Autor Tópico: Kiko Dinucci entrevistado  (Lida 825 vezes)

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Offline Donatello

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Kiko Dinucci entrevistado
« Online: 05 de Abril de 2015, 16:44:30 »
Eu ia fazer um textinho babaca sobre quem é Kiko Dinucci e sobre como conheci seus 2014 projetos desde meados do ano passado e como ele foi importante na minha conversão [musical] ao Candomblé que me transformou num pai de santo de araque por aqui ano passado e sobre os 2015 projetos que ele mantém ao mesmo tempo como o premiadíssimo álbum solo da Juçara Marçal e de como Vias de Fato virou o Hino da Nacional da Independência, da República e da Guerra do Reino Falido de Donatello van Dijck desde que ouvi esta faixa pela primeira vez tanto que a letra... mas foda-se.

Uma entrevista de Kiko Dinucci, e é só.

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Eu estava ouvindo muito Miles Davis na época, os discos da fase elétrica. E a coisa da música modal começou a tomar conta. Comecei a pensar música de um jeito mais modal e o Itamar Assunção, o Tom Zé me influenciaram muito nisso também… Eu ouvia a música do Tom Zé, a primeira do Estudando Samba, “Mã”. Ela fica sempre num mesmo fraseado. Ela tem contrapontos, contracantos… E isso me ajudava a pensar duas coisas: como botar na roda toda a bagagem que eu tinha aprendido de samba… Na verdade, eu nem falo samba, eu falo em música brasileira. Na hora que a música popular, a música de rua, vai para o rádio… Música popular do mesmo jeito que você ouve um maracatú rural em Pernambuco, ou um congado em Minas… Aquilo é popular, é um cara anônimo que não quer ser artista, é um trabalhador que vai num festejo e canta. (...)Principalmente a de São Paulo, como as congadas, os batuques de umbigada… Eu prestava muita atenção nisso. Para mim, era como ouvir um disco da Clementina de Jesus, ela era mais próxima do popular, não era uma cantora de rádio. Voltando: a coisa era unir toda essa bagagem e conciliar com a minha falta de habilidade de tocar aquele violãozão brasileiro, cheio de acordes, pós-bossa nova, super difícil, com caminho harmônicos complicados… Eu não conseguia fazer tudo isso. Então, esses discos do Itamar, do Tom Zé, do Miles Davis começaram a me levar de volta para o rock, para a época que eu fazia riff. Porra, riff eu sempre soube fazer. Voltei a fazer riffs, tocar sambas, mas com riffs ao fundo. Fui fazendo sambas simples que teriam dois acordes, mas que desse para fazer riffs super legais que pudessem ser repetitidos e fazerem o pessoal dançar. Depois fui notar que isso era muito comum na música africana: o cara fazia um riffzinho na guitarra e ficava tocando 15 minutos aquilo lá. E a banda não cai, o andamento não cai. Comecei a prestar atenção e algo de diferente foi surgindo e me deu um norte para o trabalho todo.
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O que é bom é que a gente não construiu um modelo fechado de fazer as coisas, não estamos presos a nenhum gênero, a nenhum movimento, a gente faz o tipo de disco que quiser… Se amanhã eu quiser fazer um disco punk, eu faço. Se eu quiser fazer um disco de samba depois de amanhã, eu faço. Essa coisa de se desprender dos gêneros eu acho o mais legal de tudo.
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Agora, como o Metá Metá não invadir o Passo Torto e vice e versa? Às vezes, um é influenciado pelo outro. O MetaL MetaL, por exemplo, ele pega duas influências. Uma: o meu retorno à guitarra, que vem do disco do Rodrigo Campos e do Sambanzo, do Thiago França. Gravei os dois discos, tocando guitarra depois de um bom tempo. Foi uma influência definitiva no segundo disco do Metá Metá. O Thiago tinha começado a usar pedais de efeito no sax, em outro projeto, o Marginals. E ele trouxe isso pro MetaL MetaL. Então, sim, as bandas se influenciam de algum jeito, mas não chegam a se invadirem. Você não vai ver música do Passo Torto que vai dizer “nossa, isso é cara do Metá Metá”.
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O que acho mais legal nos discos que a gente faz é essa criação coletiva. Não tem ninguém escrevendo arranjo sozinho. É muito diferente de um gênio, como o Prince, que senta na bateria e mostra como é a batida, que pega o baixo mostra como o baixista tem que tocar…
E temos a consciência de que o que faz o som sair tão diferente é a parceria mesmo, é esperar a resposta do outro, é da construção de um jeito fácil de conversar.

