Autor Tópico: Espiritismo e Política  (Lida 1123 vezes)

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Espiritismo e Política
« Online: 20 de Fevereiro de 2018, 15:07:00 »
Acho que não tem um tópico sobre Espiritismo e Política por aqui.
Até porque eu julgava serem temas bem diferentes entre si e que não se misturariam com facilidade.

Mas não é que também está se misturando?
A política está se infiltrando em todos os assuntos e agora tomou de assalto o Espiritismo.
E está rolando uma treta federal para as bandas de Divaldo Franco, que foi questionado e acabou expondo publicamente suas opiniões sobre Ideologia de Gênero.

Pra quê?

Agora, os Espíritas Progressistas respondem à entrevista coletiva dele e de Haroldo Dutra no congresso de Goiás com um manifesto inteiro, nos moldes daqueles assinados por vários progressistas, "Foi Golpe!", "República de Curitiba", Parcialidade e seletividade de Sérgio Moro" e etc.

E deu mais assunto em outras rodas também.


Seguem detalhes nos posts seguintes.



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Re:Espiritismo e Política
« Resposta #1 Online: 20 de Fevereiro de 2018, 15:07:24 »
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A opinião de Divaldo Franco e a celeuma da esquerda pedante

20 de fevereiro de 2018
Por Lucas Berlanza, publicado pelo Instituto Liberal

Alguns de meus leitores e amigos sabem que sou espírita, porém não me é de praxe misturar estações e trazer à baila minhas ideias no campo da espiritualidade e da religiosidade quando o espaço se destina à discussão da política ou vice-versa.

Por um lado, porque aqui procuro escrever como brasileiro, para leitores de todas as crenças e descrenças; os problemas pertinentes aos reclames liberais da nossa pátria, à busca de prosperidade, segurança, liberdade e dignidade em nosso torrão, podem – ao menos devem – ser os mesmos, sejamos católicos ou ateus. Por outro, porque os espíritas somos recomendados de maneira explícita por nosso fundador, o francês oitocentista Allan Kardec, a afastar de nossas discussões de ordem doutrinária e de nossas reuniões particulares qualquer questão polêmica ou “irritante”, em especial aquelas relativas à política ideológico-partidária e a controvérsias religiosas.

Circunstâncias excepcionais, contudo, ensejam atitudes excepcionais. Eis que nosso amigo Rodrigo Constantino, colunista da Gazeta do Povo, replica um vídeo do médium baiano Divaldo Pereira Franco, autor de imensa gama de livros psicografados e fundador de uma obra social chamada Mansão do Caminho, em que este expressa, com firmeza, posições de caráter político-social. Frise-se: estava ele em um evento em que se podia fazer perguntas, e um jovem no auditório perguntou sua opinião sobre a ideologia de gênero.

O médium resumiu que ela marca “um momento de alucinação psicológica da sociedade”. Atribuiu ao marxismo a tese de que a escravidão moral de um povo é um caminho mais efetivo que a escravidão meramente econômica, descrevendo, fundamentalmente, a famigerada subversão cultural gramsciana. Elogiou a atuação do juiz Sérgio Moro e da “República de Curitiba” no “desnudar da hipocrisia”, deixando claro que o juiz não “provocou escândalo” algum e sim o desvelou. A ideologia de gênero seria mais um instrumento de confusão, difundido em cartilhas para convulsionar as mentes infantis; é preciso fiscalizar os governantes para combater tal imposição, de uma “imoralidade ímpar”, tal como o aborto, que as mesmas forças políticas tentam tornar inteiramente legal.

Divaldo respondeu a partir de suas próprias ideias. Não há que dizer, fique claro, que, porque ele disse alguma coisa, esta é a visão do Espiritismo. Pessoalmente, concordo, em linhas gerais, com o posicionamento de Divaldo – e já discordei dele muitas vezes, mais uma razão para não ter qualquer constrangimento em fazer coro a sua opinião neste momento, sem receios de ser taxado de “idólatra” ou subserviente.

Lamentavelmente, a esquerda pedante e ciosa de seu suposto monopólio da virtude está por toda parte e o movimento espírita não é exceção, não importa quantas contradições e paradoxos precisem ser desprezados para isso. Depois que o vídeo de Divaldo se popularizou, associações e personalidades que, desconsiderando o conselho de Kardec, insistem já há algum tempo em trazer seus apreços político-partidários para a ambiência espírita como se, em tal aspecto, fossem a voz soberana da razão e da justiça, se mobilizaram para demonstrar sua repulsa às suas declarações. Ignorarei aqui a saraivada de insultos que pipocaram em redes sociais. Registro apenas que, contra a opinião de um único homem expressa quando perguntado, autointitulados “espíritas progressistas” redigiram em conjunto, com assinatura coletiva, um manifesto inteiro apenas para desdizê-lo.

A iniciativa tem envolvimento da pedagoga Dora Incontri, que coordena a Associação Brasileira de Pedagogia Espírita e redigiu um texto de sua própria lavra sobre o assunto, onde diz que Divaldo “está exercendo sua imensa influência no movimento espírita para fortalecer posições retrógradas, anti-humanitárias e o faz sem qualquer argumentação”. Trata-se da mesma pessoa e da mesma instituição que endossaram, não muito tempo atrás, um Manifesto Espíritas em Defesa da Democracia, nada mais que um panfleto mal disfarçado para denunciar o quanto a Operação Lava Jato representava um “golpe à democracia”, de vez que denunciava a “imprensa” e o “Judiciário” como os fatores de maior preocupação diante da prisão de criminosos.

O manifesto atual deixa esse caráter ainda mais claro. Diante da propositada confusão entre o Espiritismo e o notório partidarismo dos abaixo-assinados do manifesto, do ataque despropositado à opinião pessoal expressa livremente pelo cidadão Divaldo Franco e do tom generalista assumido pelo texto, sinto-me compelido a pôr os “pingos nos is” para que os não-espíritas não acreditem que a opinião de Divaldo é apenas um evento isolado e que todos os espíritas concordam com o que ali está expresso. Quando alguns resolvem “dar a César o que é de Deus”, para fazer uso de uma analogia evangélica, faz-se necessário rebater seus termos para promover a devolução.

O manifesto começa criticando superficialidades, como a referência à “República de Curitiba” – para os autores, uma afronta à “República brasileira”. Não perderei tempo com tamanha tolice. Diz o texto que “Divaldo assume uma postura claramente partidária, contrária ao PT”, fazendo uma “crítica rasa” e “chamando o governo desse partido de marxista e assumindo um discurso próprio da polarização extremista, manipulada e sem consistência”.

Ele, efetivamente, disse o que pensa: apontou a presença de derivações do divisionismo e do espírito de cizânia próprios do marxismo na prática política desenvolvida no Brasil na última década. Não foi partidária a nota dos “espíritas pela democracia” quando elegeram a Justiça e a imprensa como vilãs? A diferença é que o é de maneira mais hipócrita e dissimulada. Não é partidária – e irresponsável – a parte do manifesto em que os abaixo-assinados dizem que Moro é questionável “dadas as críticas de grandes juristas nacionais e internacionais à parcialidade desse juiz e a seus atos de ilegalidade, que feriram a Constituição, e às notícias que correm na mídia de seu conluio com determinados segmentos e partidos”? “Notícias que correm na mídia”? Quais as provas que os abaixo-assinados esquerdistas oferecem para sustentar suas injúrias? Se nenhuma, que pensem duzentas vezes antes de acusar as afirmações transparentes e óbvias de Divaldo de serem mero “partidarismo”.

O texto diz também que não existe “ideologia de gênero”, mas sim “uma área de pesquisa no mundo que se chama ‘Estudos de Gênero’ – que teve influência de Michel Foucault, Simone de Beauvoir e Judith Butler” – todos, é evidente, autores de esquerda. É muito interessante que “estudos” estimulem deformações na língua para “neutralizar” o gênero das palavras, principalmente entre frequentadores do ambiente universitário; a atitude de pais de fazerem crianças acreditarem, desde a tenra idade, que não são “masculinas” ou “femininas” e sim entidades fluidas à espera de definição; a tentativa de estabelecer cartilhas e discussões em escolas, tudo isso com base em “estudos”. São “estudos” que impõem a crença em que, se eu me julgar uma mulher, eu sou uma “mulher” (e, se sou o que quero e sinto e não o que a biologia impõe, esse conceito “mulher” não tem qualquer base objetiva para existir, logo o que significa eu “ser mulher”?). “Podemos concordar com algumas dessas conclusões, discordar de outras, deixar em suspenso outras tantas”, dizem ainda. Ora, se são “estudos” com os quais se pode discutir, por que tanto ativismo em fazê-los descer goela abaixo da sociedade e submeter crianças às suas consequências ainda mal deduzidas?

