Autor Tópico: Financiamento de Pesquisas Científicas  (Lida 550 vezes)

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Offline JJ

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Financiamento de Pesquisas Científicas
« Online: 10 de Junho de 2018, 07:29:18 »

De onde vem o dinheiro para pesquisa das universidades dos EUA?



Às vésperas de um novo congelamento de recursos, é preciso brecar a desinformação sobre investimentos públicos e privados


MAURÍCIO TUFFANI,

Editor


O governo federal confirmou na terça-feira (23) que nos próximos dias congelará parte dos recursos aprovados na Lei do Orçamento Anual da União para 2018. Além do bloqueio de recursos destinados às instituições de pesquisa, também são esperados os argumentos contrários a esse tipo de gasto com dinheiro público. Principalmente após toda a desinformação promovida em novembro pelo Ministério da Fazenda ao divulgar uma avaliação desastrosa sobre as universidades federais (ver “Relatório do Banco Mundial compara alhos com bugalhos no ensino superior”).


Têm sido recorrentes alegações de formadores de opinião de que nos países desenvolvidos praticamente toda a pesquisa, inclusive nas instituições de ensino superior, seria custeada por meio de recursos privados. E que as universidades públicas brasileiras deveriam seguir esse caminho. Mas isso não passa de conversa fiada. Não é o que acontece, nem mesmo nos Estados Unidos.


De fato, existem investimentos privados para pesquisa em faculdades e universidades dos EUA. No entanto, desde meados do século 20, a maior parte dos recursos aplicados em pesquisa nessas instituições, inclusive particulares, são públicos, principalmente do governo federal, segundo o Centro Nacional de Estatísticas de Ciência e Engenharia da Fundação Nacional de Ciências dos EUA (NSF). Os dados são obtidos por meio da pesquisa anual Higher Education Research and Development Survey (HERD), da NSF.


Nos anos 1960, os recursos federais chegaram a corresponder a 73% do total investido em pesquisa e desenvolvimento (P&D) em universidades dos EUA. A partir dos anos 1990, essa participação diminuiu, mantendo-se na média anual de aproximadamente 60%. É o que mostra acima, logo antes do início do presente artigo, o quadro do financiamento para ciência e engenharias (S&E) nas universidades do país, elaborado pela Associação Americana para o Avanço da Ciência (AAAS).

 

Verba federal


O quadro a seguir mostra a composição desse financiamento de 1990 a 2016, de acordo com suas fontes, em valores corrigidos para 2017.




Investimentos em pesquisa, por valor e fonte, para instituições de ensino superior dos EUA. Fonte: Centro Nacional de Estatísticas de Ciência e Engenharia da Fundação Nacional da Ciência. Imagem: AAAS/Divulgação.


Em dólares ajustados à inflação, o financiamento federal anual para a P&D nas instituições de ensino superior dos EUA aumentou de cerca de US$ 8 bilhões na década de 1960 para cerca de US$ 40 bilhões nos últimos anos.


Nesse mesmo período, o percentual da participação da indústria no total de aportes até dobrou, mas em um patamar muito menor, de menos de 3% para aproximadamente 6%, segundo o Programa de Orçamento e Política de P&D da AAAS.


Na verdade, nos Estados Unidos e em praticamente em todos os países, a maior parte do investimentos em P&D não só em universidades, mas também em instituições de pesquisa, é público, como mostrei anteriormente, em meio à discussão e à desinformação em torno do contingenciamento de recursos para ciência (“Investimentos públicos e privados para ciência: não é bem assim, Sardenberg”).

 

Resultados


Tão importante quanto desfazer essa desinformação é mostrar os resultados desses investimentos. Em sua edição de dezembro, a revista Pesquisa Fapesp mostrou que os dispêndios em P&D das universidades do EUA totalizaram US$ 72 bilhões, enquanto no Brasil, em 2015, o dado correspondente  (então mais recente) foi de R$ 19,1 bilhões, equivalente a US$ 10,2 bilhões PPC (paridade de poder de compra).


A revista mostrou também que essa diferença se refletiu na produção científica registrada em publicações internacionais: 483 mil estudos dos EUA e 53 mil do Brasil em 2015. Confira nos infográficos da seção Dados da revista Pesquisa Fapesp em “Resultados dos dispêndios em P&D nas universidades”.


Apesar disso, enquanto no Brasil temos laboratórios sendo fechados e pesquisadores mudando de profissão ou indo embora, na China, onde a produção científica ultrapassou a dos Estados Unidos, o governo não só investe cada vez mais em pesquisa, mas também desafia seus pesquisadores a fazerem do país uma superpotência da ciência.


