Autor Tópico: sabedoria oriental diária  (Lida 997 vezes)

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sabedoria oriental diária
« Online: 28 de Novembro de 2017, 20:56:57 »
(A DOUTRINA DE BUDA)
Um homem atravessando uma floresta foi alvejado por uma flecha envenenada, seus parentes e amigos chamaram o cirurgião para retirar a seta e cuidar da ferida, mas o ferido recusou dizendo:

"Esperem um pouco. Antes que retirem a flecha, quero saber quem a atirou. Foi homem ou mulher? Foi algum nobre ou camponês? De que era feito o arco? O arco que atirou a flecha era grande ou pequeno? Ele era feito de madeira ou bambu? De que era feita a corda do arco? Era ela feita de fibra ou tripa? A seta era de rota ou junco? Que penas eram usadas? Antes que extraiam a seta, quero saber tudo a respeito dessas coisas."

Antes que estas informações possam ser obtidas, seguramente o veneno terá tempo de circular em todo o sistema e o homem poderá morrer.
A primeira providência a ser tomada é retirar a flecha, para que seu veneno não se espalhe.
Se um homem postergar sua busca e prática da Iluminação até que suas questões sejam solucionadas, ele morrerá antes de encontrar o Caminho.
« Última modificação: 30 de Novembro de 2017, 19:56:13 por Geotecton »
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Offline criso

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Re:sabedoria oriental diária
« Resposta #1 Online: 28 de Novembro de 2017, 23:57:08 »
(DHAMMAPADA)
Corra e faça o bem.
Mantenha sua mente longe do mal.
Se demorar em fazer o bem, sua mente se acomodará no mal.

Se fizer alguma coisa má, não faça de novo.
Não faça daquilo um hábito.
Não fique satisfeito com seu pecado.
A acumulação de erros é a causa do sofrimento.

Se fizer alguma coisa boa, faça de novo.
Fique satisfeito com seu trabalho.
O acúmulo de acertos gera felicidade.
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Offline criso

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Re:sabedoria oriental diária
« Resposta #2 Online: 29 de Novembro de 2017, 06:36:46 »
(TAO TEH KING)
O Tao que pode ser expresso não é o Tao verdadeiro.
Podem-se atribuir-lhe nomes, mas não são o Nome Verdadeiro.
Sem nome é a origem do Céu e da Terra.
Com nome é a mãe de todas as coisas.
Não sendo, podemos contemplar sua essência.
Sendo, apenas vemos sua aparência.
Ser e não ser emanam da mesma fonte, ainda que tenham nomes diferentes.
Ambos são um mistério.
E nesse mistério está a porta para toda a maravilha.
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Re:sabedoria oriental diária
« Resposta #3 Online: 30 de Novembro de 2017, 18:00:42 »
(BUDDHA FOR BEGINNERS)
Um dos conceitos capitais, embora pouco compreendido, da filosofia budista é a doutrina do "não si mesmo" (anatman). A filosofia hindu enfatizou corretamente a natureza transitória do corpo humano, a falibilidade dos sentidos e o caráter fugidio da consciência diária. Entretanto, a despeito de todo esse fluxo e instabilidade, um agente interno, o atman, persiste. O Buda adotou a teoria da transitoriedade das coisas, mas foi além dos Upanishads e sustentou que esse eu supostamente permanente, o atman, era ele próprio uma ficção.

Dizer que não existe um eu imortal é puxar o tapete reconfortante do pensamento religioso. A ideia de que uma parte de nós sobrevive indefinidamente nos agrada e satisfaz nossa ânsia de imortalidade. Segundo o Buda, porém, satisfazer desejos não conduz à verdade.

Não só não existe prova alguma de um eu eterno como crer nele significa, segundo o Buda, levar uma vida imoral. Essa crença suscita o mal porque é egoísta, enraizada no eu, e os seres humanos jamais conseguirão libertar-se caso busquem recompensas em vidas futuras.

