Tópico: Colombianos rejeitam acordo de paz com as Farc

[Skorpios]

Não esperava por essa...

Colombianos rejeitam acordo de paz com as Farc

Em disputa acirrada, 50,22% dos colombianos dizem não ao acordo histórico assinado entre o governo e as Farc. Decisão impede país de tirar do papel medidas que colocariam fim aos 52 anos de conflito armado.

Numa disputa acirrada, os colombianos rejeitaram neste domingo (02/10) o acordo de paz assinado entre o governo e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). A decisão surpreendente impede que as medidas negociadas para pôr fim aos 52 anos de conflito armado sejam implementadas no país.

Cerca de 13 milhões dos 34 milhões de eleitores foram às urnas para a consulta popular. Do total, 50,22% votaram contra o acordo de paz e 49,77% a favor do documento. A votação ocorreu sem violência e com grande abstenção de eleitores devido às fortes chuvas que atingiram várias regiões do país. Apenas 37% dos colombianos participaram do plebiscito.

Desta maneira, foi dada a última palavra sobre o acordo histórico que colocaria fim no conflito armado. Com a vitória do não, o governo fica impedido de pôr em prática as medidas previstas no documento. A decisão deixa em aberto o processo de paz e, na prática, poderia significar a continuidade da guerra no país.

O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, convocou uma reunião de emergência com seu gabinete e a equipe de negociadores para analisar a situação. O número um das Farc, Rodrigo Londoño Echeverri, conhecido como Timochenko, e lideranças da guerrilha que participaram dos diálogos de paz em Havana também estão reunidos para analisar o resultado do plebiscito.

Sim ganha em regiões atingidas

O sim ao acordo de paz ganhou nas regiões mais afetadas pelo conflito armado. No município de Bojayá, o sim recebeu 95,76%. A cidade foi palco de uma tragédia em 2 de maio de 2002. Durante combates entre as Farc e o Exército, uma bomba atingiu a igreja onde os moradores buscaram refúgio. Cerca de 100 pessoas morreram na ocasião.

Em Toribio, outro município diretamente afetado pela guerra civil, o sim obteve 84, 80% dos votos, contra 15,19% do não. Em Turbo, cuja zona rural foi palco de massacres, o acordo foi apoiado por 56% dos eleitores.

Na região de Catatumbo, uma das mais atingidas pelo conflito, o sim ganhou em todos os seus municípios.

Derrota histórica

O acordo de paz foi celebrado por líderes do mundo inteiro. Para o presidente colombiano, o plebiscito era o mais importante da história recente do país.

Alcançado em agosto em Havana, após quatro anos de negociações, o acordo foi assinado pelo governo e pelas Farc na segunda-feira.  A cerimônia reuniu líderes mundiais como o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon; o secretário de Estado americano, John Kerry; além dos presidentes de Cuba, Raúl Castro, do Equador, Rafael Correa, e do Panamá, Juan Carlos Varela; e do rei Juan Carlos da Espanha.

O acordo contemplava o abandono das armas pela guerrilha e sua transformação em movimento político. A nova agremiação deveria ocupar dez assentos no Congresso, segundo previa o pacto de paz.

Além de garantias para a participação dos guerrilheiros desmobilizados na política, o acordo de paz incluía questões complexas, como o acesso à terra para os agricultores pobres; luta contra o tráfico de drogas; justiça e reparação às vítimas.

Em mais de 50 anos, o conflito na Colômbia, o mais longo da América, provocou a morte de 220 mil pessoas e deixou mais de 6 milhões de deslocados internos.

[Pasteur]

Chama a atenção a esmagadora vitória do sim nas regiões mais atingidas pelo conflito...

Lembrei daquele ditado da pimenta...

[DDV]

Muita gente (Álvaro Uribe incluído) acha que as lideranças das FARC precisam pagar pelos crimes e são contra uma "lei da anistia" para elas.

Eu particularmente preferiria uma intensificação da caçada às FARC (como Uribe fez) para ao menos conseguir um acordo melhor, menos vantajoso para elas.

Se elas saírem "por cima" em um acordo, nada garante que não continuarão aprontando das suas posteriormente, ou que não cancelem unilateralmente o 'cessar-fogo'.