Leia também:


“China é o país que produz mais artigos científicos no mundo. Brasil é o 12º” (Daniela Klebis, Jornal da Ciência)

“Excelência acadêmica requer custeio público” (Fernanda de Negri, Marcelo Knobel, Carlos Henrique de Brito Cruz, Estadão).

Na imagem no alto, quadro de distribuição por fonte dos investimentos em pesquisa para instituições de ensino superior dos EUA. Fonte: Centro Nacional de Estatísticas de Ciência e Engenharia da Fundação Nacional da Ciência dos EUA. Imagem: AAAS/Divulgação. Imagem: AAAS/Divulgação.



http://www.diretodaciencia.com/2018/01/27/de-onde-vem-o-dinheiro-para-pesquisa-das-universidades-dos-eua/



« Última modificação: 10 de Junho de 2018, 07:39:53 por JJ »

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Re:Financiamento de Pesquisas Científicas
« Resposta #1 Online: 10 de Junho de 2018, 07:37:08 »
Alguns novos  liberais  brazucas  tem espalhado  falsidades e desinformações sobre  o financiamento de pesquisas científicas nos Estados Unidos.  Eles tentam  gerar e espalhar a crença  de que as grandes  fontes  para financiamento da  pesquisas científicas nos Estados Unidos são fontes privadas.


Isso é uma desinformação digna de grandes caras de pau,  uma   mentira  grotesca  baseada em uma ideologia privatista fanática.  A verdade é que a maior parte tem financiamento  estatal direto, e uma grande   parte da  pesquisa que é feita sem financiamento  estatal direto,  é feita com financiamento estatal  indireto via  encomendas   estatais  militares  gigantescas.


Em resumo,  muitos novos  liberais brazucas são uns caras de pau mentirosos em relação a este assunto (e a outros também).  E muitos novos liberais brazucas que acreditam nestes desinformadores e mentirosos são uns crédulos que não verificam informações.




« Última modificação: 10 de Junho de 2018, 12:33:26 por JJ »

Offline JJ

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Re:Financiamento de Pesquisas Científicas
« Resposta #2 Online: 10 de Junho de 2018, 09:42:14 »

Gráficos na página:

https://www.ifi.unicamp.br/~brito/artigos/finpesqwww/ppframe.htm


Quem paga -

Nos Estados Unidos as atividades Desenvolvimento e Pesquisa Aplicada são pagas quase que exclusivamente pelo governo e pela indústria. A alta contribuição do governo tem relação com o alto gasto americano com defesa.

A Pesquisa Básica é bancada principalmente pelo governo.

Quem realiza -

Desenvolvimento e Pesquisa Aplicada são assunto da indústria.

Pesquisa Básica é feita pela Universidade. Isto faz sentido, pois Pesquisa Básica é um excelente instrumento para ensinar e formar pessoal qualificado.



https://www.ifi.unicamp.br/~brito/artigos/finpesqwww/ppframe.htm



Offline JJ

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Re:Financiamento de Pesquisas Científicas
« Resposta #3 Online: 10 de Junho de 2018, 09:52:45 »
O financiamento do ensino superior americano e alguns de seus meandros


QUI, 21 SET 2017 | 09:54

TEXTOMAILTO:KASSAB@REITORIA.UNICAMP.BR  FOTOSREPRODUÇÃO  EDIÇÃO DE IMAGEMLUIS PAULO SILVA



Muita coisa se diz sobre o sistema americano de pesquisa e ensino superior. Nem sempre é fácil distinguir aquilo que é relevante, no meio dos clichês e imprecisões veiculados pela grande mídia. Vale a pena, portanto, tentar entender os mistérios daquele mundo, enorme, diversificado, complexo. Comecemos por uma descrição simplificada, estilizada, do conjunto.


