Só há um jeito do Brasil sair da maior crise de sua história. E é diminuindo o tamanho do Estado.
Economia 9 de abril de 2016
Rodrigo da SilvaO Brasil vive a maior crise econômica de sua história. Todos os dias nossos noticiários são inundados com as manchetes mais pessimistas possíveis, condenando a atual presidente a um capítulo negro na construção do país. E não por acaso. A crise diminui o poder de consumo da população, aumenta a desigualdade e o desemprego, endivida os mais pobres e os condena a permanecerem na mesma posição social. Encontrar uma solução definitiva para tantos problemas é a pergunta de um milhão de dólares. Mas, apesar dos inúmeros planos mirabolantes que visam construir verdadeiros experimentos sociais, a solução está na nossa frente, através de uma palavrinha que não raramente é encarada como a grande culpada por tudo que acontece de errado por aqui.
Capitalismo. Poucas palavras geram tamanha comoção quanto essa. Parte do mundo a trata como a representação do lado mais perverso da humanidade: guerras, destruição do meio ambiente, egoísmo, desigualdade, injustiça. Para outra parte é o pior sistema econômico já inventado à exceção de todos os outros. O que ele escancara de forma inegável, seja você liberal, de esquerda ou de direita, é que permite ao mundo alguns países muito mais ricos do que outros.
Há míseros três séculos, por exemplo, Estados Unidos e Canadá se equivaliam economicamente ao Brasil e à Argentina. Hoje, há um abismo entre as duas regiões. Por que? Afinal, o que faz um país ser tão mais rico do que outro no mundo capitalista? E fundamentalmente: por que o capitalismo não deu certo no Brasil, permitindo com que crises como a atual exponham a tamanha fragilidade da nossa economia?
Antes, porém, de responder essa pergunta, é preciso enxergar o quadro geral. Se estamos dispostos a discutir os efeitos da economia capitalista em nosso país, e encontrar maneiras de encarar a atual crise econômica, precisamos entender quais foram os efeitos do capitalismo no mundo moderno. Sem reconhecermos o que conquistamos e perdemos como espécie ao longo dos últimos séculos, e como chegamos até aqui, não conseguiremos encontrar uma resposta para essas perguntas.
Nós vivemos no período mais espetacular da história da nossa espécie.Talvez você não tenha se dado conta disso ainda, mas nós vivemos no momento mais espetacular da história da raça humana. A nossa espécie nunca esteve tão bem alimentada, tão segura, tão protegida do frio e do calor e nunca teve tamanho acesso à informação. E isso ainda não diz tudo. Ao contrário do que propaga parte considerável dos nossos formadores de opinião, se compararmos há poucos séculos, nós nunca respeitamos tanto os direitos dos homossexuais e transexuais, dos negros, das mulheres, das crianças, dos idosos e dos animais. Em termos gerais, é muito mais fácil fazer parte de uma minoria no século 21 do que em qualquer outro momento da história da civilização. E isso foi possível não apenas porque criamos leis mais robustas que combatem a violência contra esses grupos ao redor do mundo (e ela certamente ainda existe, em menor ou maior grau, dependendo do país e da minoria em questão), como porque passamos por um processo civilizatório ocasionado graças a essa evolução socioeconômica. E essa correlação é simples de explicar: quanto maior é a nossa capacidade de experimentar bem estar, maior é o nosso respeito pela vida humana.
Esse salto, como é possível testemunhar no gráfico abaixo, aconteceu num período especial na trajetória do homem moderno – quando nós finalmente conseguimos criar uma explosão de bem estar no mundo. Quando isso aconteceu? Nos últimos dois séculos, durante o desenvolvimento da Revolução Industrial e da tal palavrinha maldita: o capitalismo.
Em dólares internacionais de 1990. Angus Maddison Project.
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