A Bolívia antes e depois de Evo MoralesÁngel Guerra Cabrera | Cidade do México - 14/08/2012 - 15h55
Nos últimos sete anos, país recuperou suas empresas e recursos naturais, além de proporcionar crescimento para toda a população
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Agência Efe
Mulher aimará e sua filha em uma plantação de pasto na localidade de Huarina, na Bolívia
Na Bolívia, uma pequena e abastada minoria oprimia e negava direitos humanos básicos aos aimarás, quéchuas, guaranis e outros povos nativos que formam a maior parte da população do país. Esta elite nem ao menos reconhecia os direitos coletivos dessas populações às suas identidades culturais, à autonomia e ao território. Noventa por cento da população rural vivia na pobreza e o país disputava com o Haiti e Honduras o pior índice de IDH (índice de desenvolvimento humano) em todo o continente americano.
As empresas públicas criadas pela revolução de 1952 foram privatizadas a baixo preço, em cumprimento às diretrizes do Consenso de Washington mediante disposições anticonstitucionais e negócios escandalosos armados entre a oligarquia e as empresas transnacionais.
Um exemplo para ilustrar como ocorreu este saque: o presidente Gonzalo Sánchez de Lozada (1993-97; 2002-03) conseguiu acumular, sozinho, uma fortuna superior a 250 milhões de dólares às custas das privatizações. Estas, em consequência, levaram o desemprego a dezenas de milhares de trabalhadores, e atacaram os recursos naturais e a soberania boliviana. Sem contar a sangrenta repressão [destinada] aos movimentos que se opunham a estas políticas.
Sánchez de Lozada e seu sucessor foram derrubados por rebeliões dos povos indígenas e das demais populações multiculturais bolivianas que, em 2005, conseguiram levar à Presidência um dos seus, o aimará Evo Morales, com uma avalanche de votos. Foi quando se iniciou a profunda transformação social que vive hoje a Bolívia. Quem poderia imaginar os extraordinários feitos obtidos no transcorrer desses sete anos até agora?
Os povos da Bolívia, já com o comando do governo em suas mãos, iniciaram o resgate da independência, da soberania e do desenvolvimento; através de uma política externa independente, de unidade e integração com a América Latina e o Caribe; de solidariedade com os povos da região e com todos que lutam por um mundo melhor. Desafiando os ataques da oligarquia e do imperialismo, Evo lutou com unhas e dentes para converter em realidade as demandas dos movimentos indígenas e populares.
Convocou a Assembleia Constituinte, reivindicação muito sensível dos povos originários. Estes lhe permitiram proclamar a nova Constituição e o nascimento do Estado Plurinacional de Bolívia, enterrando a antiga república oligárquica. A carta foi dotada de artifícios jurídicos com o objetivo de resgatar os recursos naturais e as empresas privatizadas, além de redobrar a longa luta pela descolonização e militar pela transformação das consciências. Não à toa, foi classificada acertadamente pelo líder boliviano como uma Revolução Democrática e Cultural.
Em sete anos, a Bolívia erradicou o analfabetismo, sua economia cresceu uma média anual de 4,7%, o país quase sextuplicou suas reservas internacionais de divisas, duplicou o PIB (Produto Interno Bruto) per capita e deixou de ser aquele Estado mendicante, taxado como falido, que dependia de ajuda internacional até para pagar seus empregados públicos. São conquistas que não podemos ver em muitos países em meio a uma crise econômica internacional.Estendeu consideravelmente os serviços de saúde a milhões que não podiam pagá-los e abriu milhares de escolas. O país tornou-se um prestigioso membro da Alba (Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América) e da Unasul (União Sul Americana de Nações). E, seguramente, ingressará em breve no Mercosul (Mercado Comum do Cone Sul), um passo que acrescentará robustez geopolítica a esse bloco formidável, assim como ocorreu com a entrada Venezuela. Pois além de seus recursos energéticos, minerais e de sua biodiversidade, a Bolívia goza de uma localização geográfica crucial na região.
Não foi segredo que o governo [do ex-presidente dos EUA George W.] Bush fez todo o possível para impedir a chegada de Evo à Presidência. E, também com [o atual chefe de Estado, Barack] Obama, Washington manteve uma persistente política subversiva para tentar instalar uma base da contrarrevolução na representação diplomática yankee em La Paz.
Os Estados Unidos têm modificado suas táticas subversivas a medida em que estas vão fracassando uma a uma. Atualmente, passou a estimular e fazer ruídos midiáticos com demandas de setores populares, entre eles o tema do Tipnis (Território Indígena e Parque Nacional Isiboro-Securé), cujos dirigentes defendem interesses particulares e, agora, se opõem ao referendo que decidirá sobre a estrada proposta pelo governo. Pois já que sabem que a arrasadora maioria da população que habita o território indígena em questão a aprovará. A Bolívia brilha com a liderança de Evo ante os povos indígenas e não-indígenas como um bastião de dignidade e construção nacional em harmonia com a natueza, tema no qual o país é líder mundial.
