Autor Tópico: O QI brasileiro pode estar diminuindo, e a culpa é da escola  (Lida 750 vezes)

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Offline Marcel

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O QI brasileiro pode estar diminuindo, e a culpa é da escola
« Online: 02 de Outubro de 2017, 15:50:23 »
O QI dos brasileiros caiu. Entre 31 países avaliados, foi o ÚNICO onde o QI diminuiu
http://www.gazetadopovo.com.br/educacao/o-qi-brasileiro-pode-estar-diminuindo-e-a-culpa-e-da-escola-5m1h1nfcw3fkoijjsqzgnlqfd

Offline Zero

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Re:O QI brasileiro pode estar diminuindo, e a culpa é da escola
« Resposta #1 Online: 02 de Outubro de 2017, 21:19:45 »
Resultado de um sistema arcaico de ensino que pouco muda?

Não foi informado quais testes fizeram, tampouco achei-os na versão do artigo em inglês, no pouco que consegui ver dela.

Quantas escolas realmente incentivam o aluno a pensar? Questionar, debater, desenvolver seu raciocínio? Na que estudo, uma estadual, poucas vezes houveram atividades que propiciassem o desenvolvimento intelectual. Geralmente, resume-se em apenas copiar o conteúdo, entender, as vezes apenas decorar e aplicar, prova e próximo conteúdo. Como desenvolver o QI dessa forma?

Não que esteja crucificando, apenas dizendo que há malefícios, mas é necessário certa decoreba, até porque os vestibulares, tirando a parte de matemática, baseia-se em decoreba de fatos e regras e a aplicação, não exigindo em certos casos tanto o uso de lógica como na matemática. Quanto mais render e lembrar melhor, neste caso.

Não sei se fui claro com o que quis dizer, mas ao meu ver há decaimento de QI, apesar de haver uma contestação no artigo sobre tal teste, decorrente do ensino atual e da falta de incentivo de vários setores importantes dentro da educação.
« Última modificação: 02 de Outubro de 2017, 22:30:36 por Zero »

Offline Lorentz

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Re:O QI brasileiro pode estar diminuindo, e a culpa é da escola
« Resposta #2 Online: 03 de Outubro de 2017, 08:51:01 »
Acredito que haja uma falha na metodologia. Seria praticamente impossível ter esta queda. Nosso ensino não piorou tanto assim para termos uma piora no QI.

Talvez hoje haja menos aulas de matemática e exatas em geral, e isso era o que mais estimulava o raciocínio lógico.

No fim, a culpa será sempre do Paulo Freire.
"Amy, technology isn't intrinsically good or bad. It's all in how you use it, like the death ray." - Professor Hubert J. Farnsworth

Offline Zero

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Re:O QI brasileiro pode estar diminuindo, e a culpa é da escola
« Resposta #3 Online: 09 de Março de 2018, 23:20:45 »
Tratando sobre a questão da educação, sua metodologia, achei esse artigo interessante. Não sei se há algum tópico mais adequado para esse texto, enfim optei por colocar aqui.

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É possível avançar em educação no Brasil sem aumentar os gastos. Os exemplos do exterior mostram isso

O debate sobre os gargalos no ensino médio no Brasil ficou estagnado por décadas, algo que acabou distanciando a educação brasileira da realidade do restante do mundo. Hoje, o país é o penúltimo num ranking de educação, elaborado pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) com 34 países, que levou em conta os critérios do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA). No exame são considerados itens como o desempenho em leitura, matemática e ciências, a média de anos que os alunos passam na escola e o percentual da população no ensino superior.

O número de alunos universitários no Brasil é baixo: pouco mais de 8 milhões, segundo o Censo da Educação Superior de 2016, feito pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Mas é antes dele, no ensino médio, que começa uma cruel seleção natural que desvia os alunos de uma formação mais consistente na universidade. O foco mais acadêmico do curso, que por ora tem currículo único, mas já começa a mudar por iniciativa de alguns Estados, acabou tornando-se um obstáculo, inclusive, para que os estudantes tenham a opção de se profissionalizar e encarar o mercado de trabalho com melhor formação, avaliam especialistas.

