"O que eu faço se eu não puder prever?" Alguém já deve ter se perguntado isso ao ler o título do tópico e o post inicial. Mas há sim o que fazer. Como vocês viram no meu primeiro post do tópico, ficar rico comumente depende muito do que Nassim Taleb chama de "cisne negro". Aqui vai uma descrição desse conceito...
https://en.wikipedia.org/wiki/Black_swan_theoryEu acho que Nassim Taleb é a minha principal influência intelectual na área de Finanças (ao lado de Daniel Kahnemann, talvez). Portanto, colocarei os melhores conselhos sobre o assunto do tópico. Uma biografia interessante sobre ele está disponível no site do sociólogo Malcolm Gladwell:
http://gladwell.com/blowing-up/Não escrevo tão bem quanto ele, portanto quase todas as frases abaixo são dele, foram retiradas dos dois livros dele que já li,
A Lógica do Cisne Negro e
Antifrágil:
(1) Faça uma distinção entre as contingências positivas e negativas.
Em um negócio virtuoso sujeito a Cisnes Negros, o que o passado não revelou certamente será bom para você. Em certos negócios, você é sortudo se não souber de nada – especialmente se os outros não sabem nada, mas não tem consciência disso. E você se sairá melhor se souber onde reside sua ignorância, se for o único procurando pelos livros não lidos. Ademais, você deve ser paranoico em relação aos Cisnes Negros negativos para que eles não causem estragos nos seus ganhos.
(2) Não procure pelo preciso e nem pelo local.
É preciso entender a noção de que não se procura algo em especial todas as manhãs, mas que se trabalha duro para que a contingência entre em sua vida de trabalho.
(3) Agarre qualquer oportunidade ou qualquer coisa que se pareça uma oportunidade.
Muitas pessoas não percebem que estão recebendo uma oportunidade afortunada na vida quando ela acontece. Persiga essas oportunidades e maximize a exposição a elas.
(4) Cuidado com planos precisos feitos por governos.
Deixem que os governos façam previsões, mas não dê muita importância ao que dizem
(5) “Existem algumas pessoas que, se ainda não sabem de algo, você não pode contar algo para elas”.
Não perca tempo tentando lutar contra cientistas sociais, exceto para pregar peças neles. Se algum dia precisar dar ouvidos a uma previsão, tenha em mente que a exatidão dela degrada rápido à medida que se estende no tempo.
(6) O que você não sabe é mais relevante do que aquilo que você sabe.
Pense sobre a “receita secreta” para que se tenha um sucesso absoluto no ramo de restaurantes. Se ela fosse conhecida e óbvia, então alguém já teria concebido a ideia e ela teria passado a ser genérica. O próximo sucesso absoluto na indústria de restaurantes precisa ser uma ideia que não é facilmente concebida pela população atual de restaurantes. Quanto mais inesperado for o sucesso de um empreendimento, menor o número de concorrentes e mais bem sucedido será o empresário que implementa a ideia.
(7) Livros do estilo "como fazer" são charlatães se dão apenas conselhos positivos; os profissionais dão ênfase a conselho do tipo “como não fazer”.
Os mestres de xadrez costumam ganhar ao não perder, pessoas enriquecem por não irem à falência; aprendizagem na vida diz respeito ao que evitar. Empirismo negativo é uma forma de se contornar o empirismo ingênuo. Ver cisnes brancos não confirma a não existência de cisnes negros. Mas se vejo um cisne negro posso confirmar que todos os cisnes não são brancos.
(8) Métodos mais simples para prognóstico e inferência podem funcionar melhor do que os complexos.
As pessoas querem “mais informações” para resolver problemas. Todavia, mais informações podem incluir epifenômenos que se possa imaginar como causa (análise complexa de causas é altamente frágil e sujeita a erros) e isso pode nos fazer perder de vista a ameaça essencial. Mesmo na medicina moderna, há avanços espetaculares no tratamento de doenças sem exigir qualquer compreensão profunda de suas causas.