“Divaldo revela também completo desconhecimento dessa área de estudos de gênero, alinhando-a ao marxismo e ao comunismo” porque “as grandes lideranças desses estudos estão nos Estados Unidos e na Europa”. Será que os abaixo-assinados ouviram falar no italiano Antônio Gramsci? Na Escola de Frankfurt? Em Herbert Marcuse? Será que acreditam que “marxismo” e “comunismo” só se podem referir a qualquer coisa que tenha acontecido na União Soviética, em Cuba ou na Coreia do Norte? Será que sabem que o próprio Marx, ainda que seu sistema tivesse base mais econômica, já deixava claro que a família e a cultura cristã eram obstáculos à sua doutrina e a transferência contemporânea do seu espírito belicista ao plano cultural, às subjetividades e “minorias” é uma elaboração dessa brecha original? Acho que quem precisa saber melhor do que está falando nesse caso não é bem o Divaldo…

O maior problema, porém, e encerro com ele, é a conclusão do manifesto. Para os abaixo-assinados, ao opinar, os espíritas devem – DEVEM! – “preferencialmente, defender os direitos dos mais fragilizados socialmente, no caso, as mulheres, as crianças, os membros da comunidade LGBT+”, além “dos negros e negras, as juventudes periféricas e as pessoas com deficiência” e não devem “alimentar discursos de ódio partidário e nem medidas punitivas”.

Desafio esses esquerdistas a demonstrar a pertinência de tal observação, já que não vi Divaldo realizar qualquer afronta a esses grupos e pessoas. Eles sim fizeram ilações sem base sobre a pessoa do juiz Sérgio Moro. Eles sim sentenciam a divergência à qualidade de obscurantismo e nos querem fazer passar por aberrações morais. Já o Espiritismo, este diz que todos, perante Deus, têm o mesmo valor ontológico. Sendo assim, não há que olhar “preferencialmente” para os “direitos” de fulanos ou sicranos.

Não podemos permitir que todos os espaços sejam prostituídos aos interesses mesquinhos de ideólogos de plantão. Já aqueles que se consideram os “progressistas”, senhores do bem e do mal, seria de bom tom que demonstrassem mais senso de proporção e justiça, não fizessem ataques sem base e atestassem por atos aquilo de que se ufanam.


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Re:Espiritismo e Política
« Resposta #2 Online: 20 de Fevereiro de 2018, 15:07:53 »
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Espíritas progressistas respondem à entrevista coletiva de Divaldo Franco e Haroldo Dutra no congresso de Goiás

Posted on
Fevereiro 17, 2018
Autor: MarceloHenrique2 comentários

Nota de resposta à entrevista coletiva de Divaldo Franco e Haroldo Dutra no congresso de Goiás

Espíritas que somos, os abaixo-assinados, tornamos pública a nossa desaprovação a diversas opiniões que foram expostas no vídeo que circulou essa semana nas redes sociais, e que depois foi retirado do Youtube.

Declaramos que elas não nos representam e não representam o espiritismo, pois são apenas opiniões pessoais de seus autores, e que, em nosso entender, carecem de fundamento teórico e científico.
Aliás, médiuns e oradores não têm autoridade para falar em nome do espiritismo.

Ninguém tem essa autoridade, nem mesmo instituições federativas.

O espiritismo é uma ideia livre, cuja maior referência é Kardec

Mas cujos livros também não podem ser citados como bíblia.

Para manifestarmos ideias e posições do ponto de vista espírita, segundo a própria metodologia proposta por Kardec, temos de dialogar com a ciência de nosso tempo, usar argumentos racionais e adotar de preferência posturas que estejam de acordo com os princípios básicos da ética espírita, que são os da liberdade de consciência, amor ao próximo, fraternidade, entre outros.

O movimento espírita brasileiro está longe da unanimidade em todos os temas, sobretudo os que se referem a questões contemporâneas e, por isso, é importante delimitar as posições, para deixarmos claro que declarações como as que foram feitas neste vídeo não representam o espiritismo.

Dessa forma, rebatemos alguns pontos da referida entrevista:
  • Divaldo referiu-se à República de Curitiba e a seu suposto “presidente”, Sérgio Moro. Não existe uma República de Curitiba, pois segundo nossa Constituição só há uma República a ser reconhecida em nosso território, e é a República Federativa do Brasil.
  • E a referência a um juiz federal de primeiro grau como o Presidente desta acintosa República é um grave desrespeito ao Estado, à nação brasileira, atribuindo a tal república poderes inexistentes em nossa Constituição.
  • Além dessa nociva postura marcadamente messiânica e de culto à personalidade, pode dar a entender que o restante do povo brasileiro não presta e que não há pessoas boas espalhadas pelo Brasil dando o melhor de si.
  • Divaldo chama esse mesmo juiz de “venerando” – o que é altamente questionável, dadas as críticas de grandes juristas nacionais e internacionais à parcialidade desse juiz e a seus atos de ilegalidade, que feriram a Constituição, e às notícias que correm na mídia de seu conluio com determinados segmentos e partidos.
  • Divaldo assume uma postura claramente partidária, contrária ao PT – o que é de seu pleno direito, mas nunca em nome do espiritismo – fazendo, porém, uma crítica rasa, com uma miscelânea conceitual, chamando o governo desse partido de marxista e assumindo um discurso próprio da polarização extremista, manipulada e sem consistência que invade nossas redes sociais e nossa vida política, contribuindo para os momentos de incertezas e de medos em que vivemos.
  • Há uma fala extremamente problemática que se refere à chamada “ideologia de gênero”. Não existe “ideologia de gênero” – este é um termo criado por setores fundamentalistas da Igreja Católica e depois adotado pelas Igrejas Evangélicas. Existe sim uma área de pesquisa no mundo que se chama “Estudos de Gênero” – que teve influência de Michel Foucault, Simone de Beauvoir e Judith Buttler. Os “Estudos de Gênero” se dedicam a procurar entender como se constitui a feminilidade e a masculinidade do ponto de vista social, se debruçam sobre questões de orientação sexual, hétero, homo, transsexualidade – ou seja, todos fenômenos humanos, que estão diariamente diante de nossos olhos. Podemos concordar com algumas dessas conclusões, discordar de outras, deixar em suspenso outras tantas. Esse olhar é muito recente na história e ainda estamos apalpando questões profundas e complexas – e em nosso ponto de vista espírita, não é possível ter plena compreensão delas sem a chave da reencarnação. Uma abordagem puramente materialista jamais vai dar conta do pleno entendimento do psiquismo humano. Mas estamos muito longe de ter gente reencarnacionista competente, fazendo pesquisa séria, para dialogar com pesquisadores com abordagens meramente sociológicas ou psicológicas. Então, nós espíritas, não temos ainda melhores respostas que os outros e não podemos, por cautela, seguir a cartilha dos setores conservadores mais radicais de generalizar esses estudos sob o termo, usado aqui pejorativamente, de ideologia, para desqualificá-los como “imoralidade ímpar”. Parece-nos que uma dose de humildade científica, prudência filosófica e bom-senso faria bem a todos nesse ponto, especialmente quando o domínio sobre os corpos e a sexualidade sempre foi um ponto central para as religiões ocidentais.
  • Divaldo revela também completo desconhecimento dessa área de estudos de gênero, alinhando-a ao marxismo e ao comunismo. As grandes lideranças desses estudos estão nos Estados Unidos e na Europa. Aliás, os estudiosos desse tema encontram-se em diversas correntes de pensamento, desde marxistas até pós-modernos de diferentes matizes e até liberais. Ao fazer isso, mais uma vez, mostra a adesão a um discurso pronto, midiático, que ressoa nos setores evangélicos e católicos mais radicais, que primam por taxar qualquer ideia ou debate que lhes desagrade com o termo “comunista” – um grande espantalho generalizante, simplista e esvaziado de sentido, mas que tem sido eficaz, ao longo dos tempos, para dar forma a medos sociais e, assim, orientar o ódio e o ressentimento das pessoas contra certos alvos.

