Autor Tópico: Desemprego explode entre os engenheiros  (Lida 1611 vezes)

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Offline Eu

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Desemprego explode entre os engenheiros
« Online: 25 de Janeiro de 2016, 14:01:10 »
Engenheiros ficam sem emprego, mudam de área e vão até para o Uber


Recém-formada em engenharia civil, Ana Caroline Gomes, 23, decidiu continuar os estudos e fazer uma pós-graduação. O engenheiro mecânico Gutemberg Rios, 33, estuda migrar para o Canadá.

"Aqui não tem muita perspectiva de melhora a curto prazo", afirma ele, demitido da empresa onde atuava no final de outubro.

Rios faz parte da estatística de 496 demissões na carreira registradas no Distrito Federal no ano passado.

Em 2014, já foi possível notar uma redução de vagas: diferentemente de anos anteriores, o saldo entre engenheiros admitidos e desligados naquele ano foi negativo.

De acordo com estudo da Federação Nacional dos Engenheiros, foram, ao todo, pouco mais de 52 mil profissionais contratados e 55,1 mil demitidos.

ESTRUTURA ABALADA - Engenheiros enfrentam corte de vagas

GIGANTES SOB SUSPEITA

A queda nas atividades da construção civil e a Operação Lava Jato, que investiga suspeitas de corrupção na Petrobras e já prendeu executivos das principais empreiteiras do país, são apontadas como principais fatores para a crise no setor de engenharia.

E a expectativa dos profissionais para este ano não é animadora.

"Para ter obra, precisa haver uma decisão de investimento. Seja do comércio, que vai fazer uma galeria de lojas, seja de alguém que vai reformar a residência. E quem é que está tomando a decisão de investir hoje?", questiona Eduardo Zaidan, vice-presidente do Sinduscon-SP (sindicato da construção civil).

Somente no ano passado, de acordo com dados do Ministério do Trabalho, o setor da construção civil fechou 416,9 mil vagas.

Para Zaidan, o atual cenário gera um novo "desmonte" na carreira, que recentemente enfrentou carência de profissionais qualificados.

A atual crise no setor de engenharia é comparada, por profissionais mais experientes, à chamada década perdida, nos anos 1980.

Naquele período, diante de uma crise profunda na economia, os engenheiros começaram a migrar para funções em outras áreas.

"A economia brasileira parece voo de galinha: uns anos são bons, o resto é ruim. Mas acho que este é o pior momento, porque não tem perspectiva de que vai melhorar", afirma Daniel Galano, 52.

Formado em engenharia mecânica em 1987, ele foi demitido da empresa em que atuava em 2014 e, desde então, não conseguiu outro trabalho na área.

Também graduado na década de 1980, Antônio Seirio, 55, aponta dificuldade em se fixar na carreira vinculada "diretamente à indústria", em que se especializou.

"Se a economia não gira, não se contrata engenheiro", diz ele, com um MBA no currículo, feito a partir de programa do governo federal, o chamado Promimp (programa de incentivo à indústria).

Nos últimos anos, Seirio ocupou funções técnicas em diferentes empresas e, desde novembro, trabalha como motorista do Uber, serviço de transporte particular.

"Já vi situações difíceis, mas não como essa", resume Célia Almeida, 42. Demitida em outubro da empresa em que trabalhava como engenheira ambiental, hoje atua no mesmo local, mas por contrato. O trabalho em tempo integral, de 8,5 salários mínimos, foi reduzido para atividade parcial e 4 mínimos.

Com quatro filhos, todos na universidade, recorreu ao seguro-desemprego.

"Banhos quentes viraram mornos. O pacote de internet acabou, só eu tenho celular pós-pago agora. Estou segurando o dinheiro que ganho", afirma Almeida.

MAIS FORMADOS

Nos últimos anos, no entanto, houve aumento da procura pela profissão.

FORMAÇÃO - Número de matrículas na graduação cresceu 85,1%*

Entre as cinco áreas com mais demanda por profissionais (como engenharia civil e mecânica), o número de formandos cresceu 60,6% entre 2010 e 2013.

"Precisamos de mais engenheiros", disse em 2013 Aloizio Mercadante, então ministro da Educação (ele voltou ao posto em 2015). Naquele ano, o número de calouros de engenharia superou, pela primeira vez, o de direito.

A questão é que, agora, o cenário se inverteu e a recessão passou a exigir que os engenheiros busquem novas áreas de atuação profissional.

