Muitas pessoas falam da Noruega, país de maior IDH do mundo, para citar que o tamanho do Estado não é um problema para o Brasil. Foi o que o forista Juca fez em outro tópico. Só que gigantismo do Estado não é meramente uma questão de tamanho da parcela do PIB gasta pelo governo ou da carga fiscal. É também uma questão de proliferação de regulamentos e interferência do Estado no fluxo de mercadorias, capital e trabalho. A Noruega é bem menos dirigista estatal que o Brasil levando em conta esse critério, basta ver e estudar o ranking Heritage. Mesmo assim...
"Uma das evidências mais notórias da política econômica nas últimas décadas, tal como demonstrada por exercícios feitos a partir de estatísticas dos países da OCDE, é a que vincula o nível das despesas públicas nacionais com as taxas de crescimento anual. Em estudo sobre as causas dos diferenciais de crescimento entre as economias da OCDE ao longo de 36 anos a partir de 1960, o economista James Gwartney, da Florida State University (
http://garnet.acns.fsu.edu/~jgwartne/), demonstra a existência de uma correlação direta entre crescimento econômico e carga tributária. A explicação para esse fenômeno é tão simples quanto corriqueira: quanto maior o nível da punção fiscal sobre a sociedade, menor é o incentivo para que os agentes econômicos se disponham a oferecer uma contribuição positiva para a sociedade; em contrapartida, quanto mais alta a carga tributária, mais e mais recursos fluem dos setores produtivos para o aparato do governo.
Para aqueles ainda não convencidos por esta simples correlação matemática, ou meramente empírica, recomenda-se uma consulta a este trabalho de Gwartney, junto com J. Holcombe e R. Lawson: “The Scope of Government and the Wealth of Nations”, The Cato Journal (Washington: vol 18, nr. 2, outono de 1998, p. 163-190; disponível no link:
http://garnet.acns.fsu.edu/~jgwartne/scope_of_govt_gwartney.pdf). A figura 2, à p. 171, contém a evidência da correlação apontada: a taxa média anual de crescimento do PIB, entre 1960 e 1996, para os países de carga fiscal inferior a 25% do PIB foi de 6,6%, ao passo que o mesmo índice para os países com carga superior a 60% do PIB foi de 1,6%. "
Fonte:
http://www.espacoacademico.com.br/067/67pra.htmFicar torcendo pela eficiência do setor público ótima no Brasil é tão útil quanto rezar. É melhor diminuir o setor público e esperar para ver o que o setor privado faz com a alocação de recursos. Numa reportagem sobre a miséria publicado em 2002 (Veja, 23 de janeiro), o economista José Márcio de Camargo da PUC mostrou o dado de que
só 7% do dinheiro gasto com aposentadorias fica com os 20% mais pobres. Os 20% mais ricos ficam com 30% do total. E até hoje servidor público, diferentemente dos outros beneficiários, tem aposentadoria integral como direito. Essa é a realidade de nossa política "social". É por isso que a montanha de impostos que a gente paga quase não gera retorno. Política social no Brasil não é feita para maximizar o impacto nos indicadores sociais, ela atende a privilegiados grupos caçadores de renda que essencialmente querem mais e mais poder.