Por fim, deixamos aqui as seguintes afirmações:
  • Nenhum médium ou orador pode falar em nome de todos os espíritas ou em nome do espiritismo. Isso é, por si só, desonestidade intelectual;
  • Quando um espírita, sobretudo se tem influência sobre a comunidade, manifesta uma ideia ou uma opinião, tem por dever se informar sobre os temas de que está falando, usar referências confiáveis e estar em consonância com a lógica, com a ciência e com o bom senso.
  • Deve também, preferencialmente, defender os direitos dos mais fragilizados socialmente, no caso, as mulheres, as crianças, os membros da comunidade LGBT+, que são objeto dessas discussões dos estudos de gênero, justamente por estarem vulneráveis a todo tipo de violência e desrespeito em nossa sociedade, além dos negros e negras, as juventudes periféricas e as pessoas com deficiência.
  • Não deve alimentar discursos de ódio partidário e nem medidas punitivas contra quem quer que seja: nossa bandeira é a da educação, da fraternidade entre todos e da paz, comprometidos com a democracia, a justiça social e a regeneração da sociedade.

Abaixo Assinaram:
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Re:Espiritismo e Política
« Resposta #3 Online: 20 de Fevereiro de 2018, 15:08:45 »
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Desinformação, cegueira e idolatria no movimento espírita
Publicado em 17 de fevereiro de 2018 por Dora Incontri

Em 2007, a Associação Brasileira de Pedagogia Espírita lançou um número isolado do Jornal Mensagem, invocando a herança de Herculano Pires, para fazer uma crítica ao modismo então injetado no movimento espírita sobre as ditas crianças índigo e cristal. Demonstramos então que se tratava de um empreendimento comercial, de uma seita New Age, norte-americana, sem nenhuma base científica e que criava uma discriminação absurda entre as crianças, ao classificar algumas de índigo, outras de cristal e outras que seriam apenas normais. Nessa ocasião, Divaldo Franco estava lançando um livro sobre o tema – apoiando a moda. Nessa publicação, não mencionamos o nome de Divaldo e nem o seu livro sobre o assunto. Mas sofremos retaliações por causa do jornal, embora ninguém tenha apresentado um único argumento contra os vários que enumeramos.

Agora, nesses últimos dias, recebemos na ABPE inúmeras mensagens, pedindo um posicionamento nosso a respeito da entrevista coletiva dada por Divaldo Franco e Haroldo Dutra num congresso em Goiás. Participamos então de um texto coletivo a respeito e aprofundamos o assunto aqui no blog. Buscamos entretanto exercitar o espírito crítico com respeito humano e o discernimento equilibrado das coisas. Assim, antes de mais nada, temos de declarar que quando discordamos de uma pessoa ou fazemos uma crítica a posições ou ideias ditas por ela, isso não significa desrespeito ao ser humano.

A primeira coisa que devemos lamentar e fazer uma objeção firme é em relação à crescente partidarização que Divaldo tem assumido em suas declarações. Na citada entrevista, refere-se à república de Curitiba, comandada pelo “presidente Moro” (sic), “venerando juiz”… No mínimo, ele poderia se questionar como alguém pode ser venerando, se há inúmeras críticas de juristas internacionais e brasileiros quanto à evidente parcialidade e seletividade da “justiça” de Moro e de grande parte do judiciário no Brasil atual. Como pode uma liderança espírita desconsiderar tudo isso e assumir o discurso da massa de manobra? Lembramos ainda a recente homenagem de Divaldo a João Dória em São Paulo, causando enorme constrangimento a todas as pessoas esclarecidas politicamente, que na ocasião estavam indignadas com a ração humana, que o prefeito estava querendo dar aos moradores de rua.

Sabemos que o país está polarizado. Por isso mesmo, nossas palavras requerem prudência, argumentação e compromisso ético. Ora, em nossa opinião, Divaldo está exercendo sua imensa influência no movimento espírita para fortalecer posições retrógradas, anti-humanitárias e o faz sem qualquer argumentação, sem qualquer aprofundamento nas questões políticas e sociais, mas de maneira superficial, mística e leviana, como fez com a ideia das crianças índigo anos atrás.

Recentemente também saiu um desenho animado calcado numa palestra de Divaldo, em que ele conta uma história absurda em que supostos espíritos judeus e muçulmanos estariam promovendo cruéis obsessões em centros espíritas, semeando a discórdia entre nós, cristãos tão bondosos! Uma ideia discriminatória e falsa. Promove a intolerância religiosa e simplesmente não tem nada a ver. Por que judeus e muçulmanos estariam preocupados conosco? Em suma, uma fantasia de mau gosto.

Outra questão que nos espanta é a maneira como  Divaldo, quanto fala sobre a chamada “ideologia de gênero”. E aqui vamos nos deter um pouco mais no assunto, porque não se trata apenas de uma questão política, mas também acadêmica.

Não existe “ideologia de gênero” – este é um termo criado por setores conservadores da Igreja Católica e depois adotado pelas Igrejas Evangélicas, para colocar várias coisas num mesmo saco e torná-las todas abomináveis e ameaçadoras.

Existe sim uma área de pesquisa no mundo que se chama “Estudos de Gênero” – que teve influência de Michel Foucault, Simone de Beauvoir e Judith Buttler, que esteve recentemente no Brasil (e não tinha vindo falar sobre gênero) e quase foi linchada por fanáticos, que certamente jamais leram um livro dela.

Pois bem, os “Estudos de Gênero” se dedicam a procurar entender como se constitui a feminilidade e a masculinidade do ponto de vista social, se debruçam sobre questões de orientação sexual, hetero, homo, transsexualidade – ou seja, todos fenômenos humanos, que estão diariamente diante de nossos olhos. Podemos concordar com algumas dessas conclusões, discordar de outras, deixar em suspenso outras tantas. Esse olhar é muito recente na história e ainda estamos apalpando questões profundas e complexas – e em nosso ponto de vista espírita, não é possível ter plena compreensão delas sem a chave da reencarnação. Uma abordagem puramente materialista jamais vai dar conta do pleno entendimento do psiquismo humano. Mas estamos muito longe de ter gente reencarnacionista competente, fazendo pesquisa séria, para dialogar com pesquisadores com abordagens meramente sociológicas ou psicológicas. Então, nós espíritas, não temos ainda melhores respostas que os outros.

Mas dentro desse universo de questões ligadas a gênero e sexualidade há pontas de um lado e de outro.

Por exemplo, uma vantagem trazida por esse discurso contemporâneo é a busca de igualdade de direitos entre homens  e mulheres (os Estudos de Gênero nascem com o feminismo e ainda estamos muito distantes de uma igualdade nesse sentido, basta ver os dados em relação à violência contra a mulher no Brasil), o chamado ao respeito à diversidade, ao respeito à dignidade de todos, incluindo os da comunidade LGBT, o entendimento de que todo ser humano tem o direito de exercitar sua sexualidade como bem entender, desde que não violente outro ser humano. Então, de um lado, temos o Papa Francisco que diz “quem sou eu para julgar?” e, do outro, temos  líderes espíritas que jamais se referem às violências praticadas contra homossexuais e travestis, contra mulheres e crianças, contra negros e pobres. Ao contrário, adotam discursos em tudo semelhantes às lideranças mais retrógradas de outras religiões: discursos que lembram Malafaias e Felicianos.

Mas ao nos alinharmos entre aqueles que defendem os direitos humanos de todos e todas, não significa, por outro lado, adotar uma teoria e prática extremista como a proposta por exemplo por alguns na Suécia, de que quando nasce uma criança, nem se dar o nome nem se vestir de menino ou menina, deixando que mais tarde ele-ela decida… Ou ainda como se faz hoje nos Estados Unidos de realizar cirurgia de inversão de sexo, com crianças de 10, 12 anos. Obviamente que esses extremos são absurdos, embora raros, e jamais foram propostos aqui no Brasil, pois que desrespeitam a maturação psíquica da criança ainda em desenvolvimento. E são coisas de países capitalistas e não comunistas, como Divaldo anunciou na entrevista.

Esses temas são muito complexos, mobilizam paixões de um lado e de outro e esperam ainda delicados e dedicados estudos para compreendermos melhor como se dá essa integração entre heranças reencarnatórias, influências do meio social, constituição familiar, fatores genéticos… Portanto, um comedimento nas análises é muito bem vindo.

Mas o que é preciso frisar sempre é o respeito a todos e todas, o combate a qualquer forma de discriminação e violência contra quem quer que seja e seria muito bom que seguíssemos Jesus, se nos dizemos cristãos – ele não condenou os corruptos, os ladrões e os que na sua época eram considerados sexualmente desviados – as únicas pessoas com as quais ele foi duro foi justamente com os religiosos hipócritas.