Ángel Guerra Cabrera é jornalista cubano residente no México e colunista do diário La Jornada. Twitter: aguerraguerra
http://operamundi.uol.com.br/conteudo/opiniao/23668/a+bolivia+antes+e+depois+de+evo+morales.shtml----------------------------------------------------
Segundo o jornalista Ángel Guerra Cabrera o governo Evo também teve sucesso no campo social, além do econômico.
Evo Morales no rumo da reeleição na BolíviaPor 14 anos de governo, em três mandatos, presidente deve confirmar reeleição em primeiro turno, surfando no forte crescimento econômico
Por: Léo Gerchmann
11/10/2014 - 17h01min
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Evo Morales no rumo da reeleição na Bolívia Aizar Raldes/AFP
Mistura de gestão responsável e medidas sociais reforçou figura de Evo Morales até entre antigos adversários
Foto: Aizar Raldes / AFP
O Estado Plurinacional da Bolívia prepara o que é visto como mera oficialização: a reeleição do aimará Evo Morales, o primeiro indígena presidente de um país conhecido pela instabilidade, pela pobreza e por nem sequer ter acesso ao mar, encravado que está no centro-oeste da América do Sul. Cercada por Brasil a Norte e Leste, Paraguai e Argentina a Sul e Chile e Peru a Oeste, a Bolívia se localiza no coração sul-americano. Fica no centro da região e carrega os seus principais problemas.
– A economia é uma das explicações para a tranquilidade com que Evo Morales deve se reeleger – diz Antônio Jorge Ramalho, professor da Universidade de Brasília (UnB). – A Bolívia parte de uma base pequena, cheia de necessidades. Houve a elevação do preço do gás, o Estado tem dinheiro, e há campo imenso para investimentos. Isso impacta o eleitorado, que vê possibilidade de crescimento.
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Os diferentes contextos podem explicar por que Evo, no poder desde 2006 e com perspectiva de permanecer pelo menos 14 anos, disputa uma reeleição tranquila enquanto a brasileira Dilma Rousseff (PT) enfrenta acirrado segundo turno com Aécio Neves (PSDB). O Brasil tem perspectiva de crescer 0,3% em 2014 e 1,4% em 2015, e a Bolívia deve crescer 5,2% em 2014 e 5% em 2015, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), que elogia a Bolívia por crescer 6,5% em 2013, melhor resultado em três décadas – de 2007 a 2012, a expansão anual do PIB foi de 4,8%. Conforme o Banco Mundial, Brasil, Argentina e Venezuela puxam para baixo o crescimento da América Latina. A previsão do organismo é de que o Brasil tenha expansão de 0,5% neste ano, abaixo da média de 2,7% de 31 nações latino-americanas. O crescimento regional é capitaneado por Panamá, Bolívia, Colômbia, Paraguai, República Dominicana, Nicarágua, Guiana, Equador e Suriname.
Economista-chefe do Banco Mundial para América Latina, Augusto de la Torre diz que, para acompanhar a Bolívia e reverter a tendência de baixa expansão, "o Brasil precisa construir políticas que estimulem o investimento e acabem com os gargalos que restringem a atividade econômica".
– A história de crescimento do Brasil se vincula ao consumo. Isso não foi ruim, porque o consumo foi parte da história do crescimento da classe média e da redução da pobreza. Mas, a longo prazo, a economia não cresce com base no consumo, e sim em investimento e produtividade – diz.
As pesquisas indicam, em média, 59% dos votos para Evo contra 18% para o empresário Samuel Doria Medina e 9% para o ex-presidente Jorge Quiroga. Aos 54 anos, o presidente assegura reeleição no primeiro turno se tiver 50% mais um dos votos válidos ou 40% dos votos com diferença de 10 pontos sobre o segundo colocado.
Manobra jurídica permitiu candidatura
Evo concorre ao terceiro mandato (2015 a 2020) por uma manobra jurídica. Como uma nova Constituição foi aprovada quando ele exercia seu primeiro governo, o atual mandato é considerado inicial sob a nova ordem. Não entrou no cômputo. As pesquisas também indicam que o parlamento, com 130 deputados e 36 senadores, deve eleger maioria governista. Isso pode levar a mudanças constitucionais que permitam a Evo disputar novos mandatos, com a adoção de um sistema de reeleições ilimitadas.
O espanhol Alfredo Serrano Mancilla, diretor do Centro Estratégico Latino-americano de Geopolítica (Celag), cogita que Evo vença as eleições com vantagem até superior à conseguida em 2009, de 64,2%.
