Os 10 piores presidentes da História do Brasil
POR LUCIANO TAKAKI EM 7 DE ABRIL DE 2015 ·Escrito em parceria com Felippe AraújoO cargo de presidente da República Federativa do Brasil é a representação maior no país de violador dos direitos dos indivíduos, mas sempre tem uns que conseguem ser pior do que os outros. Aqui, listamos os dez piores da história brasileira. Claro sempre haverá quem ache que faltou Fulano ou Cicrano, que os petistas merecem uma colocação mais alta por colocar o país num regime bolivariano ou que os do Regime Militar na verdade salvaram o Brasil do comunismo e que sem eles os brasileiros viveriam em uma Cuba de extensão continental. Porém, o artigo presente é para apresentar os fatos que aconteceram e não o que poderia acontecer ou o que ainda pode acontecer. Se os militares salvaram ou não o país do comunismo, isso é irrelevante. O fato é que os militares implantaram um governo repressor e altamente positivista, assim como a possibilidade dos petistas fazerem o mesmo agora. Querendo ou não, o fato é que, por enquanto, eles ainda não tiveram um governo tão ruim quanto os outros nove da lista.
A intenção da lista é simples: mostrar que já vivemos períodos muito piores que o atual e que o atual pode piorar muito. Você considera o atual governo ruim? Sim, ele é muito ruim, como qualquer governo é, e é mesmo sem observar sob a ótica libertária, mas aqui podemos ver que houve piores, muito piores.
10º Lula e Dilma RousseffLuís Inácio Lula da Silva e Dilma Vana Rousseff são no mínimo curiosos. Ambos lutaram contra a ditadura do Regime Militar e foram presos por diversos crimes. Dilma inclusive já integrou o grupo de caráter terrorista Colina (Comando da Libertação Nacional). Hoje, os petistas apoiam outros grupos terroristas como o MST (Movimento dos “Trabalhadores” Rurais Sem-Terra) e as FARC (Fuerzas Armadas Revolucionarias de Colombia). Porém, não é apenas isso que faz com que ambos sejam uns dos piores a ponto de merecerem estar juntos.
Lula começou o seu governo proibindo os bingos e máquinas caça-níqueis logo no seu segundo ano de mandato e, no mesmo ano, assina decreto que autoriza o abate de aeronaves suspeitas de carregar entorpecentes químicos ilícitos, mas não de aeronaves de exércitos estrangeiros que entrarem sem permissão. Outros destaques também são o bizarro programa escravagista do Mais Médicos, o Marco Civil da Internet, construções no exterior bancados pelo BNDES, etc., que vieram no governo Dilma. Podemos ver aqui ainda outros casos que justificam a presença dos dois na lista, isso sem nem precisar citas as falcatruas econômicas do governo petista.
9º Juscelino KubitschekJuscelino Kubitschek de Oliveira, o JK, será eternamente lembrado pela construção de Brasília, pela política dos “50 anos em 5″ e pelo seu gosto pela bossa-nova que lhe renderam um apelido homônimo. Porém, como um bom populista, é difícil lembrar de seus pontos negativos. Afinal, porque vamos lembrar de inflação alta, alta importação, fazer rodovias e mais rodovias como se não houvesse amanhã pra um dos modais de transporte mais deficitários que são os caminhões de carga, se temos uma nova capital no meio do nada? O seu governo entra como o nono pior por esses fatores e ainda mais, como a absurda ascensão da dívida externa e interna brasileira nesse período e a “cura” da valorização do salário sempre aumentando o valor do mínimo.
Sua política desenvolvimentista, como todas são, se mostraram falhas, justamente pelo excessivo gasto e a má estratégia em conciliar o capital nacional com o estrangeiro. As finanças públicas se bagunçaram demais, os ricos estavam felizes num regime corporativista, principalmente empreiteiros e industriais, a inflação crescia num regime galopante que foi herança do último governo Vargas mais a impressão sem lastro promovida pra pagar as despesas do seu Plano de Metas. No fim, seu governo nos rendeu apenas bagunça na economia, inquietação social e ainda as péssimas obras do Niemeyer (o calor dentro da Capela Metropolitana fala mais que qualquer argumento).
8º Eurico Gaspar Dutra O marechal Eurico Gaspar Dutra foi uma figura interessante na história brasileira, sendo o primeiro presidente depois do “Estado Novo” de Getúlio Vargas. Sua administração rendeu burradas econômicas, se embanando totalmente com a questão das reservas cambiais, não aproveitando o que o Brasil acumulou pós-Segunda Guerra Mundial e com um desenvolvimentismo extremamente falho, conhecido nas aulas de história de ensino médio com o nome de Plano SALTE (Saúde, Alimentação, Transporte e Energia), que falhou justamente porque o seu governo imprimiu demais sem lastro algum e dando crédito como forma de tentar reviver a economia, que ia mal das pernas com a intervenção estatal na economia, tendo os gastos nos afundado ainda mais. No seu governo temos a criação do BNDE (futuro BNDES) e vemos uma aliança fortíssima com os EUA, vide contexto da Guerra Fria.