O que mais aborrece a espíritas conscientes é o fato de tantos outros espíritas comprarem cegamente o que líderes assim falam. Esse é o problema da idolatria, da falta de critério e de estudo e, sobretudo, da falta das diretrizes racionais que Kardec imprimiu ao espiritismo.

Se não mudarmos o rumo, já já seremos uma nova seita.


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Re:Espiritismo e Política
« Resposta #4 Online: 20 de Fevereiro de 2018, 15:09:17 »
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Associação Brasileira de Pedagogia Espírita
28 de março de 2016 · Editado ·
 
Manifesto
Espíritas em defesa da Democracia

Diante da encruzilhada histórica em que o Brasil se encontra, compete-nos tomar uma posição firme em defesa de alguns valores essenciais para todos nós, filhos e filhas desta terra, de que tantos reclamam, que tantos depreciam, mas que é nossa pátria comum e onde enraizamos nossos projetos existenciais, nossa cidadania, nossos afetos e nossos sonhos. Nação que, acima de tudo, requer nosso empenho para que patamares efetivos de paz social se façam, para que a justiça possa brilhar límpida e para que a fraternidade se concretize em ações e transformações individuais, sociais, institucionais, políticas e econômicas.

Nós, abaixo assinados, integrantes do movimento espírita brasileiro, aqui representados institucionalmente pela Associação Brasileira de Pedagogia Espírita, queremos deixar claro nosso posicionamento diante das graves circunstâncias históricas em que estamos inseridos neste momento:

1) Sabemos das deficiências da democracia que, em toda parte do mundo, funciona impulsionada por interesses econômicos, por jogos de poder, manipulada por uma mídia corporativa, que também integra essa partilha econômica. Mas apesar dessas deficiências, a vida democrática presente, sem regressão, é preferível para as ações das lutas sociais, para a liberdade de expressão e para a ação intelectual e política de melhoria e transformação social. Aqui, portanto, afirmamos nossa firme defesa do estágio atual da nossa democracia, contra retrocessos.

2) Sabemos das deficiências da Lei, quase sempre vinculada à subjetividade dos que a aplicam, muitas vezes também comprometida com interesses econômicos e sociais. Mas, apesar dessas deficiências, a Constituição Brasileira tem garantido espaços de luta. Aqui, portanto, afirmamos a nossa firme defesa dessa Carta Magna, também contra retrocessos.

Essa defesa, em face de uma possível regressão do atual estágio da democracia e da Constituição, construídas de maneira custosa, depois dos anos obscuros da Ditadura Militar, não nos coloca sob a bandeira desse ou daquele partido específico, podendo cada um de nós escolher as suas preferências partidárias e seus caminhos de atuação política e social, direito que hoje a democracia garante.

Além dessa firme defesa contra o retrocesso institucional, conclamamos no presente momento todos os brasileiros a se posicionarem de forma não violenta em seu convívio com os divergentes, para que haja diálogo com argumentos e sensatez, respeito e tolerância.
Esperamos que os trabalhadores da Justiça tenham isenção e misericórdia, não se pensando que justiça possa ser alcançada por linchamentos midiáticos, que favorecem o ódio, nem pela aberta exceção legal.

Acima de tudo, ainda declaramos que uma vida social mais plena, transformadora e progressista dos brasileiros e dos povos do mundo se fará principalmente através da Educação. Uma Educação livre, plural – que ensine a pensar e não a obedecer, que ensine a agir com integridade e solidariedade.

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Offline Gabarito

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Re:Espiritismo e Política
« Resposta #5 Online: 20 de Fevereiro de 2018, 15:11:22 »
Vídeo que deu a ignição da quizomba toda:

<a href="https://www.youtube.com/v/n7NXgIvnNDM" target="_blank" class="new_win">https://www.youtube.com/v/n7NXgIvnNDM</a>

Offline criso

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Re:Espiritismo e Política
« Resposta #6 Online: 20 de Fevereiro de 2018, 15:30:07 »
palavras do V.'.M.'. Léon Dénis:

"[...]a reforma social, para ser mais segura e mais prática, deveria começar pela reforma do homem em si mesmo. Se cada um se impusesse uma disciplina intelectual, uma regra capaz de asfixiar, de destruir um fundo de egoísmo e brutalidade que nos foram legados pelas idades, toda a bagagem mórbida que trazemos ao nascer e que é a herança de nossas vidas passadas, e isso de modo a fazer renascer em nós um homem novo, a evolução do meio social seria rápida."
"Segundo os meus artigos precedentes, eu me coloquei entre os socialistas. Mas tive o cuidado de dizer que não aceito o socialismo sem a doutrina espiritualista que o tempera, o dulcifica, tirarei todo o caráter de áspera violência. Reprovo o socialismo materialista que só semeia o ódio entre os homens e, por conseguinte, permanece infecundo e destrutivo, como se pode ver na Rússia. Sou evolucionista e não revolucionário."
"Quanto à Alemanha, não temos elogios para as idéias que há mais de um século nos vêm deste lado. Seja seu militarismo brutal e devastador ou o materialismo grosseiro de Buchner e Moleschott, ou ainda aquelas mais refinadas, porém não menos egoístas, de Nietzsche e, sobretudo, o socialismo de Karl Marx, homem ácido e odioso, cujo objetivo principal é a guerra de classes, tudo isso desprovido de generosidade e de grandeza e não leva senão à investida, ao esmagamento de uns pelos outros."
"Antes de Karl Marx o socialismo era profundamente simpático; graças a ele, é hoje execrado. A luta de classes é uma tática perniciosa que desviava do Socialismo aqueles que seriam seus melhores elementos, sem lhe conceder a mínima força."
"O homem é livre na medida em que coloca seus atos em harmonia com as leis universais. Para reinar a ordem social, o Espiritismo, o Socialismo e o Cristianismo devem dar-se a mão; do Espiritismo pode nascer o Socialismo idealista. Há um interesse capital em congraçar estas três ordens de idéias. O ser deve se aperfeiçoar desenvolvendo suas qualidades inatas e apagando os estigmas de suas vidas anteriores."
"Os grandes missionários espirituais foram, a títulos diversos, grandes socialistas. O Socialismo é a elevação da coletividade na ordem física e moral,  esta melhoria deve ser regulamentada pela justiça e a razão."
"O socialismo do futuro será o socialismo espiritualista, pois realizará um ideal baseado no desenvolvimento da mais alta faculdade da alma. Só ele poderá dissipar os prejuízos de castas, de raças, de cores, de religiões e fazer nascer um sentimento profundo de fraternidade única."
"Para produzir todos estes elementos benfeitores, o socialismo não deve se confinar no realismo de curta vida e desconhecer a importância do fator moral na solução dos problemas que ele quer resolver. O Espiritismo é um poderoso meio de propaganda e de realização de todas as idéias grandes, generosas e humanitárias. Ele oferece ao Socialismo uma base e uma sanção demonstrando que os princípios de solidariedade, de fraternidade e de justiça, que constituem sua própria essência, se encontram nas leis Universais é a regra dos mundos superiores."
"Até aqui, o Socialismo não pode vencer os preconceitos que se dirigem contra ele. O Espiritismo vem com sua alta doutrina e sua ciência experimental, trazer-lhe os recursos necessários para triunfar dos obstáculos e aplainar o seu caminho. Já os resultados desse grande movimento elevador do pensamento surgem aos olhos daqueles que sabem medir a marcha e calcular as vastas consequências."
"Logo, do próprio seio do partido socialista surgirão homens dotados pela palavra e pela pena e que encontrarão  os argumentos decisivos em favor de sua causa. O Estudo do Espiritismo mostra lhes a solidariedade que os liga à Humanidade invisível como duas partes de um mesmo todo, mostrar-lhes-á que as condições de vida no Além que são as conseqüências de nossos atos, são regidas pelo princípio de soberana justiça e que é necessário que se as conheça para saber estabelecer sobre a Terra, leis, instituições sociais, sábias e harmônicas."

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Offline Pedro Reis

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Re:Espiritismo e Política
« Resposta #7 Online: 20 de Fevereiro de 2018, 19:28:55 »
Há dois dias expressei aqui minha desesperança com o fato da sociedade parecer estar tendendo a se aglutinar em apenas dois polos opostos de insensatez ideológica. Lorentz disse que era bobagem, que baseado em uma pesquisa feita entre amigos e meio familiar, tinha constatado que os radicais são apenas uma exceção ruidosa.