– A Bolívia desfruta de uma década de ganhos, depois de décadas perdidas – diz.De acordo com o FMI, Evo equilibrou condução econômica responsável com investimentos sociais. Os principais exemplos são o Juancito Pinto (para crianças), o Renda Dignidade (idosos) e o Juana Azurduy (mães). Em quatro anos, os aportes estrangeiros ficaram em 3,5% do PIB. O acúmulo de reservas chega a US$ 14 bilhões – metade do PIB local, segundo o FMI. Houve reversão de privatizações feitas nos anos 1990, em especial nos setores de gás, petróleo, telecomunicações e transportes aéreo e ferroviário. O problema é a falta de diversidade. Os hidrocarbonetos são metade das exportações e um terço das receitas, o que provoca dependência, em especial dos importadores Brasil e Argentina.
Críticas de diferentes origens
Alto crescimento, pacificação social pela inclusão indígena e clima favorável aos negócios fizeram até empresários de Santa Cruz de la Sierra, principal setor de oposição a Evo Morales, apoiá-lo. Nem tudo, porém, é motivo de tranquilidade. O empresário Samuel Doria Medina, 55 anos, candidato da conservadora Unidade Democrática, projeta uma Bolívia mais liberal em termos econômicos e tende a retomar privatizações dos anos 1990.
– O empresário que vai investir teme que lhe retirem parte da produção – diz ele.
O ex-presidente Jorge Quiroga, 54 anos, que disputa a eleição pelo Partido Democrata Cristão, critica o favorecimento do presidente à cultura da coca e a estatização da economia e projeta diversidade industrial.
– Tudo controlam, regulam e estatizam: a carne, a soja, o açúcar, o azeite. Tudo menos a coca. Este é o governo do neoliberalismo cocaleiro – critica o engenheiro Quiroga.
Evo também despertou a ira de indígenas e de grupos mais à esquerda em razão de investimentos estrangeiros que, segundo eles, exploram áreas naturais. Um fato que provocou protestos foi a proposta de abrir uma estrada que cortaria o parque nacional Isidoro Sécure, território dos povos originários.
Outra crítica é de que, para garantir mais meios de subsistência à população, o governo aprovou este ano polêmica lei que permite o trabalho de crianças de 10 anos.
Professor de Economia da Universidade Católica Boliviana, Gonzalo Chávez pondera que a economia boliviana pode mostrar virtudes de forma, mas tem defeitos de fundo.
– Observa-se uma bonança econômica, mas deveria ser feita uma tomografia da macroeconomia – diz Chávez. – Temos um país com problemas antigos: exportador de recursos naturais, com baixíssimos níveis de produtividade e economia informal gigantesca que dá emprego a 80% de bolivianos.
O vice-presidente Álvaro García Linera vê no desemprego reduzido, de cerca de 1,5% a 2%, o principal fator de popularidade de Evo.
– Com altas taxas de crescimento, benefícios estão garantidos, e a perspectiva é potencializá-los – diz ele.
O "milagre boliviano" em 10 pontos
A economia boliviana é alimentada há oito anos pela nacionalização do setor de hidrocarbonetos, que deu abundantes recursos e crédito político a Evo Morales,no poder desde 2006, com discurso indigenista e antiamericano.
Uma das mais controversas medidas de Evo foi a nacionalização de hidrocarbonetos. Militares e policiais ocuparam, em maio de 2006, instalações e campos de petróleo de transnacionais, como a Petrobras e a espanhola Repsol.
Antes da nacionalização, uma reforma elevou os impostos do gás de 18% para 50%, medida considerada como ponto de partida da política nacionalista de Evo Morales.
Desse modo, a renda petrolífera, que representava US$ 673 milhões anuais para os cofres do Estado boliviano em 2005, chegou a US$ 5,855 bilhões em 2013, segundo a estatal de petróleo YPFB.
Também entre 2005 e 2013, o PIB boliviano triplicou de US$ 9,5 bilhões para US$ 30,381 bilhões. O PIB per capita subiu de US$ 1.010 para US$ 2.757. O salário mínimo passou de US$ 72 a US$ 206.
O novo fluxo de recursos permitiu ao governo promover forte aumento dos investimentos em programas sociais e infraestrutura.
A política estatista não se restringiu aos hidrocarbonetos, mas se estendeu a empresas de telecomunicações, administradoras de fundos de pensão, usinas hidrelétricas, aeroportos e mineradoras.
A infraestrutura estatizada fez com que, em 2013, a Bolívia conseguisse US$ 1,75 bilhão em investimento estrangeiro direto, segundo o FMI.
Enquanto em 2005 a Bolívia exportava US$ 1,4 bilhão em gás, hoje exporta anualmente US$ 6,8 bilhões, quase cinco vezes mais. Supõe-se que o contexto externo foi favorável.
