Implicar com o Cristo Redentor é como questionar a estátua de Padre Cícero, que são simbolos de uma identidade cultural, algo um passo além de se posicionar contra flagrantes imagens religiosas como Nossa Senhora, ou Iemanjá, ou Ganesha.
Ah, mas só se tornaram símbolos depois que foram construídos. Eu até acho mais fácil apontar o monumento ao Padre Cícero em Juazeiro como expressão de uma identidade cultural, devido a relação própria e significante e histórica do P. Cícero com a cidade e a região, do que o Cristo com o Rio de Janeiro.
Acho que o Redentor é um pouco diferente, é mais ( na verdade se tornou ) como uma imagem iconográfica forte que representa a própria cidade. Assim como a Torre Eiffel em Paris, a Estátua da Liberdade em NY, a torre inclinada em Pizza.
É bacana, ficou bonito, atrai turistas, por isso eu disse que agora não faria sentido derrubar. Mas na década de 20, quando surgiu o projeto, eu teria sido contra. Porque até então a estátua não existia, e por não existir não significava nada para a cidade, e Jesus tem tanta relação com a história de São Sebastião do Rio de Janeiro quanto tem com a cidade de São Paulo, ou de Curitiba.
Mas se a Igreja Católica, que tinha dinheiro pra xuxu na época, quisesse comprar o terreno e subir ali uma estátua, aí tudo bem. Eu não implico com o Cristo, eu implico com a questão de certos princípios que deveriam ser respeitados.
É como essa coisa de por "em nome de Deus" na constituição... Uma demagogia que dá margem para que alguns segmentos religiosos construam o discurso de serem mais representativos do povo e da cultura brasileira do que outros.