O sistema americano, ainda que pouco coordenado nacionalmente, tem o formato de uma pirâmide. No topo, há uma centena de universidades de pesquisa “tipo I” – concentram 70% das verbas de pesquisa, 70% dos doutoramentos. Dois terços dessas escolas são públicas, estaduais, o restante é composto de fundações sem fins lucrativos.  Um pouco abaixo, mas ainda no andar nobre, há umas duas ou três centenas de universidades de pesquisa “tipo II”, recebendo o restante das verbas de investigação e gerando os outros 30% dos doutorados. Nesse andar superior, as escolas privadas (todas sem fins lucrativos) têm proporcionalmente mais alunos na pós-graduação e escolas profissionais (medicina, direito, engenharia) do que na graduação estrito senso (o college). E nelas o college é fortemente concentrado em poucas especialidades, as mais demandadas. As escolas públicas não podem fazer isso – precisam oferecer um leque muito grande de carreiras, inclusive as menos “nobres” e mais baratas.  Assim, as escolas privadas, inclusive aquelas famosas, são relativamente pequenas e focadas, em um sistema que tem 5 mil ou 6 mil instituições e perto de 20 milhões de estudantes. Princenton tem menos de 10 mil estudantes, Harvard tem uns 22 mil. Só a unidade Los Angeles da Universidade da Califórnia (UCLA) tem duas vezes isso – e uma oferta de especialidades (carrreiras) três vezes maior.


No andar imediatamente abaixo, há um grande número de escolas (faculdades e universidades estaduais) ditas “compreensivas”, oferecendo numerosas graduação (bachelor degree) e alguns mestrados, especializações. E finalmente, na base da pirâmide, há uma rede enorme de two-year colleges ou community colleges, de franco acesso, oferecendo cursos de curta duração (advanced degrees e certificates). É através deles que quase a metade dos “calouros” ingressa no mundo mágico do ensino superior. Essa capilaridade do sistema é um dos segredos da expansão do acesso.


A propósito: todas essas escolas cobram anuidades dos estudantes – inclusive as públicas. Contudo, desde pelo menos a Segunda Guerra, o número de bolsas é muito grande -  deixo esses detalhes para o leitor do meu livro.


Temos outro modo de ver esse universo quando tomamos os dados coligidos pelo Profiles of American Colleges, publicação da editora Barrons destinada a orientar o “público consumidor” dessa área, isto é, as famílias dos estudantes. Faço uma adaptação para resumir o argumento.  Aí se vislumbra um perfil de seus ingressos e egressos, isto é, dos frutos da árvore – de onde vêm os “calouros” e qual o resultado que obtêm. E o retrato – num total de 1416 escolas selecionadas pela Barrons - é instigante:



Tabela:
https://www.unicamp.br/unicamp/ju/artigos/reginaldo-correa-de-moraes/o-financiamento-do-ensino-superior-americano-e-alguns-de-seus





Dinheiro público: combustível. Guerra: catalisador



Pois bem, como se sustenta isso tudo? Como se construíram seus patrimônios e estruturas, ao longo do tempo? Desde logo, um componente decisivo foi a injeção de recursos públicos. Isso vem desde a colônia, com a doação de terras e a isenção de taxas. Mas aquelas eram escolas pequenas, muito pequenas, inclusive as famosas Harvard, Yale, Princeton.  Depois da Guerra Civil veio algo de porte – a doação de terras do governo federal. Enormes quantidades de terras foram doadas a instituições (públicas e privadas) para a constituição de um patrimônio a ser explorado ao longo do tempo. Surgiram assim as land grant universities, até hoje conhecidas pela sigla “A&M” (agricultura e mecânica). A doação de terras foi decisiva para as universidades e para as ferrovias. Esses dois empreendimentos ocuparam o oeste e o sul, de certo modo “reinventando” o país.



Depois veio o GI Bill, o “Plano Marshall” dos veteranos, um mar de bolsas para 8 milhões de veteranos da Segunda Guerra. O sistema acadêmico dobrou de tamanho, com dinheiro federal. Reedições desse plano ocorreram com os confrontos na Coréia, no Vietnã, no Golfo. Essa montanha de dinheiro federal redefiniu completamente o sistema.


A guerra, porém, não rendeu recursos apenas para o ensino. Construiu instalações e financiou a maior parte da pesquisa relevante nos Estados Unidos. inclusive da pesquisa industrial. Estamos falando das guerra quentes e da guerra fria, aquela que se tramava na corrida armamentista contra os “vermelhos” e, hoje, na guerra contra inimigos “desterritorializados” (os grupos terroristas transnacionais).


O padrão de financiamento da pesquisa chama atenção. Faz tempo, Richard Nelson e seus colegas fizeram um histórico desse financiamento, para os anos do pós-guerra. Está em seu Tecnologia e Desenvolvimento Econômico, publicado no Brasil pela editora Forense. Com dados mais recentes montei o gráfico abaixo (National Science Board, [Science and Engeneering Indicators – 1996] ). Ele é extraído de um conjunto que montei para um livro meu que está no prelo (Modelos internacionais de ensino superior, Editora Unesp).


