10/08/2015
Pesquisa comprova uso da batata doce na geração de álcool Canal Rural
Alimento tradicional da culinária do Rio Grande do Sul, seja cozida, frita ou assada, a
batata-doce pode alcançar novos mercados com uma pesquisa da Fundação Estadual de
Pesquisa Agropecuária (Fepagro). Até então restrito à mesa, o produto, com grande
volume de biomassa, passa a também ser transformado em álcool.
– É considerado de superior qualidade para componentes farmacológicos, bebidas
especiais e combustão – explica o pesquisador Zeferino Genésio Chielle, que está à
frente do estudo pela Fepagro Vale do Taquari - Centro de Pesquisa Emílio Schenk.
O processo de avaliação do potencial da batata-doce levou cerca de dez anos e contou
com a parceria da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que fez as
análises em laboratório. A descoberta, por enquanto, permanece sob a tutela da
Fepagro, mas tem previsão de lançamento no início do ano que vem, na Expoagro
Afubra .
A partir daí, conforme Chielle, o projeto poderá se transformar em realidade se
houver interesse político e da iniciativa privada, mas já é uma ideia "semeada" entre os
agricultores.
– A batata-doce pode ser aproveitada integralmente, tanto a parte aérea como os
tubérculos. Muito resíduo é desperdiçado – esclarece o pesquisador. Além disso, o
álcool processado a partir da batata-doce é uma bioenergia, por ser totalmente
renovável.
No Rio Grande do Sul, a matéria-prima não é o problema. A cidade de Mariana
Pimentel, na região metropolitana de Porto Alegre, se destaca por ser a maior
produtora de batata-doce no Brasil são cerca de mil hectares.
– A propriedade agropecuária é uma indústria muito complexa. A evolução e o
desenvolvimento dependem da sabedoria do seu dono ou usuário – frisa Chielle.
Outra vantagem do processamento da batata-doce é a quantidade de álcool produzida
e a utilização da terra para o cultivo de outros alimentos. De acordo com o
pesquisador, uma tonelada de tubérculos pode gerar de 160 a 180 litros de etanol. O
principal: tudo isso em quatro meses, que é o tempo do cultivo da batata-doce, do
plantio à colheita.
– Isso dá três vezes mais do que a cana-de- açúcar por hectare – observa.
Em um ano, a batata-doce tem capacidade de processar 27 mil litros,
enquanto a cana-de-açúcar tem oito mil.
Farinha e farelo de mandioca e batata-doce
Além do álcool, o pesquisador descobriu, por meio do seu trabalho, que a raiz e a
parte aérea da mandioca e da batata-doce podem se transformar em ingredientes como
farinha para pão, farelo para ração animal, entre outros.
– O objetivo é o aproveitamento integral das culturas para evitar o desperdício, tendo
em vista a alta capacidade nutricional de toda a planta – destaca.
Outros projetos
A Universidade Federal do Tocantins (UFT), após 12 anos de pesquisa e de vários
testes, construiu uma usina de álcool feita a partir do processamento da batata-doce. A
inauguração foi em março deste ano, em Palmas, e é resultado de um convênio da
universidade com a Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam).
O projeto para a implantação da usina nasceu em 1996, através de uma pesquisa
elaborada pelo professor Márcio Antônio da Silveira, com um investimento inicial de
R$ 20 mil, feito pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq).
Hoje, o projeto conta com um aporte financeiro de R$ 1,2 milhão e envolve em média
44 profissionais, sendo 25 doutores, nove alunos de mestrado e dez acadêmicos de
graduação. A capacidade total da usina é de três mil litros de etanol por dia.
http://www.fepagro.rs.gov.br/upload/20150810084156pesquisa_comprova_uso_da_batata_doce_na_geracao_de_alcool___canal_rural.pdfhttp://www.canalrural.com.br/noticias/agricultura/pesquisacomprovausobatatadocegeracaoalcool58134 2/4