Autor Tópico: Micróbios  (Lida 332 vezes)

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Offline JJ

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Micróbios
« Online: 20 de Dezembro de 2017, 09:06:18 »


A ameaça das superbactérias


O crescimento de casos de micróbios resistentes aos remédios ganha status de perigo mundial e, pela primeira vez, vira tema de discussão entre líderes mundiais na ONU


ESFORÇO A ciência procura soluções contra cepas cada vez mais fortes

Cilene Pereira

23.09.16 - 18h00


Pela quarta vez na história, a Assembleia Geral das Nações Unidas – evento que reúne os líderes de todos os países integrantes da organização – incluiu nas suas discussões um tema de saúde. Durante o encontro, realizado na semana passada na sede da ONU, em Nova York, os governantes foram apresentados à grave ameaça representada pelos supermicróbios – bactérias e fungos que estão se tornando resistentes à ação de antibióticos e antifúngicos. O que as autoridades ouviram foi que a contínua expansão desses agentes consiste em risco não só para a saúde, mas também para a economia mundial. Segundo estimativa do Banco Mundial, se nada for feito, em cerca de trinta anos os prejuízos monetários serão comparáveis aos provocados pela crise financeira de 2008, que devastou países e da qual o mundo ainda não se recuperou. No cenário mais pessimista traçado pelos analistas, as nações pobres perderão mais de 5% de suas riquezas e cerca de 28 milhões de pessoas serão jogadas na pobreza.



“Há o reconhecimento de que estamos lidando com um enorme desafio”


As perdas seriam resultado da combinação do aumento acentuado dos gastos em saúde no atendimento aos pacientes infectados por micróbios resistentes com a redução da força produtiva oriunda da fragilização das pessoas afetadas pelas infecções. Antes dos supermicróbios, apenas a emergência da epidemia de Aids, o crescimento das doenças cardiovasculares e o terror do Ebola tinham ganhado espaço na reunião de líderes mundiais.



SEM CONTROLE Rosana alerta que, se nada for feito, o mundo pode se deparar com epidemias que não poderão ser tratadas


O surgimento de agentes infecciosos que não respondem a medicamentos é um problema que há tempos saiu da esfera dos casos individuais e dos ambientes hospitalares para ganhar status de perigo de saúde pública. O fenômeno tem duas origens. A primeira é o uso indiscriminado de antibióticos por parte da população. A cada vez que uma pessoa usa uma medicação deste tipo sem necessidade ou de forma errada contribui para que as bactérias fiquem mais e mais imunes à atuação das drogas. Isso ocorre por mecanismos complexos, mas de forma inevitável.


Ações urgentes


Utilizar sem necessidade significa, por exemplo, lançar mão de antibiótico quando a infecção é produzida por vírus, como são os casos de gripes e resfriados. Antibiótico só funciona contra bactéria. E fazer uso de maneira errada quer dizer não continuar o tratamento como manda o médico. É comum que os pacientes parem de tomar o medicamento quando sentem a primeira melhora. Mas isso faz com que apenas as bactérias mais fracas morram. As mais fortes, até aquela altura fora do alcance da droga, persistem e se proliferam. Na próxima vez em que for preciso usar um antibiótico, será necessário receitar um mais forte. Até que não exista mais essa opção.


O segundo motor a criar o exército de supermicróbios é a utilização de antimicrobianos na agropecuária. Os remédios são usados na fabricação de ração para fazer com que cresçam mais rápido. A ingestão dos produtos provenientes da carne também fortalece o surgimento de resistência.


Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 700 mil pessoas morrem no mundo, por ano, devido a infecções causadas por agentes multiresistentes. Entre os principais estão a MRSA, variável resistente da Staphylococcus aureus, uma das principais responsáveis por infecções hospitalares, e as formas resistentes da bactéria Mycobacterium tuberculosis, causadora da tuberculose. Até há pouco tempo, a Neisseria gonorrhoeae, responsável pela gonorreia, respondia a apenas uma classe de antibióticos. No entanto, há relatos de casos que não respondem mais a nem essas medicações. “Se ações concretas não forem tomadas, a situação ficará cada vez pior, a ponto de não termos mais o que usar em epidemias”, diz a infectologista Rosana Richtmann, do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, em São Paulo.