Essa relação bilateral gerou uma campanha econômica de extrema importação do Brasil, enquanto não exportávamos quase nada, tirando o velho e eterno café, e a criação da ESG (Escola Superior de Guerra), a qual ajudaria a dar o golpe de 64. Proibindo o PCB por parte novamente da Guerra Fria, Dutra se mostrou de fato alinhado com o governo americano, na época liderado por Harry Truman (o da Doutrina, leitor). Aliás, essa relação gerou uma visita de Estado brasileira em terras yankees. Dizem que nesse encontro, Dutra dispensou intérpretes em conversas informais com o presidente Truman, lembrando apenas de um mantra que em perguntas pessoais, apenas repita o que interlocutor disser, mudando para o nome dele. Dessa conversa, dizem que Truman cumprimentou o nosso presidente, dizendo “How do you do, Dutra?”. O nosso marechal-líder respondeu “How tru you tru, Truman?”. Se isso realmente aconteceu é discutível, porém, o a certeza que a história tem é de sua péssima administração.
7º José SarneyNascido José de Ribamar Ferreira de Araújo Costa, José Sarney implantou um verdadeiro regime totalitário no país. Ele simplesmente teve a genial ideia com o Plano Cruzado de congelar os preços e salários para conter a inflação. Lançou a campanha “Eu sou fiscal do Sarney” e então nos primeiros meses ele conseguiu o que queria, estimular o consumo. Porém, não havia incentivo para a produção de bens e o resultado todos nós conhecemos: desabastecimento total. No meio de tanto desespero os fiscais da Sunab (Superintendência Nacional do Abastecimento) chegaram a confiscar bois e colocaram impostos sobre a gasolina.
O caso dos “fiscais de Sarney” é um clássico exemplo que o controle nos preços é um fracasso declarado. Milhares de estabelecimentos foram fechados e não raros gerentes e funcionários foram presos devido à remarcação dos preços. Não tinha como a economia não ir para o buraco. A crise foi tão grande que o Palácio do Planalto quase sofre um atentado ao estilo 11 de Setembro, mas isso em 1988, mas também no mês de setembro, quando Raimundo Nonato Alves da Conceição culpou o Sarney pela situação econômica do país e por estar desempregado. Nisso ele estava certo.
6º Emílio Garrastazu MédiciO general Emílio Garrastazu Médici foi o mais repressor presidente do Regime Militar. O seu governo ficou marcado como “Anos de Chumbo” e pela censura. Médici adotou uma economia altamente desenvolvimentista que contribuiu com o aumento dos gastos.
Médici foi também o mais propagandista dos militares. Gastou uma enorme quantia de dinheiro com propaganda e ainda criou slogans como “Brasil, ame-o ou deixe-o”. Assim como criou o slogan “Ninguém segura esse país”, se referindo ao enorme crescimento economicamente. Crescimento a base de gastos, muitos gastos.
Médici ainda teve que ainda a ousadia de interferir até mesmo na convocação da Seleção Brasileira para a Copa do Mundo de 1970, quando obrigou o Zagallo a convocar o atacante Dario, o Dadá Maravilha, mas foi a fortíssima repressou que tornou ele um ditador. Médici, ainda que tenha combatido com suas ordens grupos de guerrilheiros – Carlos Lamarca e Carlos Marighella foram mortos no seu regime, por exemplo – ele reprimiu muita gente inocente, inclusive crianças. Inclusive, se destacou pela forte censura imposta com a desculpa de combater o comunismo, o que fortaleceu muito a esquerda nos dias de hoje. O excesso de anticomunismo fortalece o comunismo.
5º Deodoro da Fonseca O nosso “Top 5″ começa com o iniciador de toda a lamúria atual. Manuel Deodoro da Fonseca, proclamador da república, marechal pela Guerra do Paraguai, positivista e o nosso primeiro ditador. Ao começo de tudo, só em encerrar o Império com um golpe de Estado sua presença já se faz como garantida na nossa lista. Porém, as burradas econômicas e políticas de seu governo foram tamanhas que o marechal se faz digno na quinta posição. Deodoro tomou o poder dia 15 de novembro de 1889. No seu breve governo de três anos (sendo dois de governo provisório e o último como constitucional), ele deu ao Brasil o “Encilhamento”, aquela fatídica crise que Rui Barbosa, ministro da Fazenda, idealizou como a cura de todos os males econômicos brasileiros que vieram de herança com o fim do Império. Não era pra ser uma crise, obviamente, mas o seu caráter facilmente interventor e a quantidade de moeda impressa foram fatores decisivos pra afundar o Brasil numa crise por toda a primeira década republicana.