Ainda que Evo tenha conseguido diversas conquistas, a pobreza extrema na Bolívia ainda alcança 20% da população, correspondentes a mais de 10 milhões de habitantes.
"Não se trata de terceiro mandato", afirma embaixador da Bolívia no Brasil
O embaixador da Bolívia no Brasil, o socialista Jerjes Justiniano Talavera, conversou com Zero Hora a respeito do seu país, do presidente (a quem ele se refere sempre como "senhor" e pelo nome completo) e da relação com o Brasil. Foi enfático ao defender que o provável próximo mandato será o segundo, e não o terceiro de Evo Morales. E disse que as críticas a certo paternalismo brasileiro, por ser uma nação maior que usou de condescendência em diversos episódios, são desrespeitosas.
Como será o eventual terceiro mandato do presidente Evo Morales?
Devo esclarecer, em primeiro lugar, que não se trata de um terceiro, mas de um segundo mandato presidencial, de acordo com os seguintes argumentos legais e constitucionais: sob as normas da Constituição anterior, o senhor Evo Morales Ayma assumiu em janeiro de 2006 seu primeiro mandato presidencial. Em 15 de dezembro de 2007, a Assembleia Constituinte aprovou a reforma da Constituição e refundou a Bolívia, criando o Estado Plurinacional da Bolívia. Mediante o referendo democrático de 29 de janeiro de 2009, foi posta em vigência a nova Constituição. No marco do estabelecido pela nova Constituição, convocaram-se eleições para um período de cinco anos, e isso quer dizer que foi modificada e revogada a velha Constituição, e a nova estabeleceu novas normas e procedimentos eleitorais – novos procedimentos foram aplicados e novos requisitos foram postos em vigência, nova data de eleições, nova data de posse das autoridades eleitas –, a nova Constituição entrou passou a vigorar em janeiro de 2009. O atual presidente da Bolívia, senhor Evo Morales Ayma, participou como candidato presidencial nas eleições convocadas para 6 de dezembro de 2009 e ganhou com 64% dos votos. O senhor Evo Morales Ayma toma então posse como presidente do novo Estado Plurinacional da Bolívia em 21 de janeiro, dando início a um primeiro período presidencial em conformidade com a nova Constituição (segundo a qual o mandato é de cinco anos). Na Bolívia, há o princípio constitucional de que a lei se aplica ao futuro e excepcionalmente é retroativa em matérias trabalhista e penal somente se favorece o réu ou se estão especificados os benefícios trabalhistas. Esse princípio constitucional deixa claro então que, de acordo com a nova Constituição, o senhor presidente Evo Morales aspira a um segundo período constitucional no próximo domingo, 12 de outubro de 2014, que se iniciará em 21 de janeiro de 2015.
O senhor vincula a boa relação da Bolívia com o Brasil a um governo de Dilma Rousseff?
As boas relações entre nossos dois países se conservam desde muitos anos atrás. São tradicionais os laços de amizade entre os nossos povos e os nossos governos. A Bolívia vende gás natural ao Brasil desde 1996. Nesse ano, firmou-se um convênio de compra e venda de gás natural, que entrou em vigência no ano de 1999 para um período de 20 anos. Tanto na Bolívia quanto no Brasil, interromperam-se os processos democráticos e, inclusive nas ditaduras militares, se mantiveram as relações entre nossos povos e governos. Considero que, à margem de quem ocupe ocasionalmente o palácio do governo, as relações entre Brasil e Bolívia se manterão boas.
Há uma crítica de setores da oposição brasileira de que o governo brasileiro costuma ser paternalista com outros países do Mercosul (permanentes ou associados), como Argentina e Bolívia. O senhor concorda?
Não creio que seja justo aplicar o qualificativo "paternalista" a um governo com relação ao governo de outro país. Quem opina dessa forma é bastante desrespeitoso com relação ao outro país. A Bolívia, e em especial nosso atual governo, luta pela defesa e pelo respeito a nossa soberania. As relações entre nossos Estados, e de maneira particular as relações com nossos vizinhos e Estados amigos, é fraterna e respeitosa.
Qual sua opinião a respeito do futuro do Mercosul?
A integração é um postulado que se vem sustentando ainda antes de se estabelecerem as repúblicas em nosso continente. O libertador Simón Bolívar pretendia estabelecer uma confederação das repúblicas que ele havia libertado. Em outras palavras, a integração do continente é uma necessidade. O Mercosul é um projeto de integração em marcha, está certo que lentamente, mas marcha e deve avançar.
http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/noticia/2014/10/evo-morales-no-rumo-da-reeleicao-na-bolivia-4618970.html------------------------------------------------------------
O Zero Hora também trouxe boas notícias sobre o governo Evo.