A entrevista toda aqui:
https://desova.wordpress.com/2014/03/13/entrevista-com-kiko-dinucci/

Offline Carolina

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Re:Kiko Dinucci entrevistado
« Resposta #1 Online: 24 de Abril de 2015, 15:15:38 »
Esse cara é sensacional. Ele também me converteu ao candomplé ouvinte e não praticante  :o
Ouvi vias de fato indo e voltando do trabalho por exatos 1 mês, diariamente, algumas vezes.
Juçara Marçal é a voz! Mas confesso que não consegui me conectar tanto com o segundo álbum como o primeiro.
Além do metá metá, você já ouviu Passo Torto e Passo elétrico? Outro projeto feito com gente bizarramente genial...
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Offline Donatello

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Re:Kiko Dinucci entrevistado
« Resposta #2 Online: 24 de Abril de 2015, 21:46:41 »
Então... Eu conheci essa patota ano passado por meio de uma participação do Mauricio Pereira no dvd ao vivo do Skylab. Fui sendo levado do Skylab pros Mulheres Negras e daí pro Metá Negras e então Metá Metá... Enfim... Já ouvi todos os projetos relacionados a eles... Passo Torto, Rômulo, carreira solo do Thiago, Padê, Bando... Concordo que o Metá Metá é mais intenso que o Metal Metal (é mais intimista... O segundo é mais festivo mas é ótimo ainda) Acho tanto o acústico quanto o elétrico do Passo Torto fodas. A Juçara? O que dizer que a crítica especializada toda já não tenha dito? Fui no show dela no Circo aqui no Rio começo do ano e...

Vias de fato, que eu citei especialmente e você também parece viciada, tem um sentido especial pra mim porque me acompanhou no momento mais complicado emocionalmente da minha vida até aqui (que ainda está numa fase braba mas se resolvendo de muito pouquinho em pouquinho). Enfim, conheci essa música no meio do exato cenário que ela descreve: um breu, tateando em busca de um feixe de luz, tropeçando e machucando a canela sem encontrar qualquer sinal de um caminho pavimentado e iluminado, evitando desistir... Perdi a conta das vezes que esta faixa especificamente me catalisou aquela famosa lavagem de dentro pra fora, no sentido líquido da coisa e ao mesmo tempo serviu mesmo como um hino pessoal :)

Bom, seja muito bem-vinda ao fórum.

Offline Donatello

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Re:Kiko Dinucci entrevistado
« Resposta #3 Online: 24 de Abril de 2015, 22:05:54 »
Ahhh... Parece que tanto o Passo quanto o Metá tão em estúdio pros respectivos terceiros álbuns. Eles têm postado algumas coisas neste sentido no Face... Parece que o próximo do Passo vai ser em parceria com a Ná Ozeti... Não sou fã da voz dela mas em se tratando de Passo Torto... :)

Offline Carolina

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Re:Kiko Dinucci entrevistado
« Resposta #4 Online: 25 de Abril de 2015, 16:48:18 »
Conheci essa galera da paulicéia musical por meio de uma amiga, cantora, envolvida na vanguarda do samba paulistano. Embora esteja no Rio, sempre gostei da música que vem de lá da ponte aérea! Tom Zé, Itamar (e a contracultura), Maurício Pereira... gosto ainda mais dele hoje, do que quando com os Mulheres Negras. Trovoa é linda na voz dele, parece que estou ouvindo ele cantar para mim (!), na voz da Juçara ficou um tanto mais comercial, gostei também... aliás como desgostar?
Quando falei sobre os álbuns da Juçara que me apetecem mais ou menos, me referia ao Padê e Encarnado. Gostei do último, mas não me falou tanto aos ouvidos e coração como o Padê. Acho que o momento influencia muito mesmo... Vias de fato é também uma música de momento forte na minha vida e, como sou mulherzinha, contei que cantava todos os dias indo e vindo do trabalho, só omiti que era aos prantos no volante!  :o
Gosto muito da Ná Ozeti, mas entendo quando diz que não é fã da voz dela. Não é uma voz de impacto como a Juçara. É do tipo melódica... suave. Talvez não seja muito fã também, mas ainda assim gosto. O último álbum dela - pra embalar - me surpreendeu!
Inclusive, não sei porque não segui esse povo no face. Dei bobeira!
Obrigada, estou curtindo o fórum. Leio mais que participo! Sei que esse não é o objetivo dos fóruns, mas me adaptarei em breve.
"ao redor do buraco tudo é beira"

Offline Donatello

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Re:Kiko Dinucci entrevistado
« Resposta #5 Online: 25 de Abril de 2015, 16:51:46 »
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Vias de fato é também uma música de momento forte na minha vida e, como sou mulherzinha, contei que cantava todos os dias indo e vindo do trabalho, só omiti que era aos prantos (...)

Obrigado pela parte que me toca, aff |(

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Perdi a conta das vezes que esta faixa especificamente me catalisou aquela famosa lavagem de dentro pra fora, no sentido líquido da coisa...

Offline Sergiomgbr

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Re:Kiko Dinucci entrevistado
« Resposta #6 Online: 25 de Abril de 2015, 16:59:06 »
Duas coisas,

1 - Quanta gente à flor da pele tem no mundo!

2 - Muita gente à flor da pele acho que seria um jardim à pele. :tarado:
Até onde eu sei eu não sei.

Offline Carolina

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Re:Kiko Dinucci entrevistado
« Resposta #7 Online: 25 de Abril de 2015, 22:44:08 »
Uma "lavagem de dentro pra fora, no sentido líquido da coisa"... é muito mais poético, né? Talvez um tanto mulherzinha, mas nada comprometedor, relaxa!
"ao redor do buraco tudo é beira"

 

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