E qual seria a rota de maior aproximação mais plausível?
Imagino que a defesa de pautas sobrepostas com o populismo petista, como re-nacionalização de empresas privadas, mas agora com uma fina camada verniz de "não é que as privatizações sejam necessariamente ruins, apenas que FHC e os neoliberais entreguistas venderam tudo a preço de banana", além de postergar indefinidamente para futuras privatizações, mantendo o discurso nacionalista petistóide, "precisamos de uma indústria forte, os setores mais importantes precisam ser da nossa gente, não podemos vendê-los para qualquer estrangeiro bilionário ou para um outro estado além do nosso. Soberania acima de tudo."
E nas partes sociais, vetos a políticas liberais/progressivas, maior repressão policial, encarceiramento, retrocesso em temas como drogas, maior subsídio ao cristianismo.
Destoando um pouco disso, talvez coisas como aumento de acesso a contraceptivos. O que a esquerda não-tão conservadora talvez atacará fazendo alguma analogia a esterilização compulsória, ou controle demográfico etno-nacionalista-político, relembrando Maluf.
É capaz que oposição de uma parta da esquerda "não convertida" ajudasse a conseguir apoio a medidas mais direitistas. Voluntariamente os esquerdistas continuariam se colocando no papel dos que afrontam "a moral e dos bons costumes", que precisam ser mais vigorosamente defendidos, já que o que trouxe o país ao fundo do poço foi antes de mais nada a falta de princípios morais na sociedade e em seus líderes.
MST, MTST, e/ou aquele grupo liderado pelo Boulos, teriam grandes chances de sofrerem um tratamento como terroristas, o que embora seja mesmo defensável em alguns casos, tecnicamente falando, também deve causar uma reação análoga de reforço de partes da população, bem como de maior extremismo, talvez uma fusão maior com grupos como PCC e CV (o último de origens comunistas). A forma de lidar com estes classificados como terroristas seria provavelmente mais drástica do que governos anteriores (mesmo FHC) se tivessem adotado essa classificação, ressuscitando os fantasmas da ditadura, bem como o vigor da resposta na linha de que "direitos humanos para humanos direitos".
Não pretendi sugerir nada apocalíptico, apenas a possibilidade de uma progressão gradual da polarização atual e de medidas políticas mais extremas.
Acho que um "golpe" literal, ou passos mais largos nessa direção, talvez acabasse sendo viabilizado na medida em que os os "defensores dos terroristas" ainda atuando legalmente na política constituíssem uma oposição ameaçadora, ou conforme aumentassem em número e gravidade os atos terroristas de MST, MTST, "antifas", etc.