[Gauss]

A sensação de quem votou pelo sim era de que o presidente estava querendo entregar o país para as FARC. Nós sabemos o impacto que uma lei de anistia traz para o país. Se acontecer uma paz e a criação de um partido político das FARC, qual poderia ser o impacto para o país?

[Fernando Silva]

Um acordo com as FARC seria o mesmo que, no Brasil, perdoar as facções criminosas e permitir que se candidatem a cargos públicos.

[DDV]

O Uribe enfraqueceu militarmente as FARC, daí o próximo presidente, ao invés de manter a pressão e tentar uma 'rendição' favorável, estende as mãos para uma organização paramilitar quase defunta e lhe faz concessões desnecessariamente, como se fosse um simpatizante dos mesmos, ou porque está com preguiça, medinho ou peninha de manter a pressão militar nelas.

 Aquelas 10 cadeiras 'biônicas' no congresso são uma completa excrescência, é um reconhecimento de que a força bruta e intimidação são superiores à vontade popular.

[Diegojaf]

Não esperava por essa...

Acho que ninguém esperava. Uma pena, seria uma forma de dar início ao fim da treta. Vamos ver qual alternativa será apresentada. Aposto em alguma medida executiva, que não precise passar pela apreciação do Legislativo.

[Pasteur]

Li que choveu muito nas áreas em que o sim ganhou e essas abstenções pesaram. Poderiam fazer outro plebiscito.

[Pasteur]

Presidente da Colômbia agraciado com o Prêmio Nobel da Paz.

https://www.theguardian.com/world/live/2016/oct/07/nobel-peace-prize-2016-announcement-live

[MarceliNNNN]

Será se esse acordo era bom mesmo? É como o Fernando Silva disse, perdoar as FARC é como perdoar o PCC, por exemplo. Para mim, esse acordo demonstra que as FARC "venceram" essa guerra.

[Buckaroo Banzai]

É diferente, porque as FARC supostamente não têm nas drogas seu fim, apenas seu financiamento, enquanto teoricamente seriam revolucionários comunistas. É mais como os grupos guerrilheiros comunistas do Brasil tivessem tido maior poder mas ao mesmo tempo aceitado deixarem de ser guerrilheiros para compor o MDB ou uma "terceira via".

Mas, mesmo se tratando só de crimes sem motivação ideológica que se suponha ser um fator exonerante, de modo geral será sempre preferível paz e trégua a mais mortes/violência na busca de punição. Se é razoável esperar isso são outros quinhentos.

[Gauss]

O presidente colombiano até foi bem intencionado, mas a forma que ele quis fazer a paz,dando do nada 10 assentos biônicos para as FARC no parlamento, dando uma anistia aos envolvidos, etc. pegou muito mal e causou desconfiança entre os colombianos.

[Gaúcho]

Chegar a paz aceitando exigências de terroristas é rendição, não vitória.

[Gauss]

Chegar a paz aceitando exigências de terroristas é rendição, não vitória.

Exato, é declarar vitória para as FARC.

[Gauss]

Análise da BBC sobre o assunto.

Como o 'senhor da guerra' colombiano se transformou em um Nobel da Paz

"Continuarei buscando a paz até o último minuto do meu mandato", disse o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, no último domingo, quando os eleitores rejeitaram nas urnas o histórico acordo firmado com as Farc poucos dias antes numa emotiva cerimônia em que ele trocou um aperto de mãos com o líder rebelde, Rodrigo Londoño Echeverri, o Timochenko.

O acordo de paz tinha como objetivo pôr fim a um conflito que deixou cerca de 260 mil pessoas mortas e deslocou milhões no país sul-americano nas últimas cinco décadas. Mas que, para os críticos e 50,2% dos colombianos que foram às urnas, fazia concessões demais aos guerrilheiros.

Os esforços de Santos, porém, lhe renderam o Prêmio Nobel da Paz de 2016.

E o curioso disso tudo é que o presidente nem sempre foi conhecido pelo tom otimista e conciliatório que o levaram até a honraria.

Guerra e paz

Há menos de uma década, quando ocupava o cargo de ministro da Defesa, Santos autorizou o controverso bombardeio a um reduto das Farc no Equador. Sem avisar ao país vizinho.