(9) "Falácia da madeira verde" (expressão explicada em
Antifrágil)
Quem observa de fora pressupõe que certos detalhes, como dominar o discurso habitual, é importante. Mas as pessoas que se dedicam a atividades práticas não são submetidas a exames de nivelamento; elas são selecionadas da forma mais não discursiva possível – os bons argumentos não fazem diferença. Taleb cita o caso de um bem-sucedido operador de câmbio de francos suíços que sequer sabia onde ficava a Suíça no mapa.
(10) Procure pela opcionalidade, preferencialmente com retornos ilimitados, e não limitados.
Não ficar preso a determinado esquema, de modo que se possa mudar de opinião enquanto se segue adiante, com base em novas descobertas ou informações.
(11) Não invista em planos de negócios, mas em pessoas
Ou seja procure alguém capaz de mudar seis ou sete vezes ao longo da carreira, ou mais, pois quando investimos em pessoas, ficamos imunes aos discursos de retroajustamento no plano de negócios – é simplesmente mais robusto fazer isso. Não há evidências que o planejamento estratégico funcione. Até há evidência que ela atrapalhe. Segundo o pesquisador de gestão William Starbucks, ele faz com que a empresa fique cega às opções, uma vez que se aprisiona a uma conduta não oportunista.
(12) Certifique-se que está operando no modo barbell.
Estratégia barbell é uma estratégia dupla, uma combinação de dois extremos, um lado seguro e outro especulativo, considerada mais robusta que uma estratégia “monomodal”; muitas vezes, considerada uma condição necessária para a antrifragilidade. Até mesmo a tentativo e erro, com os pequenos erros sendo o tipo “certo” de erros, é uma forma de barra de pesos. Um exemplo é investir 90% em títulos do Tesouro Americano e 10% em apostas de capitais de risco, de preferência usando a maior alavancagem possível (como opções). E quanto aos investimentos de "risco mediano"? Isso pode ser respondido com outra pergunta: como saber que o risco no investimento que existe realmente é mediano? (Lembre-se do problema do Cisne Negro).
13) Evite ser cegado pela vividez de um único cisne negro.
Tenha tanto dessas pequenas apostas quanto for concebível.
14) Você precisa amar para perder
As apostas de negócios sujeito a cisnes negros se ganha muito, mas com pouca frequência. Vale a pena se outras pessoas gostarem muito delas e se você tiver a resistência pessoal e intelectual necessária. Mas você precisa ter essa resistência. Você também precisa lidar com pessoas ao seu redor infligindo toda a sorte de insultos com você, a maioria diretamente.
15) Cuidado com o escalável
Algumas profissões não são escaláveis. Isso significa que você tem um limite no número de clientes que pode atender em um dado tempo e a sua presença é necessária. Dentistas, consultores, massagistas e taxistas estão nessa categoria. Algumas profissões permite que você multiplique sua produção e sua renda, caso seja competente, com pouco ou nenhum esforço extra. A tecnologia de cópia e distribuição permite que esses trabalhos sejam essencialmente de planejamento e inspiração, em vez de transpiração (e suor). Escritores, cantores, atores e grandes industriais estão nessa categoria.
É tentador dizer que a segunda categoria de profissão é mais vantajosa. Isso só é verdade se você for muito bem-sucedido. Pois profissões escaláveis são mais competitivas, apresentam disparidades monstruosas entre o resultados entre os concorrentes e são muito mais aleatórias, com disparidades imensas entre esforços e recompensas. Muitas vezes, isso inclui fenômenos como “o-vencedor-leva-tudo”, basta ver o exemplo do domínio do Google no mercado de motor de busca. Também é comum que 80% dos resultados sejam gerados pela parcela dos 20% superiores e 50% dos resultados sejam gerados pela parcela do 1% superior, numa lei exponencial chamada de Princípio de Pareto. É por isso que é muito mais comum você encontrar escritores servindo cafés no Starbucks do que dentistas.
16) Seja bobo nos lugares certos
Mesmo as pessoas mais sábias estão sujeitas aos erros causados pelas heurísticas e vieses cognitivos, pois não teorizar leva a grande quantidade de consumo de energia mental. Portanto, saber onde os erros tem maior impacto é um melhor modo de entender onde a energia da “não teorização” deve ser empregada.