Gráfico:
https://www.unicamp.br/unicamp/ju/artigos/reginaldo-correa-de-moraes/o-financiamento-do-ensino-superior-americano-e-alguns-de-seus



No livro mencionado, com as mesmas fontes de dados, faço alguns ensaios para evidenciar as diferenças entre o que cada um dos setores financia e o que cada um deles executa. Em geral, a indústria, as universidades e os centros independentes executam mais do que financiam – o governo federal financia mais do que executa. O governo federal financia sistematicamente pesquisa na indústria, nas universidades e em centros e institutos vinculados a universidades. Além disso, a partir de 1980, para ajudar esse baldeamento de dólares, seguidas leis de renúncia fiscal subsidiam a pesquisa supostamente financiada pela indústria.


É instrutivo olhar para os dados de uma notável instituição, o MIT. Vejamos o gráfico abaixo, retirado de uma publicação comemorativa da universidade:


gráfico:
https://www.unicamp.br/unicamp/ju/artigos/reginaldo-correa-de-moraes/o-financiamento-do-ensino-superior-americano-e-alguns-de-seus



O título que introduzimos no gráfico é uma provocação. Mas, como responderíamos a essa pergunta? É possível que o retrato das dez principais universidades de pesquisa seja bem parecido com esse. É possível, também, que o retrato das 120 universidades de pesquisa seja algo parecido com esse. Daí, faz sentido perguntar o que elas são, quem as sustenta e a quem servem. O que temos, espelhado naquele orçamento: uma escola superior que pesquisa e forma pesquisadores? Ou um centro de pesquisa que subsidia cursos de pesquisadores?


Sim, o MIT talvez pareça menos uma escola que faz pesquisa e mais um centro que vende pesquisa a patrocinadores e mantém, em anexo, uma escola de quadros. Uma tremenda escola, aliás.


Se recuarmos no tempo nos damos conta, ainda, de outros fatores relevantes. O MIT foi uma das várias escolas privadas que receberam terras do programa federal do século XIX. Depois, durante a Segunda Guerra, foi o estuário de volumosas verbas de “pesquisa programada” do Departamento de Defesa (DOD), coisa que continuou durante a Guerra Fria. E segue assim, ainda que outra fonte, também federal, tenha passado à frente do DOD como fornecedora de recursos – trata-se do sistema da saúde, concentrado nos NIHS (institutos nacionais de saúde). A pesquisa militar, como sabemos, tem notáveis resultados colaterais para a produção civil. O massivo financiamento da indústria da informática foi decisivo, durante décadas, para fazê-la gerar e popularizar os computadores de uso civil (e a internet, filha de um programa militar, o Arpanet). A indústria da aviação viu o Boeing e o DC-10 evoluírem a partir dos bombardeiros B-52 e Douglas. Quando o governo federal paga o projeto e o protótipo dos aviões garante a frota civil que daí decorre. Fábrica de lucros. Ainda que exagerado pelos falcões militares, esse spin-off é real. Em quase tudo que possamos imaginar dos produtos de uso diário.


O “modelo de negócios” que financia o MIT é assim fruto de uma circunstância muito peculiar, quase certamente irrepetível. E muito focada em duas ou três dezenas de grandes escolas americanas. Não pode ser extrapolada para uma política para um país. Mas a injeção de recursos públicos (estaduais, federais, locais) é decisiva para o funcionamento da pirâmide acadêmica, inclusive de seus braços privados.



Dentro desse contexto, vale a pena olhar um quadro resumido da economia interna das instituições. Reparemos que para as escolas privadas sem fins lucrativos é absolutamente essencial a participação do recurso público para sua sustentação. O dinheiro público supera o valor de anuidades e taxas. Mas o cofre público subsidia diretamente também as instituições privadas com fins lucrativos. O quadro abaixo, adaptado de livro de 2008 (Weisbrod, Burton et al. -  Mission and Money – Understanding the University, Cambridge University Press) precisaria ser atualizado. Pelo que tenho reunido de fontes novas, veríamos inchar os valores injetados pelo setor público no setor lucrativo, que conseguiu convencer os legisladores e formuladores de política a relaxar bastante as restrições anteriores, no famoso Titulo IV da Lei da Educação. Há escolas lucrativas que chegam a ter 90% de seu orçamento operativo dependente de diversas fontes oficiais.