INVESTIMENTO NO LIXO

"Estamos jogando fora um investimento tremendo em recursos humanos. Cada um vai ter que se virar para determinado lado. O problema é que não tem emprego para lado nenhum", diz Zaidan.

Essa foi a mesma conclusão a que chegou um engenheiro eletricista da OAS, onde trabalhou por pouco mais de três anos na construção da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.

No auge das atividades, o projeto em que atuava chegou a reunir 12 mil operários. Quando foi demitido, em março do ano passado, eram 300. Desde então, não encontrou vaga em cargo semelhante ao que atuava.

"Eu achava que ia conseguir achar, porque tinha um currículo bom, numa grande empresa do país, numa grande obra. Mandei currículos, me inscrevi em sites e não recebi nenhuma resposta de emprego associado à engenharia", diz ele, que prefere não ter o nome divulgado.

Na visão do profissional, a Operação Lava Jato contribuiu para a redução das atividades da empreiteira, a segunda maior do país, que teve cinco executivos condenados pela Justiça Federal do Paraná por corrupção, lavagem de dinheiro e formação de organização criminosa.

"Criou-se uma situação não só política -porque tinha gente da empresa sendo presa- mas financeira, porque os bancos começaram a parar de emprestar", diz.

Hoje, atuando no setor de hotelaria, ele recebe um quarto do salário que tinha como engenheiro.

http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2016/01/1732828-antes-escassos-engenheiros-sobram-no-mercado-e-precisam-se-reinventar.shtml

Offline Cinzu

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Re:Desemprego explode entre os engenheiros
« Resposta #1 Online: 25 de Janeiro de 2016, 16:04:14 »
As vagas diminuíram e os profissionais no mercado aumentaram. Há cinco anos a mídia espalhava que o Brasil estava em falta de engenheiros (o que já era mentira), precisava formar mais que o dobro do que estava formando e tinham salários iniciais de 7 mil reais.

Muitos jovens acreditaram e resolveram começar a cursar pensando exclusivamente no dinheiro. A concorrência dos cursos aumentou, novos cursos foram criados, a quantidade de profissionais na área da engenharia subiu drasticamente e para combar, veio a crise econômica.

Edit: O que me preocupa ainda mais, é a qualidade dos profissionais que estão sendo formados. Tem muitas faculdades particulares praticamente vendendo diplomas, e até mesmo o ensino das públicas está em decadência. Episódios como a barragem de Mariana podem vir a ser mais comuns de agora em diante.

E não para por aí. Até mesmo o ensino de medicina pode estar sendo deturpado. Devido a grande concorrência pelo curso, vários estão optando por irem estudar em países como Bolívia, Venezuela, Paraguay... Inclusive, tenho informações de duas faculdades particulares de medicina que abriram no Paraguay ano passado. Uma delas, em Salto del Guairá (fronteira com Mundo Novo - MS) aceitou mais de 100 alunos brasileiros sem nenhum exame de adesão. Não estou dizendo que a qualidade nestes locais seja ruim, no entanto, também não sei dizer se o Brasil é rígido o suficiente na aceitação destes profissionais para exercerem a profissão aqui.

Inclusive, até mesmo universidades particulares sem a devida estruturação já estão começando a trazer cursos de medicina aqui no Brasil.

É claro que precisamos de médicos, mas se a formação deles não for boa, isto possivelmente colocará o país em um risco ainda maior.
« Última modificação: 25 de Janeiro de 2016, 16:25:36 por Cinzu »
"Não é possível convencer um crente de coisa alguma, pois suas crenças não se baseiam em evidências; baseiam-se numa profunda necessidade de acreditar"

Offline Cumpadi

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Re:Desemprego explode entre os engenheiros
« Resposta #2 Online: 25 de Janeiro de 2016, 16:50:40 »
É claro que precisamos de médicos, mas se a formação deles não for boa, isto possivelmente colocará o país em um risco ainda maior.
Meio médico é melhor que médico nenhum. Se você não quer ser atendido por um médico do Paraguai, pergunte a ele o lugar de sua formação e especialização.
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Offline EuSouOqueSou

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Re:Desemprego explode entre os engenheiros
« Resposta #3 Online: 25 de Janeiro de 2016, 17:00:49 »
O caso de Mariana não tem haver com a qualidade dos engenheiros, mas sim negligência. Pelo que já foi apurado, o alerta de que a barragem tinha falhas foi dado, a mineradora que nao deu a devida atenção, como sempre acontece no Brasil.
Qualquer sistema de pensamento pode ser racional, pois basta que as suas conclusões não contrariem as suas premissas.