Além dessa que foi uma das nossas maiores crises, Deodoro teve no seu primeiro ano como de fato presidente eleito (indiretamente) tamanha tensão política por suas inclinações centralizadoras e pela crise sem igual do Encilhamento que resolveu aceitar seu instinto militar e decretar Estado de Sítio, além de fechar o Congresso e o Senado. Isso em poucos meses de governo. Engraçado, não? A demonstração que ele não era tão ruim e centralizador foi sendo ruim e centralizador. Foi o chamado “Golpe do Três de Novembro”, feito em 1891, o começo de sua breve ditadura. A situação se tornou tão ruim que as próprias Forças Armadas não aguentaram mais, ocasionando então na Primeira Revolta da Armada, feita pela Marinha. Deodoro renunciou, deixando um governo péssimo para o também péssimo vice-presidente, Marechal Floriano Peixoto. Um governo tão ruim, mas levamos o nosso primeiro presidente nas moedas de 25 centavos. Que coisa, não?
4º Ernesto GeiselErnesto Beckmann Geisel, assim como o Médici, foi um desenvolvimentista nato. Gastou muito dinheiro com obras públicas. O seu governo ficou marcado pelo fim do “Milagre Econômico” com seus gastos pelo II Plano Nacional de Desenvolvimento que provocou a explosão da dívida externa e hiperinflação. Geisel se notabilizou ainda pelo reconhecimento da independência de Angola e reatou as relações diplomáticas com a ditatorial China, assim como países da Europa Oriental como Bulgária, Hungria e Romênia. Em suma, Geisel tinha certa simpatia com regimes vermelhos.
Geisel se notabilizou pelo seu estatismo, ele criou em torno duzentas estatais que também contribuiu para o aumento da dívida. Geisel era praticamente um Lênin brasileiro. Economia estatizada e as suas relações diplomáticas com países socialistas são uma amostra de que os militares não salvaram o país do comunismo. Fez com que fica mais próximo do que nunca dele.
3º Prudente de Morais Prudente José de Morais Barros foi o primeiro presidente civil do país. Algo bem legal, né? Nem tanto. O seu governo passaria despercebido pelas pessoas que poderiam fazer um ranking desse tipo, mas há algo nele muito obscuro e maldito. Prudente completou seus quatro anos resolvendo incidentes diplomáticos e fronteiriços fazendo belos tratados com nações europeias e sul-americanas. Na questão econômica recebeu a herança do Encilhamento e tentou contorná-la, com o plano que o seu sucessor, Campos Sales, aplicaria com o nome de Funding Loan. Algo normal, em tese, já que a maioria dos nossos presidentes (senão todos) perderam anos de seus mandatos consertando o que ele achava errado do mandato anterior.
Porém, Prudente de Morais se mostrou um presidente facínora e brutal.
No nordeste, Antônio Conselheiro angariava voluntariamente pequenos agricultores, sem-terra e miseráveis do sertão baiano para tentarem, unidos, vencerem seus males, algo que era ocasionado principalmente pelo coronelismo brasileiro e condições pós-fim do Império e da escravidão. Fundaram uma nova comunidade, Canudos, um lugar que serviu pra aquela população que chegou faminta e sem esperança. A República, centralizadora, abominou aquela comunidade. Sob a acusação de serem monarquistas, quatro expedições militares foram realizadas pelo exército brasileiro. Três derrotadas. A última acabou com toda a comunidade, destruindo a cidade e matando todos os habitantes, já que era meio chato perder três e assumir derrota. Euclides da Cunha em “Os Sertões” dá um lindo retrato da chacina feita ali. Prudente carrega a morte de 20-25 mil canudenses, além dos cinco mil militares que morreram nas expedições. Esse banho de sangue faz sem dúvida Prudente entrar entre os três piores.
2º Floriano PeixotoO nosso segundo presidente, que assumiu apenas por ser vice do Deodoro, é o segundo pior presidente da lista. Que coincidência. Floriano Vieira Peixoto, o Marechal de Ferro, MERECE estar aqui. Ele consegue juntar as incongruências econômicas de seus antecessores (militares geralmente não bons em economia), a atitude tirana de Deodoro, a proibição e censura de Vargas, Dutra e dos Militares e a sanguinolência de Prudente. Floriano assumiu quando Deodoro renunciou. Ele não era lá muito diferente, já que ajudou no golpe da República. Possuía um forte ideário positivista, era centralizador e ignorava economia nas relações sociais, prezando apenas na boa conduta e mocidade dos jovens da nação. Ironicamente, não era nacionalista, só queria ordem e progresso pra terra onde nasceu.