No Samyutta Nikaya, o Buda estabelece:
"Todas as formações são transitórias; todas as formações estão sujeitas ao sofrimento; todas as coisas são destituídas de eu ou si mesmo. A forma é passageira, o sentimento é passageiro, os construtos mentais são passageiros, a consciência é passageira."

Segundo o Buda, compreender e aceitar que não temos um eu ou alma imortal faz parte do processo de iluminação - é um aspecto de nosso despertar.

Porém, muito mais chocante que essa ideia segundo a qual não existe nenhum eu substancial entre vidas é a afirmação do Buda de que sequer existe esse eu durante uma vida. A pessoa, realmente, é apenas um feixe de percepções. Buda nega o mito do eu metafísico (atman) como entidade que subsiste ao longo das vidas e entre estas. Compreende, porém, que a pessoa se sinta como um eu ou ego. O Buda afirma que essa experiência palpável do "eu" nasce de combinações ou conjunções de sentimento (vedana), percepção (sanna), disposição (sankhara), consciência (vinnana) e corpo (rupa). Esses são os cinco agregados ou feixes que, embora transitórios e sempre flutuantes, combinam-se na "sensação" do ego pessoal.
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Offline criso

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Re:sabedoria oriental diária
« Resposta #4 Online: 01 de Dezembro de 2017, 00:35:31 »
(SHUNRYU SUZUKI)
Fui ao Parque Nacional de Yosemite e vi quedas d'água enormes. A mais alta tem quatrocentos e oito metros e a água desce como uma cortina lançada do topo da montanha. Não parece cair com velocidade, como seria de se esperar; parece cair muito devagar por causa da distância. E a água não desce como uma única torrente, mas se divide em muitas e diminutas quedas. À distância, assemelha-se a uma cortina. E ocorreu-me que deve ser uma experiência muito difícil para cada gota d'água cair do topo de uma montanha tão alta. Leva muito tempo, você sabe, um longo tempo, para a água chegar finalmente ao fundo da catarata. Parece-me que a vida humana pode ser assim. Temos muitas experiências difíceis. Mas ao mesmo tempo, pensava eu, originalmente a água não estava dividida e era um único rio. Apenas quando se dividia é que encontrava dificuldade ao cair. É como se a água, enquanto rio, não experimentasse nenhuma sensação. Somente quando dividida em muitas gotas é que se poderia começar a ter ou expressar alguma sensação.

Antes de nascermos, não tínhamos sentimentos: éramos um com o universo. A isso chama-se "só-mente", ou "essência da mente" ou "mente grande". Após o nascimento, somos separados dessa unidade, como a água da catarata que se divide pelo efeito do vento e das rochas; só então passamos a ter sentimentos. Você tem dificuldades porque tem sentimentos. Você se apega ao que sente sem saber ao certo como é criado esse tipo de sentimento. Quando você não percebe que é um com o rio ou um com o universo, você tem medo. Dividida em gotas ou não, a água é água.

Quando a água volta à sua unidade original com o rio, deixa de ter qualquer sentimento individual; a água retoma sua própria natureza e encontra serenidade. Que contente deve ficar a água ao retornar ao rio original!
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Re:sabedoria oriental diária
« Resposta #5 Online: 02 de Dezembro de 2017, 00:50:01 »
(DHAMMAPADA)
Quando se compreende quão efêmeros são os seres humanos e os acontecimentos, se alcança uma tranquila felicidade, iluminada pela luz da verdade.

Este é o começo da vida do seguidor: controle de seus sentidos, felicidade, seguir as leis da moralidade e ter boas amizades que sigam uma vida pura e se esforcem na procura da verdade.

Vivendo com amor e cumprindo suas obrigações, conhecerá o fim dos sofrimentos.