Para muitos, esse labirinto do ensino se dá porque faltariam recursos para a educação do Brasil, algo que teria sido agravado com o congelamento de gastos públicos nos próximos 20 anos, aprovado em 2016. O Brasil, na verdade, não investe pouco na formação de seus jovens. Segundo Andreas Schleicher, diretor do Departamento Educacional da OCDE, e um dos idealizadores do PISA, o Brasil gasta 4,9% do seu Produto Interno Bruto (PIB) na educação do primário à universidade. Esse percentual está longe de ser ruim: é ligeiramente inferior aos 5,2% da média da OCDE. “Para sermos justos, entre 2008 e 2014, o país aumentou seus investimentos em educação por aluno em 18%”, afirma. Para ele, o desafio não é apenas ter mais dinheiro, “que claramente é importante”, mas também gastá-lo de forma mais eficiente. Muito embora as cifras brasileiras sejam superlativas, colocando o país entre as dez nações mais ricas do mundo com um PIB de 6,6 trilhões de reais em 2017 (ou 2 trilhões de dólares), o abismo social coloca qualquer cifra em perspectiva. Um levantamento da OCDE, divulgado em setembro de 2017, mostra que o país gasta anualmente 3.800 dólares por aluno no ensino fundamental e médio. Enquanto isso, a média nos países da OCDE nos últimos anos foi de 10.500.

Antes de elevar o patamar de investimento, entretanto, é possível trabalhar por alguns consensos, como fez Portugal nos últimos anos. O ex-ministro da Educação do país ibérico, Nuno Crato, que participou na última semana do II Encontro de Estados Parceiros do Itaú BBA, em São Paulo, contou que até o início de sua gestão, entre 2011 a 2015, Portugal estava abaixo da média da OCDE pelo exame PISA. Em meio a uma crise econômica que devastou o país, o Governo de Pedro Passos Coelho decidiu elevar a autoestima nacional investindo em inovações educacionais que não exigissem os recursos que não existiam.

Para início de conversa, na gestão de Crato o ensino médio foi universalizado sem que isso resultasse em queda de desempenho. Pelo contrário, o ensino melhorou. Além disso, após batalhas jurídicas, o ministério conseguiu tornar públicos os resultados das escolas, que não eram divulgados. Não havia ainda provas finais até o nono ano do ensino básico. Passou-se a ter avaliações anuais e isso ajudou a aprimorar o currículo da etapa seguinte.

O Governo português aumentou, também, a carga horária de português e matemática, porque, sem essas disciplinas, “o aluno não entende o que lê nem sabe analisar gráficos”, explica Crato. Foram criadas, ainda, metas a serem atingidas pelos jovens. Depois, ampliou-se o tempo de estudo de ciências, história e geografia, e o inglês passou a ser obrigatório. “Tudo isso foi feito em meio a uma série crise econômica. Nem tudo é dinheiro”, diz o ex-ministro.

Por fim, o ensino profissionalizante passou a ter empresas como parceiras, o que propiciou o acesso a máquinas e laboratórios de ponta para acompanhar as evoluções tecnológicas que o setor privado proporciona. Todas essas reformas garantiram que Portugal se transformasse no grande destaque de 2015, ao ter superado o marco da PISA. Em comparação à primeira edição do exame, em 2000, o país subiu 42 pontos, ocupando a 22ª posição, em um total de 70 países e economias analisados.

O essencial, segundo Schleicher, da OCDE, é ter em mente que o ensino médio deve ter como objetivo promover lideranças. “Isso envolve design thinking [abordagem que busca a solução de problemas de forma coletiva e colaborativa] e inclui imaginar o mundo de perspectivas múltiplas, conectando problemas e soluções.”