E, ironicamente, a ascensão dele ao poder está ligada à sua associação com o predecessor, Alvaro Uribe, que comandou a campanha vitoriosa de rejeição ao acordo com a guerrilha no referendo.


Santos (no centro) foi ministro da Defesa no governo de Alvaro Uribe (à direita)

Santos foi nomeado para a pasta da Defesa em 2006 por Uribe, que tinha acabado de ser reeleito com uma plataforma de tolerância zero com as Farc - um posto estratégico, dado o histórico de décadas de guerra no país.

Sob seu comando, a Colômbia realizou uma série de operações militares contra o grupo.

A mais famosa delas foi o a invasão do cativeiro da ex-senadora e candidata a presidente Ingrid Betancourt, em julho de 2008, após ela ficar seis anos em poder da guerrilha - três cidadãos americanos também foram libertados.


O resgate da ex-senadora Ingrid Betancourt, em 2008, alavancou a popularidade do então ministro Santos

Quatro meses antes, o ataque às FARC no Equador havia resultado na morte do então líder do grupo, Raul Reyes.

Guinada
O bombardeio, porém, teve como efeito colateral uma crise diplomática: o governo equatoriano acusou Bogotá formalmente de violar sua soberania.

A administração de Uribe enfrentou ainda um escândalo: as denúncias de que forças militares estariam executando civis e os contabilizando como guerrilheiros como forma de "engrossar" as estatísticas do combate às Farc.

Mas se causou danos à popularidade do então presidente, essas crises não afetaram Santos, que em 2009 desligou-se do ministério para concorrer ao cargo máximo.

Acabou eleito em março do ano seguinte, recebendo uma das maiores votações da história colombiana. E com uma plataforma que tinha muito em comum com a que elegera Uribe, em especial quando o assunto era a área de segurança.

Mas Santos promoveu uma guinada logo nos primeiros meses do mandato.

Começou normalizando as relações diplomáticas com o regime de Hugo Chávez na Venezuela, acusado por Uribe de compactuar com as Farc. O então novo presidente também levou à Justiça integrantes do governo de seu antecessor, alvos de denúncias de abusos de poder.

E em 2012 Santos confirmou os rumores de que seu governo estava realizando negociações secretas de paz com as Farc em Cuba, com a intermediação de Raúl Castro.


Santos (à esquerda) e Timochenko assinaram acordo para pôr fim a conflito

O anúncio foi o suficiente para pôr uma pá de cal nas relações com Uribe, que se transformou no principal líder de oposição ao governo.

Ao ponto dele apoiar o rival de Santos nas eleições de 2014 - o presidente acabou reeleito no segundo turno, com 50,95% dos votos, fiando-se justamente no acordo com o grupo paramilitar.

Tal acordo foi assinado em setembro deste ano, com a promessa de uma consulta popular que, no fim, terminou por rejeitá-lo.
Um resultado que, pelo menos até o anúncio do Nobel, era visto com uma vitória indiscutível de Uribe.

[Buckaroo Banzai]

Chegar a paz aceitando exigências de terroristas é rendição, não vitória.

Exato, é declarar vitória para as FARC.

As exigências do acordo foram impostas pelas FARC? Esse tempo todo eles se tem esse nome "revolucionários" mas só queriam ser partido democrático, e não tomar o poder em revolução? Que terrorismo/revolucionarismo esquisito.


Essa mesma rejeição incondicional a acordos se aplicaria também à situação do IRA?

[DDV]

Se o acordo fosse apenas uma 'colaboração premiada' das FARC, ou seja, pararem de lutar em troca de anistia, seria razoável.

Acho que uns 2 mandatos de Álvaro Uribe na presidência bastava pra fazer as FARC se renderem pra sobreviverem.

[Gauss]

Chegar a paz aceitando exigências de terroristas é rendição, não vitória.

Exato, é declarar vitória para as FARC.

As exigências do acordo foram impostas pelas FARC? Esse tempo todo eles se tem esse nome "revolucionários" mas só queriam ser partido democrático, e não tomar o poder em revolução? Que terrorismo/revolucionarismo esquisito.


