Tópico: Qual a sua opinião sobre a qualia?

[DDV]

Nota: não sei se é correto falar "a qualia", ou se seria "os qualia". Mas isso não me importa na verdade.

[Buckaroo Banzai]

Queria ter votado na terceira opção (apesar de não ter lido "muito" sobre o assunto), mas acidentalmente votei na segunda.

Depois do conhecimento de correlatos neurofisiológicos ainda tem o lado mais "que diabo está acontecendo" da coisa, como que atividade neuronal/celular X produz a sensação de "dor" e atividade celular com uma atividade Y produz a sensação de "sabor doce", ou "cor azul".

Não digo que seja algo que "põe em xeque ao fisicalismo", já que é um aspecto da física*, de alguma forma. Só não é um aspecto minimamente entendido (ou absolutamente desconhecido**). Não me parece que seja algo como uma gradação trivial de nível de análise como em "comportamento animal individual → social → ecologia". Enquanto é evidente que um grupo de lobos forma uma alcatéia, é meio embasbacante que num conjunto de neurônios em dados padrões de atividade haja uma "realidade virtual" como a que observamos em primeira mão. Saber que isso se correlaciona a interações ambientais alimentando com o sistema sensorial (quando é o caso) é algo que ajuda a entender a coisa de apenas de forma que explicaria perfeitamente um "zumbi filosófico" -- uma generalização de fenômenos como a "visão cega". Não torna imediatamente claro como da ação de um conjunto de engrenagens, surge essa "realidade virtual", correlata (quando é) ao ambiente com o qual elas interagem.


* não é algo que se saiba existir dissociado dela.



** ou absolutamente alheio a minha capacidade de compreensão de matemática sub-ginasial, "[TED talks] Max Tegmark: consciousness is a mathematical pattern". Imediatamente suspeitei de ser uma espécie de novo "Sokal affair", agora contra os filósofos, e ainda acho que talvez possa ser uma versão "long con" disso. Mas o mais provável é que eu (certamente) não entendo nada e pode ter algo que faça sentido aí, mesmo que errando feio. Relacionado, que ainda não li:

https://medium.com/the-physics-arxiv-blog/why-physicists-are-saying-consciousness-is-a-state-of-matter-like-a-solid-a-liquid-or-a-gas-5e7ed624986d

("medium.com" não tem nada a ver com mediunidade )

[DDV]

A opção 1 eu fiz pensando no Agnóstico. 

[Buckaroo Banzai]

O correto então seria "groselha".

[DDV]

É possível ou concebível haver um 'espectro invertido' com os mesmos correlatos neuronais atuais?

 

[Buckaroo Banzai]

Acho que deve ser necessariamente uma petição de princípio escabrosa, algo tão sem embasamento quanto supor algo como que com igual probabilidade, de alguma forma, a matéria ordinária produzisse "anti-gravidade".

Talvez isso não seja um grande absurdo em física teórica avançada, sei lá. Quero dizer apenas que é absolutamente arbitrário, apenas se valendo de não se saber exatamente como/qual é o encadeamento causal, imaginar que poderia ser qualquer coisa aparentemente "equivalente".

Mas talvez de forma similar ao que talvez não seja absurdo na física, "espectros invertidos" não fossem absurdos nessa abordagem de "padrão matemático". Alguns físicos algumas vezes falam de "informação" de forma que para mim parece remeter a dualismo, ou "trialismo"; "informação  → matéria → energia → informação". J. A. Wheeler é um que colocou as coisas em geral (não sobre qualia) de maneira parecida com isso, e mesmo o Tegmark nesse vídeo fala de padrões matemáticos como algo que vai chegando a parecer meio "fantasmagórico" para mim. Eu pessoalmente prefiro a noção mais materialista de que deve haver um encaixe material exato nessas coisas, em tudo, e não um "reino da informação"/sei lá o que, onde as coisas se "encaixam" com o material com alguma flexibilidade.

It from bit. Otherwise put, every it — every particle, every field of force, even the space-time continuum itself — derives its function, its meaning, its very existence entirely — even if in some contexts indirectly — from the apparatus-elicited answers to yes-or-no questions, binary choices, bits. It from bit symbolizes the idea that every item of the physical world has at bottom — a very deep bottom, in most instances — an immaterial source and explanation; that which we call reality arises in the last analysis from the posing of yes-no questions and the registering of equipment-evoked responses; in short, that all things physical are information-theoretic in origin and that this is a participatory universe