Tanto a metodologia estatística dele como a minha própria são altamente duvidosas, por isso tenho consciência que essa minha impressão não passa de achismo mesmo. Ou melhor, um "impressionismo". Mas que fica reforçado por ver polêmicas dessa natureza se desenvolverem até no meio espírita.

Mas antes de tudo temos que ser justos com os espíritas: comparada às histerias e pobreza argumentativa que se observa nas discussões sobre estes mesmos temas, nas redes sociais, em vídeos, em comentários de blogs e sites jornalísticos, o debate entre os espíritas é muito mais refletido.

Porém até dentro do Espiritismo tem-se a impressão que os adeptos se agruparam em duas trincheiras ideológicas. Interpreto aquele instantâneo romper de aplausos efusivos, no momento em que o palestrante qualifica ideologia de gênero como "alucinação da sociedade", como um sinal dessa polarização. O Divaldo nem chegou a desenvolver um argumento, bastou adjetivar para desencadear a reação dos presentes.

Dá impressão que todos ali já tinham opinião passionalmente formada.

Pode ser que o radicalismo seja mesmo exceção, mas porque o grupo das pessoas politizadas na nossa sociedade ainda é uma minoria. Só que dentro dessa minoria há muita radicalização, e provavelmente porque a geração atual está adquirindo sua educação política da internet, que é uma ferramenta concebida pelo diabo para promover toda sorte de extremismos na sociedade.

Offline Gabarito

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Re:Espiritismo e Política
« Resposta #8 Online: 20 de Fevereiro de 2018, 19:37:49 »
Sua análise é boa, Pedro.
Eu também me pergunto se estamos num tempo diferente.
Sempre que aparece um crime brutal, muitos dizem que os tempos são terríveis, que nunca o homem foi tão cruel, etc.
Mas aí eu rebato dizendo que sempre foi assim, que a natureza humana não sofreu nenhuma melhoria, que no passado havia torturas e esquartejamentos do mesmo jeito.

Mas sobre essa divisão política que estamos assistindo, aí eu já não sei mais.

Um lado meu fica dizendo que é porque temos mais informação e os idiotas estão podendo se expressar, e que a quantidade deles sempre foi estatisticamente fixa, ou quase.
Mas outro lado começa a ver que a bola de neve está crescendo e estamos a assistir o início de uma avalanche.

Não sei.
O que sei é que até os espíritas estão publicamente (e ferozmente) divididos.

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Espiritismo e Política
« Resposta #9 Online: 20 de Fevereiro de 2018, 20:19:37 »
Interpreto aquele instantâneo romper de aplausos efusivos, no momento em que o palestrante qualifica ideologia de gênero como "alucinação da sociedade", como um sinal dessa polarização. O Divaldo nem chegou a desenvolver um argumento, bastou adjetivar para desencadear a reação dos presentes.

Dá impressão que todos ali já tinham opinião passionalmente formada.

O engraçado é que no espiritismo essas vead... diferentes expressões da sexualidade humana devem ser consideradas umas coisas cármicas e portanto corretas de uma maneira ou outra.

Lembro de ter lido em um texto algo nas linhas de que o espírito tem o seu sexo espiritual e, não me lembro se encarnando no óvulo ou ficando ao lado dele, tenta selecionar o espermatozóide com cromossomo X ou Y. Não lembro se algo "dá errado", ou se é de novo aquelas de que se você morreu lentamente esquartejado vivo por um sádico que o sequestrou, é porque você deliberadamente escolheu isso como forma de aprender a não fazer o mesmo/análogo, como fez em alguma vida passada*.

O que talvez para essas coisas de sexualidade talvez seja forçar alguém a ser travesti? :hein:









*  (o que acho que implicitamente é também uma lei de conservação cármica universal; a atrocidade no universo será sempre a mesma, em absoluto, apenas heterogeneamente espalhada; planetas mais evoluídos devem tender a "involuir", restaurando o equilíbrio carmodinâmico)

Offline Pedro Reis

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Re:Espiritismo e Política
« Resposta #10 Online: 21 de Fevereiro de 2018, 01:05:30 »

O engraçado é que no espiritismo essas vead... diferentes expressões da sexualidade humana devem ser consideradas umas coisas cármicas e portanto corretas de uma maneira ou outra.


E não dá pra deixar de notar que esse próprio Divaldo Franco joga água fora da bacia...

Mas eu nem vejo contradição entre ele ser homossexual e não aceitar certas proposições da tal ideologia de gênero.  A Camile Paglia é lésbica assumida, considerada de esquerda de um ponto de vista americano, e ao mesmo tempo critica essa ideia de que gênero é só uma construção social, e até mesmo que preferência sexual seja estabelecida culturalmente.

Me lembro que uma vez ela esteve no Jô Soares e até disse que "essas pessoas são loucas, acham que não existem hormônios, não existe biologia... "

Só que eu acho que tem que haver cuidado é com essa rotulagem automática gerada pelo radicalismo. Como esse espírita, o Divaldo, dizendo que tudo é um complô comunista pra degenerar a sociedade. Então qualquer reivindicação de mulheres, minorias raciais, gays, etc... vira coisa de esquerdista, degenerada, imoral, carregada com intenções ocultas... E do outro lado também querendo que se aceite tudo como um pacote, caso contrário recebe o rótulo de conservador, homofóbico, fascista.

Isso é típico do pensamento do radical, porque a pessoa moderada, ou seja, razoável, ela analisa cada proposição isoladamente. Ela pode achar justo a união civil entre pessoas de mesmo sexo e ao mesmo tempo achar ridículo e desnecessário que a ortografia seja reformada e os dicionários reeditados para trocar a/o por X.

Na minha opinião cada proposição deve ser defendida por seus próprios argumentos, e também criticada especificamente. O que não costuma ocorrer com as ideologias.

Por exemplo: na minha concepção uma religião é uma ideologia, um sistema integrado de ideias e valores.
Como eu não sigo a ideologia cristã posso avaliar separadamente cada um dos 10 mandamentos, coisa que alguém dominado por essa ideologia não pode fazer.

Eu posso achar que "não matarás" é legal mas "guardarás o sábado" é uma bobagem. Um cristão não pode ter esse discernimento porque para ele todos os 10 mandamentos são um pacote completo. Ele não pode rejeitar nenhum sem rejeitar a ideologia.

As ideologias podem induzir a radicalismos bisonhos como o cara tratando fábulas sobre serpentes falantes como documentos históricos.

Offline criso

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Re:Espiritismo e Política
« Resposta #11 Online: 21 de Fevereiro de 2018, 10:56:17 »
Só que eu acho que tem que haver cuidado é com essa rotulagem automática gerada pelo radicalismo. Como esse espírita, o Divaldo, dizendo que tudo é um complô comunista pra degenerar a sociedade. Então qualquer reivindicação de mulheres, minorias raciais, gays, etc... vira coisa de esquerdista, degenerada, imoral, carregada com intenções ocultas... E do outro lado também querendo que se aceite tudo como um pacote, caso contrário recebe o rótulo de conservador, homofóbico, fascista.

Isso é típico do pensamento do radical, porque a pessoa moderada, ou seja, razoável, ela analisa cada proposição isoladamente. Ela pode achar justo a união civil entre pessoas de mesmo sexo e ao mesmo tempo achar ridículo e desnecessário que a ortografia seja reformada e os dicionários reeditados para trocar a/o por X.

Na minha opinião cada proposição deve ser defendida por seus próprios argumentos, e também criticada especificamente. O que não costuma ocorrer com as ideologias.

Por exemplo: na minha concepção uma religião é uma ideologia, um sistema integrado de ideias e valores.
Como eu não sigo a ideologia cristã posso avaliar separadamente cada um dos 10 mandamentos, coisa que alguém dominado por essa ideologia não pode fazer.

Eu posso achar que "não matarás" é legal mas "guardarás o sábado" é uma bobagem. Um cristão não pode ter esse discernimento porque para ele todos os 10 mandamentos são um pacote completo. Ele não pode rejeitar nenhum sem rejeitar a ideologia.

As ideologias podem induzir a radicalismos bisonhos como o cara tratando fábulas sobre serpentes falantes como documentos históricos.

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Offline Buckaroo Banzai

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Re:Espiritismo e Política
« Resposta #12 Online: 21 de Fevereiro de 2018, 14:31:13 »

O engraçado é que no espiritismo essas vead... diferentes expressões da sexualidade humana devem ser consideradas umas coisas cármicas e portanto corretas de uma maneira ou outra.


E não dá pra deixar de notar que esse próprio Divaldo Franco joga água fora da bacia...