Como eu disse, o modelo das escolas do alto, como o MIT, é não apenas irrepetível – não vamos inventar outras guerras, frias ou quentes, para fazer decolar réplicas daquelas escolas. É também apenas um pedaço – não inteiramente representativo, para dizer o mínimo – do conjunto do ensino superior americano. Uma política nacional de educação tem que ter critérios mais amplos e diversificados. Sem o contexto, o “exemplo” corre o risco de se transformar em caricatura. O MIT é admirável e ensina muita coisa, mas o MIT não é aqui, diria a Universidade Estadual do Oregon. Outros também poderiam dizer. Exemplos como o do MIT devem ser estudados, de fato. Não para copiá-los, mas para apreender com eles, contextualizando-os. Isso talvez nos ajude a investigar quais os substitutos funcionais que podem emular alguns de seus sucessos, bem como evitar alguns de seus problemas e obstáculos.




https://www.unicamp.br/unicamp/ju/artigos/reginaldo-correa-de-moraes/o-financiamento-do-ensino-superior-americano-e-alguns-de-seus

« Última modificação: 10 de Junho de 2018, 10:02:58 por JJ »

Offline Gauss

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Re:Financiamento de Pesquisas Científicas
« Resposta #4 Online: 10 de Junho de 2018, 15:51:19 »
Putz, o que mais será que esses malditos liberais estão tramando em seu bunker secreto?
Citação de: Gauss
Bolsonaro é um falastrão conservador e ignorante. Atualmente teria 8% das intenções de votos, ou seja, é o Enéas 2.0. As possibilidades desse ser chegar a presidência são baixíssimas, ele só faz muito barulho mesmo, nada mais que isso. Não tem nenhum apoio popular forte, somente de adolescentes desinformados e velhos com memória curta que acham que a ditadura foi boa só porque "tinha menos crime". Teria que acontecer uma merda muito grande para ele chegar lá.

Offline JJ

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Re:Financiamento de Pesquisas Científicas
« Resposta #5 Online: 10 de Junho de 2018, 16:17:14 »
Putz, o que mais será que esses malditos liberais estão tramando em seu bunker secreto?



Vários  novos  liberais  brazucas   estão espalhando mentiras e desinformação tanto presencialmente como  nas redes de comunicação eletrônicas.



Offline JJ

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Re:Financiamento de Pesquisas Científicas
« Resposta #6 Online: 05 de Agosto de 2018, 20:28:28 »






Os cortes na CAPES e a pesquisa no Brasil


Tese Onze

Publicado em 5 de ago de 2018

Como pesquisadora, considero alarmante a situação de desinvestimento e descaso da pesquisa no Brasil. O comunicado da CAPES essa semana é só um elemento de toda uma política voltada pra trancar o conhecimento no setor privado e abaixar o nível da ciência brasileira.







Offline JJ

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Re:Financiamento de Pesquisas Científicas
« Resposta #7 Online: 05 de Agosto de 2018, 20:30:30 »


Mais um resultado desastroso  do  partido  do quadrilhão, do PMDB e do raposão.

 

 
« Última modificação: 05 de Agosto de 2018, 20:32:58 por JJ »

Offline Lorentz

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Re:Financiamento de Pesquisas Científicas
« Resposta #8 Online: 05 de Agosto de 2018, 23:29:29 »
Acho sempre ruim quando há cortes na área da educação ou pesquisa, mas esses bolsistas estão exagerando e muito.

Aliás, chegamos neste ponto porque ELES como bons esquerdistas votaram nos políticos que quebraram o país.

São Paulo é líder em pesquisa e investimento pelo Estado, mostrando que gostando ou não, o PSDB faz uma boa gestão, e esses cientistas preferem votar no PT.

Espero que aprendam.
"Amy, technology isn't intrinsically good or bad. It's all in how you use it, like the death ray." - Professor Hubert J. Farnsworth

Offline JJ

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Re:Financiamento de Pesquisas Científicas
« Resposta #9 Online: 06 de Agosto de 2018, 09:24:55 »
Corte de bolsas da Capes afetará vacinas, energia, agricultura e até economia, diz presidente da SBPC



Letícia Mori

Da BBC Brasil em São Paulo

3 agosto 2018


FIOCRUZ/PETER ILICCIEV


Corte de verbas pode interromper mais de 200 mil bolsas e paralisar projetos de pesquisa
A Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), uma das principais entidades que fomenta pesquisas em nível de pós-graduação no Brasil, corre o risco de sofrer um corte de pelo menos R$ 580 milhões no orçamento de 2019.


O Conselho Superior da Capes publicou uma nota na quinta-feira alertando sobre o risco de paralisação nas atividades e pedindo ao governo federal que impeça a redução nas verbas. O conselho afirma que a diminuição no orçamento vai causar descontinuação de 200 mil bolsas de pesquisa científica, interromper projetos de formação e programas de cooperação internacional, prejudicando a imagem do Brasil no exterior.