Não se prenda a paixões nem a rancores, como o jasmim se desprende de suas flores murchas.
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Re:sabedoria oriental diária
« Resposta #6 Online: 02 de Dezembro de 2017, 00:55:43 »
(TAO TEH KING)
As palavras verdadeiras não são bonitas.
As palavras bonitas não são verdadeiras.
Os homens bons não persuadem.
Os que persuadem não são bons.
O Sábio não é erudito.
O erudito não é sábio.
O Sábio não acumula posse.
Quanto mais ele vive para os outros,
mais ele possui.
Quanto mais dá aos outros,
mais ele recebe.
O Tao do Céu é beneficiar, não prejudicar.
O Tao do Sábio é agir sem lutar.
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Offline criso

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Re:sabedoria oriental diária
« Resposta #7 Online: 04 de Dezembro de 2017, 02:17:27 »
(DHAMMAPADA)
Abandone o passado.
Abandone o futuro.
Abandone o presente.
Só assim poderá atravessar até a outra margem,
além do nascimento e da morte.
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Offline Lorentz

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Re:sabedoria oriental diária
« Resposta #8 Online: 04 de Dezembro de 2017, 08:43:05 »
(DHAMMAPADA)
Abandone o passado.
Abandone o futuro.
Abandone o presente.
Só assim poderá atravessar até a outra margem,
além do nascimento e da morte.

Era fácil pensar assim quando os sacerdotes tinham castas de empregados para cuidar das tarefas do dia-a-dia.
"Amy, technology isn't intrinsically good or bad. It's all in how you use it, like the death ray." - Professor Hubert J. Farnsworth

Offline El Elyon

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Re:sabedoria oriental diária
« Resposta #9 Online: 04 de Dezembro de 2017, 16:00:25 »
Citar
Era fácil pensar assim quando os sacerdotes tinham castas de empregados para cuidar das tarefas do dia-a-dia.

Não exatamente - o Dhammapada é um texto budista, não vedântico ("hindu") - ele é parte de uma série de movimentos religiosos (liderada por um xátria, se a historiografia tradicional de Sidarta Gautama for verdadeira) contra o predomínio religioso bramânico no Norte da Índia - região que aliás, o budismo não teve grande sucesso em se estabelecer (provando a máxima "Santo de Casa não faz Milagre" para religiões com fundadores carismáticos).

Obviamente, isso não quer dizer que ao longo do tempo o budismo não se adaptou a sociedades estratificadas e deu origem a grupos indistintos do brâmanes indianos, como ocorre no Sri-Lanka, Tailândia e Tibet.
« Última modificação: 04 de Dezembro de 2017, 16:03:38 por El Elyon »
"As long as the Colossus stands, Rome will stand, when the Colossus falls, Rome will also fall, when Rome falls, so falls the world."

São Beda.

Offline Gigaview

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Re:sabedoria oriental diária
« Resposta #10 Online: 04 de Dezembro de 2017, 18:36:58 »
Dizem que Ingmar Bergman se divertia com as diferentes interpretações que as pessoas faziam de seus filmes. Talvez, se estivessem vivos, Buda, Lao Tsé, Mencius, dentre outros tantos também estariam rindo de tanta bobagem atribuída a eles.
Não estou dizendo que seja tudo bobagem, mas que na maioria das vezes possivelmente estamos tão distantes do significado original que isso pode ser de certa forma no mínimo engraçado do ponto de vista desses pensadores.

Por isso sempre fui muito cético em relação ao significado desses textos, a começar pelos problemas de tradução. Resultado, cada um lê e entende o que quer e como quer no seu próprio idioma traduzido, e invariavelmente isso tudo acaba servindo como "muletinhas" para qualquer propósito misticóide, como de fato acontece.