Mas eu nem vejo contradição entre ele ser homossexual e não aceitar certas proposições da tal ideologia de gênero.

"Ideologia de gênero" é teoria da conspiração direitista/cristã. Não é a afirmação de que é tudo não-biológico. Na verdade é irônico que é praticamente universalmente a esquerda (e os gays em si) a aceitarem que a homossexualidade tem origem biológica, e em vez de ser apenas uma "opção sexual", ou "estilo de vida", como definem os conservadores de direita.

Basicamente "ideologia de gênero" é um termo inventado como tentativa de instigar pânico moral ao seletivamente usar alguma amostra mais ridícula de teorias ou posições relacionadas a gênero/sexualidade como espantalho, e assim reafirmar como falácia naturalista os papéis tradicionais de gênero e heterossexualidade, e condenar moralmente divergências, que ameaçam/atacam a família, pilar da civilização.

https://www.economist.com/news/americas/21729797-social-conservatives-are-fighting-back-against-feminism-and-gay-rights-latin-americas-battle

Citar
The gender ideology is a snarl word and straw man argument used in Catholicism, clerics or laypeople from other denominations or those unaffiliated with any religion to refer to transgenderism and gender identity/expression.[1][2][3]

The expression is also used as a catch-all term for many sexuality-related topics and moral panics, including, but not limited to:

  • Same-sex marriage (even civil unions)[4]
  • Same-sex parenting.[5]
  • Forcing male children to wear lipstick at school.[6]
  • Teaching children how to masturbate at school.[7]
  • Abortion, in-vitro fertilization and surrogacy.[8]


Italy, where Catholicism thrives, has seen the rise of many Catholic-inspired anti-LGBT associations. Among these, Generazione Famiglia (which is the Italian version of La Manif Pour Tous), Provita, Sentinelle in Piedi (Standing sentinels), Giuristi per la Vita (Pro-life Jurists) and many others. These associations often perpetuate moral panics about and misinformation on transgenderism, same-sex marriage/civil unions, homosexual indoctrination, same-sex parenting and even surrogacy (which has not even been discussed in the parliament, but is used as a slippery slope argument against adoptions — even stepchild adoptions).

[...]

https://rationalwiki.org/wiki/Gender_ideology



"Ideologia de gênero", é similar à teoria da conspiração de "marxismo cultural" (ou "componente" dela):

https://en.wikipedia.org/wiki/Frankfurt_School#Cultural_Marxism_conspiracy_theory

https://rationalwiki.org/wiki/Cultural_Marxism

Offline Euler1707

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Re:Espiritismo e Política
« Resposta #13 Online: 21 de Fevereiro de 2018, 20:20:24 »
Tome cuidado Buckaroo para não fazer afirmações generalizadas como ""Ideologia de gênero" é teoria da conspiração direitista/cristã", pois esse não é bem o caso.

Existe sim algo que podemos chamar de "ideologia de gênero", ou o que você entenda (ou supõe que os outros entendam) como tal, e esse algo chama-se "teoria queer", tópico bastante estudado, portanto, não ignorável, em ambientes acadêmicos e em estudos de gênero nos EUA e Europa, que tem por origem alguns autores pós-modernos, como Foucault.

Uma busca na wikipedia já nos mostra que:

Citar
A teoria queer, oficialmente queer theory (em inglês), é uma teoria sobre o género que afirma que a orientação sexual e a identidade sexual ou de género dos indivíduos são o resultado de um constructo social e que, portanto, não existem papéis sexuais essencial ou biologicamente inscritos na natureza humana, antes formas socialmente variáveis de desempenhar um ou vários papéis sexuais.
e
Citar
A teoria queer recusa a classificação dos indivíduos em categorias universais como "homossexual", "heterossexual", "homem" ou "mulher", sustentando que estas escondem um número enorme de variações culturais, nenhuma das quais seria mais "fundamental" ou "natural" que as outras. Contra o conceito clássico de género, que distingue o "heterossexual" socialmente aceito (em inglês straight) do "anômalo" (queer), a teoria queer afirma que todas as identidades sociais são igualmente anómalas.


Offline AlienígenA

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Re:Espiritismo e Política
« Resposta #14 Online: 21 de Fevereiro de 2018, 21:05:40 »
Tome cuidado Buckaroo para não fazer afirmações generalizadas como ""Ideologia de gênero" é teoria da conspiração direitista/cristã", pois esse não é bem o caso.

Existe sim algo que podemos chamar de "ideologia de gênero", ou o que você entenda (ou supõe que os outros entendam) como tal, e esse algo chama-se "teoria queer", tópico bastante estudado, portanto, não ignorável, em ambientes acadêmicos e em estudos de gênero nos EUA e Europa, que tem por origem alguns autores pós-modernos, como Foucault.

Uma busca na wikipedia já nos mostra que:

Citar
A teoria queer, oficialmente queer theory (em inglês), é uma teoria sobre o género que afirma que a orientação sexual e a identidade sexual ou de género dos indivíduos são o resultado de um constructo social e que, portanto, não existem papéis sexuais essencial ou biologicamente inscritos na natureza humana, antes formas socialmente variáveis de desempenhar um ou vários papéis sexuais.
e
Citar
A teoria queer recusa a classificação dos indivíduos em categorias universais como "homossexual", "heterossexual", "homem" ou "mulher", sustentando que estas escondem um número enorme de variações culturais, nenhuma das quais seria mais "fundamental" ou "natural" que as outras. Contra o conceito clássico de género, que distingue o "heterossexual" socialmente aceito (em inglês straight) do "anômalo" (queer), a teoria queer afirma que todas as identidades sociais são igualmente anómalas.

Bom, daí temos que ou a genética define a orientação e identidade sexual ou gênero dos indivíduos e não há ideologia que possa mudar isso ou a "teoria" tem lá sua razão. Não vejo o que de melhor possa ser feito além de deixar que os fatos falem por si mesmos.

Offline Euler1707

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Re:Espiritismo e Política
« Resposta #15 Online: 21 de Fevereiro de 2018, 21:20:13 »
Tome cuidado Buckaroo para não fazer afirmações generalizadas como ""Ideologia de gênero" é teoria da conspiração direitista/cristã", pois esse não é bem o caso.

Existe sim algo que podemos chamar de "ideologia de gênero", ou o que você entenda (ou supõe que os outros entendam) como tal, e esse algo chama-se "teoria queer", tópico bastante estudado, portanto, não ignorável, em ambientes acadêmicos e em estudos de gênero nos EUA e Europa, que tem por origem alguns autores pós-modernos, como Foucault.

Uma busca na wikipedia já nos mostra que:

Citar
A teoria queer, oficialmente queer theory (em inglês), é uma teoria sobre o género que afirma que a orientação sexual e a identidade sexual ou de género dos indivíduos são o resultado de um constructo social e que, portanto, não existem papéis sexuais essencial ou biologicamente inscritos na natureza humana, antes formas socialmente variáveis de desempenhar um ou vários papéis sexuais.
e
Citar
A teoria queer recusa a classificação dos indivíduos em categorias universais como "homossexual", "heterossexual", "homem" ou "mulher", sustentando que estas escondem um número enorme de variações culturais, nenhuma das quais seria mais "fundamental" ou "natural" que as outras. Contra o conceito clássico de género, que distingue o "heterossexual" socialmente aceito (em inglês straight) do "anômalo" (queer), a teoria queer afirma que todas as identidades sociais são igualmente anómalas.

Bom, daí temos que ou a genética define a orientação e identidade sexual ou gênero dos indivíduos e não há ideologia que possa mudar isso ou a "teoria" tem lá sua razão. Não vejo o que de melhor possa ser feito além de deixar que os fatos falem por si mesmos.

Não entendi bem esse teu post. A começar, gênero, como é entendido por eles, é só o papel social que um indivíduo assume de acordo com sua orientação sexual, e que é bastante questionado pela teoria queer como sendo mero constructo social, como você poderia ter lido no seguinte quote:

Citar
A teoria queer recusa a classificação dos indivíduos em categorias universais como "homossexual", "heterossexual", "homem" ou "mulher", sustentando que estas escondem um número enorme de variações culturais, nenhuma das quais seria mais "fundamental" ou "natural" que as outras. Contra o conceito clássico de género, que distingue o "heterossexual" socialmente aceito (em inglês straight) do "anômalo" (queer), a teoria queer afirma que todas as identidades sociais são igualmente anómalas.

