iluministas.
          Seguem abaixo dois vídeos que merecem ser vistos por pessoas que se interessam pelo assunto. Não é recomendável para pessoas que só querem pescar alguma palavra, ou frase, que não se adapte ao ideário liberal. O primeiro é uma entrevista concedida pela Irshad Manji, e é curto. O outro é uma conferência onde aparecem o Hazam Yusuf e o Tariq Ramadan.  Este é longo (Ramadan é loquaz, mas nem sempre coerente). Não concordo com tudo que eles dizem, mas são bem melhores que a alternativa.
                              *Joaquim Neto é liberal e mora em Los Angeles (EUA)


João Luiz Mauad
Administrador de Empresas e Diretor do Instituto Liberal

João Luiz Mauad é administrador de empresas formado pela FGV-RJ, profissional liberal (consultor de empresas) e diretor do Instituto Liberal. Escreve para vários periódicos como os jornais O Globo, Zero Hora e Gazeta do Povo.

Fonte: http://www.institutoliberal.org.br/blog/reforma-islamica/

 

Do NOT follow this link or you will be banned from the site!