Eu li o artigo do skepdic e concordo que ele tinha umas idéias doidas, porém:
A noção de que a maioria dos seres humanos que estão acordados agem como se dormissem. Gurdjieff tambem observou que a maioria das pessoas está morta por dentro. Penso que ele queria significar que as pessoas são sugestionáveis, crédulas, não reflectem ou suspeitam dos seus semelhantes, e precisam de um guru para dar às suas vidas vitalidade e sentido. Penso que Gurdjieff correctamente notou que a maioria das pessoas não são cépticas nem auto-motivadas, e são facilmente enganadas por gurus porque querem alguem que lhes mostre como levar uma vida mais cheia. Ele prontificou-se a mostrar aos seus seguidores o caminho para uma vida desperta, um estado de consciência e vitalidade que transcende a consciência ordinária.
Daí isso tenho que concordar com ele, a maior parte das pessoas vivem como se estivessem num estado de semiconsciência, são mais como meros reflexos da sociedade e não trabalham seus próprios potenciais e nem se conhecem direito, necessitando de especialistas em psicologia que as façam se conhecer melhor assim como recorrendo a adivinhos. Exceto em relação ao que ele acreditava sobre a lua. Vez ou outra um guru pode nos trazer uma nova forma de ver a vida, mas não ao ponto de ele se tornar a única verdade, daí sou contra. Não me ajoelho perante a santo ou guru algum.
Gurdjieff obviamente tinha uma poderosa personalidade, mas o seu desdém pelo mundano e pela ciência devia aumentar a sua atracção.
Acredito que este foi um erro dele. Se você não leva em consideração conhecimento empírico e acadêmico, pode acabar desenvolvendo ideias irrealistas. Pode-se até discordar de algum "conhecimento", mas desdenhar todos eles? Talvez a visão de realidade proposta pela ciência da época não estava de acordo com sua visão de realidade. Ou ele simplesmente queria criar algo inédito mesmo.
Quanto à religião, posso dizer que já fui inteiramente espírita, agora só parcialmente, quer dizer, eu ainda entendo certos pontos do espiritismo como razoáveis e aceitáveis (mesmo tendo refletido mais profundamente sobre eles por muito tempo), mas não significa que eu concorde com tudo o que é pregado no movimento, principalmente quando tratam Deus como se fosse uma entidade, ainda que o espiritismo afirme não ser. Digamos que mesmo me baseando no espiritismo, eu tenho a minha própria maneira de raciocinar e modelos pessoais construídos, tanto que desenvolvi o que chamo de Naturalismo Transcendente.
Outra coisa que ando discordando é esse religiosismo em torno de Jesus, como se ele fosse mais importante que o entendimento dos mecanismos do além. Acredito que o entendimento dos mecanismos do além (diga-se, da natureza) poderiam nos dar uma luz sobre como deveríamos nos comportar. É o que ando investigando. Porém ao invés de adotar para mim o darwinismo social (é-me mais prejudicial que favorecedor para a sociedade), prefiro algo num sentido mais espiritual. Não desenvolver este entendimento dos mecanismos do além e ater-se somente a um código moral é-me uma pedra no caminho para o desenvolvimento intelectual.
Significa que eu teria uma visão mais gnóstica da coisa, e menos religiosa propriamente dita.
Não acredito em obras bonitinhas, eu gosto mais daquelas polêmicas que tratam sobre tabus, inclusive religiosos. Gosto daquelas obras que nos fazem refletir mais sobre as coisas, sem engessar, seja materialismo ou religião. Gosto quando alguém trata de soluções que resolvam estes dualismos estabelecidos entre ciência e religião (eu mesmo faço isso). A minha própria participação aqui me fez repensar sobre certas coisas que ainda estavam mais engessadas em mim. O que acredito mesmo é que devemos ser como somos, e não como o que os outros querem que sejamos, que devemos descobrir nossos potenciais e usá-los a favor de si mesmo e da sociedade, e não em vivermos como robozinhos condicionados pela mídia ou tendências sociais, pensamento este defendido pelos libertários. Assim como superar estereótipos ao invés de estar de acordo com eles, não se limitar a nenhuma religião, cultura ou posição política.
Por exemplo, não ser de esquerda ou direita, mas ser algo que está fora deste esquema de controle social. Acredito que uma posição mais centrista seria a mais razoável, ao invés de uma posição mais extremista. Acredito que a solução para muitos problemas está em achar algo em comum entre conceitos opostos, ou que consiga explorar o melhor em ambos sem adotar características negativas de ambos extremos. Chamo isso de uma solução monista.
Superar e eliminar o sistema maquiavélico que está em ti mesmo. Faça isso e será menos manipulado, seja pelo próximo ou pelo sistema.
Digamos que esta seria a minha "religião libertista". Viu? Não estou mais engessado por religião estabelecida.