Fortuna da família real saudita é 16 vezes superior à britânica. Será maior que o PIB português?19.08.2018 às 17h59
https://expresso.pt/economia/2018-08-19-Fortuna-da-familia-real-saudita-e-16-vezes-superior-a-britanica.-Sera-maior-que-o-PIB-portugues-Príncipe Mohammed bin Salman Al Saud tem sido um dos principais rostos na luta contra a corrupção na Arábia Saudita
ANADOLU AGENCY/ GETTY IMAGES
A monarquia saudita goleia por sete a zero a riqueza produzida por ano em Portugal. "Sou uma pessoa rica e não uma pessoa pobre. Não sou Gandhi ou Mandela", chegou a dizer o príncipe Mohammed Bin Salman. Histórias de opulência, caridade e um dispensador de Kleenex em ouro
Abílio Ferreira
ABÍLIO FERREIRA
A família real britânica tem, como se sabe, uma fortuna invejável. Mas, faz figura de pobre ao lado da Casa de Saud.
A consultora de negócios Brand Finance avalia o património líquido da realeza britânica em 77 mil milhões de euros, o equivalente a mais de um terço da riqueza que Portugal produz num ano e mete num bolso o património dos 25 maiores bilionários portugueses (18 mil milhões).
Ainda assim, está longe de ser a monarquia mais rica do mundo. O galardão cabe à Casa de Saud, a família real da Arábia Saudita, que, de acordo com os cálculos da CNBC, está sentada numa fortuna de 1,4 biliões de dólares (1,2 biliões de euros).
Ou seja, ao lado da família real saudita, a realeza britânica é plebeia com um património 16 vezes inferior. E, adotando como referência o valor do Produto Interno Bruto (PIB), é sete vezes maior do que o que Portugal produz num ano.
FORTUNA PARTILHADA POR DOIS MIL
Esta é, todavia, uma família numerosa, acolhendo 15 mil elementos - mas o grosso da riqueza está concentrada em pouco mais de dois mil descendentes do rei Abdul Aziz Al-Saud que fundou, em 1932, o Estado saudita moderno, batizando-o com o nome da sua família.
Ao leme do país e da casa real saudita está o rei Salman, 82 anos, um dos sete filhos do fundador da monarquia. Sucedeu ao seu irmão Abdullah, em 2015, mas já endossou o poder executivo ao seu filho e herdeiro ao torno, o príncipe Mohammed Bin Salman, 32 anos. A sua fortuna pessoal está avaliada em 17 mil milhões de dólares (15 mil milhões de euros).
CASTELOS, IATES E DA VINCI
A realeza saudita, como sucede com a generalidade dos representantes do ramo, leva uma vida discreta e reservada, evitando gestos de ostentação ou luxos desmesurados.
No artigo que dedica à família, a CNBC conta que, pelo que se sabe no país. o seu estilo de vida é pautado "por gastos à farta e extravagantes, com jatos particulares, iates de luxo, helicópteros ou topo de gama". A carteira imobiliária incluiu "propriedades espalhadas pelo mundo, castelos e palácios mobilados com peças revestidas a ouro - a jóia da coroa é um dispensador de Kleenex banhado a ouro.
Com uma fortuna desta dimensão, quem resiste ao feio pecado do esbanjamento? Quem tiver a ousadia que atire a primeira pedra.
De acordo com o The New York Times, o príncipe herdeiro comprou recentemente uma pintura de Da Vinci por 390 milhões de euros, um iate por 430 milhões e terá pago 260 milhões de euros por um castelo em França. Duas casas em Londres e um condomínio na costa sul espanhola farão parte da sua carteira de ativos no exterior.
"SOU UMA PESSOA RICA"
Em entrevista à CBS News, o príncipe respondeu que suas finanças pessoais são um assunto privado. E alegou que não precisava de pedir desculpas por um estilo de vida opulento. "Eu sou uma pessoa rica e não uma pessoa pobre. Eu não sou Gandhi ou Nelson Mandela", respondeu curto e seco.
A CNBC diz que há uma outra face nesta moeda esbanjadora: os elementos da família são pródigos em entregar dinheiro a organizações de caridade e investem no desenvolvimento do país. A última promessa foi a entrega de milhões de dólares para um fundo do Banco Mundial destinado a fomentar o empreendedorismo feminino.
Na entrevista à CBS, o príncipe Mohammed enfatizou esse lado filantrópico, referindo que uma grande fatiada sua fortuna é aplicada em caridade. "Eu aplico pelo menos 51% no povo e nas pessoas e menos de 49% em mim" disse.
O fundo soberano do país tem ativos avaliados em 250 mil milhões de euros, gerindo aplicações em empresas americanas como a Tesla ou Uber. O fundo tem sido apontado por Elon Musk, o fundador da Tesla, como o financiador de uma operação de aquisição para retirar a companhia bolsa.
A riqueza da família saudita jorra ao ritmo das reservas de petróleo, descobertas na década de 1940, sob o reinado do rei Abdulaziz ibn Saud. A empresa estatal de petróleo e gás natural, a Saudi Aramco, está avaliada em mais de dois biliões de dólares (1,7 biliões de euros).
CAÇA AOS PODEROSOS
Num esforço para combater a corrupção no país, o príncipe Mohammed lançou em 2017 uma purga real que transformou o Ritz-Carlton de Riade, numa das prisões mais luxuosas do mundo.
Foi no hotel da capital saudita que ficaram detidos 30 altos dignitários do regime, entre os quais o príncipe Alwalled bin Talal, um dos homens mais ricos do mundo. “A pátria não perdurará, a menos que a corrupção seja erradicada e os corruptos responsabilizados”, justificou na altura o príncipe Mohammed.
Algumas das principais fortunas do país passaram para o Estado, incluindo familiares da família no poder. Como resultado, a revista Forbes riscou 10 sauditas da sua lista mundial de bilionários.
Com a purga, o Estado saudita terá recuperado mais de 100 mil milhões de dólares (87 mil milhões de euros).
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