Na verdade, a "Teoria Queer" é mais radical que isso. Ela afirma sim que a orientação sexual é um constructo social, fazendo parte de uma corrente nas áreas humanas conhecida como construtivismo social. Afirmações de que a física é uma "ciência fálica", e que, por isso, áreas como mecânica dos fluídos não se desenvolvem porque homens estavam mais interessados em tópicos mais "fálicos", como mecânica dos sólidos, surgiram das mesmas pessoas que desenvolveram a teoria Queer: Pós-modernos, como Lucy Irigaray (quem, de fato, fez a afirmação de que a física é uma "ciência Fálica"), Foucault, Derrida, Lacan, etc
« Última modificação: 21 de Fevereiro de 2018, 21:37:25 por Euler1707 »

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Espiritismo e Política
« Resposta #16 Online: 21 de Fevereiro de 2018, 21:25:04 »
Não é uma afirmação generalizada, "ideologia de gênero" é simplesmente uma "teoria de conspiração" e/ou espantalho. Como eu disse, "tentativa de instigar pânico moral ao seletivamente usar alguma amostra mais ridícula de teorias ou posições relacionadas a gênero/sexualidade como espantalho, e assim reafirmar como falácia naturalista os papéis tradicionais de gênero e heterossexualidade, e condenar moralmente divergências, que ameaçam/atacam a família, pilar da civilização."

E novamente, os conservadores ironicamente concordam mais com alguns aspectos de "queer theory" do que a maioria das pessoas, com isso que também mencionei de afirmarem que homossexualidade é escolha. A diferença dos "queer theorists" é que estes dirão "sim, e daí, é tudo escolha" (ou um fraseamento mais pós-modernista disso), enquanto que os que atacam o espantalho da "ideologia de gênero" dirão que escolhas como homossexualismo são moralmente erradas e são "porta de entrada" para pedofilia e etc, ameaçando a família, o principal pilar da sociedade.



Dentro do que é menos controverso, algo com alguma sobreposição a todo esse "desconstrutivismo" de queer theory é aplicado por exemplo em estudos epidemiológicos em que, adicionalmente a hetero, homo, e bissexual, colocarão coisas como "homens que fazem sexo com homens", "mulheres que fazem sexo com mulheres", já que poderá haver alguma discrepância daquilo que seria semanticamente esperado e usos populares dos termos. Como pessoas em algum isolamento ou celibato forçado por outra razão, tendo maiores chances de ter relações homossexuais, porém sem se rotular assim (especialmente se o homem faz o "papel ativo", que uns vão dizer que é "menos gay", etc).

Offline Euler1707

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Re:Espiritismo e Política
« Resposta #17 Online: 21 de Fevereiro de 2018, 22:08:08 »
Não é uma afirmação generalizada, "ideologia de gênero" é simplesmente uma "teoria de conspiração" e/ou espantalho. Como eu disse, "tentativa de instigar pânico moral ao seletivamente usar alguma amostra mais ridícula de teorias ou posições relacionadas a gênero/sexualidade como espantalho, e assim reafirmar como falácia naturalista os papéis tradicionais de gênero e heterossexualidade, e condenar moralmente divergências, que ameaçam/atacam a família, pilar da civilização."
Buckaroo, eu já tinha entendido o que você disse da primeira vez quando falastes de "ideologia de gênero", só pontuei que existe sim algo que corresponde ao que é chamado de "ideologia de gênero", que é a teoria Queer, e que, por isso, não deverias tratar toda a questão da "ideologia de gênero" como mero espantalho de direitistas, pois o espantalho aqui seria dizer que querem destruir a família tradicional impondo essa "ideologia de gênero" nas escolas e coisas do tipo.

Offline Gauss

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Re:Espiritismo e Política
« Resposta #18 Online: 21 de Fevereiro de 2018, 22:57:55 »
Não é uma afirmação generalizada, "ideologia de gênero" é simplesmente uma "teoria de conspiração" e/ou espantalho. Como eu disse, "tentativa de instigar pânico moral ao seletivamente usar alguma amostra mais ridícula de teorias ou posições relacionadas a gênero/sexualidade como espantalho, e assim reafirmar como falácia naturalista os papéis tradicionais de gênero e heterossexualidade, e condenar moralmente divergências, que ameaçam/atacam a família, pilar da civilização."
Buckaroo, eu já tinha entendido o que você disse da primeira vez quando falastes de "ideologia de gênero", só pontuei que existe sim algo que corresponde ao que é chamado de "ideologia de gênero", que é a teoria Queer, e que, por isso, não deverias tratar toda a questão da "ideologia de gênero" como mero espantalho de direitistas, pois o espantalho aqui seria dizer que querem destruir a família tradicional impondo essa "ideologia de gênero" nas escolas e coisas do tipo.
Se tá na "Rational" Wiki é verdade, ué.
Citação de: Gauss
Bolsonaro é um falastrão conservador e ignorante. Atualmente teria 8% das intenções de votos, ou seja, é o Enéas 2.0. As possibilidades desse ser chegar a presidência são baixíssimas, ele só faz muito barulho mesmo, nada mais que isso. Não tem nenhum apoio popular forte, somente de adolescentes desinformados e velhos com memória curta que acham que a ditadura foi boa só porque "tinha menos crime". Teria que acontecer uma merda muito grande para ele chegar lá.

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Espiritismo e Política
« Resposta #19 Online: 21 de Fevereiro de 2018, 23:12:28 »
Não é uma afirmação generalizada, "ideologia de gênero" é simplesmente uma "teoria de conspiração" e/ou espantalho. Como eu disse, "tentativa de instigar pânico moral ao seletivamente usar alguma amostra mais ridícula de teorias ou posições relacionadas a gênero/sexualidade como espantalho, e assim reafirmar como falácia naturalista os papéis tradicionais de gênero e heterossexualidade, e condenar moralmente divergências, que ameaçam/atacam a família, pilar da civilização."
Buckaroo, eu já tinha entendido o que você disse da primeira vez quando falastes de "ideologia de gênero", só pontuei que existe sim algo que corresponde ao que é chamado de "ideologia de gênero", que é a teoria Queer, e que, por isso, não deverias tratar toda a questão da "ideologia de gênero" como mero espantalho de direitistas, pois o espantalho aqui seria dizer que querem destruir a família tradicional impondo essa "ideologia de gênero" nas escolas e coisas do tipo.


Mas o que eu quis dizer é que "teoria queer" não corresponde a "ideologia de gênero".

Na verdade, seria mais o contrário: o ataque à "ideologia de gênero" é algo que faz parte da "teoria queer", mesmo não sendo uma taxonomia normalmente percebida ou aceita*.

Num diagrama de Venn, "teóricos queer" é o grupo mais abrangente, e conservadores que atacam a "ideologia de gênero", um subgrupo destes, com condenações morais sobre certos "construtos" possíveis cuja promoção temem.



* ironicamente deve talvez ser o caso de até se encontrar textos em "queer theory" que colocam as coisas nesses termos, "heterossexualidade, homossexualidade, etc, não são nada além de ideologias de gênero".




Citar
https://dermevalreisjunior.wordpress.com/2017/02/25/a-genetica-gramsci-e-a-ideologia-de-genero-em-curso-de-biomedicina-ideologia-1-x-0-genetica-segundo-o-juiz-gramsci/

[...] Recentemente, em uma universidade conceituada de São Paulo – Universidade São Camilo (onde fui docente), mais especificamente no curso de Biomedicina, agora, em 2017, uma professora da disciplina de Genética ousou comentar em sala de aula, equivocadamente, que não há possibilidade de uma pessoa de orientação homossexual ser assim, simplesmente por orientação, mas que isto é essencialmente de ordem genética.
Ora, ora… se isto não for doutrinação à ideologia de gênero na universidade, não sei o quê é. [...]

[...]

E para finalizar, um dado mais recente, de uma conceituada universidade norte americana – Johns Hopkins University – que afirma FALTA DE EVIDÊNCIAS de que alguém possa nascer homossexual ou transgênero.

[...]

Como se vê, a posição anti-"ideologia de gênero" REAFIRMA os pressupostos da "teoria queer", também NEGANDO genética/biologia da sexualidade.

Se em algum momento os anti-"ideologia de gênero" nominalmente atacam também a "teoria queer" mais abrangente, com a qual concordam no que talvez sejam suas principais premissas, isso deverá ser por não fazer condenações morais aos "desvios sexuais", além de outras possíveis conexões em conspirações marxistas culturais ateístas ainda mais abrangentes.

Offline Euler1707

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Re:Espiritismo e Política
« Resposta #20 Online: 22 de Fevereiro de 2018, 00:11:30 »
Mas o que eu quis dizer é que "teoria queer" não corresponde a "ideologia de gênero".