Sua política econômica é quase descartável, já que sobrou pra ele boa parte das consequências do Encilhamento e ele não fez muita coisa para mudar além da bom e nunca falho (ironia) congelamento de preços, feito em aluguéis e produtos de primeira necessidade. A inflação estava crescendo bastante, a miséria destruía empresários no sudeste e matava de fome cidadãos no nordeste.
Floriano não era “frouxo” como seu antecessor. Para manter seu poder e sua centralização, proibia manifestações sobre a crise política e econômica do país, prendendo e ameaçando os juízes do STF para nenhum habeas corpus ser emitido, senão eles mesmos seriam presos. Quando houve a Segunda Revolta da Armada, questionando o princípio constitucional de que novas eleições deveriam ser convocadas, ele destruiu navios e consolidou seu poder perante as três forças do nosso Exército.
Pra fechar com chave de ouro, teve presença no sul do país, em meio a Revolução Federalista. Apoiando o positivista Júlio de Castilhos, Floriano fez tamanho estrago (era comum prisioneiros serem jogados na mata para serem picados por cobras ou simplesmente mortos com tiros na cabeça na Fortaleza de Santa Cruz) que não sobraram revoltosos quando sua companhia chegou na cidade de Desterro, em Santa Catarina, seguindo as tropas da revolução. Com apoio da maioria simpatizante, Desterro virou Florianópolis, em sua homenagem. Era a consolidação do seu culto à personalidade, um tirano centralizador, mas consolidador da República. E, belamente, o nascimento do Estado brasileiro moderno veio de forças coercitivas e ditaduras. E devemos agradecer Deodoro e Floriano por isso.
P.S: Floriano apoiou Júlio de Castilhos, positivista centralizador do sul do Brasil que também sofreu um culto à sua personalidade. Floriano e Castilhos entusiasmaram muito os jovens políticos do Rio Grande do Sul, principalmente um jovem de São Borja que acabou virando o primeiro nome de nossa lista…
1º Getúlio VargasGetúlio Dornelles Vargas foi não apenas o pior presidente da história do Brasil como também um dos piores da história da América Latina, ele governou o país por mais de 15 anos (mais do que os dois presidentes petistas juntos) perdendo somente para o Dom Pedro II o tempo de governo. Ele é o presidente da herança maldita. Repressão contra opositores, censura, etc. Ele deixou legados que perduram até hoje como a inocente afirmação de que “o petróleo é nosso”. A Campanha do Petróleo custou a prisão do Monteiro Lobato após ter enviado uma carta a ele e que teve o seu livro O Escândalo do Petróleo censurado. Getúlio Vargas anos depois criou a Petrobras, que se tornou o maior monopólio já visto em território brasileiro.
Porém, não é só isso. Bem antes, ele já havia reprimido separatistas na Revolução Constitucionalista de 1932, na Constituição de 1934, Getúlio instituiu o voto secreto, voto feminino (como se isso fosse exatamente uma conquista), proibição do trabalho infantil, proibição da diferença salarial por motivos de sexo, idade, nacionalidade e estado civil; a criação da Justiça do Trabalho, nacionalização dos recursos naturais e a nacionalização de empresas. Ele criou ainda a Fundação Getúlio Vargas (FGV) para preparar pessoas para trabalharem na administração pública e privada, principalmente pública; tinha criado o Conselho Nacional do Petróleo (que deu origem à Petrobras); o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE, que depois se tornou BNDES em 1982, acrescentando “e Social” no nome), a Vale do Rio Doce (privatizada no governo Fernando Henrique Cardoso); implantou a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), inspirada na Carta del Lavoro de Benito Mussolini, ditador italiano. Ditador que ele admirava, e inclusive era admirador dos nazistas também, a ponto de deportar judeus para a Alemanha Nazista. No entanto, por pressão americana enviou tropas para combaterem na Itália pelos aliados.
Getúlio Vargas implantou o estatismo na mentalidade dos brasileiros fazendo a adotarem a crença de que precisamos do governo para tudo. Populista, era chamado de “o pai dos pobres”. Isso não está errado, com o CLT e toda a dificuldade existente hoje para qualquer um empreender, esse título é bem justificável. Getúlio também teve um governo assassino e repressor, mas o seu legado é assassino, repressor e empobrecedor até hoje. E faz todos crerem que dependem desse tipo de política. Por essas e outras razões, o Getúlio Dornelles Vargas foi o pior presidente da história do Brasil.
LUCIANO TAKAKI
Economista, praxeologista, libertário radical e colunista do Instituto Liberal (
www.institutoliberal.org.br).
Fonte:
http://liberdadeemfoco.com/2015/04/07/os-10-piores-presidentes-da-historia-do-brasil/