Com crise e cortes na ciência, jovens doutores encaram o desemprego: 'Título não paga aluguel' ‘Faço doutorado e vivo de doação’: atraso em bolsas faz cientistas passarem necessidade em MG. Segundo a entidade, o corte é consequência da proposta orçamentária do governo de Michel Temer (MDB) para o ano que vem.


Muito compartilhado nas redes sociais ontem, o documento da Capes é assinado pelo presidente da entidade, Abilio Baeta Neves.


Para o presidente da SBPC (Sociedade Brasileira de Progresso da Ciência), Ildeu Moreira, isso demonstra a gravidade do problema. "A situação está tão crítica que as próprias pessoas que têm cargo importante no governo estão colocando a sua opinião, que pode até implicar em riscos de sobrevivência nos seus cargos. É uma atitude corajosa", disse ele em entrevista à BBC News Brasil.



Moreira também afirma que os cortes causarão danos irrecuperáveis tanto à ciência quanto ao desenvolvimento do país. Segundo ele, a interrupção de projetos causa perda dos recursos investidos, gera fuga de cérebros e escassez de cientistas qualificados, com impactos de longo prazo para diversos setores, da saúde à economia.



Êxodo de pesquisadores se agrava com perspectiva do corte de bolsas


Professor e pesquisador do Instituto de Física da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Moreira trabalha nas áreas de Física Teórica e História da Ciência. Realizou estágios de pesquisa na École Polytechnique e na Universidade de Paris VII, ambas na França.


Moreira é presidente da SBPC desde o ano passado. A entidade, criada em 1948, dedica-se à defesa do avanço científico, tecnológico e do desenvolvimento educacional e cultural do país. É uma das principais organizações científicas independentes do país, agregando 127 sociedades de diversas áreas do conhecimento.


O físico argumenta que os cortes são uma decisão política, não resultado da falta de dinheiro. "Estamos sendo escolhidos para sermos cortados. É uma questão de outros interesses que prevalecem em detrimento do desenvolvimento do país", afirma.


O governo diz que a questão do orçamento ainda está em aberto e convocou para esta sexta-feira uma reunião de representantes dos ministérios da Educação e do Planejamento para debater o alerta feito pelo conselho da Capes.


Leia abaixo os principais trechos da entrevista.


BBC News Brasil - Qual o impacto dos cortes da Capes para a ciência brasileira?


Ildeu Moreira - É extremamente grave. Porque a maior parte da produção científica brasileira é produzida na pós-graduação. Isso é uma coisa essencial da ciência. A nossa produção cresceu muito por causa da Capes, que foi criada na década de 1950. Se há uma descontinuidade de recursos para bolsas, se esses cortes que estão programados se concretizam, é algo catastrófico.


BBC News Brasil - As pesquisas em andamento são totalmente perdidas? Há chance de esses projetos serem retomados quando a situação fiscal do país melhorar?


Moreira - Acontece uma desarticulação geral. A ciência descontinuada é muito difícil recuperar. Se você desmonta grupos de pesquisa, aquela experiência vai embora. Depois, você tem que começar do zero, falta gente formada, você tem laboratórios sucateados. Gastam-se anos, gasta muito mais recursos. Na prática, significa que uma parcela muito significativa dos recursos que o Brasil investiu nos últimos anos vai se perder. Estamos em um momento em que nosso corpo técnico está muito envelhecido, não tem mais renovação. Se você desmonta a formação, que é essencial para a renovação de quadros, aí acaba mesmo.


JARDEL RODRIGUES/SBPC


Presidida por Ildeu Moreira, a SBPC vem criticando os cortes na ciência há pelo menos dois anos


BBC News Brasil - Qual o impacto disso na fuga de talentos brasileiros para o exterior?


Moreira - É muito grande. As pessoas querem sobreviver, vão buscar oportunidades em outros países. Se o país não acolhe, eles vão procurar quem oferece condições. E muitos vão para outras profissões também, desistem de trabalhar com pesquisa, com ciência e tecnologia. Eu estava esses dias na entrega do prêmio da Olimpíada de Matemática e você vários jovens empolgados. Mas se não tiver bolsa, se a ciência estiver desmontada, você desestimula esses jovens de ir para a carreira científica.