Na verdade, seria mais o contrário: o ataque à "ideologia de gênero" é algo que faz parte da "teoria queer", mesmo não sendo uma taxonomia normalmente percebida ou aceita*.

Num diagrama de Venn, "teóricos queer" é o grupo mais abrangente, e conservadores que atacam a "ideologia de gênero", um subgrupo destes, com condenações morais sobre certos "construtos" possíveis cuja promoção temem.
Como eles podem ser adeptos da teoria queer ao mesmo tempo "reafirmar como falácia naturalista os papéis tradicionais de gênero e heterossexualidade, e condenar moralmente divergências, que ameaçam/atacam a família, pilar da civilização"?

Essa discussão está tomando um rumo insano, a começar pelo fato de que as pessoas tomam suas posições políticas em oposição aos seus adversários. Se você for falar para um conservador que ele e um progressista dado, possuem idéias semelhantes em relação à orientação sexual das pessoas, você será motivo de piada. Conservadores não são adeptos da teoria Queer, sendo a teoria Queer muito mais radical do que "pessoas escolherem a própria orientação sexual", ela é, na verdade, a erradicação da noção do gênero como algo fundamentado em noções que não são propriamente sociais, e é essa a diferença entre os "conservadores" e os "progressistas": embora ambos possam afirmar que a orientação sexual é um constructo social, para o conservador, os papéis de gênero não são mero constructos sociais, pois os núcleos das sociedades humanas são as famílias, com os gêneros correspondendo à uma certa função nessas famílias.

Offline AlienígenA

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Re:Espiritismo e Política
« Resposta #21 Online: 22 de Fevereiro de 2018, 00:23:06 »

Não entendi bem esse teu post.

Desculpe, eu caí meio que de pára-quedas na conversa mesmo! O que eu quis dizer foi que acredito que a genética é determinante, diferente do que prega esta teoria. E concordo com o Buckaroo que é também o que defende a ideologia de gênero - não se escolhe ser hétero, homo, bi, trans e não sei mais quê. Tem outra expressão para isso?

Offline Euler1707

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Re:Espiritismo e Política
« Resposta #22 Online: 22 de Fevereiro de 2018, 00:30:08 »

Não entendi bem esse teu post.

Desculpe, eu caí meio que de pára-quedas na conversa mesmo! O que eu quis dizer foi que acredito que a genética é determinante, diferente do que prega esta teoria. E concordo com o Buckaroo que é também o que defende a ideologia de gênero - não se escolhe ser hétero, homo, bi, trans e não sei mais quê. Tem outra expressão para isso?
Acho que não é bem isso que a "ideologia de gênero" prega, ou que os conservadores dizem ser "ideologia de gênero", mas o contrário disso, isso é, indivíduos é quem escolhem seus gêneros durante sua vivência.

Offline AlienígenA

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Re:Espiritismo e Política
« Resposta #23 Online: 22 de Fevereiro de 2018, 00:37:48 »

Não entendi bem esse teu post.

Desculpe, eu caí meio que de pára-quedas na conversa mesmo! O que eu quis dizer foi que acredito que a genética é determinante, diferente do que prega esta teoria. E concordo com o Buckaroo que é também o que defende a ideologia de gênero - não se escolhe ser hétero, homo, bi, trans e não sei mais quê. Tem outra expressão para isso?
Acho que não é bem isso que a "ideologia de gênero" prega, ou que os conservadores dizem ser "ideologia de gênero", mas o contrário disso, isso é, indivíduos é quem escolhem seus gêneros durante sua vivência.

Que eu saiba, são os religiosos/conservadores que pregam que o sujeito é quem escolhe, propondo até coisas como a cura-gay.  :hein:

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Espiritismo e Política
« Resposta #24 Online: 22 de Fevereiro de 2018, 01:03:40 »
Mas o que eu quis dizer é que "teoria queer" não corresponde a "ideologia de gênero".

Na verdade, seria mais o contrário: o ataque à "ideologia de gênero" é algo que faz parte da "teoria queer", mesmo não sendo uma taxonomia normalmente percebida ou aceita*.

Num diagrama de Venn, "teóricos queer" é o grupo mais abrangente, e conservadores que atacam a "ideologia de gênero", um subgrupo destes, com condenações morais sobre certos "construtos" possíveis cuja promoção temem.
Como eles podem ser adeptos da teoria queer ao mesmo tempo "reafirmar como falácia naturalista os papéis tradicionais de gênero e heterossexualidade, e condenar moralmente divergências, que ameaçam/atacam a família, pilar da civilização"?

É mais ou menos o que fazem, ainda seja uma instância de "falácia naturalista" onde a natureza "correta" não é a de identidade de gênero genética, mas de um desenvolvimento natural desta na cultura tradicional. Talvez seja mais o caso de "falácia tradicionalista", "falácia normativista", ou "ad populum", como é mais comum se usar.




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Essa discussão está tomando um rumo insano, a começar pelo fato de que as pessoas tomam suas posições políticas em oposição aos seus adversários. Se você for falar para um conservador que ele e um progressista dado, possuem idéias semelhantes em relação à orientação sexual das pessoas, você será motivo de piada.

Isso não muda a realidade: aqueles que atacam a "ideologia de gênero" simplesmente não estão nisso atacando "queer theory", mas partindo de assunções comuns, atacando em boa parte a um mesmo alvo, as bases biológicas de sexualidade e gênero. É isso que eles afirmam ser a "ideologia de gênero", "inatismo" ou aproximações maiores do que "escolha de estilo de vida".

Infelizmente, quando se trata de certos grupos ideológicos, relatar a realidade será mesmo piada. Vigora uma espécie de "lei de Poe do mundo bizarro".



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Conservadores não são adeptos da teoria Queer, sendo a teoria Queer muito mais radical do que "pessoas escolherem a própria orientação sexual", ela é, na verdade, a erradicação da noção do gênero como algo fundamentado em noções que não são propriamente sociais, e é essa a diferença entre os "conservadores" e os "progressistas": embora ambos possam afirmar que a orientação sexual é um constructo social, para o conservador, os papéis de gênero não são mero constructos sociais, pois os núcleos das sociedades humanas são as famílias, com os gêneros correspondendo à uma certa função nessas famílias.

"Progressistas" é um grupo mais abrangente do que "queer theorists", não dá para tratá-los como sinônimos. Só uma fração destes será "queer theorist", mesmo que tanto estes quanto outros tendam a ser contra a condenação moral generalizada de variações de sexualidade.

Isso que disse antes é mais ou menos o que afirmei na minha primeira colocação nessa mensagem, a conformidade entre o conservador "queer theorist" anti-ideologia-de-gênero, e como, apesar disso, mantém uma espécie de falácia naturalista/normativista sobre a família monogâmica cristã.










Não entendi bem esse teu post.

Desculpe, eu caí meio que de pára-quedas na conversa mesmo! O que eu quis dizer foi que acredito que a genética é determinante, diferente do que prega esta teoria. E concordo com o Buckaroo que é também o que defende a ideologia de gênero - não se escolhe ser hétero, homo, bi, trans e não sei mais quê. Tem outra expressão para isso?
Acho que não é bem isso que a "ideologia de gênero" prega, ou que os conservadores dizem ser "ideologia de gênero", mas o contrário disso, isso é, indivíduos é quem escolhem seus gêneros durante sua vivência.

Que eu saiba, são os religiosos/conservadores que pregam que o sujeito é quem escolhe, propondo até coisas como a cura-gay.  :hein:

São os conservadores, mas também uns "moderninhos", como o forista "AlexSatyr", que tinha tópicos como "sexo inventado", e "você é um travesti(?)", onde argumentava que todos nós seríamos travestis (quando evidentemente a maioria de nós naturalmente é cisvesti), já que são arbitrariedades culturais o tipo de roupa que é tida como apropriada a cada gênero e etc.

Para estes, a noção de que há uma determinação biológica mais significativa na identidade de gênero é depreciada como "ideologia", ainda que devam ser mais comumente os conservadores a usar o termo "ideologia de gênero" para atacar a esse determinismo biológico (ou a aproximações maiores dele, que tirem a sexualidade do âmbito de escolha pessoal/pecado).


(Por acaso me lembrei de uma posição esquerdista meio similar; vi, acho que nesse fórum, a noção de algo mais biológico na forma como aprendemos idiomas, ser chamada de "ciência burguesa". A grande ironia é que o principal expoente dessa teoria é ninguém menos que Noam Chomsky)

 

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