Mas isto não significa que este sistema de pensamento tenha correspondência com a realidade objetiva, sendo este o motivo pelo qual o conhecimento científico ser reconhecido como a única forma do homem estudar, explicar e compreender a Natureza.

Offline Geotecton

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Re:Desemprego explode entre os engenheiros
« Resposta #4 Online: 25 de Janeiro de 2016, 19:24:02 »
As vagas diminuíram e os profissionais no mercado aumentaram. Há cinco anos a mídia espalhava que o Brasil estava em falta de engenheiros (o que já era mentira), precisava formar mais que o dobro do que estava formando e tinham salários iniciais de 7 mil reais.
[...]

Uma parte considerável da culpa pela atual situação do mercado de trabalho dos engenheiros é deles mesmos, ao aceitarem que o seu sindicato impusesse um piso salarial que é hoje de R$ 7.040,00.

Não precisa ser nenhum especialista para perceber que isto é insustentável, sendo que no menor sinal de crise, milhares de engenheiros seriam demitidos, mesmo o mercado achando formas de contornar esta medida corporativista ridícula.
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Offline Johnny Cash

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Re:Desemprego explode entre os engenheiros
« Resposta #6 Online: 25 de Janeiro de 2016, 20:33:22 »
As vagas diminuíram e os profissionais no mercado aumentaram. Há cinco anos a mídia espalhava que o Brasil estava em falta de engenheiros (o que já era mentira), precisava formar mais que o dobro do que estava formando e tinham salários iniciais de 7 mil reais.
[...]

Uma parte considerável da culpa pela atual situação do mercado de trabalho dos engenheiros é deles mesmos, ao aceitarem que o seu sindicato impusesse um piso salarial que é hoje de R$ 7.040,00.

Não precisa ser nenhum especialista para perceber que isto é insustentável, sendo que no menor sinal de crise, milhares de engenheiros seriam demitidos, mesmo o mercado achando formas de contornar esta medida corporativista ridícula.

Essa coisa de aceitar o que o sindicato faz não é bem assim. É o mesmo que dizer "os brasileiros" aceitam os impostos do governo, ou coisas do tipo.

Eu sou engenheiro e não aceito essa coisa bizarra chamada de sindicato. Eu sou brasileiro e não aceito esse nosso governo. Embora eu também não priorize minhas ações para atuar contrariamente a esses entes e acabe me subjugando a eles.



Aqui vale, também, a crítica ao modo "fé total no mercado". Durante a época de mais bonança do mercado, há uma farra de contratações inócuas nas empresas, aumentos de salário em festividade e pouca supervisão sobre os trâmites financeiros corporativos. Quando a coisa balança e fica pior, como o estágio atual (e os que o precedem), as demissões são absolutamente inevitáveis.

Offline Cinzu

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Re:Desemprego explode entre os engenheiros
« Resposta #7 Online: 25 de Janeiro de 2016, 22:28:58 »
É claro que precisamos de médicos, mas se a formação deles não for boa, isto possivelmente colocará o país em um risco ainda maior.
Meio médico é melhor que médico nenhum. Se você não quer ser atendido por um médico do Paraguai, pergunte a ele o lugar de sua formação e especialização.

Talvez meio médico seja melhor que médico nenhum mesmo, mas mesmo assim não podemos ignorar isso e deixar qualquer um atuar sem antes verificar se possui a mínima capacidade para exercer o ofício. Aliás, afirmei em meu comentário: "Não estou dizendo que a qualidade nestes locais seja ruim", então não entendi porque você insinuou que não quero ser atendido por um médico do Paraguai.

As vagas diminuíram e os profissionais no mercado aumentaram. Há cinco anos a mídia espalhava que o Brasil estava em falta de engenheiros (o que já era mentira), precisava formar mais que o dobro do que estava formando e tinham salários iniciais de 7 mil reais.
[...]
Uma parte considerável da culpa pela atual situação do mercado de trabalho dos engenheiros é deles mesmos, ao aceitarem que o seu sindicato impusesse um piso salarial que é hoje de R$ 7.040,00.