Enquanto isso, o Brasil só agora começa a flexibilizar o currículo do ensino médio, tornando-o mais maleável, ainda assim sob críticas, a maioria delas sobre a maneira como a reforma foi conduzida. Ana Inoue, assessora de assuntos educacionais do Itaú BBA, diz que a instituição, em parceria com o argentino Centro de Implementación de Políticas Públicas para la Equidad y Crescimento (CIPPEC), realizou um amplo estudo do ensino médio em 10 países e uma região (Ontário, Canadá). “O Brasil é o único país dos estudados sem flexibilização”, diz. Agora, a reforma do ensino médio tenta corrigir essa dificuldade.
Foco na trajetória dos alunos

A canadense Ontário também se tornou referência, na visão de Inoue, por ter desenvolvido uma escola centrada no aluno, com flexibilidade curricular, em que o estudante compõe a sua carga horária com as disciplinas de seu interesse. São 18 créditos em matérias obrigatórias, 12 em optativas e 40 horas de serviço comunitário.

Além disso, complementa Belén Sanchez, coordenadora de Educação do CIPPEC, há acompanhamento constante das trajetórias escolhidas pelos alunos. “O eixo está em o aluno construir seu projeto de vida.” Os professores, por sua vez, também são parte importante dessa dinâmica. São formados em duas ou mais especializações, como história e ciências, por exemplo, ou matemática, mecânica e computação.

O foco na formação profissional está presente ainda na Austrália, onde há quatro matérias básicas (inglês, matemática, ciências e história). As demais são definidas pelos Estados e ou territórios. A formação técnica é opcional – se escolhida, é oferecida em parceria com empresas certificadas locais. Mas existe um forte trabalho de orientação vocacional e incentivo ao empreendedorismo.

Não se trata de uma filosofia de países mais desenvolvidos. Simon Schwartzman, associado do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (Iets), chama a atenção para o fato de o Brasil estar aquém dos demais países latino-americanos quando o assunto é ensino médio.

Para Ana Inoue, a grande preocupação é não tentar “reinventar a roda” e, nesse sentido, as experiências internacionais servem para trazer descobertas já testadas

Na maioria das nações vizinhas, a educação dos jovens é caracterizada pela maior presença do ensino profissional. Aqui, afirma o professor, o sistema homogêneo de currículo “é muito difícil para os jovens”. Na sua avaliação, só uma pequena parte consegue acompanhar o curso. “Também porque eles já vêm muito mal formados do ensino fundamental.”

Os sistemas mais eficientes, prossegue o especialista, são de alguns países europeus e dos Estados Unidos. “Nos EUA, termina-se o ensino chamado de intermediário e faz-se dois anos de college [curso de, em média, dois anos, a maioria de caráter profissionalizante], o que capacita os estudantes para o trabalho.”

Ricardo Paes de Barros, economista-chefe do Instituto Ayrton Senna e professor do Insper, explica que o Brasil está, em termos do ensino médio, abaixo do Chile, México, Colômbia e Cuba, por exemplo. E muito próximo de Bolívia, Honduras e Guatemala.

Um dos grandes problemas aqui, diz, é a falta de atratividade das escolas. “O ambiente não pode ser inflexível e repressivo. O aluno precisa estar livre para escolher o que quer estudar”. E não se trata de um milagre. Ele cita o exemplo de Brejo Santo, pequena e pobre cidade do interior do Ceará, onde o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) é o mais alto do Brasil.

De todo modo, o país está atrasado nessa discussão. Para Lara Simelli, professora do Departamento de Gestão Pública da FGV, o ensino médio é foco de reforma no mundo todo desde a década de 1970. Aqui, a discussão começou no fim dos anos 1990. Segundo ela, não é possível “transplantar”, simplesmente, experiências de fora para cá. “Os contextos são muito diferentes. A organização do ensino está muito ligada a raízes históricas.”

Para Ana Inoue, a grande preocupação é não tentar “reinventar a roda” e, nesse sentido, as experiências internacionais servem para trazer descobertas já realizadas para que, no nosso processo de construir um novo modelo para o ensino médio, não repitamos erros básicos, considerando as nossas especificidades.

Como sintetiza Montezuma Dumangane, pesquisador da Comissão Europeia, o momento é desafiador, porque “todos têm expectativas – os alunos, os pais e o Estado”. E a flexibilização do ensino precisa ser um processo contínuo, para não ficar defasada e engolida pelos avanços sociais e de comportamento que a tecnologia promove.

https://brasil.elpais.com/brasil/2018/03/05/politica/1520284503_626647.html

 

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