Autor Tópico: Por que intelectuais e artistas são tão apegados ao marxismo e utopias totalitár  (Lida 420 vezes)

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Offline 4 Ton Mantis

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http://forum.outerspace.com.br/threads/por-que-intelectuais-e-artistas-s%C3%A3o-t%C3%A3o-apegados-ao-marxismo-e-utopias-totalit%C3%A1rias.460317/

Editora Três Estrelas republica no Brasil ‘O Ópio dos Intelectuais’, obra do filósofo francês Raymond Aron que critica a crença cega da intelligentsia no comunismo


Grafite de Che Guevara em Cuba: para Raymond Aron, o comunismo é a “religião dos intelectuais” EOC/gk/ENRIQUE DE LA OSA


Em 1955, aconteceram os conflitos que mais tarde marcariam o começo da Guerra do Vietnã. Nesse mesmo ano, o mundo perdeu Albert Einstein, um dos grandes físicos modernos. Vivia-se ainda um mundo dividido pela Guerra Fria, período de conflito entre duas ideologias: o comunismo e o capitalismo. É nesse contexto que o filósofo francês Raymond Aron publica o livro ‘O Ópio dos Intelectuais’, em que critica o posicionamento marxista de vários colegas e artistas que apoiam a política soviética.

Para resumir seu pensamento, Aron parafraseia uma das mais célebres frases de Marx. Se a religião é o ópio do povo, o francês defende que o marxismo é o ópio dos intelectuais. Essa é a tese que discute no livro, republicado no Brasil pela editora Três Estrelas em junho desse ano.

O livro causou um impacto considerável quando foi publicado pela primeira vez na França, já que vários intelectuais do período, como Jean-Paul Sartre e Maurice Merleau-Ponty, concordavam com propostas marxistas.

Mas o livro de Aron não é um panfleto antimarxista, e seu trabalho não visa a polêmica por ela mesma: “ ‘O Ópio dos Intelectuais’ é uma obra de filosofia política, muito densa e abrangente, em que Aron, liberal que era, tenta desmontar alguns conceitos importantes da esquerda marxista”, explica Alcino Leite Neto, editor do livro no Brasil.

Para Leite Neto, o livro é um clássico do pensamento político do século XX. “Ele é um autor que todo mundo deve ler, mesmo os que dele tendem a discordar, porque Aron trava um debate sofisticado e questionador, que ajuda a aprimorar as ideias e a aprofundar as visões de mundo”, afirma o editor.

"Buscando explicar a atitude dos intelectuais - implacáveis com os deslizes das democracias e indulgentes com os crimes, por maiores que fossem, cometidos em nome das boas doutrinas -, antes de tudo me deparei com palavras sagradas: “esquerda”, “revolução”, “proletariado”. A crítica desses mitos me levou a refletir sobre o culto da história e depois a me interrogar a respeito de uma categoria social a que os sociólogos não deram ainda a devida atenção: a intelligentsia" -
RAYMOND ARON
filósofo francês

Na primeira parte do livro, Aron aborda o que chama de mitos políticos: o mito da esquerda, o mito da revolução e o mito do proletariado. Para desmistificar essas questões, ele usa fatos históricos franceses que explicam a fundamentação da esquerda no país, mostra a fragilidade da crença no marxismo e explica como esses termos chave são usados frequentemente fora de contexto.

Depois disso, o autor parte para a crítica da idolatria da história: ele alega que em momentos o sentimento de nostalgia e o apego com determinados momentos da história prejudicaria a visão crítica dos intelectuais. Além disso, ele critica a noção de história proposta pelo marxismo e afirma que o partido comunista criou uma ideologia que se assemelha à religião.

A última parte, intitulada “A Alienação dos Intelectuais”, amplia a discussão sobre o papel dos pesquisadores, filósofos e artistas na sociedade francesa e como eles começaram a crer no marxismo. O motivo, para Aron, é a busca dos intelectuais pela perfeição representada pelos ideais comunistas que, existentes na teoria, não se concretizam na prática desses governos.

Uma das maiores críticas que faz no livro é como alguns intelectuais acreditam em sociedades mais igualitárias (e por isso são simpáticos ao marxismo), mas fecham os olhos para abusos de governos de esquerda que se tornaram totalitários. Em 1955, começavam a aparecer exemplos de violência nos países que adotaram o comunismo como sistema de governo, mas isso parecia não afetar a opinião desses intelectuais. Sua crítica ao marxismo usa como argumento uma defesa de liberdades individuais.

“A política não descobriu ainda o segredo para evitar a violência. Mas a violência se torna ainda mais inumana quando acredita estar a serviço de uma verdade ao mesmo tempo histórica e absoluta”, escreve.

O livro no Brasil

Mesmo com mais de 60 anos de distância e com todas as mudanças políticas pelas quais o mundo passou, com a queda do muro de Berlim e a dissolução da União Soviética, a discussão de Aron continua atual. “Aron sempre será importante quando se pensa na construção de uma sociedade democrática e pluralista”, afirma Leite Neto.