Essa mesma rejeição incondicional a acordos se aplicaria também à situação do IRA?

Eles exigiram os 10 assentos no parlamento. Eles sabem que hoje é impossível eles conseguirem uma revolução armada, por isso querem se tornar um partido político e chegar ao poder pelas urnas. Como Hugo Chávez fez quando desistiu do MBR-200 e fundou o seu próprio partido, talvez.



O IRA ainda existe?

[Pasteur]

Chegar a paz aceitando exigências de terroristas é rendição, não vitória.

Rendição é entregar o poder nas mãos deles.

Alguém sabe quantas cadeiras tem no parlamento colombiano?

[Buckaroo Banzai]

https://es.wikipedia.org/wiki/Congreso_de_la_República_de_Colombia

...¡ El Congreso es un cuerpo colegiado conformado por 102 senadores y 166 representantes !

Acho demais essa exigência. Talvez seja a estratégia de pedir exageradamente demais para o só um pouco demais parecer razoável por comparação.

O IRA ainda existe?

The Official IRA (OIRA), the remainder of the IRA after the 1969 split with the Provisionals; was primarily Marxist in its political orientation. It is now inactive in the military sense, while its political wing, Official Sinn Féin, became the Workers' Party of Ireland.
The Provisional IRA (PIRA) broke from the OIRA in 1969 over how to deal with the increasing violence in Northern Ireland. Although opposed to the OIRA's Marxism, it came to develop a left-wing orientation and increasing political activity.
The Continuity IRA (CIRA), broke from the PIRA in 1986, because the latter ended its policy on abstentionism (thus recognising the authority of the Republic of Ireland).
The Real IRA (RIRA), a 1997 breakaway from the PIRA consisting of members opposed to the Northern Ireland peace process. They have grown into the largest Dissident republican organization fighting the Dissident Irish Republican campaign. They merged with a large Vigilante group in 2012 known as Republican Action Against Drugs and released a statement that they have officially changed their name from the Real IRA to just the IRA. Despite this they are usually referred to by the media as the "New" IRA.
In April 2011, former members of the Provisional IRA announced a resumption of hostilities, and that "they had now taken on the mantle of the mainstream IRA." They further claimed "We continue to do so under the name of the Irish Republican Army. We are the IRA." and insisted that they "were entirely separate from the Real IRA, Óglaigh na hÉireann (ONH), and the Continuity IRA." They claimed responsibility for the April killing of PSNI constable Ronan Kerr as well as responsibility for other attacks that had previously been claimed by the Real IRA and ONH.[3]

[Gauss]

https://es.wikipedia.org/wiki/Congreso_de_la_República_de_Colombia

...¡ El Congreso es un cuerpo colegiado conformado por 102 senadores y 166 representantes !

Acho demais essa exigência. Talvez seja a estratégia de pedir exageradamente demais para o só um pouco demais parecer razoável por comparação.

Fora que dentro de um  congresso democraticamente eleito colocar do nada dez membros que até bem pouco tempo atrás eram considerados terroristas e não-eleitos é meio que desrespeitoso(acho que um membro não eleito já  é desrespeitoso, não sei se é constitucional pois eu não faço ideia de como é a constituição colombiana). Acho estranho também o fato do presidente não ter nem tentado dialogar para ao menos diminuir esse número exigido, o que pode reforçar a ideia de as FARC quererem negociar pero no mucho e que o presidente é meio cagão. Ou talvez as FARC pediram ainda mais cadeiras, mas ele conseguiu reduzir para dez (o que ainda é bem alto).



O IRA original terminou em 2005, esse grupos são dissidentes pelo que sei.

[Pasteur]

https://es.wikipedia.org/wiki/Congreso_de_la_República_de_Colombia

...¡ El Congreso es un cuerpo colegiado conformado por 102 senadores y 166 representantes !

Acho demais essa exigência. Talvez seja a estratégia de pedir exageradamente demais para o só um pouco demais parecer razoável por comparação.

Pode ser.

Talvez queiram uma "saída honrosa".

Mas melhor dar 10 cadeiras e acabar com a guerra e mais mortes. Nas próximas eleições e tendência é deles perderem essas 10 cadeiras...