Pesquisas na área de saúde, como sobre o combate ao vírus da Zika e da Dangue, podem ser afetadas
BBC News Brasil - O governo tem justificado cortes na ciência como falta de recursos. Se faltam recursos, o que poderia ser sido feito? Que outros setores poderiam ter sido cortados para que a ciência fosse mantida?


Moreira - Essa história de não ter dinheiro é muito relativa. Nós estamos falando aqui de 0,25% do orçamento, que é o recurso todo para ciência, tecnologia e inovação. Tem também uma parte do MEC (Ministério da Educação), que pega a Capes, mas se você comparar o total com outros setores, o investimento em ciência no Brasil é diminuto. Compare com o recurso que vai para as bolsas de auxílio-moradia para juízes e promotores que já têm casa. E o dinheiro que pagamos de juros da dívida pública.


Enquanto nos países da Europa o que vai para ciência e tecnologia é 3% do PIB, no Brasil não chega a 1%. Em outros países, quando há crise, na China, por exemplo, aumentaram os recursos para ciência e tecnologia. Os EUA de (Donald) Trump tentaram cortar no ano passado o orçamento para ciência e tecnologia e os dois partidos (Republicano e Democrata) foram contra e aumentaram. A Alemanha também. Eles estão aumentando, é a chance de você sair da crise.


O próprio governo diz que o PIB está aumentando. Devagar, mas está, 1%, 2%. Esse argumento de falta de recursos não se justifica. E o corte para a ciência está em 20%. É uma contradição. Estamos sendo escolhidos para sermos cortados. É uma questão de outros interesses que prevalecem em detrimento do desenvolvimento do país.


BBC News Brasil - Muitas pessoas criticam as bolsas, veem a ciência como algo distante e acham que esse dinheiro deveria ser usado para outra coisa. Qual a consequência desse desmonte pro dia a dia das pessoas?


Moreira - Temos um impacto muito grande na economia, na saúde, em diversos setores que dependem da ciência para inovação. Afeta o desenvolvimento de vacinas, a produção de energia. A agricultura no Cerrado é algo que depende fortemente da ciência, que só foi possível graças à ciência. A gente vê que o recurso público investido em produção científica é algo que dá retorno. Temos aí Embraer e a Embrapa, exemplos de empresas baseadas fortemente em pesquisas.


O pré-sal, foi um corpo técnico de engenheiros, físicos e geólogos que descobriram e trabalharam nisso. Então, a formação de gente qualificada é essencial. Internacionalmente, a ciência é uma área em que existe uma competição muito séria, se você desmonta isso vai ter uma consequência muito sérias no futuro, até para a soberania nacional. Você vê que o Brasil tem um potencial imenso na Amazônia, que deveria estar sendo estudado cientificamente para, ao mesmo tempo, preservar a floresta e fazer uso dos recursos.



Corte de verbas afetas diversos setores da ciência, entre eles a área de pesquisa hidroceanográfica


BBC News Brasil - Falta um trabalho da academia de aproximação com a sociedade para explicar a importância da ciência?


Moreira - Falta, falta sim. É uma coisa histórica. Temos um país com uma desigualdade enorme. As pessoas que têm oportunidade, acesso à academia são muito poucas. Então, as universidades e os setores ligados à pesquisa no Brasil são muito elitizados. As mulheres não entravam, os negros não entravam, e até hoje há dificuldade nisso. A ciência no Brasil não se desenvolveu como na Europa, onde ela cresceu com o capitalismo. Temos um processo de desconstrução de uma certa parcela da elite nacional, que não vê o desenvolvimento nacional como importante. E uma falta de formação científica básica.


BBC News Brasil - O setor privado poderia ser uma alternativa para suprir a falta de investimento do governo?


Moreira - A integração com o setor privado é importante, temos falado isso há muito tempo. O Brasil é um dos países onde a proporção de dinheiro privado para ciência é uma das mais baixas. Tem que mudar isso ao longo dos anos, é um processo de construção. Envolve trazer mais o empresariado, envolve ter política pública para isso, envolve educação, criação de uma cultura diferente. Outros países fizeram.


Mas isso não substitui o investimento público em ciência. O investimento de empresas pode ir para pesquisas de desenvolvimento de inovação tecnológica, por exemplo, mas o investimento privado não vai substituir o recurso público em ciência básica em nenhum país do mundo. Nem nos Estados Unidos, nem na Alemanha. É a produção de ciência básica que está sendo descontinuada aqui e é essencial para ter inovação depois.


https://www.bbc.com/portuguese/brasil-45063428



« Última modificação: 06 de Agosto de 2018, 09:33:27 por JJ »

Offline -Huxley-

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Re:Financiamento de Pesquisas Científicas
« Resposta #10 Online: 06 de Agosto de 2018, 11:39:40 »
No mundo da fantasia JJtiano, todo mundo que se diz liberal no Brasil é liberal, até os ancaps. Só que não se sabe quem são esses liberais tão influentes que defendem orçamento público zero para P & D ou que acreditam na exclusividade do setor privado em financiamento de tal gasto nos EUA.