O filósofo, ensaísta e professor da PUC-SP Luiz Felipe Pondé diz que a tese de Aron pode ter um paralelo com o Brasil, “vide a ideologização nas escolas, nas universidades, em grande parte da mídia”. Para ele, esse posicionamento ecoa, já que são os intelectuais que formam professores, alunos, artistas, jornalistas e eventos culturais. “A maior parte dos nossos intelectuais vive na idade da pedra lascada em termos econômicos e políticos”, afirma.

Esta é a terceira vez que o livro é publicado no Brasil. O texto teve sua primeira edição aqui em 1959 pela editora Fundo de Cultura, seguida por uma reedição em 1980 pela Editora da Universidade de Brasília.

“Nos anos 80 a recepção do livro foi discreta, porque havia uma grande euforia naquele momento com a abertura política, e as forças de esquerda (que em grande parte marxistas) estavam na dianteira dos debates intelectuais e políticos do país, após terem sido reprimidas duramente durante a ditadura militar”, explica Leite Neto.
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Offline André Luiz

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Re:Por que intelectuais e artistas são tão apegados ao marxismo e utopias totalitár
« Resposta #1 Online: 01 de Agosto de 2016, 20:00:24 »
Movimento punk também cabe neste contexto?

Ou aquelas bandas bicho grilo?

Offline Johnny Cash

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Re:Por que intelectuais e artistas são tão apegados ao marxismo e utopias totalitár
« Resposta #2 Online: 01 de Agosto de 2016, 20:05:20 »
Aonde exatamente, no texto, está a resposta para a pergunta título do tópico?

O Pondé tem algumas boas hipóteses sobre o tema, em outros ambientes.

Offline Gigaview

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Re:Por que intelectuais e artistas são tão apegados ao marxismo e utopias totalitár
« Resposta #3 Online: 01 de Agosto de 2016, 21:30:25 »
O apego se encaixa na síndrome de Peter Pan (e no complexo de Wendy) com pitatadas de modismo e comportamento de manada.
Brandolini's Bullshit Asymmetry Principle: "The amount of effort necessary to refute bullshit is an order of magnitude bigger than to produce it".

Pavlov probably thought about feeding his dogs every time someone rang a bell.

Offline JJ

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Re:Por que intelectuais e artistas são tão apegados ao marxismo e utopias totalitár
« Resposta #4 Online: 02 de Agosto de 2016, 08:35:13 »
A maioria desses artistas (e vários "intelectuais") certamente conhece e divulga apenas um marxismo vulgar e repetem "mantras" a partir disto. Isto é muito diferente de conhecer e escrever com profundidade sobre a teoria de Marx.  É importante fazer essa diferenciação para que não pareça estar atacando espantalhos pseudo marxistas.


Segue um trecho de um ensaio de Paulo Roberto de Almeida sobre esta questão, e o link para o arquivo inteiro em PDF.


Falácias acadêmicas, 15: o modo repetitivo de produção do marxismo vulgar no Brasil

Paulo Roberto de Almeida*

Resumo: Descrição do fenômeno da degeneração do marxismo em
universidades brasileiras, mediante o acúmulo de pastiches de má qualidade da
obra original, o que resulta na emergência de um “modo repetitivo de
produção”, consistindo na assemblagem de slogans derivados da fonte inicial,
mas sem qualquer conexão com a realidade do mundo corrente. Exposição das
falácias mais comuns nesse tipo de vulgarização, que constitui uma contrafação
do verdadeiro marxismo.

Palavras-chave: Marxismo, capitalismo, imperialismo, alienação acadêmica,
falácia.



1. Uma falácia persistente: a deformação do marxismo nas academias


Existe, no mundo acadêmico das humanidades – em especial na América Latina e, com certa ênfase, no Brasil –, uma categoria de repetidores mecânicos do marxismo, basicamente superficiais, que jamais deveriam merecer qualquer inclusão nessa escola de pensamento, que é ainda funcional para fins da moderna teoria social. Eles são os atuais representantes daqueles papagaios de pirata já imortalizados no cinema e na literatura: ficam em cima dos ombros de algum personagem principal, captam algumas migalhas de seu pensamento – pescadas em manuais de segunda mão – e se contentam em repetir slogans de fácil memorização: luta de classes, exploração, burguesia, imperialismo, mais-valia, acumulação ampliada, e assim segue, numa repetição infinita que chega a ser enfadonha. O que poderia ser tolerado em romances de aventura fica, no entanto, mais problemático quando se trata de trabalho intelectual que deveria ser, supostamente, de qualidade. Este é o quadro que encontramos hoje em várias faculdades brasileiras de humanidades, geralmente nas públicas, mas em várias privadas também.