Citar
I have often come across passages in my translation of the Mo-ho chih-kuan where the author, Chih-i, refers to analogies or texts with short, cryptic phrases that do not make any sense until one is familiar with the original source behind them. For example, Chih-i's analysis of a certain meditative state (Mo-ho chih-kuan, T. 46.12c) closes with the following exhortation:

Citar
If people do not cultivate such a method [of meditation], they forfeit immeasurable, valuable treasures, and [this is a cause for] both humans and gods to grieve. [Their loss] is as if a person with a stuffy nose sniffed sandalwood and could not smell it, or is like a rustic man who [ignorantly] offers [only] one ox for a [price-less wish-fulfilling] mani jewel. (T 46.13a21-23)

Both similes—the person with a stuffy nose and the rustic man—are references to a series of analogies found in the Pratyutpanna-samadhi-sūtra, and can only be fully appreciated by referring to the original source. Chih-i seems to have assumed that his audience would immediately recognize and understand his images, much the same as a modern audience could be expected to supply the emotional and imaginative context needed to understand phrases such as "crying wolf", "finger in the dike", "barking up the wrong tree", "a material girl", or "Butt-head". But when faced with phrases such as "a rustic man offering an ox" or "seeing seven jewels and one's relatives in a dream and rejoicing", a modern reader cannot make much sense of these without some help.

This leads to a further question. When Chih-i summarizes, or picks up certain phrases and omits others, does he pick up only what he thinks is important, or does he assume that his readers or listeners are familiar with the context and will know how to fill in the details on their own? Is he deliberately emphasizing certain points, or does he intend his summary to stand metonymously for the whole? In some cases, such as the passages cited above, it is obvious that he is using a kind of shorthand for a fuller context known to his audience. But this is not always the case. In either case, the modern reader is likely to be at sea without additional information to understand and interpret the text. In such cases, a merely "accurate" literal translation captures at best only the surface meaning, and at worst leaves only a meaningless jumble of words.
http://www.pucsp.br/rever/rv4_2005/p_swanson.pdf

« Última modificação: 04 de Dezembro de 2017, 18:39:10 por Gigaview »
Brandolini's Bullshit Asymmetry Principle: "The amount of effort necessary to refute bullshit is an order of magnitude bigger than to produce it".

Pavlov probably thought about feeding his dogs every time someone rang a bell.

Offline Fernando Silva

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Re:sabedoria oriental diária
« Resposta #11 Online: 05 de Dezembro de 2017, 09:30:44 »
Quando a água volta à sua unidade original com o rio, deixa de ter qualquer sentimento individual; a água retoma sua própria natureza e encontra serenidade. Que contente deve ficar a água ao retornar ao rio original!
Água fica contente? Tem sentimentos? É bom não ter individualidade?

Offline André Luiz

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Re:sabedoria oriental diária
« Resposta #12 Online: 05 de Dezembro de 2017, 10:16:27 »
Essas metáforas orientais são um saco, é tudo muito biscoitinho da sorte.

"Aquele que controla a cólera do dragão na mente segue o destino suave do vento indomável" e por aí vai

Até no arte da guerra do Sun Tzu é cheio de firulas dessas

Offline Gorducho

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Re:sabedoria oriental diária
« Resposta #13 Online: 05 de Dezembro de 2017, 11:11:58 »
Isso é como nouveau riche nessas galerias de "arte" moderna...
Ou classe-média alta em sessão de degustação de vinhos caro$...

Offline Gigaview

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Re:sabedoria oriental diária
« Resposta #14 Online: 05 de Dezembro de 2017, 14:09:03 »
Os céticos são insensíveis e incapazes de perceber o simbolismo nesses textos e menos ainda a sabedoria que eles revelam.

Os céticos são como dragões de jade sob a luz do luar. Incapazes de cavalgar o vento, apenas refletem a sombra dos vagalumes ofuscados pela luz da Lua com a ilusão de serem um lago que reflete a árvore bodhi num dia ensolarado.
Brandolini's Bullshit Asymmetry Principle: "The amount of effort necessary to refute bullshit is an order of magnitude bigger than to produce it".

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Offline Pedro Reis

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Re:sabedoria oriental diária
« Resposta #15 Online: 09 de Dezembro de 2017, 17:03:28 »
criso,

Aqui é que nem no colégio. Se o aluno, digo, o forista, mostrar qualquer inclinação esquerdista ou mística vai sofrer bullyng da turminha toda.

 

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