Costumamos viver em um estado de vida tão egocêntrico e centrípeto que tomamos nossa personalidade como o fundamento da realidade, e tomamos nossa consciência como algo independente e separado do resto. Isso leva ao solipsismo, ao ateísmo-materialista, à enxergar "falta de sentido" nas coisas, etc. Afinal, se tudo se resume à personalidade, porque nascer, sofrer, envelhecer, morrer? O que acontece é que o senso de personalidade é uma ilusão construída pela falsa consciência linear espaço-temporal (memórias do passado X expectativas do futuro, crenças culturais, identidades, rótulos etc). Já o senso de "separação" do nosso holograma 3D é uma ilusão provocada pelos sentidos físicos, que se adaptaram unicamente para sobrevivência e reprodução (e não para revelar qualquer verdade intrínseca à realidade). O problema é quando pensamos que nós somos nossa personalidade, e, por consequência, que somos separados do resto. A personalidade grita "não há sentido! terei um fim!" porque ela sempre foi, desde o início, um mero acúmulo de apegos e desejos. Você não é essa personalidade, ela é uma bagagem que se construiu ao longo de suas experiências nesta encarnação. Se você percebe que nossa consciência são impulsos elétricos, então você percebe que, essencialmente, nós somos pura energia, e que, por sua vez, a inteligência, a vida e a consciência são fenômenos inerentes ao Universo, ao Todo. Todos os "significados" são abstrações... são construídos por personalidades, e a existência vem antes das personalidades. A personalidade vem da ilusão de separação e independência. Consequentemente, todos os significados concluídos a partir do ponto de vista da personalidade são egocêntricos e ilusórios. Por isso, não devemos encontrar um sentido para o cosmos advindo da personalidade, devemos seguir exatamente o caminho contrário - encontrar um sentido para a consciência a partir do cosmos. De um ponto de vista cósmico, não há separação, não há independência. Todas as coisas são interdependentes e conectadas, em uma grande teia cujas linhas são causas e efeitos que se estendem para todos os lados... O paradigma criacionista nos colocou como criaturas racionais e separadas colocadas num mundo feito para nós, cujo centro somos nós, como se fossemos os "players" de um grande cenário, e todo o resto são fenômenos ou NPCs. O paradigma ateu-materialista-niilista simplesmente cortou Deus da equação, mas manteve todo o resto. O problema é que a personalidade, essencialmente, não existe, e é a grande ilusão central que fundamenta ambos os pontos de vista. É por isso que quem espera encontrar um sentido "com" a personalidade, ou "para" a personalidade, como niilistas e solipsistas, planta a semente de sua própria frustração vindoura. Não faz sentido procurar "o sentido da existência" por meio do que não existe. Se queremos o sentido da existência, precisamos buscá-lo de um ponto de vista cósmico, e não do ponto de vista da personalidade. Ele será, portanto, um sentido cósmico, e não um sentido pessoal. A existência tem sentido, só que ele não nos pertence - nós é que pertencemos a ele e fazemos parte de sua manifestação. O simples fato da consciência, da vida, da inteligência, da matemática e da geometria existirem, significa que tudo isso é inerente à existência. E, se disserem que a vida é um acidente, ela é um acidente inerente à existência. Um fenômeno intrínseco à energia e ao universo, assim como eletromagnetismo, gravidade e buracos negros.