Tenho encontrado vários representantes do gênero, tanto em minhas andanças e lides acadêmicas, quanto em contato com estudantes (alguns desesperados), que me escrevem para reclamar de alguns desses papagaios de pirata que ficam despejando conceitos abstratos sobre essa classe de passivos ouvintes, obrigados a conviver com o que se poderia chamar de “marquissismo” vulgar. Cabe, no entanto, antes de qualquer análise mais detalhada desse lamentável fenômeno típico da mediocrização crescente de nossas academias, distinguir formalmente os papagaios repetidores dos verdadeiros representantes da espécie: é o que fazemos numa primeira seção, dedicando as seções subsequentes à listagem dos slogans mais frequentes e fornecendo algumas evidências sobre esse tipo de prática, que pode ser enquadrado na categoria mais geral da desonestidade intelectual (ou da ingenuidade inculta, pura e simples). O que fazem, o que pregam e o que praticam os atuais representantes universitários dos antigos papagaios de piratas não deixa de constituir aquilo que já foi chamado de “falácias acadêmicas”, ou seja, equívocos conceituais e erros de lógica elementar, que se situam no seguimento de uma série já longa (mas, ainda assim,apenas em seu início) dedicada às falácias mais comuns nesse meio. Que fique claro, portanto, que o que está em causa aqui não é o marxismo, enquanto tal, ou seja, a eventual validade heurística da metodologia materialista para fins analíticos – embora isso possa ser igualmente objeto de críticas epistemológicas –, mas a contrafação do marxismo, ou sua utilização de modo primário e superficial nas “análises” acadêmicas de baixa qualificação substantiva.



2. Marxistas e “marquissistas”: duas espécies, de duas classes diferentes


Seria útil, portanto, antes de examinar a segunda espécie, ou seja, os praticantes do que foi chamado de “modo repetitivo de produção”, reconhecer os méritos analíticos da velha escola de pensamento, que continua ainda a prestar bons serviços à academia de boa qualidade, como nos prova ainda um sociólogo que muitos dos repetidores colocariam no campo dos pensadores de “direita”; trata-se de Raymond Aron, especificamente em sua obra sobre o marxismo de Marx.  Antes que algum desses repetidores mecânicos pense em descartar Aron como um mero representante do pensamento conservador, caberia lembrar que ele foi um arguto analista de Marx e, no plano econômico, dizia ser um “keynesiano com alguma nostalgia do liberalismo econômico”, querendo dizer com isso que achava inevitável, nas sociedades abertas da modernidade, um papel significativo para o Estado no ordenamento econômico e social.


A missão principal de Raymond Aron, durante toda a sua vida de intelectual, foi a defesa da ordem liberal clássica – ou seja, das modernas economias de mercado e das democracias formais – contra a ameaça de sovietização da Europa ocidental, bastante real na época da Guerra Fria. Liberdades democráticas e propriedade privada eram os pilares dessa ordem, como ele não deixou de sublinhar em vários escritos seus, cabendo também registrar seus demais trabalhos de natureza geopolítica, sobre o equilíbrio do terror nos enfrentamentos bipolares da era nuclear. Visto em retrospecto, ou seja, pelo registro dos experimentos do socialismo real na parte centro-oriental do continente, a disseminação do modelo socialista soviético ao conjunto da Europa só poderia prometer aquilo que foi servido aos povos cominados do leste europeu: um regime de penúrias materiais, de controle absoluto sobre as vidas privadas, uma ordem totalitária, de ausência completa das liberdades mais elementares, enfim, um sistema baseado na mentira, na fraude intelectual e na coerção física dos indivíduos (sem que seja preciso mencionar novamente os milhões de mortos produzidos ao longo do tempo).



Curioso que tendo em vista toda essa materialidade atualmente disponível para quem deseje se informar, tantos papagaios repetidores do marxismo vulgar no Brasil continuem a defender não apenas o socialismo histórico, enquanto sistema econômico e social possível, mas também seu pequeno avatar numa ilha do Caribe, que só trouxe miséria, repressão e sofrimento aos seus habitantes. Aparentemente, esses papagaios distraídos ficaram na janela contemplando a estratosfera, enquanto a história real se desenrolava no mundo real, sem qualquer reflexo em suas digressões abstratas: queda do muro de Berlim, derrocada do socialismo e da União Soviética, marcha acelerada em direção ao capitalismo na China, eleições em todas as partes e crescente perda de legitimidade das poucas ditaduras remanescentes em alguns cantos do mundo (tanto é que  ditadores potenciais precisam “fabricar” eleições e plebiscitos para justificar seus regimes autoritários). Nada disso parece abalar ou mudar convicções arraigadas, o que...


Restante no link:



http://www.periodicos.uem.br/ojs//EspacoAcademico/article/viewFile/13823/7221



Paulo Roberto de Almeida é Doutor
em Ciências Sociais, Mestre em Planejamento
Econômico, Diplomata de carreira.



 
« Última modificação: 02 de Agosto de 2016, 08:49:56 por JJ »

 

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