A espiritualidade Caoísta nasceu nos anos 70, na Inglaterra, inspirada pelos pensamentos vanguardistas, subversivos e visionários de Aleister Crowley e Austin Osman Spare. Caos costuma ser definido como a "coisa" responsável pela origem e atividade dos fenômenos e eventos, que poderia muito bem ser chamada Deus ou Tao, mas o nome "Caos" é virtualmente desprovido de significado e livre das idealizações religiosas antropomorfizantes. A regra é que não há regras, além disso você trabalha para você mesmo e usa o que puder e quiser para efetuar sua vontade, enquanto se evita ficar obtendo tudo o tempo todo do mesmo modo. Não existe um caminho para descrever com exatidão o Caoísmo, assim como ninguém pode com exatidão descrever o Tao. "O Tao que pode ser descrito não é o Tao Absoluto", como disse o velho sábio. Há a suposição implícita da "aleatoriedade" e da natureza relativa da vida, do universo e tudo mais. O que nós somos e para onde vamos neste mundo de quantum de incerteza. A existência não pode ser completamente descrita por nenhuma religião ou outros sucessores como filosofia e ciência. O caoísmo tem aplicado conceitos artísticos como pós-modernismo e desconstrucionismo à espiritualidade, e tem alcançado algumas visões notáveis.
Caoístas usualmente aceitam a meta-crença de que a crença é unicamente uma ferramenta para alcançar efeitos; e não um fim em si mesmo. Esta é a ideia de que a crença não é nada mais do que um estado psicológico da mente, e, como tal, pode ser manipulada pela vontade. Crença pode ser deliberadamente auto-manipulada para formar nossa própria realidade, e, às vezes, a realidade de outras pessoas também.
O efeito de um koan Zen na mente discursiva é um pequeno gosto do que procura um caoísta. A prática do Caoísmo pode ser desestabilizante, porque é projetada na desconstrução de crenças. Assim como drogas psicodélicas, isto pode alterar sua realidade drasticamente. Caoísmo não é para o melindroso, ou para aqueles que temem o que espreita no fundo de seus egos, porque é desses egos profundos que os caoístas forjam os seus deuses e demônios.
O paradigma do Caos propõe que a tarefa primária do caoísta em potencial é se descondicionar de suas convicções, atitudes e ficções sobre si mesmo, sociedade, e mundo. Nosso ego é uma ficção escrita em parte pelo mundo e parte por nós mesmos. E os ditos rituais de iluminação que antes eram vistos como escadas de Jó que levariam ao céu ou a uma possível evolução espiritual, são agora vistos como meios de se passear na montanha russa pós-moderna de paradigmas.
Usando exercícios de descondicionamento, nós poderíamos começar a alargar as fendas em nossa realidade consensual que, esperançosamente, nos permitirá tornarmo-nos menos presos às nossas convicções e autoficções, e assim teríamos o poder mais do que divino de "descartar Realidades". Só tem o poder de criar mundos, aqueles que destruíram sua morada inicial, mas não seja só um posseiro de ilusões, seja um errante.
Uma das mais curiosas práticas do Caoísmo é o o conceito de Quebra de Paradígma ou "Quebra do Ego", a técnica de arbitrariamente modificar o modelo (ou paradigma) das pessoas. Através desta, o caoísta busca trocar constantemente a crença em um paradigma, não apenas de forma linear como é visto nas outras pessoas, mas de forma objetiva e proposital, ziguezagueando entre crenças diferentes (e geralmente contraditórias) e "se aproveitando" dos resultados que elas geram sem ficar preso a nenhuma. Esta quebra é encontrada não apenas em ritos, mas também no dia a dia, através da chamada "quebra do ego".
Como a base de trabalho dos ritos caoístas consiste na total desconstrução de tudo rumo ao Caos (daí o nome Caoísmo), uma técnica muito utilizada no treinamento pessoal dos caoístas é a chamada "quebra do ego", que consiste em negar e trocar gostos pessoais como uma forma de banimento pessoal, indo contra tudo aquilo que o ego acredita como pessoa, gerando em si mesmo a desconstrução buscada pelo Caoísmo. Um exemplo de quebra do ego é por exemplo, um vegetariano comer carne. Aqui cabe imaginação ao caoísta, para aplicar estes exercícios em âmbitos profissionais, sexuais, familiares, gregários, entre outros, e conseguir permanecer são - podendo até este conceito ser questionado.
A teoria caoísta enfatiza a flexibilidade das crenças e a habilidade de alguém em escolher conscientemente suas próprias crenças, ao invés de tomá-las como parte inerente de sua personalidade. Alguns caoístas creem que ter crenças inusuais e por vezes bizarras é interessante como uma forma de considerar a flexibilidade de crenças e utilizá-las a seu dispor. Caoístas podem ser agnósticos ou ateus e algumas vezes considerar sua prática espiritual como meramente psicológica e não paranormal.
Todos os maiores ramos da filosofia tentam responder a pergunta específica sobre a existência. A ciência pergunta "como" e descobre cadeias de causalidade. A religião pergunta "por quê" e acaba inventando respostas teológicas. A arte pergunta "qual" e chega aos princípios da estética. A pergunta que o caoísmo tenta responder é "o que" e, assim, ela é um exame da natureza do ser. Se formos diretamente ao âmago da questão e perguntarmos qual é a natureza da consciência, do universo e de tudo o mais, obteremos a resposta de que são fenômenos espontâneos e caóticos. A força que inicia e move o universo é a mesma força que está no centro da consciência, e ela é arbitrária e aleatória, criando e destruindo sem qualquer outro objetivo além de divertir-se. Não há nada moralista ou espiritual sobre o Caos. Vivemos num universo onde nada é verdadeiro, embora alguma informação possa ser útil para finalidades específicas. Somos nós, individualmente, que devemos decidir aquilo que desejamos considerar como bom, mau, significativo ou divertido. O universo se diverte constantemente e convida-nos a fazer o mesmo. Se houvesse uma razão de ser para a vida, o universo seria muito menos divertido. Tudo o que podemos fazer é segui-lo placidamente ou lutar uma batalha heroica e inútil contra ele. Assim, somos livres para alcançar toda a liberdade disponível e fazer o que sonharmos com ela.