Não sei por que continuo a me surpreender, afinal, estamos no Brasil.

Acreditava que com a Lava Jato as coisas iriam mesmo mudar, pois se fosse para abafar, não chegaria a 1% do que chegou, como aconteceu com a Operação Castelo de Areia.
Fatos como a prisão de um senador, mudança de entendimento para prisão de condenados em segunda instância e as inúmeras outras operações com fartas provas e prisões, me deram alguma esperança.
Aí veio no impeachment e a bizarrice da não perda dos direitos políticos da presidente impichada. Não se trata aqui de se foi ou não golpe, mas de seguir o que manda a constituição.
Aí o Senado não cumpre a decisão do STF em afastar Renan Calheiros da presidência, inclusive especulasse que algum ministro do próprio STF orientou a desobediência. Aí o plenário do STF simplesmente não afasta o cara.
Já estão querendo mudar o posicionamento, depois de poucos meses, para que um condenado só seja preso quando transitar em julgado. Ou seja, qualquer um com dinheiro nunca será preso.
Na última decisão do STF, o tribunal afirmou que os senadores, e provavelmente qualquer parlamentar federal e, quem sabe estadual e municipal, não sofrerá qualquer sanção da justiça, já que os próprios pares o julgarão se ele deve ser penalizado. O que já existia, o foro privilegiado, e os tornavam impunes legalmente, levou a impunidade ao estado de arte.
Tivemos um julgamento no TSE que absolveu a chapa presidencial por excesso de provas.
O mais perigoso ministro do STF, que tem disposição para por a cara a tapa e cagar para a ética, Gilmar Mendes, solta um amigo íntimo e não se sente impedido ao fazer isso. E, obviamente, que o corporativismo do tribunal jamais irá impedi-lo. Assim como jamais irá impedir qualquer outro ministro. Sem contar que esse sujeito tem laços bem estreitos com os corruptos, sendo que o colega Barroso nem teve coragem de comentar quando questionado sobre Mendes se reunir com os investigados Temer e Aecio. O próprio Delcídio contou que Lewandowski, em reunião secreta em Portugal, não aceitou interferir na Lava Jato, ou seja, nem mesmo os ministros petistas são tão descarados quando o tucano.
Com a anuência do STF, acabou. Tínhamos uma pequena esperança. Já era.
Se Lula condenado em segunda instância puder se candidatar, nada mais do que o normal.