Isso não chega nem perto de ser um dos motivos da atual situação do mercado de trabalho. Muitos trabalham sem nem receberem o piso. Ou você acha que os que estão desempregados e foram trabalhar em outras áreas foi porque só querem ganhar mais de 7k?
« Última modificação: 25 de Janeiro de 2016, 22:45:18 por Cinzu »
"Não é possível convencer um crente de coisa alguma, pois suas crenças não se baseiam em evidências; baseiam-se numa profunda necessidade de acreditar"

Offline Cumpadi

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Re:Desemprego explode entre os engenheiros
« Resposta #8 Online: 25 de Janeiro de 2016, 22:59:04 »
É claro que precisamos de médicos, mas se a formação deles não for boa, isto possivelmente colocará o país em um risco ainda maior.
Meio médico é melhor que médico nenhum. Se você não quer ser atendido por um médico do Paraguai, pergunte a ele o lugar de sua formação e especialização.

Talvez meio médico seja melhor que médico nenhum mesmo, mas mesmo assim não podemos ignorar isso e deixar qualquer um atuar sem antes verificar se possui a mínima capacidade para exercer o ofício. Aliás, afirmei em meu comentário: "Não estou dizendo que a qualidade nestes locais seja ruim", então não entendi porque você insinuou que não quero ser atendido por um médico do Paraguai.
Desculpe, inside knowledge meu. Eu não trataria nada sério com um médico formado no Paraguai. De preferência alguém formado/com residência em uma faculdade que julgo boa no Brasil. Claro que no SUSão tu é jogado num sistema e tem que agradecer o diabo Lula só pela oportunidade de ter tido uma consulta 1 ano depois do início do seu problema.
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Offline Geotecton

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Re:Desemprego explode entre os engenheiros
« Resposta #9 Online: 25 de Janeiro de 2016, 22:59:49 »
As vagas diminuíram e os profissionais no mercado aumentaram. Há cinco anos a mídia espalhava que o Brasil estava em falta de engenheiros (o que já era mentira), precisava formar mais que o dobro do que estava formando e tinham salários iniciais de 7 mil reais.
[...]
Uma parte considerável da culpa pela atual situação do mercado de trabalho dos engenheiros é deles mesmos, ao aceitarem que o seu sindicato impusesse um piso salarial que é hoje de R$ 7.040,00.
Isso não chega nem perto de ser um dos motivos da atual situação do mercado de trabalho. Muitos trabalham sem nem receberem o piso. Ou você acha que os que estão desempregados e foram trabalhar em outras áreas foi porque só querem ganhar mais de 7k?

Eu tenho vários clientes e amigos donos de pequenas construtoras e todos, sem exceção, afirmam que o piso salarial é sim um empecilho para contratação em maior escala de engenheiros.

E é óbvio que em caso de necessidade e ou dificuldade, as pessoas fazem trabalhos que possam remunerá-las, mesmo que recebendo menos que o previsto e muito menos que a necessidade de médio e longo prazo.

E, como eu escrevi anteriormente

[...]
mesmo o mercado achando formas de contornar esta medida corporativista ridícula.

o mercado ainda absorveu parte deles por outras formas de contratos.

E apenas para constar: Pelos dados do 'caged', o desemprego 'explodiu' em praticamente todos os setores, desde os que exigem alta qualificação até os de pouca.
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Offline Johnny Cash

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Re:Desemprego explode entre os engenheiros
« Resposta #10 Online: 25 de Janeiro de 2016, 23:11:15 »
A crítica comum e acertada à fixação de piso salarial, tal como ocorre para o salário mínimo comum, é que normalmente age mesmo para ser um empecilho para a entrada dos menos capacitados e mais jovens. Em momentos de crise a crueldade da coisa aparece de forma mais bruta.

Offline Fernando Silva

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Re:Desemprego explode entre os engenheiros
« Resposta #11 Online: 26 de Janeiro de 2016, 10:24:20 »
Edit: O que me preocupa ainda mais, é a qualidade dos profissionais que estão sendo formados. Tem muitas faculdades particulares praticamente vendendo diplomas, e até mesmo o ensino das públicas está em decadência. Episódios como a barragem de Mariana podem vir a ser mais comuns de agora em diante.
O engenheiro que iniciou o projeto da barragem diz que seu projeto não foi seguido e que, mais tarde, quando voltou lá contratado como inspetor, detectou problemas, mas suas recomendações foram ignoradas.

 

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