De fato, corre-se o risco de a humanidade voltar à era pré-penicilina, quando não havia nenhum recurso eficaz contra as bactérias e as doenças infectocontagiosas figuravam entre as primeiras causas de mortalidade. A inclusão do tema na conferência da ONU, porém, sinaliza que finalmente o mundo se dá conta do perigo. “Há o reconhecimento por diferentes pessoas, setores e organizações de que estamos lidando com um enorme desafio”, afirmou Keiji Fukuda, responsável pelo acompanhamento da questão na OMS.


Uma das respostas veio das indústrias farmacêuticas. Treze das maiores companhias anunciaram que trabalharão em conjunto para monitorar casos de resistência e fortalecer campanhas de alerta para o uso equivocado de antibióticos. No entanto, é preciso mais. “Investir na educação contra o uso indiscriminado de antibióticos e estimular atitudes básicas em hospitais, como lavar as mãos, são algumas das ações”, diz a médica Rosana.


O papel dos restaurantes contra as superbactérias
Na mesma semana na qual o perigo dos supermicróbios chegou à discussão na ONU, um relatório organizado por entidades de defesa do consumidor, segurança alimentar e meio ambiente apontou que as grandes cadeias de fast food ainda precisam fazer a sua parte para conter a ameaça. O documento faz um ranking mostrando como empresas como a Subway, o McDonalds e a Pizza Hut estão adotando na prática políticas que levem à extinção da oferta de carnes provenientes de animais alimentados com rações enriquecidas com antibióticos. Muitas redes estão reduzindo bastante a quantidade de antibiótico nas carnes que servem, especialmente na de frango, mas ainda há muito o que ser feito. Mais informações podem ser obtidas neste documento (em inglês)


Fotos: Andre Lessa/Agencia IstoÉ


https://istoe.com.br/ameaca-das-superbacterias/



Offline Zero

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Re:Micróbios
« Resposta #1 Online: 21 de Dezembro de 2017, 11:05:47 »
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Mulher morre nos EUA devido a bactéria “resistente a tudo”
Idosa havia sido internada várias vezes na Índia, antes de voltar a seu país

Emilio de Benito

Madri 14 JAN 2017 - 15:59 BRST   

Descoberta uma superbactéria imune ao antibiótico mais potente.

O Centro de Controle de Doenças de Atlanta (CDC), responsável pela vigilância de epidemias nos Estados Unidos, publicou na quinta-feira em seu relatório semanal sobre saúde e mortalidade o caso de uma mulher septuagenária que morreu em Reno, Nevada, no início de setembro do ano passado; os exames detectaram que ela tinha uma infecção causada por uma bactéria "resistente a todos os antibióticos conhecidos".

A mulher havia morado na Índia durante dois anos, nos quais tinha sido internada várias vezes em hospitais. A bactéria causadora das internações e da morte é uma Klebsiella pneumoniae, caracterizada por ter a mutação Nova Délhi dentro do grupo de bactérias resistentes aos carbapenemas, o grupo mais forte de antibióticos. No total, segundo o relatório, foram testados 26 tipos diferentes de drogas, e nem deles conseguiu parar a infecção. Normalmente, essas bactérias são contraídas em centros de saúde, o que limita seu impacto.

No entanto, o exame posterior mostra que a bactéria ainda não tinha resistência a todos os medicamentos — a alguns deles, possuía resistência apenas parcial. Assim, seria possível fazer um tratamento que pudesse frear a evolução da enfermidade, embora não se saiba se isso teria salvado a mulher. O artigo explica que a paciente foi isolada quando se soube que tinha uma klebsiella resistente a carbapenema.

O caso é mais um sinal de alerta para que se tomem medidas no controle da bactérias e no uso de antibióticos. Os microorganismos adquirem as resistências (totais ou parciais) quando são expostos ao medicamento apenas parcialmente — sem que haja tempo ou intensidade para liquidá-los antes de que haja mutação. Por isso, os especialistas em Saúde insistem tanto que os tratamentos com antibióticos devem ser feitos até o final, mesmo que o doente já não apresente mais sintomas.

Os antibióticos foram, ao lado das vacinas e de medidas sanitárias básicas, como o acesso à água potável, fundamentais no aumento da expectativa de vida mundial no último século. Mas sua efetividade tem sido vista com desconfiança, e com um agravante: não há previsão de que novos grupos sejam desenvolvidos em curto prazo. Por isso, a mensagem da última Semana Sobre o Uso Responsável de Antibióticos, em novembro do ano passado, insistia: é preciso preservar os medicamentos que ainda funcionam.

https://brasil.elpais.com/brasil/2017/01/13/internacional/1484341886_002271.html

 

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