Offline -Huxley-

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Re:Financiamento de Pesquisas Científicas
« Resposta #11 Online: 06 de Agosto de 2018, 11:45:06 »
O grosso da tecnologia aplicável depende de opcionalidade e empreendedorismo, isto é, de descentralização da pesquisa, como Nassim Taleb explicou no livro Antifrágil. Só estatólatras fanáticos acham que a pesquisa dirigida do Estado foi a maior responsável pela fase de aplicação mercadológica das tecnologias.
« Última modificação: 06 de Agosto de 2018, 11:52:14 por -Huxley- »

Offline EuSouOqueSou

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Re:Financiamento de Pesquisas Científicas
« Resposta #12 Online: 06 de Agosto de 2018, 23:47:37 »
Acho sempre ruim quando há cortes na área da educação ou pesquisa, mas esses bolsistas estão exagerando e muito.

Aliás, chegamos neste ponto porque ELES como bons esquerdistas votaram nos políticos que quebraram o país.

São Paulo é líder em pesquisa e investimento pelo Estado, mostrando que gostando ou não, o PSDB faz uma boa gestão, e esses cientistas preferem votar no PT.

Espero que aprendam.

Sabe o que é pior, esses cortes vem acontecendo desde o governo Lulalau e eu não me lembro de ter visto nenhum esquerdista botar no facebook "eu apoio a Ciência", nem lembro de ter visto tamanha comoção ou estardalhaço contra o corte de verbas. Algumas notícias que consegui encontrar:

2009:
https://educacao.uol.com.br/ultnot/2009/01/28/ult105u7519.jhtm
https://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2009/01/493083-verba-para-ciencia-sofre-reducao-de-18-em-2009.shtml

2010:
https://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/governo-lula-corta-r-1-28-bilhao-da-educacao/

2011:
http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=corte-orcamento-ciencia-tecnologia&id=020175110322#.W2kGZ1VKjIU

2012:
http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2012/02/cortes-no-orcamento-federal-de-2012-atingem-ciencia-e-meio-ambiente.html

2015 (a pátria educadora):
https://folhapolitica.jusbrasil.com.br/noticias/160000018/prioridade-do-novo-mandato-de-dilma-educacao-sofre-corte-de-r-7-bilhoes
https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/01/150108_corte_contas_ms_lgb

2016:
https://veja.abril.com.br/ciencia/cortes-no-orcamento-do-ministerio-de-ciencia-e-tecnologia-frustram-cientistas/


http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/CIENCIA-E-TECNOLOGIA/546380-CORTES-NO-ORCAMENTO-DE-CIENCIA-E-TECNOLOGIA-PODEM-INVIABILIZAR-PESQUISAS.html



Me pergunto, onde estava todo esse povo que está por aí reclamando? Por que só agora vieram fazer tanto barulho?
« Última modificação: 07 de Agosto de 2018, 00:08:18 por EuSouOqueSou »
Qualquer sistema de pensamento pode ser racional, pois basta que as suas conclusões não contrariem as suas premissas.

Mas isto não significa que este sistema de pensamento tenha correspondência com a realidade objetiva, sendo este o motivo pelo qual o conhecimento científico ser reconhecido como a única forma do homem estudar, explicar e compreender a Natureza.

Offline EuSouOqueSou

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Re:Financiamento de Pesquisas Científicas
« Resposta #13 Online: 07 de Agosto de 2018, 00:19:40 »
Aliás, descobri isso hoje, então vou apenas jogar aqui e comentar depois:


http://mercadopopular.org/2017/03/educacao-infantil-o-pote-de-ouro-que-o-brasil-nao-descobriu/
Qualquer sistema de pensamento pode ser racional, pois basta que as suas conclusões não contrariem as suas premissas.

Mas isto não significa que este sistema de pensamento tenha correspondência com a realidade objetiva, sendo este o motivo pelo qual o conhecimento científico ser reconhecido como a única forma do homem estudar, explicar e compreender a Natureza.

Offline Zero

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Re:Financiamento de Pesquisas Científicas
« Resposta #14 Online: 22 de Dezembro de 2018, 19:50:46 »

 

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